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sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Há outra Humanidade no Interior da Terra?
Hugo Rocha (1987). Há outra Humanidade no Interior da Terra? Odivelas: Europress.
Confesso que tenho um fraquinho não explicável pelas teorias da terra oca. Eu sei. Não faz sentido, não têm qualquer base científica, mas para além da ideia com o seu quê de exploração romântica, fascina a paixão que desperta nos seus crentes. De certa forma, é ficção em estado puro, longe de um real que a desmente mas ainda não trabalhada por substratos culturais e estruturas narrativas.
Tem o seu quê de fascinante, o imaginar de mundos fantásticos e exóticas civilizações que se ocultam, desconhecidas e inexploradas, no subsolo planetário. Verne e Burroughs foram os que nos legaram obras mais conhecidas, com a Viagem ao Centro da Terra e a série Pellucidar. É um tema que tem sido explorado na literatura fantástica, e que na literatura para-científica, de temáticas ocultistas, batido até à exaustão por autores que oscilam entre o charlatão e o alucinado. Boa parte centra-se na tradição oculta de seres superiores da antiguidade, de poderes e ciência vastamente superior à nossa, que mantém civilizações perfeitas ocultas sob a terra. Revelar-se-ão no momento em que a humanidade se mostrar digna de tal. Até lá deixam pequenos vislumbres na mente de iniciados nos verdadeiros segredos do mundo. Boa parte deles charlatães puros, que encontram nas legiões de seguidores uma forma financeira segura e fácil de fazer pela vida. Sábios ocultos, herdeiros da Atlântida, místicos de Shamballa, seguidores de Melchisedek, o rei oculto do mundo. Há um padrão de fascínios com aristocracias e ideias incompreensíveis. O lema é quanto menos compreensível, maior a profundidade da sabedoria.
Estes caminhos esotéricos interessam-me pouco. Mais divertidos são os caminhos para-científicos, que postulam a existência de buracos nos pólos terrestres, que dariam acesso a um interior planetário oco, iluminado por um sol central, onde antigas civilizações se refugiam, animais antediluvianos sobrevivem nas selvas primevas, e de onde saem os OVNIs para nos atazanar. O facto desses factos serem desconhecidos e negados por uma ciência que cartografou exaustivamente as regiões polares, dos relatos das expedições científicas serem radicalmente omissos nisso, ou de não aparecerem buracos polares nas fotos de satélite, deve-se claramente a uma conspiração governamental ao mais alto nível. Claro, como não poderia deixar de ser. Há quem misture um pouco de mitologia nazi e sonhe com bases ocultas sob a Antártica, que mantêm viva a chama do III Reich.
Como não achar este ideário divertido, ressalvando que são ficções com o seu quê de alucinatório?
O jornalista e escritor Hugo Rocha é um dos nomes clássicos do fantástico português. Jornalista portuense, legou-nos os seus (nada fáceis de encontrar) Contos Fantasmagóricos, que suspeito serem válidos mais pela raridade de escritores portugueses a explorar este género do que pela sua real qualidade. Também foi escritor de obras sobre esoterismo e ovniologia, livros esses que têm um público mais alargado e influenciável do que a ficção fantástica. Este é um deles. Aresposta à pergunta que se coloca é uma recolha bibliográfica que mistura ficção clássica (Verne e Lytton) e muita obra de índole esotérica. É um livro confuso, escrito numa prosa sincopada onde as crenças e opiniões pessoais do escritor interferem com o resumir dos textos relatados. O foco está na tradição esotérica e percebe-se que Rocha acredita mesmo naquilo que escreve.
A óbvia reposta à pergunta do livro está num rápido comentário do Carlos Imaginauta Silva : não, logo na primeira página. Algo que os crentes nestes ideários recusam, apontando que a falta de prova científica é em si prova da sua existência, mantida oculta por seres que querem permanecer secretos. O livro em si não abona muito quanto às capacidades de escrita deste autor. Entre o lamaçal de ideias e o de escrita, esta não é uma boa leitura. Mas, lá está : quanto mais incompreensível, mais se comprova a profundidade do tema, acessível apenas aos iniciados mais iluminados.
sábado, 1 de outubro de 2016
H grande, maiúsculo e másculo.
Isto já não se fazem prefácios como antigamente. Todo um parágrafo único, longa frase do humilde prefaciador, honrado pelo tão capaz e fantástico homem que do alto do seu talento, lhe pediu uma singela apreciação. Note-se o Homem. Com H. Grande, maiúsculo, másculo. É marca de época, com um toque de amador, saído das primeiras páginas de uma edição de autor de contos de ficção científica e policial. Pioneiro do Futuro, escrito e editado em 1970 por Pedro Boaventura com o subtítulo (Sonhos e Fantasias de Hoje, Realidades de Amanhã). Sim, o subtítulo inclui os parênteses. Pérola da FC e F portuguesa que suspeito que pouco se perde se ficar esquecida, mas à qual a minha curiosidade pela evolução do género em portugal não resistiu. Isso, e o contexto de aquisição, com o seu quê de transgressivo, da mala de um automóvel numa rua pouco movimentada.
Um dos sintomas de evolução de sensibilidades culturais é o hoje ser impensável, a roçar o ridículo, um prefácio destes. Hoje avalia-se a obra, a sua qualidade intrínseca e interconexões aos seus contextos culturais, não a sua excelsa simples existência. Abrir um livro editado recentemente com prefácio (ou ler uma crítica) neste tom significa que o prefaciador ou não leu o livro, ou não usa a mioleira.
Não me interpretem mal. Estes arcaísmos são o que são, marcas de época, passos na evolução das sensibilidades. Sem esperar maravilhas desta antologia, de certeza que encontrarei pontos de interesse. O ser edição de autor não é por si só marca de amadorismo extremo ou baixa qualidade. Ainda hoje, o exíguo meio literário de FC e F português sobrevive muito à custa deste género de edições, quer de autor, quer de pequenas editoras criadas por autores.
(Por outro lado, creio que me consigo recordar de pelo menos um caso de um escritor português contemporâneo do domínio da fantasia e pretensão à FC que exige que todas as críticas e apreciações à sua obra sejam sempre neste tom. Bem como a atribuição de pelo menos seis estrelas no Goodreads às suas obras that should not have been, porque a tal genialidade incompreendida cinco são manifesta insuficiência de reconhecimento. Não é caso único, mas é dos mais notórios. Porque... razões. Tipo, LOL. Whatever makes you happy, man.)
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Dentes Afiados
É silly season, eu sei. Mas a ViraLatas surripiou-me esta foto da Alice e quando dei por mim, percebi que está a ser apreciada por um número apreciável de fãs da página. Não consigo deixar de pensar que se tivesse uns cêntimos por gosto, poderia comprar muitos ossinhos, bolinhas e outros brinquedos que os dentes afiados da cadela estraçalham em poucos minutos.
domingo, 27 de março de 2016
Outra Vez
"São trinta e três euros, por favor."
"Quanto?"
"Trinta e três euros."
"Não percebi..."
"Trinta e três euros, por favor."
Um diálogo que apanhei na fila do supermercado, em Torres Vedras. Apeteceu-me comentar com a menina da caixa ora diga lá outra vez. Porque, trinta e três... é um daqueles memes linguísticos. Resta saber de onde veio. Se da mítica farinha alimentar 33, que nunca na vida provei e suspeito que não estou a perder nada por isso, ou por uma técnica de diagnóstico médico aos pulmões.
A menina da caixa, vim a descobrir na minha vez, tinha uma voz muito sussurrante.
Acho que cheguei a provar farinha Amparo, quando era muito, muito mais pequeno.
domingo, 20 de março de 2016
Aquele Post?
Foram quatro dias intensos, gratificantes, a partilhar conhecimento e imprimir em 3D, na Futurália. Um desafio da ERTE-DGE, que podem ficar a conhecer melhor na página do projecto As TIC em 3D.
Os leitores mais atentos destes espaço, caso existam, já se devem ter apercebido de alguma acalmia nas publicações. Não temam. Este não é aquele post que se faz, onde se diz o quão gratificante foi manter este blog durante x elevado a y anos, mas que as agruras da vida e coisas e cenas levam a que se encerre o espaço por tempo indeterminado, ficando no ar a promessa incumprível de algum dia regressar. Ou então temam, porque este espaço pessoal de livros e bizarrias não baixa os braços. É necessário para a minha sanidade mental, e sempre valeu o que vale. É um caderno de notas digital, que tem evoluído comigo, e surpreendentemente me tem levado a sítios interessantes, e a conhecer pessoas que nunca imaginaria vir a conhecer pessoalmente.
Felizmente, a minha personalidade múltipla está a começar a levar a melhor sobre este blog. O meu lado de professor-impressor 3D começa a dar-me muito e gratificante trabalho. É algo que para além das aulas requer um forte investimento de tempo em formação, auto e sentadinho como aluno, para além de uma crescente presença em eventos e dinamização de momentos formativos. As TIC em 3D são a crónica desses meus esforços, que faço questão em documentar porque... foi assim que eu aprendi, com o documentar dos esforços daqueles que me inspiram. É esse o verdadeiro poder da cultura de partilha digital.
Quando investimos numa área, perdemos algum tempo para outras. Entre a impressão 3D, o dia a dia, o colaborar com o aCalopsia e os projectos TIC, sofremos com as meras vinte e quatro horas do período de rotação planetária. O ritmo de leituras começa a ser afectado, por muito bem que tente gerir o meu tempo. Desacelera-se, mas não se pára. Cá para mim, tenho que isto de escrever um blog faz mais melhor bem à mente do que carradas de anti-depressivos. Ou litros de bebidas alcoólicas, que convém não misturar com a frase anterior. E se se for semi-literário, ainda ficamos a conhecer gente interessante, e os autores com que nunca imaginaríamos falar. É estranho é sentir esta responsabilidade de me justificar. Enfim. Tipo, cenas, diriam os meus alunos.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Checklist: Jetpack: No; 2016: Yes.
Em 2016... beware of those pesky space aliens. E bolas, ainda não tenho o meu jetpack. Quando a resoluções de novo ano e votos profundos tocados a champanhe, bem, ok, se é isso que procuram estão no blog errado. Keep watching the skies!
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Cold Winter Morning
Se esperavam mensagens de profundo sentimento sobre o humanismo da quadra natalícia... estão no blog errado. Por aqui celebramos o solstício (ou o natal, para os que partilhem de sentimento religioso) recordando que no mais frio de dezembro, é sempre rocket summer na nossa imaginação. Evocando Ray Bradbury nas Crónicas Marcianas:
"The rocket lay on the launching field, blowing out pink clouds of fire and oven heat. The rocket stood in the cold winter morning, making summer with every breath of its mighty exhausts."
Keep watching the skies, lutando para construir um futuro melhor.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Esquecer
Mensagens positivistas detectadas num daqueles sacos tão do agrado das minhas colegas de trabalho. Cheio de bons conselhos para uma vida mais alegre, gira, saudável, sei lá, mimosa.
Bons conselhos? Oh, wait...
O do nascer e pôr do sol pode sair caro. Implica voos supersónicos intercontinentais. Nas flores, e se o/a receptor/a da oferenda tiver alergias a pólen? A oferta pode ser potencialmente fatal. Rir-mo-nos de nós próprios pode ser indício de bipolaridade. Ou depressão profunda? Permitir ao corpo acompanhar a mente é algo que pode resultar em ossos partidos. Ou aquela sensação que os limites biológicos são irritantes, para aqueles que têm o cérebro sempre em alta rotação. Ser penetra numa festa é boa desculpa para ser espancado por bandos de convivas enraivecidos. Pagar rodadas a todos, e se o bar estive apinhado? Desaconselhável a contas bancárias mais frágeis. Implícito na do fazer amor está algo que tecnicamente é ilegal. E se se for apanhado pode tornar-se possível a descoberta de todo um novo universo de sensações eróticas ao deixar cair o sabonente no chueviro do estabelecimento prisional. Vestir a roupa com que se veio ao mundo e fazer uma corridinha à chuva é a receita para uma boa gripe. Ou pneumonia.
É aconselhável não desvendar o resto dos conselhos. Havia mais, mas fiquei por aqui. Poderia agastar as multidões de bem intencionadas que adoram a vacuidade das filosofias new agey. O tipo de ideias que desperta o meu lado evil.
domingo, 11 de outubro de 2015
Ode ao empreendedorismo
Not sure if... ironia pura ou estão mesmo a falar a sério. Indo perscrutar ao GOG dou logo na primeira página com um destaque a Lula: The Sexy Empire, um jogo antigo para Amiga, portado para Windows. Descrito como ode ao empreendedorismo e profundo e cativante simulador de negócios. Mas o texto de promoção ainda melhora:
In the age of struggling economies and high technology, the spirit of entrepreneurship is one of the greatest treasures one can ever own. (...) In Lula: The Sexy Empire you will make your path from rags to riches: you'll start up your own multimedia production empire, and you'll do it with spunk.
Esta ode ao empreendedorismo mostra como enriquecer com prostituição e filmes pornográficos. Jogos que passam para lá das linhas para despertar o interesse nos jogadores e cativá-los apelando aos impulsos sexuais não são nada de novo, nem este jogo o é (notem: desenvolvido para Amiga). A Wikipedia é mais lacónica e informativa:
The game revolves around building a multi-million dollar pornography and erotica industry.
Adorei foi a forma como foi descrito, decaldadinha dos manuais de práticas empresariais dos proponentes empreendedores, dos bater punho e similares. Tirem a imagem sugestiva e as palavras sexy empire e tudo o resto é o tipo de texto que se encontraria num jornal económico ou coluna de opinião. Não sei se foi intencional, mas a ironia com o discurso dos neo-liberais que querem impingir a toda a força a falácia salvífica do empreendedorismo é completa.
Fui parar ao GOG através deste artigo no Ars Technica sobre jogos de simulação urbana, cuja leitura se recomenda.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Mergulho na Fé
Arquivar em coisas bizarras que se ouvem na rádio: escutar a voz cristalina de uma apresentadora a falar de fait divers, pronunciando duas ou três vezes a expressão em inglês. Soava a qualquer coisa como faith divers. Em vez de factos diversos, disse mergulhadores da fé, algo que até poderia soar bem se ela não estivesse mesmo a falar de faits divers. Ninguém entre os restantes apresentadores pareceu dar conta do torpedeio linguístico. Até fiquei em dúvida. Será que andei toda a uma vida a pronunciar mal a expressão?
Vou empinar o nariz e comentar que é típico das caras bonitas intercambiáveis que funcionam como figuras de renome na nossa paisagem mediática.
(Com a extinção de facto mas não de jure do Francês no ensino básico e sua substituição por Espanhol, devo pertencer a uma das últimas gerações de portugueses que ainda compreendem a língua francesa.)
Vou empinar o nariz e comentar que é típico das caras bonitas intercambiáveis que funcionam como figuras de renome na nossa paisagem mediática.
(Com a extinção de facto mas não de jure do Francês no ensino básico e sua substituição por Espanhol, devo pertencer a uma das últimas gerações de portugueses que ainda compreendem a língua francesa.)
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Frisson
Depois de cinco anos de serviço fiel decidi reformar o meu fiável e funcional vaio. Nem precisaria, se os meus requisitos computacionais se ficassem pelo navegar na web, produzir texto e editar imagens. Ao fim destes anos a bateria ainda dura um bom par de horas e tirando algum sobreaquecimento por bloqueios na ventilação o vaio continua excelente. Dando ou tirando alguns riscos no chassis, a marca de um pc com uso muito intenso. Com a corrente tendência de plataformas móveis o pc clássico acaba por ser uma máquina de uso restrito para a maioria dos utilizadores, daquele tipo que os utiliza essencialmente como máquina de escrever, ecrã de televisão e redes sociais. Mas os meus requisitos vão um pouco para além disso e apesar de se esforçar, e me prestar bom serviço nestes anos, o vaio já se arrastava na modelação e impressão 3D. Hora, por isso, de investir.
Contemplei, babado, os Lenovo (os posts do Cory Doctorow no Boing Boing sobre os seus Thinkpads abriram o apetite) mas lembrei-me dos desastrosos spyware e malware que os génios da empresa decidiram instalar nos seus computadores. Não quero silverfish no disco rígido, muito obrigado. Decidi-me por um HP cujas especificações de RAM, processador e placa gráfica se ajustavam ao que preciso e ao preço que estou disposto a pagar. E quando cheguei a casa para o estrear recordei-me o quanto detesto teclados da HP. Grr. Tenho os dedinhos e a percepção corporal habituada aos teclados aconchegados dos vaio e o espaço largo dos HPs sempre me irritou. Especialmente quando o dedo vai instintivamente clicar naquela tecla e sai outra que não era bem aquela que estava à espera.
Algo que me apercebi, ainda quando estava a ponderar as escolhas e a processar a compra, é o quanto me falta a paciência para as rotinas de configurar um novo computador e migrar as aplicações e dados. Bolas, pensei, é que não me apetece mesmo nada. É um sinal da integração completa das tecnologias digitais no meu dia a dia, esta fadiga com as novidades tecnológicas. Houve tempo em que sentia aquele frisson ao redescobrir sistemas operativos e novo hardware. Agora, nem por isso. Só penso no tempo que não vou poder utilizar de forma produtiva enquanto instalo aplicações e transfiro pastas de dados. Suspeito que o meu trabalho tenha algo a ver com isso. Sou professor, mas sou um professor que passa boa parte do tempo com o nariz mergulhado nos sistemas informáticos da escola (vai acima da centena, se querem saber). Há quem diga que ando sempre a reformatar computadores. Pudera, desde que percebi que o trabalho que dá resolver problemas numa rede que me rendi ao espera aí vinte minutos, vou só reformatar com a ferramenta de clonagem e já volto. Vinte porque demoro cinco a ligar/desligar/ligar ao domínio. Confesso que com tanta reformatação e instalação de sistemas operativos cansei-me das novidades.
Ainda estou a correr Windows, porque preciso dele para algumas aplicações que me são essenciais, e vou manter-me no 8.1 durante umas semanas antes de arriscar o 10. Não que desconfie dele, mas acabou de sair e... lá está, tenho melhores coisas para fazer com o meu tempo do que estar a servir de cobaia enquanto se alisam os vincos do novo sistema. Não me interessa participar num programa de beta testing à escala global.
Novo computador significa que alguns projectos que tenho adiado vão poder finalmente ir em frente. Vamos ver se me safo como autodidacta em Blender e Unity? Entretanto, vamos ver se me habituo aos teclados HP.
Contemplei, babado, os Lenovo (os posts do Cory Doctorow no Boing Boing sobre os seus Thinkpads abriram o apetite) mas lembrei-me dos desastrosos spyware e malware que os génios da empresa decidiram instalar nos seus computadores. Não quero silverfish no disco rígido, muito obrigado. Decidi-me por um HP cujas especificações de RAM, processador e placa gráfica se ajustavam ao que preciso e ao preço que estou disposto a pagar. E quando cheguei a casa para o estrear recordei-me o quanto detesto teclados da HP. Grr. Tenho os dedinhos e a percepção corporal habituada aos teclados aconchegados dos vaio e o espaço largo dos HPs sempre me irritou. Especialmente quando o dedo vai instintivamente clicar naquela tecla e sai outra que não era bem aquela que estava à espera.
Algo que me apercebi, ainda quando estava a ponderar as escolhas e a processar a compra, é o quanto me falta a paciência para as rotinas de configurar um novo computador e migrar as aplicações e dados. Bolas, pensei, é que não me apetece mesmo nada. É um sinal da integração completa das tecnologias digitais no meu dia a dia, esta fadiga com as novidades tecnológicas. Houve tempo em que sentia aquele frisson ao redescobrir sistemas operativos e novo hardware. Agora, nem por isso. Só penso no tempo que não vou poder utilizar de forma produtiva enquanto instalo aplicações e transfiro pastas de dados. Suspeito que o meu trabalho tenha algo a ver com isso. Sou professor, mas sou um professor que passa boa parte do tempo com o nariz mergulhado nos sistemas informáticos da escola (vai acima da centena, se querem saber). Há quem diga que ando sempre a reformatar computadores. Pudera, desde que percebi que o trabalho que dá resolver problemas numa rede que me rendi ao espera aí vinte minutos, vou só reformatar com a ferramenta de clonagem e já volto. Vinte porque demoro cinco a ligar/desligar/ligar ao domínio. Confesso que com tanta reformatação e instalação de sistemas operativos cansei-me das novidades.
Ainda estou a correr Windows, porque preciso dele para algumas aplicações que me são essenciais, e vou manter-me no 8.1 durante umas semanas antes de arriscar o 10. Não que desconfie dele, mas acabou de sair e... lá está, tenho melhores coisas para fazer com o meu tempo do que estar a servir de cobaia enquanto se alisam os vincos do novo sistema. Não me interessa participar num programa de beta testing à escala global.
Novo computador significa que alguns projectos que tenho adiado vão poder finalmente ir em frente. Vamos ver se me safo como autodidacta em Blender e Unity? Entretanto, vamos ver se me habituo aos teclados HP.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Send Your Name To Mars
Vai o nome, já que não pode ir o resto... a NASA lançou um divertido website onde podemos inscrever o nosso nome para ser enviado a bordo da sonda Insight para Marte. Em troca, para além daquela sensação de calor no coração ao saber que daqui a alguns anos o nosso nome estará na superfície marciana, recebemos um cartão de embarque. Cá por mim, vou imprimi-lo para pendurar no meu gabinete de trabalho.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Recuando de mansinho
Adoro o título desse livro. Há muitos dias em que me sinto assim, diz, simpática e sorridente, a funcionária da livraria. Somos todos um pouco marcianos, não acha? Sublinho simpática. Os resquícios de machismo latino tentam condicionar-nos para interpretar qualquer sorriso feminino como uma confissão lasciva de desejo, mas felizmente estamos no século XXI. E sou um autómato social, que ao longo dos anos mecanizou um conjunto de técnicas automáticas que me permitem sobreviver à larga maioria das interacções sociais.
Ou de Plutão, respondi. Ah, às vezes de Vénus, Urano, Saturno... depende de casa está a Lua, continua a sorridente funcionária enquanto processa o pagamento. Ainda pensei em dizer que este não é esse tipo de livro, é sobre ciência e ficção científica, mas preferi o silêncio. Astrologistas. Têm tendência a tornar-se perigosos sempre que alguém lhes aponta o óbvio. Que os astros são corpos celestes, e não influências decisivas na sorte ou personalidade de cada um. Terminei o pagamento, e fui recuando de mansinho, sempre a sorrir, recuando de mansinho, a sorrir.
Para já, o melhor do livro são as últimas páginas. Tranquilizem-se, não é critica. Ainda não iniciei a leitura. Mas nas últimas páginas está a listagem de todos os títulos da colecção Ciência Aberta da Gradiva. É bom ver que a linha editorial que me permitiu aceder a tantos livros fundamentais para a minha formação pessoal se mantém viva e dinâmica.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Matérias
Entre finalizar de projectos e secretariado de exames e provas finais o tempo tem sido escasso nestes últimos dias. Faz parte das atribuições. Este, o Matéria Digital, está concluído. Bem, quase concluído. Falta ainda imprimir alguns dos objetos. Quando se passam quatro dias de volta de listagens e centenas de provas não sobra tempo para imprimir. Entretanto o ano lectivo vai terminando e outros projectos vão finalizando, enquanto se preparam novas iniciativas para arrancar no próximo ano. E não está esquecido o desafio que o Que a Estante nos Caia em Cima fez. Malandro. Sabe bem que fantasia é estigma para estes lados...
terça-feira, 17 de março de 2015
Abreijos
Abreijos. Que coisa irritante. E arrepiante de infantilidade. Pertence à categoria expressões fixes que não são nada fixes. Como cantautor. Só me dá vontade de dar tau tau a quem usa esta expressão. Ou desejar bom fds, que talvez por ter uma mente perversa não consigo de forma alguma ler como bom fim de semana. Outra particularmente irritante é funcionalidades. Percebe-se, quem usa isto quer dizer que o objecto ou serviço serve para muita coisa, mas prefere usar esta palavra que se afocinha a arranhar dentro do canal auditivo. As línguas são flexíveis e evoluem com o tempo, eu sei, mas ele há cada expressão tão deselegante...
quarta-feira, 11 de março de 2015
Fucking Czerny
Numa cerimónia de entrega de disitnções a audiência teve direito àquilo que hoje se tornou a irritante moda de apelidar de "momento musical". Daquelas expressões que me faz arrepelar o cérebro. Quando uma das alunas da escola de música convidada sobe ao palco ouve-se o apresentador a anunciar que iria tocar um prelúdio de Carl Czerny. Esse, o compositor-professor, cujos trechos se tornaram cânone de ensino. The fucking Czerny, pensei. Lembrei-me de Henry Miller. De ler no... Plexus? ou no Nexus? o quanto este lendário escritor detestava os trechos de piano que foi obrigado a aprender quando o que realmente queria era saber de outras coisas. Que coisas? Se conhecem Miller sabem que não é assunto muito apropriado para abordar num momento musical numa escola. Se não conhecem, o que esperam? Suspeito que ficarão surpreendidos com uma escrita que assenta num erotismo visceral mas atinge os píncaros do alto modernismo de cariz surreal. Para mim o melhor de Miller é quando a sua prosa entra em livre associação, em parágrafos de imagética imparável. Curiosas coincidências, pensei, enquanto a rapariga se safava com mestria desta obra para piano e se atirava a Beethoven. Faz sentido. Estava numa escola, em contexto de pedagogia, só poderia ter de ouvir the fucking Czerny.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Quem é?
Ou o algoritmo se enganou, ou está-me a piscar o olho porque sabe que gosto de chá e 3D, tendo decidido pregar-me uma surpresa ao estilo Utah Teapot. Ou isso. Mas se calhar é a primeira.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
This is Sparta
Apanho uns seguidores muito estranhos no Twitter. Devo lá ter uma boa quantidade de bots e os habituais auto-promotores literários. Mas este parece-me especial, talvez do ponto de vista das necessidades especiais. Aquela foto de perfil é um mimo. Gosto particularmente dos raios que saem da mão convidativa. Certo. Pimbalhice é pimbalhice, quer venha com sotaque espartano ou beirão. E se este é um bot, diria que bom humor talvez seja um bom esquema para ser aprovado no teste de Turing. Algo me diz que este espartano não partilha do This Is SPARTA saído das ranzinzices heróico-machistas do Frank Miller.
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
A filha morta
De manhã, o café ainda a teimar em não fazer efeito sobre os neurónios enregelados. Tinha acabado de ensinar às alunas como criar um avatar no Avatar Studio, configurando-o proporções, roupas e pose, para posteriormente converterem de VRML para 3DS e importarem para aplicar numa loja que estão a modelar em Sketchup. O toque final seria fazer uma pesquisa visual sobre manequins, para as alunas saberem em que posições colocar os membros do corpo do avatar, mas as sugestões de pesquisa do Google tinham outros planos. Bolas. Nove horas de uma manhã gelada é demasiado cedo para aventuras tétricas, por muito que estas bizarrias macabras nos façam rir...
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
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