Em dias de confinamento, fica-se pelo local.
Frédéric Zumbiehl, Frederic Lourenco (2013). Team Rafale T06: Anarchy 2012. Paris: Zephyr Editions.
Começamos a perceber quem são os terroristas que despoletaram o golpe do tomo anterior: radicais alemães, milionários graças aos jogos de computador ultraviolentos que desenvolvem. No rescaldo do ataque com drones que quase assassinou os líderes do G-8, esta rede terrorista está a revelar-se particularmente difícil de localizar e erradicar. Usando os drones avançados, atacam impunes os seus alvos. E, por momentos, o esquadrão de Rafales é a única defesa capaz de proteger o avião presidencial francês.
E, finalmente, o perigoso grupo terrorista é derrotado, graças aos esforços dos pilotos da esquadrilha, que se arriscaram e conseguem descobrir pistas que levam à captura de um dos operacionais terroristas. Mas o grupo não é derrotado sem tentar levar a cabo um golpe final, um ataque coordenado no centro de Londres, onde as defesas aéreas perdem Tornados e Rafales abatidos em plena cidade, e será preciso um ardil inteligente para destruir de vez a aeronave autónoma. Um bastante pateta, diga-se, uma aeronave que se escapa a misseis e pilotos experimentados é derrotada por um tiro de pistola, certeiro, na antena. Esta história em três episódios é um momento fraco da série.
Frédéric Zumbiehl, Frederic Lourenco (2016). Team Rafale T08: Lancement à haut risque. Paris: Zephyr Editions.
No rescaldo das aventuras anteriores, um dos veteranos pilotos da esquadrilha é convidado a integrar um projeto secreto. O objetivo: demonstrar a capacidade de lançamento de pequenos foguetões orbitais usando os Rafale marítimos, embarcados em porta-aviões, como plataforma de lançamento aéreo. Com isto, os franceses poderão responder mais depressa a ameaças globais, com a capacidade de colocar satélites em órbita se necessário. Um projeto que assume importância dado o crescimento da ameaça nuclear norte-coreana. Nação cujos agentes estão atentos, e irão usar todas as armas para sabotar o projeto francês.
Frédéric Zumbiehl, Frederic Lourenco (2017). Team Rafale T09: North Corea. Paris: Zephyr Editions.
Com a Coreia do Norte a preparar um lançamento nuclear, um destacamento aéreo internacional é enviado para destruir o centro de lançamentos norte-coreano. Uma missão arriscada que irá juntar os Rafale franceses a aeronaves de outros países, que verá o porta-aviões Charles de Gaulle em missão de combate. A missão parece fácil, dado o material de guerra obsoleto dos adversários, mas a defesa norte-coreana revela alguns segredos. Sleeper agents nos esquadrões de combate americanos e sul-coreanos revelam-se em pleno voo, e se a maioria das aeronaves de combate norte-coreanas datam dos tempos da guerra fria, há uma esquadrilha secreta de modernos Shenyang J-16, que irão dar dores de cabeça aos pilotos da esquadrilha francesa.
Frédéric Zumbiehl, Jolivet Olivier (2018). Team Rafale T10: Le vol AF714 a disparu. Paris: Zephyr Editions.
Na Austrália para uma missão de treino, os pilotos da esquadrilha Rafale (a Normandie-Niemen, sublinhando uma ligação entre a força aérea francesa e esta editora) terão de enfrentar um novo mistério: o desaparecimento de um voo da Air France. Tudo aponta para um desastre, mas os indícios não convencem um dos pilotos, que tinha a filha como passageira nesse voo. Talvez a chave para o mistério esteja num sultanato reclusivo, que mantém a sua independência com jogos geostratégicos obscuros.
James Gunn (1977). The Road to Science Fiction: From Gilgamesh to Wells. Londres: Signet.
Apontamos para Verne e Wells, e essencialmente para Gernsback, o início da ficção científica como género literário. Mas quais são as suas origens? Que textos do passado poderão ser lidos como uma espécie de proto-FC? É de notar que nunca os autores da antologia se referem aos textos que coligem como ficção científica, apenas nos apontam leituras que, ao longo do tempo, iniciaram a exploração de temas que hoje fazem parte do domínio da FC. O foco está em textos que iam mais longe do que o imaginário fantástico, que contém traços daquilo que se veio a tornar FC.
O livro, apesar de curto, é enciclopédico, passando por textos tão díspares como fragmentos do Épico de Gilgamesh, Luciano de Samosata, Kepler, Rostand, ou Swift, até culminar em Mary Shelley. O livro advoga Frankenstein como o texto fundador da FC, e segue mostrando-nos autores que, entre histórias de aventuras e contos fantásticos, começaram a incorporar a especulação científica. Aqui, Poe, Hamilton, e os incontornáveis Wells e Verne, mas também incluindo nomes mais discretos como Hawthorne e Bierce, são os escolhidos para mostrar como a incorporação de ideias de futuro, ciência e tecnologia foi evoluindo até se tornar um género literário próprio.
Livro clássico, parte de uma série em que James Gunn (o autor clássico de FC, não confundir com o realizador) explora as raízes da ficção científica.
Aquilino Ribeiro (1982). Romance da Raposa. Lisboa: Bertrand.
Regressar a um texto clássico da minha infância, e perceber que não perdeu o encanto. O regresso foi pro mero acaso, em busca de ideias para uma banal tarefa de iniciação ao processamento de texto para os meus alunos mais novos, pensei, e porque não dar-lhes umas palavras de Aquilino?
Sata-Pocinhas, a raposa fagueira, lambisgueira, e mais uma série de belísimos epítetos com que Aquilino a descreveu no seu romance, continua hoje a ser-me tão fascinante como quando a conheci. Ou talvez mais, porque se antigamente as aventuras da raposa me divertiam, hoje consigo perceber que a esperteza implacável da Salta-Pocinhas é uma condição de sobrevivência. É o que lhe permite sobreviver e prosperar num mundo onde imperam os fortes. E tantas das peripécias da raposa são daquelas que mostram os pés de barro dos mais fortes.
Sei hoje, também, em grande parte graças ao Lisboa Triunfante de David Soares, que este aparentemente inocente conto infantil de Aquilino se insere numa tradição europeia que usa a raposa matreira como metáfora para a insubmissão, para o afirmar da liberdade individual face Às pressões de quem exerce o poder. Bem, mas de inocente o conto de Aquilino tem muito pouco. Com mel, ensina-nos a violência das sociedades, o caráter impiedoso da natureza, e a importância de saber usar a inteligência para resolver problemas. E, também, a necessidade de se ser impiedoso face aos outros, para poder afirmar-se como se é. Mesmo que isso choque a moral e os bons costumes.
Esta semana, destacamos as glórias de Citizen Kane, o trabalho do autor de Andrómeda, e a edição em português de Shangai Dream. Em tecnologia, fala-se de Inteligência Artificial e texto automático, da Maker Faire Rome e de um vislumbre dos sistemas panopticon da Palantir. Ainda se fala de terras submersas, e mapas alternativos. Mais leituras vos aguardam nas Capturas da semana.
Frank Kelly Freas: Desportos radicais.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636569153342472192
How ‘Citizen Kane’ Got To Be, And Stopped Being, The ‘Greatest Film Ever Made’: Tudo tem a ver com gostos e épocas, mas há que sublinhar que o filme seminal de Orson Welles se mantém um dos grandes filmes de todos os tempos.
https://www.vulture.com/2020/12/why-is-citizen-kane-the-great-movie-ever-made.html
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ZÉ BURNAY: Andrómeda é um dos mais fascinantes álbuns de BD portuguesa dos últimos tempos. Nesta entrevista, ficamos a conhecer melhor a obra e o seu criador.
https://h-alt.weebly.com/zeacute-burnay.html
Alfred Kelsner: Não, não é um ovni. Fãs de Perry Rhodan percebem.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636942869107752960/alfred-kelsner
Do logro narrativo: Uma análise à prática, recorrente na ficção mais popular, de dar continuidade às narrativas sem realmente avançar a história. Aka encher chouriços, ou escrever a metro.
http://virtual-illusion.blogspot.com/2020/12/do-logro-narrativo.html
Jack Gaughan: Zonas de travessia.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636784306493259776/jack-gaughan
"Shanghai Dream": BD francesa desenhada pelo português Jorge Miguel editada em Portugal: Estou imensamente curioso com esta bande dessinée desenhada por um ilustrador português a trabalhar para o mercado francês. Visualmente parece avassaladora. Mal chegue às livrarias, tiro a prova dos nove.
https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/shanghai-dream-bd-francesa-desenhada-pelo-portugues-jorge-miguel-editada-em-portugal
Eddie Jones, 1979: Manter a distância, é aconselhável.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636886299602796545/eddie-jones-1979
A invasão do estilo mainstream na ficção especulativa nacional: Os hipsters do gerador descobriram a literatura fantástica em português. E, como seria de esperar para quem só consegue distinguir a vanguarda do mainstream, conseguiram confundir tudo, metendo no mesmo saco FC, terror e fantasia, designando-os de ficção especulativa. Até poderia apostar que quem escreveu o artigo não se deu ao trabalho de ler uma linha sobre análise crítica à ficção fantástica. É essa a designação generalista que alberga os diferentes géneros, dos quais a ficção especulativa é um sub-género da FC, entendido? Até recomendaria a leitura do livro Billion Year Spree, mas não é o tipo de tomo que se encontre nas estantes eminentemente decorativas da Ler Devagar. Mas não me deveria chatear com isto, afinal, é o Gerador ¯\_(ツ)_/¯.
https://gerador.eu/a-invasao-do-estilo-mainstream-na-ficcao-especulativa-nacional/
https://longstreet.typepad.com/thesciencebookstore/2020/12/jf-ptak-science-books-in-the-past-of-the-past-of-the-thinking-machine-back-when-alan-turing-was-only-15-the-prodigious-an.html
Distinguishing Between Biological and Machine Civilization Techno-signatures: Como poderemos distinguir se hipotéticas civilizações extraterrestres serão biológicas ou mecânicas? Alguns traços poderão ajudar a distinguir potenciais indícios alienígenas.
https://www.centauri-dreams.org/2020/12/04/distinguishing-between-biological-and-machine-civilization-techno-signatures/
Aevum Unveils Ravn X Autonomous Launch Vehicle For Lightweight Satellites: Um drone de grande capacidade, pensado como plataforma de lançamento de satélites.
https://theaviationist.com/2020/12/04/aevum-unveils-ravn-x-autonomous-launch-vehicle-for-lightweight-satellites/
The fragmentation of everything: É uma das mais preocupantes tendências no mundo digital - a fragmentação extrema em redes fechadas, dentro de fronteiras geográficas ou ideológicas.
https://www.technologyreview.com/2020/12/04/1013038/the-fragmentation-of-everything/
VSCO acquires mobile app Trash to expand into AI-powered video editing: Vou só sublinhar o verdadeiramente importante nesta notícia - haver implementações de inteligência artificial para simplificar a criação de vídeos em telemóveis.
https://techcrunch.com/2020/12/03/vsco-acquires-mobile-app-trash-to-expand-into-a-i-powered-video-editing/
3D printed learning aids could provide teachers with 86% cost savings: É, sem dúvida, uma das mais discretas mas impactantes aplicações da impressão 3D. Há toda uma diferença entre ver imagens e renderings de conteúdos educativos, e o segurar de objetos que os replicam. E a aprendizagem é ainda mais profunda se envolvermos os alunos no design destes modelos 3D.
https://3dprintingindustry.com/news/3d-printed-learning-aids-could-provide-teachers-with-86-cost-savings-180372/
Oral Drug Blocks SARS-CoV-2 Transmission, Georgia State Biomedical Sciences Researchers Find: Uma notícia intrigante, e que mostra a evolução noutra vertente de combate à covid que não a vacinação. Estas investigações identificaram um medicamento que trava a progressão da infecção (isto, se estiver a interpretar bem o estudo). Claro que falta ainda muito que investigar, mas é de notar que se colocamos as esperanças na vacinação, ela por si só não irá resolver o problema da Covid. São precisas terapias para as situações de infeção.
https://news.gsu.edu/2020/12/03/oral-drug-blocks-sars-cov-2-transmission-georgia-state-biomedical-sciences-researchers-find/
AI-Created Art – A Dystopic Future?: Uma análise muito forte, que enquadra a arte criada por IA no contexto da evolução artística a partir do modernismo. Mas deixa de parte um ponto importante. A verdadeira arte é criada recorrendo à IA. Os algoritmos por si só podem gerar imagens, mas mesmo nos processos mais automatizados, a mão (e espírito, e estética) do artista está presente na seleção de modelos de treino e output final. Ou seja, a inteligência artificial é mais uma ferramenta que expande possibilidades artísticas. O resto, dizer que a máquina sonha e cria, é geralmente gimmick para despertar a atenção.
https://newcriterion.com/issues/2020/12/acheiropoieta
https://cheezburger.com/105769985/ryan-reynolds-dating-app-parody-is-comedy-gold
MOOD IS THE MOST UNDERRATED LITERARY DEVICE — AND THE MOST VALUABLE: Essencialmente, a capacidade da narrativa nos despertar sentimentos é o principal elemento que nos agarra à leitura.
https://bookriot.com/mood-literary-device/
Study Rewrites History of Ancient Land Bridge Between Britain and Europe: É uma daquelas arqueogeografias de fascínio, os territórios que ligavam as ilhas britânicas à Europa, hoje submersos.
https://www.smithsonianmag.com/smart-news/tiny-islands-survived-tsunami-almost-separated-britain-europe-study-finds-180976430/
Cuando el ejército de Estados Unidos convirtió el Metro de Nueva York en el "laboratorio de guerra bacteriológica" más grande del mundo sin que nadie lo supiera: Ah, os bons velhos tempos em que se podia fazer pesquisa química e bacteriológica em humanos sem essa chatice das comissões de ética.
https://www.xataka.com/medicina-y-salud/cuando-ejercito-estados-unidos-convirtio-metro-nueva-york-laboratorio-guerra-bacteriologica-grande-mundo-que-nadie-supiera
The intriguing maps that reveal alternate histories: As histórias que poderiam ter acontecido, se os acontecimentos tivessem evoluído de outras formas, a dar inspiração para mapas que despertam o imaginário.
https://www.bbc.com/future/article/20201104-the-intriguing-maps-that-reveal-alternate-histories
Manel Loureiro (2020). La Puerta. Madrid: Planeta.
Uma mulher desesperada, que está a ver o filho morrer de cancro terminal, recorre ao único remédio que lhe resta - a crença na tradição. Descobre, via internet, uma curandeira galega que parece ter sucesso onde a medicina falha. Arrisca tudo, deixa o seu lugar numa unidade policial de elite em Madrid e transfere-se para uma esquadra na zona do interior da Galiza. Onde depressa se vê envolvida numa conspiração obscura, que a leva a questionar a realidade do que vê. Na verdade, foi atraída a uma armadilha, caindo no centro de uma tradição milenar.
Tudo se centra nas ruínas megalíticas de uma serrania, conhecidas na tradição como a porta do além. Durante todo o livro, somos levados a um arrepiante mergulho entre tradição e sobrenatural. Sentem-se presenças malévolas, e pacatos camponeses galegos que, na verdade, seguem fielmente uma tradição de séculos, sacrificando ritualmente uma vítima de doze em doze anos. Aparentemente, para preservar a sua longevidade, mas como irá descobrir a amarga protagonista, o que realmente obriga os assassinos a matar é o respeito por uma tradição de sacrifícios de sangue, não para causar o mal, mas para o travar no antigo portal celta. Tradição essa que a potencial vítima se verá obrigada a continuar.
Manel Loureiro mistura as tradições galegas com um belíssimo thriller onde o sobrenatural e o policial se cruzam. O ritmo é marcado, e o livro é daqueles que não se descansa até chegar ao fim. A trama é urdida sempre aguçando o interesse, e os caminhos narrativos levam a um final inesperado. Para além disso, sobressai a omnipresente paisagem invernosa do interior galego, onde nas aldeias isoladas subsistem crenças e tradições que datam de tempos longínquos. Lendas de que o escritor se apropria, com a devida vénia, para nos contar uma belíssima história de terror.
E sim, confesso que as descrições de um solar numa aldeia isolada, cuja cave guarda um segredo malévolo, rituais nos cruceiros, ou revelações discretas de potencial imortalidade, e os vislumbres da santa companha, sempre sob pesada chuva, me causaram alguns arrepios.
É impossível não terminar este livro sem uma tremenda sensação de tristeza. Não que seja uma obra triste, bem pelo contrário. Fala-nos, entre o romance e jornalismo, da enorme aventura que foi o programa Apollo. O único, e por enquanto irrepetível, momento na história da humanidade em que um esforço conjunto colocou homens a pisar o solo de um corpo celeste.
O livro é construído a partir das histórias e depoimentos dos astronautas que participaram nas missões. O autor consegue transformar uma tremenda manta de retalhos de fontes primárias numa narrativa estruturada, de bom ritmo de leitura. A estrutura segue as missões, com capítulos detalhados dedicados a cada uma.
Para lá da admiração pelo programa, pela capacidade e engenho, ou pela aventura dos astronautas, o que realmente se lê no livro é um forte sentimento de imensidão, de deslumbre pelas vistas inóspitas que só um punhado de homens viu com o seu olhar. Se a história e histórias do programa Apollo, os dramas e dilemas dos envolvidos, fazem o livro, o olhar do autor detém-se na Lua. É aí, nas descrições pormenorizadas da vida no Espaço, das parcas missões lunares, que se sente uma tremenda paixão pelo tema. A evocação da desolação lunar agarra-se ao leitor, é impossível ler este livro e não sentir o fascínio.
E, no entanto... cinco décadas depois da primeira alunagem, não estamos mais próximos de lá regressar. Claro que a exploração espacial é complexa e arriscada, mas sente-se que se poderia ter ido mais longe. A realidade do mundo, de uma humanidade que na sua larga maioria não olha para os céus, pesa mais do que o ardor científico e tecnológico, que sustenta o humanismo de ir sempre um pouco mais longe. É por isso que ao virar as últimas páginas, este livro desperta tristeza. Porque por enquanto, a sensação de pisar o solo lunar continua um momento irrepetível.
Esta semana, destacamos a edição digital de literatura de Ficção Científica brasileira e portuguesa, a Barbarella soviética e a obra de Richard Matheson. Na Tecnologia, fala-se do fim inglório da BQ, de ataques a algoritmos de inteligência artificial, e da computação avançada como forma de ultrapassar os limites do pensamento humano. Ainda se fala sobre neoliberalismo, educação online e aeronaves supersónicas. Mais leituras vos aguardam, nas Capturas desta semana.
http://linesandcolors.com/2020/12/01/adrian-tomine/
Alimentopia – Publicações (João barreiros e Luís Filipe Silva): Uma boa proposta de leitura, dois contos dos mais destacados autores de Ficção Científica portugueses, criados para um evento académico sobre especulação futurista e alimentação.
https://osrascunhos.com/2020/12/03/alimentopia-publicacoes-joao-barreiros-e-luis-filipe-silva/
The Amazing Stories Pulp That Influenced Science and Science Fiction: Goste-se ou não, a Amazing Stories teve uma influência definidora do que é a Ficção Científica. E só hoje, com aposta na diversidade cultural, é que a FC está a ir para além da visão tecnicista estabelecida pelos editores e autores que escreviam para os pulps.
https://bleedingcool.com/comics/the-amazing-stories-pulp-that-influenced-science-and-science-fiction/
Gordon C Davies: Do lado lunar.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/635968939303813120/gordon-c-davies
E-books Clássicos Legíveis no Telemóvel: Um projeto de amor à Ficção Científica, que está a adaptar contos de autores portugueses e brasileiros para leitura digital.
https://osrascunhos.com/2020/12/01/e-books-classicos-legiveis-no-telemovel/
More on Billy Idol’s Infamous “Cyberpunk” Record: Recordar o hoje clássico disco de Billy Idol. Se bem que o que torna o artigo interessante é o vídeo que reproduz uma verdadeira relíquia digital: o conteúdo de uma diskette, um excelente exemplo dos primórdios do multimédia, que tinha vinha com a primeira edição do disco. Um mergulho na estética dos primórdios da era digital.
https://blog.adafruit.com/2020/11/30/more-on-billy-idols-infamous-cyberpunk-record-cyberpunk/
The Toxic Avenger: Peter Dinklage to Star in Legendary's Reboot: Mas já nada é sagrado? Um reboot dos assumidos trash films da Troma? Temo o pior, temo um Toxic Avenger sentimentalão, feito ao gosto corporativo.
https://bleedingcool.com/movies/the-toxic-avenger-peter-dinklage-to-star-in-legendarys-reboot/
Photo: Silent Running, o filme onde o especialista em efeitos especiais Douglas Trumbull se mostrou cineasta.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636240735160647680
The Ten Best Science Books of 2020: Uma sugestão de leitura, com os melhores livros sobre ciência deste ano.
https://www.smithsonianmag.com/science-nature/ten-best-science-books-2020-180976414/
Tropel – Manuel Jorge Marmelo: Confesso que a recensão a um livro tão implacável me despertou o interesse. Apesar da premissa ser uma daquelas já muito batida no terror, o que não falta por aí são histórias de caçadores de humanos. Isso é, praticamente, toda uma personagem-vilão do Homem-Aranha, só por exemplo. Características do mainstream literário: descobrem e usam algo banal na literatura fantástica, e de repente parecem inovadores.
https://osrascunhos.com/2020/11/29/tropel-manuel-jorge-marmelo/
Smuggled Communist Comics and the Birth of Octobriana: Isto é decididamente weird, uma espécie de Barbarella comunista criada por um desenhador checo que achava que a revolução russa se tinha desviado da pureza do comunismo leninista (e não estava errado nesta perceçáo). Um comic samizdat, com nudez comunista à mistura.
https://bleedingcool.com/comics/smuggled-communist-comics-and-the-birth-of-octobriana/
Chris Foss: Cenas de mestria.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/636116177838538752/chris-foss
Scott Pilgrim, uma série datada?: Bem, já era datada nos tempos em que foi editada, e muito sobrevalorizada. A crítica acerta em cheio: um dos principais problemas destes livros é basear-se em personagens supostamente jovens adultas, mas com preocupações e reações emocionais de jovens adolescentes.
https://bandasdesenhadas.com/2020/11/28/scott-pilgrim-uma-serie-datada/
Dylan Dog - Após um Longo Silêncio (Tiziano Sclavi e Giampiero Casertano): Uma análise à edição portuguesa do regresso fugaz de Sclavi à personagem que concebeu. Uma das melhores histórias recentes do Old Boy.
http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2020/11/dylan-dog-apos-um-longo-silencio.html
Dale M. Figley, for Future Life Magazine #26, May 1981: És tu, mo-dee?
https://70sscifiart.tumblr.com/post/635901007989178368/dale-m-figley-for-future-life-magazine-26-may
O passo seguinte: Vivemos, de facto, num excelente momento editorial de banda desenhada em Portugal. E, ao contrário de momentos anteriores, este dá sinais de ser sustentável a longo prazo. Como leitor, só posso manifestar o quão excelente deixar de ter sido economicamente viável poder ler tudo o que se publica por cá.
https://asleiturasdopedro.blogspot.com/2020/11/o-passo-seguinte.html
SFRA Review, 50(2-3): Alternative Sinofuturisms (2020): Entre o século XXI como século chinês, e a explosão crítica da ficção científica chinesa.
https://monoskop.org/log/?p=22698
The 10 Best Horror Movies Written By Richard Matheson: Matheson é um daqueles autores de FC e fantástico que muitos lhe conhecem as histórias, mas poucos o nome. É o autor de I Am Legend, um dos mais geniais livros de vampiros (e, por favor, fiquem longe da adaptação cinematográfica com Will Smith, que é péssima). Como argumentista, também nos legou filmes marcantes.
http://www.tasteofcinema.com/2020/the-10-best-horror-movies-written-by-richard-matheson/
https://www.boredpanda.com/interesting-old-technology/
Nadie al volante en BQ: los empleados que quedan llevan meses sin cobrar y clientes con teléfonos en garantía se quedan tirados: O fim daquela que sempre me pareceu uma singular empresa de tecnologia. Uma que combatia a desindustrializaçáo europeia, criando um pólo industrial de tecnologias móveis em Espanha. Algo que não foi fácil, recordo uma apresentação do responsável pela BQ Educação que disse aos presentes no Ciência Viva que a BQ se tinha interessado por educação não por ser um mercado, mas porque estimular aprendizagens STEM nas crianças era uma aposta de futuro. E a seguir contou-nos que nos primeiros tempos da BQ, tiveram uma enorme dificuldade em contratar engenheiros que realmente soubessem desenvolver dispositivos móveis. Conheciam a teoria, mas não a sabiam aplicar. Sintomas da transferência de fabricação para outras paragens, o know-how técnico prático perdeu-se. Agora, depois de problemas financeiros que a deixaram nas mãos de capital predatório, a BQ está praticamente extinta.
https://www.xataka.com/empresas-y-economia/nadie-al-volante-bq-empleados-que-quedan-llevan-meses-cobrar-clientes-telefonos-garantia-se-quedan-tirados
Así es la herramienta de Microsoft que dice medir la productividad de los empleados según los mails que mandan o los documentos que comparten: Os meios digitais têm destas coisas. Tudo o que fazemos deixa rasto, e isso pode ser metrificado. Agora, sou só eu que me arrepio ou este produto associado ao Teams é tremendamente invasivo? Claro que faz sentido medir a produtividade de um trabalhador, mas esta quantificação extrema será mesmo a melhor solução?
https://www.xataka.com/pro/asi-herramienta-microsoft-que-dice-medir-productividad-empleados-mails-que-mandan-documentos-que-comparten
Turn A Picture Into A Painting With These Great Apps: Em 2014, ou 15, já não me recordo bem, os algoritmos deepdream surpreendaram pela forma como interpretavam imagens. Salto em frente para 2020, e estes algoritmos, especialmente na vertente transferência de estilos, tornaram-se banais em apps.
https://www.lightstalking.com/turn-picture-into-painting-apps/
Zoombombing the EU Foreign Affairs Council: LOL, simplesmente. Se o erro de manter o link da reunião visível não é dos mais inteligentes, nada como ter passwords inseguras. É sempre bom saber que os concelhos europeus têm nível se segurança equivalente ao da associação das velhotas da paróquia.
https://hackaday.com/2020/11/25/zoombombing-the-eu-foreign-affairs-council/
Understand adversarial attacks by doing one yourself with this tool: Ataques adversariais? Claro, isto é tipo regra 34. Se há uma tecnologia, alguém a irá explorar para ataques maliciosos. Aqui trata-se de usar as características das redes adversariais generativas como vulnerabilidade. Parece coisa tranquila, se estivermos a falar das experiências de uso da GAN. Mas se nos recordamos que estes sistemas estão a ser incorporados dentro das ferramentas de inteligência artificial que já caracterizam o nosso dia a dia, o caso muda de figura. A demonstração mostra com enganar algoritmos de reconhecimento de números ou sinais de trânsito. Correr os ataques não dá sinais visuais aparentes, mas bastam alguns pixels para levar os algoritmos a tirar diferentes conclusões das esperadas. Parece exótico? Imaginem um carro com autonomia que acelera a 120 numa rua porque o algoritmo de reconhecimento de sinais de trânsito foi enganado para interpretar o sinal de 50 como 120...
https://thenextweb.com/neural/2020/11/27/understand-adversarial-attacks-by-doing-one-yourself-with-this-tool-syndication/
Verse by Verse: Uma ferramenta gira, que implementa o GPT3 treinado no corpus de poetas clássicos da língua inglesa, e nos permite escrever poemas a partir de sugestões, cruzando diferentes vozes literárias. Um brinquedo digital, mas que nos permite perceber o poder atual dos algoritmos de geração automatizada de texto.
https://sites.research.google/versebyverse/
Digital Tools I Wish Existed: A leitura deixa ainda muito a desejar, em parte por questões de interface, pela distractividade da conectividade (se se lê num tablet ou computador, a tentação de ir procrastinar numa rede social muitas vezes sobrepõe-se ao foco na leitura), pelos formatos inflexíveis de livros digitais (malta, o PDF já deveria estar extinto, como se explica que um formato de leitura digital que praticamente obriga a imprimir o documento para ser legível seja tão acarinhado por tantos?), pela sensação de sobrecarga informativa.
https://jon.bo/posts/digital-tools/
Video Friday: These Giant Robots Are Made of Air, Fabric: Vá, deliciem-se com o melhor da investigação em robótica, trazido pelos curadores da IEEE Spectrum.
https://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/robotics-hardware/video-friday-air-giant-soft-robots
Filtrados los datos de 16 millones de pacientes brasileños con COVID-19, incluido el presidente: las contraseñas estaban en GitHub: Lol. Apenas. Largar uma folha de cálculo no github é demasiado estúpido. Já nem se fala da encriptação.
https://www.xataka.com/seguridad/filtrados-datos-16-millones-pacientes-brasilenos-covid-19-incluido-presidente-contrasenas-estaban-github
THE BEST INVENTIONS OF 2020: Este ano não foram só coisas más, esta lista de produtos destacados pela TIME traz-nos as melhores inovações tecnológicas de 2020.
https://time.com/collection/best-inventions-2020/
A new horizon: Expanding the AI landscape: A pandemia veio reforçar a necessidade de investimento em inteligência artificial.
https://www.technologyreview.com/2020/11/30/1012528/a-new-horizon-expanding-the-ai-landscape/
On The Verge Of Thinking Far Beyond Our Own: Poderá a computação digital, especialmente a inteligência artificial, ultrapassar as nossas capacidades de pensamento? Encontrar informação e gerar teorias que têm escapado aos cientistas? Talvez, mas é bom recordar que somos nós que concebemos as questões e os problemas: "“Can we form a question in such a way that we can do the computation?” he asked. “Remove the romanticism. It’s not a creature like a cat, it’s just an algorithm running.”". Ou seja, ultrapassados pelos algoritmos é uma visáo errada. Antes, construir novo conhecimento em diálogo com algoritmos.
https://www.nytimes.com/2020/11/23/science/artificial-intelligence-ai-physics-theory.html
Penguin Random House To Buy Simon & Schuster In Publishing Mega-Deal: Recordam-se dos tempos em que se pensavam que a existência de monopólios era uma péssima ideia, porque a falta de competitividade se traduza em perdas sociais e culturais? A indústria literária está a ficar praticamente centrada em gigantes casas editoriais globais. E não é caso único. Queremos mesmo uma economia global dominada por monopólios?
https://www.nytimes.com/2020/11/25/books/simon-schuster-penguin-random-house.html
Let’s Talk About All The B-70 Valkyrie Variants Envisioned For The Mach 3 Superbomber Prior To Cancellation: Era suposto ser uma daquelas aeronaves dignas de ficção científica. O Valkyrie chegou a voar, mas nunca chegou a ser um avião operacional.
https://theaviationist.com/2020/11/29/lets-talk-about-all-the-b-70-valkyrie-variants-envisioned-for-the-mach-3-superbomber-prior-to-cancellation/
The other fighter that saved Britain: Pensem depressa, qual foi o mais essencial caça inglês da II Guerra? Pois, náo, o Spitfire foi o mais marcante. Mas o mula de carga, o que aguentava com tudo e estava disponível em maiores números, foi i também temível Hurricane. Uma aeronave também marcante, e à qual todo o campo da cirurgia plástica tem uma enorme dívida (têm de ler o artigo para perceber esta).
https://www.bbc.com/future/article/20201127-the-forgotten-fighter-plane-which-won-the-battle-of-britain
"Hiroshima" de John Hersey: Um relato impressionante, que é uma das leituras obrigatórias sobre a II Guerra Mundial.
http://virtual-illusion.blogspot.com/2020/11/hiroshima-de-john-hersey.html
Frédéric Zumbiehl, Éric Louette (2007). Team Rafale T01: Présentation Alpha. Paris: Zephyr Editions.
Quando uma equipa de pilotos de Rafale se desloca a um festival aéreo na Indonésia, têm de enfrentar mais do que as habituais rivalidades entre empresas. Um grupo de terroristas faz de tudo para sabotar as demonstrações dos pilotos franceses, culminando num ataque à torre de controlo do aeroporto só para desviar o Rafale para uma singular armadilha: um bairro em construção, cheio de terroristas armados com mísseis terra-ar e até helicópteros. Obstáculos que não são intransponíveis para pilotos experientes aos comandos de um caça ágil. História de aventuras divertida, e, essencialmente, muita vinheta com aeronaves bem desenhadas, que é o verdadeiro chamariz deste tipo de livros.
Frédéric Zumbiehl, Durand Mathieu (2008). Team Rafale T02: Trésor de guerre. Paris: Zephyr Editions.
Nesta aventura, os pilotos da esquadrilha de Rafales são enviados ao Djibuti. A sua missão: travar um carregamento de ouro transportado por terroristas. Bem armados, estes já foram capazes de derrubar caças F-18. A força francesa terá ainda de enfrentar um ardiloso piloto mercenário, cuja estratégia de combate aéreo irá causar dores de cabeça aos pilotos franceses. Uma aventura que se distingue pela qualidade do desenho, que transmite bem a emoção das aeronaves.
Frédéric Zumbiehl, Eric Lutte (2009). Team Rafale T03: Opération Nexus One. Paris: Zephyr Editions.
Nesta aventura, os pilotos da esquadrilha são destacados para o Afeganistão. A sua missão: recuperar, ou destruir, os restos de um satélite de espionagem francês. Este perdeu a órbita e despenhou-se em território controlado por Talibãs, e não convém que a tecnologia de ponta francesa caia em mãos alheias. No entanto, os restos de alta tecnologia não passam despercebidos aos agentes secretos de outros países, que irão raptar um dos pilotos da esquadrilha para este revelar a posição dos destroços. Uma aventura de alta intensidade pelas ruas de Cabul.
Frédéric Zumbiehl, Mathieu Durand (2010). Team Rafale T04: Traque en Afghanistan. Paris: Zephyr Editions.
Continuação do volume anterior. As forças francesas correm contra o tempo para recuperar os restos do satélite. E terão de se haver com um adversário poderoso: um piloto mercenário, dos poucos capazes de enfrentar os Rafales. Será uma dura perseguição pelo deserto, com o mercenário aos comandos de um caça de descolagem vertical russo, cheio de ardis para tentar derrotar os pilotos franceses.
Frédéric Zumbiehl, Frederic Lourenco (2012). Team Rafale T05: Black Shark. Paris: Zephyr Editions.
O próximo desafio dos nossos aviadores será enfrentar um grupo terrorista que roubou dois drones experimentais. Tudo se passa na Inglaterra, onde forças combinadas que incluem os pilotos franceses estão a assegurar a segurança de uma reunião dos G-8. No entanto, a trama urdida pelos terroristas, que para além de ataques com drones inclui um velho Phantom telecomandado, carregado de explosivos, lançado sobre o palácio onde se reúnem os chefes de estado, parece imparável. Os drones derrotam todas as defesas anti-aéreas, e o Phantom dirige-se, implacável, para o seu alvo. Conseguirão os Rafales travar o ataque? Não há resposta a isso, temos de esperar pelo tomo seguinte. É de assinalar que a série baixa aqui a sua qualidade gráfica, o traço do ilustrador não se adequa muito aos temas aeronáuticos.
Para lá da linha de comics, que segue os estereótipos gráficos do género, a DC também se distingue pela sua aposta em banda desenhada gráfica e conceptualmente mais complexa, trazendo ao grande público autores cujos estilos são marcadamente artísticos. Fez isso de várias formas, desde os tempos da Vertigo, ou dado espaço à voz dos criadores (é o que a distingue das outras majors), ou incorporando-os em momentos especiais dos seus personagens icónicos. Em parte, parece ser o objetivo da corrente série Black Label. Não deixando de ser aposta comercial, é também uma jogada de prestígio da parte da editora, e tem uma consequência pedagógica, com a exposição do leitor médio dos comics a estilos mais complexos.
Solo é um excelente exemplo da forma como a DC cruza a ponte entre comic comercial e erudito, dando espaço a criadores do calibre de Chiarello, Allred, Chaykin, Aragonés, Pope ou Corben para criação de histórias que têm em comum ideias intrigantes e elevado calibre estético. Um espaço de liberdade, algumas das histórias mexem com os personagens DC, outras são totalmente independentes. As diferentes vozes e estilos são marcantes, como não poderia deixar de ser com esta lista de autores.
Christopher Golden, et al (2006). Monster War. Dynamite Entertainment.
Daqueles livros que promete mais do que realmente faz, embora não deixe de ser um pouco divertido. Essencialmente é uma desculpa por parte da Dynamite para colocar num mesmo título algumas das suas personagens - Magdalena, Silver Blade e até Lara Croft juntam-se para combater um assomo do mal. Liderado pelo terrível Mr. Hyde, que acorda Drácula do seu sono e liberta o Monstro de Frankenstein dos gelos para levar a cabo um plano que visa bestializar a humanidade e abrir a porta a criaturas malévolas de outras dimensões. Pois, é um monster mash, previsível, bastante bem ilustrado, algo over the top, e cheio de personagens em poses sensuais (hey, é a Dynamite, é uma das suas especialidades). Apesar de até poder ser divertido, o ritmo algo atabalhoado não o torna uma leitura interessante. Vale mais pelo conceito.
Tom King, Barnaby Bagenda (2020). The Omega Men: The Deluxe Edition. Nova Iorque: DC Comics.
Quem são os Omega Men? Terroristas? Combatentes pela liberdade? Aspirantes a opressores? Heróis? Manipuladores? Com Tom King no argumento, um pouco disto tudo. A DC revisita uma equipe de personagens muito secundários, que opera no distante sistema Vega. Um sistema planetário livre da influência de Lanternas Verdes, dominado pelo regente tecnocrático da Cidadela, um complexo orbital que assegura o seu poder controlando o fluxo comercial de uma substância rara que só se encontra no sistema Vega, a única capaz de travar os desequilíbrios telúricos que destruíram Krypton. Claramente, é a substância mais desejada da galáxia, nenhuma civilização quer ter o destino dos kryptonianos. A sua extração, no entanto, é tremendamente destrutiva para os planetas. A Cidadela mantém a produção, e os lucros, explorando as divisões entre as diferentes espécies de Vega, estimulando a venalidade, a corrupção, ou a violência genocida. É contra esta ordem que os Omega Men combatem, mas os seus métodos não são muito melhores do que dos daqueles que tiranizam o sistema. Isso torna-se particularmente visível quando instrumentalizam um lanterna verde terrestre, enviado ao sistema para mediar um possível acordo de paz, mas que acabará por ser ver forçado a juntar-se aos insurgentes.
As visões de Tom King raramente são binárias, e aqui é particularmente insidiosa, mostrando que os heróis libertadores podem ser tão criminosos quanto aqueles que combatem. Suspeito que há aqui um explorar das experiências militares de King no Iraque. Como sempre, o seu ritmo narrativo é implacável e impecável. A ilustração de Barnaby Bagenda é muito estilizada, contribuindo para sublinhar o exotismo destes personagens alienígenas da DC.
Esta semana, fala-se do lançamento de Dormir com Lisboa, de Miles Morales e das múmias dos estúdios Hammer. Descobrimos robots que pintam em movimento, as categorias de comportamento de algoritmos e máquinas, e os problemas éticos da Inteligência Artificial. Ainda se lê sobre espelhos, investigadores medievais, antipapas e a forma como a Google encara o teletrabalho. Estas, e outras leituras, nas Capturas da semana.
https://pulpcovers.com/the-music-monsters/
Lançamento: Dormir com Lisboa – Fausta Cardoso Pereira: Posso dizer que sou dos poucos que tem a edição original galega deste livro. Agora que está editado em Portugal, é uma boa razão para ir descobrir esta singular história de uma Lisboa que... hey, querem saber, vão ler o livro.
https://osrascunhos.com/2020/11/24/lancamento-dormir-com-lisboa-fausta-cardoso-pereira/
The Hugo Awards will have a video game category in 2021: E já não era sem tempo. Já há muito que os jogos deixaram de ser mero entretenimento para se tornarem poderosas ferramentas narrativas.
https://www.engadget.com/hugo-award-video-games-220425979.html
“Jupiter cloudscape,” by Adolf Schaller: Será mesmo assim?
https://70sscifiart.tumblr.com/post/635448050784108544/jupiter-cloudscape-by-adolf-schaller
Miles Morales Homem-Aranha #1: Apreciação a um dos recentes títulos que a Panini fez chegar ao público português. Também já li e diga-se que é uma boa leitura.
https://asleiturasdopedro.blogspot.com/2020/11/miles-morales-homem-aranha-1.html
Heart Overboard: Sem referenciais culturais, fica difícil perceber que coisa pulp é aquela.
https://pulpcovers.com/heart-overboard/
As "Franquias" da Hammer Films: A Múmia: Ah, os bons velhos filmes sobre maldições das múmias. Que atingiram níveis estratosféricos com os clássicos Hammer Studios.
https://lordevelho.blogspot.com/2020/06/as-franquias-da-hammer-films-mumia.html
A Gathering of Bear’s Ghosts – Soviet Era Hauntology and Lost Futures: Recordar a arquitetura vanguardista soviética, que largou edifícios improváveis nos mais inesperados locais do planeta.
https://ayearinthecountry.co.uk/a-gathering-of-bears-ghosts-soviet-era-hauntology-and-lost-futures-wanderings-24-26/
https://hackaday.com/2020/11/22/artistic-robot-has-paints-will-travel/
Nova directiva de telecomunicações com proteções adicionais para os consumidores: O panorama das telecomunicações em Portugal irá, finalmente, mudar. Contratos mais flexíveis, e maior diversidade de planos de acesso. Será que estas leis conseguirão quebrar a óbvia cartelização das operadoras?
https://abertoatedemadrugada.com/2020/11/nova-directiva-de-telecomunicacoes-com.html
The promise of the fourth industrial revolution: Não é a próxima revolução. É aquela que já estamos a viver, apesar dos efeitos da pandemia (e, talvez, a progressiva automatização da economia esteja a mitigar os efeitos devastadores da covid na economia global).
https://www.technologyreview.com/2020/11/19/1012165/the-promise-of-the-fourth-industrial-revolution/
Los robots no provocarán el apocalipsis para los trabajadores: más que destruir trabajos los transformarán, afirman en el MIT: Talvez os prognósticos que apontam o arrasar do mercado laboral pela automação e robótica sejam exagerados. Talvez se gerem novas profissões, e outras se transformem para colaboração humano-máquina.
https://www.xataka.com/robotica-e-ia/robots-no-provocaran-apocalipsis-para-trabajadores-que-destruir-trabajos-transformaran-afirman-mit
The way we train AI is fundamentally flawed: Quando falamos dos problemas éticos dos algoritmos de Inteligência Artificial, é em parte disto que falamos. Parte do problema está nos dados que sustentam os modelos para treino.
https://www.technologyreview.com/2020/11/18/1012234/training-machine-learning-broken-real-world-heath-nlp-computer-vision/
Professor: Asimov’s Laws Are Outdated and It’s Time to Write More: Se é que alguma vez foram válidas, reparem que Asimov imaginou um mundo de robots muito antes dos robots se começarem a tornar pervasivos. Os robots de Asimov são essencialmente humanos mecânicos, muito longe das vertentes pelas quais a robótica real se desenvolve.
https://futurism.com/professor-asimovs-laws-outdated-time-write-more
By Our Powers Combined: Lembram-se dos webrings? Redes de blogs e páginas web unidas por grupos de interesse? Pois, de facto já mal me lembrava desse artefato dos primórdios da explosão da internet. Mas o Tedium recorda-se.
https://tedium.co/2020/11/20/webring-history/
What is AI? We made this to help: Com tantas variantes e tecnologias, como distinguir o que é inteligência artificial ou não? Os especialistas da MIT Technology Review dão-nos um mapa que ajuda a perceber.
https://www.technologyreview.com/2020/11/18/1011870/what-is-ai-we-made-this-to-help/
When AI sees a man, it thinks “official.” A woman? “Smile”: Lamento, mas o título está enviesado. Não é "quando uma IA vê", é mais quando um algoritmo interpreta uma imagem com base nos conjuntos de dados com que foi treinado, dando resultados de acordo com as etiquetas de classificação dos dados. O problema do enviesamento da inteligência artificial está aqui, na forma como são catalogados e etiquetados os dados-base para treino dos modelos.
https://www.wired.com/story/ai-sees-man-thinks-official-woman-smile/
Windows turns 35: a visual history: Comemorando a efeméride, um artigo que nos recorda a evolução do sistema operativo Windows.
https://www.theverge.com/2015/11/19/9759874/microsoft-windows-35-years-old-visual-history
What is Roblox worth?: Se têm crianças, ou trabalham com crianças, conhecem isto. A plataforma de jogos e espaços virtuais criados pelos seus utilizadores. Que está a chegar ao mercado e promete criar ondas financeiras.
https://techcrunch.com/2020/11/20/what-is-roblox-worth/
Robots invade the construction site: Novamente, não há grande surpresa, tarefas mecanizadas serão efetuadas por robots. A construção civil não está imune à automação.
https://www.wired.com/story/robots-invade-construction-site/
SpaceX’s Riskiest Business: Ir ao espaço não é rotina, apesar de todos os esforços em tornar as tecnologias espaciais seguras.
https://www.theatlantic.com/science/archive/2020/11/spacex-nasa-astronauts-crew-launch/617112/
Machine behaviour: Uma proposta intrigante. Catalogar o comportamento de algoritmos de inteligência artificial, para melhor perceber o seu impacto na sociedade.
https://www.nature.com/articles/s41586-019-1138-y
7 Cool Programming Tricks Inside Microsoft Notepad: Dicas de programação usando o Bloco de Notas.
https://www.pcmag.com/news/7-cool-programming-tricks-inside-microsoft-notepad
Si las vacunas de ARNm tienen éxito, estaremos ante uno de los grandes hitos en la historia de la ciencia: Intrigante, o método que poderá permitir a saída da pandemia com uma vacina parte do trabalho de uma investigadora húngara que, por pouco, não perdeu o seu lugar porque as suas pesquisas demoravam demasiado a dar resultados - pelo menos, para a gestão de métricas académicas.
https://www.xataka.com/medicina-y-salud/vacunas-arnm-tienen-exito-estaremos-uno-grandes-hitos-historia-ciencia