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terça-feira, 20 de abril de 2021

Pessoa, Profundo.

 Ceifeira

Mas não, é abstracta, é uma ave

De som volteando no ar do ar,

E a alma canta sem entrave

Pois que o canto é que faz cantar.

E se... pensei. Ultimamente, tenho andado fascinado com o potencial do Deep Daze, uma implementação que simplifica o acesso a um algoritmo que cruza as valências do CLIP e SIREN. Sem querer entrar em muitos detalhes, porque ainda não os compreendo o suficiente, podemos dar ao algoritmo texto, que irá interpretar como imagem. Parte do fascínio é descobrir como, ao fim de alguns ciclos de reforço, o algoritmo começa a gerar imagens apelativas e surreais (outras vezes, nem por isso), bem como o desafio de congeminar frases-chave intrigantes, não muito longas, há um limite de carateres. 

Daí o e se. Nada como mergulhar na poesia para encontrar frases intrigantes e desafiantes, que geram resultados surpreendentes. E porque não, dar ao algoritmo poemas para interpretar? E porque não, usar um poema de Fernando Pessoa? Veio daqui esta brincadeira. Escolhi um poema muito curto, para acelerar a experiência - este tipo de processamento com inteligência artificial pode demorar horas, um poema longo demoraria dias até finalizar a experiência. Talvez o faça, num destes dias. E já traduzido para inglês - estes algoritmos não foram treinados com dados linguísticos em português (mas, já que penso nisso, terei de experimentar). Depois, foi deixar correr e apreciar os resultados. Ao fim de cerca de 200 ciclos de reforço, parei e guardei a última imagem gerada para cada verso.

Que, confesso, me surpreenderam mais do que esperava, especialmente o do terceiro verso. A ironia é que não sendo particularmente fã de poesia, talvez o experimentá-la como faísca para inteligência artificial me leve a apreciar mais o género?

Tl;dr: só porque sim, usei versos de Pessoa como indicador para uma ferramenta de inteligência artificial gerar imagens. Podem experimentar aqui, na sua forma simplificada: Google Colab: Deep Daze.

(Implicações algo arrepiantes para o futuro do emprego na era da inteligência artificial - mesmo o emprego criativo, daquelas áreas que julgamos imunes aos algoritmos e robots: se um mero professorzito de meninos do ensino básico se apercebe que este tipo de ferramentas dá para gerar ilustrações interessantes, suspeito que alguém com mais faro para o dinheiro se aperceba que esta é uma excelente maneira de cortar custos. Imaginem um jornal ou revista, a perceber que já não precisa de contratar ilustradores, porque pode usar ferramentas deste género para automatizar a geração de ilustrações para os seus artigos.)


domingo, 28 de julho de 2019

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Apollo Training: When Arizona Stood In for the Moon: Parece a superfície lunar... mas não é, são crateras artificialmente criadas (ah, cientistas a divertirem-se com explosivos) para treino dos astronautas das missões Apollo.

THEY WELCOMED A ROBOT INTO THEIR FAMILY, NOW THEY’RE MOURNING ITS DEATH: O intrigante nestas histórias é a forma como atribuímos uma sensação de vida a objetos inanimados. Relacionamo-nos com os nossos robots tal como o fazemos com os animais de estimação. Mesmo sabendo que as máquinas executam ações programadas, atribuímo-lhes sentimentos, e criamos relações de empatia. Algo que tem sido estudado, e está por detrás do Jibo, um robot criado pela equipa de Cinthia Brezeal no MIT, e que se tornou tristemente famoso por, após a empresa que o comercializava ter sido adquirida por outra empresa, ter um desligamento programado que corresponde a uma espécie de morte anunciada.

This TRS-80: Este foi o primeiro sucesso no domínio da computação portátil. Essencialmente uma máquina de escrever com memória e capacidade de executar programas, permitia a jornalistas escrever as suas notícias e enviar para a redação por linha telefónica. A história sabe melhor quando contada por um jornalista que ainda hoje gosta de usa o seu TRS-80.

Machine learning is about to revolutionize the study of ancient games: Intrigante, para quem se interessa por estas coisas. Usar aprendizagem automatizada para redescobrir as regras de jogo esquecidas dos jogos do passado.


tokyo in the 1970s, a pre-blade runner city, amazing unseen photos by greg girard: Japão, anos 70, no limiar da estética cyberpunk. As fotos são assombrosas, e curiosamente, mesmo sabendo que retratam um tempo que já passou, transmitem uma sensação de futurismo.

The Sunsetting Of DC Vertigo: Para quem lê comics, este fim anunciado da Vertigo não é nenhuma novidade, já se percebia há alguns anos que a DC Comics tinha decidido desinvestir naquela que, no seu auge, foi a chancela mais influente do mundo da banda desenhada. Diria até que se hoje os comics são respeitados e levados a sério, isso deveu-se ao trabalho dos argumentistas e ilustradores que desenvolveram livros e séries para a Vertigo. Inovaram em termos estilísticos, arriscaram comics mais adultos, atiraram-se a temáticas impensáveis nos comics tradicionais. Vieram de lá títulos como The Sandman, John Constantine Hellblazer, Transmetropolitan, V for Vendetta, Army@Love, iZombie, The Unwritten, The Invisibles, Daytripper, e tantos outros que afirmaram os comics como um género de abordagens profundas.

The Other Windows: Uma história do GeoWorx, um sistema operativo gráfico que poderia ter sido concorrência série ao Windows... mas não o foi, porque não havia aplicações para usar. Nestas coisas da computação, não é a excelência do SO que conta, mas sim a base de programas que se podem usar.

So, Gutenberg Didn’t Actually Invent the Printing Press: Não é novidade nenhuma que na China e Coreia já se conhecia a tecnologia da prensa e dos carateres móveis séculos antes da revolução de Gutenberg. Se lhe podemos retirar o título de criador da imprensa, no entanto há algo muito mais importante a observar: a verdadeira revolução cultural que o livro impresso veio trazer ao mundo europeu. Que eu saiba, os verdadeiros inventores da imprensa não passaram por nada comparável.


Space artist Chesley Bonestell: É sempre bom rever a obra de Chesley Bonestell, talvez um dos ilustradores que mais marcaram as iconografias do futuro no espaço.

The Fall and Rise of VR: The Struggle to Make Virtual Reality Get Real: O eterno paradoxo da realidade virtual. Aquela tecnologia que, desde os anos 60, explode regularmente como o grande futuro da computação, mas nunca se consegue afirmar como tecnologia de massas. Talvez porque aquilo que a torna interessante, o possibilitar imersão completa em mundos virtuais, seja também o que a prejudique. Imersos em RV, perdemos o contacto com o mundo real, e isso desmotiva. Não é uma profunda reflexão filosófica, apenas uma observação que talvez não nos queiramos isolar assim tanto do mundo real.

Hacker Used Raspberry Pi to Steal Sensitive NASA Docs: O que é que é preciso para hackear a NASA? Talvez um supercomputador? Ou basta um humilde Raspberry Pi? Cai-me o queixo ao descobrir que o microcomputador de baixo custo e baixa potência consiga ser usado para ataques informáticos à NASA.

The Resurgence of 3D Printers in Modern Learning Environments: O importante, aqui, é perceber que chegou ao fim o efeito novidade. O que interessa é integrar, colocar a impressão 3D como ferramenta educativa.

Plants talk to each other using an internet of fungus: Bem vindos à rede micelial. Uma superestrutura biológica composta por fungos, que se unem às raízes das plantas e árvores, permitindo que comuniquem entre si e troquem recursos. Uma verdadeira internet natural, que sublinha a visão da natureza como um superorganismo colaborativo e simbiótico. Numa nota geek: fiquei muito surpreendido quando descobri que um dos cientistas que estuda estas redes se chama Paul Stamets. Tive de ir verificar a coincidência: este também é o nome de um personagens-charneira da série Star Trek Discovery. É o cientista responsável pelo desenvolvimento e uso do motor experimental da nave, que é capaz de se mover... através de uma rede micelial à escala galáctica. Uma curiosa homenagem da série à verdadeira ciência.

Identifying a fake picture online is harder than you might think: E eu, que até nem sou muito inocente, caí que nem um patinho nestas imagens falsas. Notem, não foram criadas recorrendo aos  mais recentes ou potentes algoritmos de deepfake. São simples manipulações básicas, algumas quase saltam à vista. O que estes estudos confirmam é que o problema das fake news não está só na falta de sentido crítico. Tempos muito curtos de leitura em fluxos de informação rápidos, ou confirmação de viés cognitivo, ideológico ou de conhecimento, são dos fatores mais importantes para o sucesso das notícias falsas. Como sempre o foram, aliás. Chamavam-se era boato e propaganda.

“Franz Kafka” the Brand, Alive and Well in Prague: Sim, mas terão os magotes de turistas que vão tirar selfies frente às estátuas a Kafka ou dormem nos hostels e airbnbs de mais apartamentos do que aqueles em que o autor viveu, alguma vez lido a sua obra? Há algo de absurdo, de certa forma, kafkaesco, nesta exploração da imagem de autores para fins turísticos.

Algunos colegios de EEUU están instalando micrófonos de 1000 dólares con inteligencia artificial para "detectar voces agresivas": Querem habituar as pessoas a regimes totalitários? Usem o argumento da segurança. Noutras circunstâncias, este tipo de aplicações tecnológicas despertaria a ira dos cidadãos. Mas com a desculpa da segurança, aceitamos sem pestanejar medidas invasivas e condicionantes do comportamento humano.

Racing Toward Yottabyte Information: Se acham que gigabytes é muito, e petabytes excessivos, notem que já começamos a medir a informação global à escala dos exabytes. Falta pouco para chegar ao Yotta. Porquê? Quanto maior a qualidade dos nossos artefatos digitais (com o vídeo à cabeça), maior a quantidade de bits que requerem.

Tinta nos Nervos: Um novo espaço literário em Lisboa, misto de livraria com galeria e café. O que é que o distingue? A atenção especial à banda desenhada de qualidade. Suspeito que valerá a pena visitar.

The history of video: Como é que passámos do filme ao vídeo, analógico e digital? O Veritasium explica. A enorme complexidade do vídeo digital nunca cessa de surpreender.


Looker and the Imagined Omnipotence of the 1980s Computer – Part 1: Wanderings 26/52: Formas do imaginário da cultura pop antever a computação nos idos dos anos 80, onde estes dispositivos ainda eram raros e primitivos, pelos nossos padrões.

The Beauty in Numbers, and the Numbers in Beauty: Esta questão dos padrões matemáticos da beleza, entre números de fibonacci e regras douradas, não é nova. E revela mais sobre a nossa necessidade de ver padrões em tudo o que nos rodeia, do que realmente propriedades estéticas intrísecas à matemática.


Europe says SpaceX “dominating” launch, vows to develop Falcon 9-like rocket: Foguetões reutilizáveis já não são nenhuma novidade, embora ainda não sejam 100% fiáveis. É bom ver a Europa a reagir à SpaceX e Blue Origin, embora algo tardiamente. É o problema da solidez industrial europeia neste domínio, alguma falta de flexibilidade perante outras inovações.

domingo, 7 de julho de 2019

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Willem de Kooning: Acrobat with a Paint Brush: Recordar um dos nomes maiores do abstracionismo e expressionismo abstrato, cuja obra ainda hoje nos causa um impacto sensorial fortíssimo.

Doctor Manhattan Just Redefined Superman in Doomsday Clock: Ainda não consegui perceber se Doomsday Clock, o arco narrativo que está a interligar o mundo ficcional de Watchmen com a continuidade regular do universo DC, é interessante. Em parte, isso deve-se ao pedantismo de Geoff Johns em mimetizar o trabalho de Alan Moore, imitando-lhe as técnicas narrativas. Chega ao ponto de usar um ilustrador cujo estilo é muito similar ao de Dave Gibbons. Já o twist parece ser uma piscadela de olhos à própria DC: tudo gira à volta do Super-Homem.

‘Robots’ Are Not 'Coming for Your Job'—Management Is: Certeiro. O grande impulso da automação vem da gestão, como forma de aumentar lucros e racionalizar processos produtivos. Não são os robots que vão substituir os humanos, são os gestores  que estão mortinhos por reduzir os custos com força laboral. E este é um dos grande problemas que a automação está a colocar à sociedade. Neste cruzamento entre tecnologia e neoliberalismo, a lógica da automação é descartar o ser humano dos processos económicos.

The guy who made a tool to track women in porn videos is sorry: Isto é muito, muito creepy. E sintomático de comportamentos obsessivos de sanidade mental altamente discutível. É elevar a fasquia do stalking a um nível inesperado.



Lego is celebrating the 50th anniversary of Apollo 11 with a new lunar lander set: Acho que falo por todos os potenciais leitores destas Capturas na Rede: shut up and take our money?

“Strato-Goose”? Stratolaunch to Discontinue Operations After Single Flight.: Bem, pelo menos conseguiram meter o Stratolaunch a voar. No fundo, esta notícia sublinha os riscos de se ter o desenvolvimento de tecnologias e exploração espacial muito dependentes do carisma de um punhado de milionários. Após a morte de Paul Allen, seu fundador e um dos donos da Microsoft, a empresa não demorou muito a extinguir-se. Agora pensem. O que aconteceria aos fantásticos esforços da Space X se Elon Musk morrer repentinamente? Ou aos da mais discreta Blue Origin se Bezos se esfumasse?

Let Your Robot Take the Final: E se usássemos algoritmos de aprendizagem individualizada (não é uma ideia nova, já desde os anos 60 que se fala disso), que refletem percursos formativos, e fizessem exames por nós? A ideia é gira, mas dispara ao lado. A grande questão é se, na era da Inteligência Artificial e quando sabemos que o conhecimento só gera valor quando aplicado, em que as capacidades criativas e de socialização são as que nos distinguem dos algoritmos, vale mesmo a pena continuar a insistir neste sistema de avaliação por exames, que avalia apenas a prestação por memorização num dado momento.

Nothing Prepares You for Visiting Omaha Beach: Uma visão mais crítica sobre a II Guerra aponta que o que realmente levou à derrota da Alemanha nazi foi a brutal frente leste e o rolo compressor em que se tornou o Exército Vermelho. Também podemos apontar que as primeiras invasões anfíbias dos Aliados ocorreram mais a sul, na Itália. Mas, de facto, a simbologia do dia D é enorme, e apontar para visões alternativas não diminui em nada o seu simbolismo. Estamos próximos do 6 de junho, quando se irão comemorar os 75 anos sobre este ponto fulcral da II Guerra, e cabe a Trump a homenagem aos caídos, e aos sobreviventes. Não consigo pensar em pessoa menos apropriada para o fazer.


Space Ship Designer - 1: Robert McCall é mais conhecido pelas ilustrações que fez para a NASA, mas no tempo livre também gostava de desenhar naves  de pura sci-fi.

Rare footage of the "uncontacted" tribe that killed the missionary who illegally went to their island to preach: Conseguem imaginar uma vida sem espaços urbanos, cuidados de saúde, tecnologia avançadas e todas as amenidades que passámos a considerar como elementares? Para algumas raras, muito raras, tribos no Amazonas e Papua, o contacto com o mundo moderno é muito ténue. E, nas áreas ameaçadas pela agricultura intensiva, exploração mineira ou madeireira, não é um contacto positivo. Ainda temos este caso muito especial das ilhas Andaman, um arquipélago indiano no oceano índico. Uma das suas ilhas é lar de uma tribo isolada e especialmente aguerrida, que recusa de forma agressiva qualquer contacto com o exterior. O governo indiano optou por uma postura de não intervenção e criou o equivalente à prime directive de Star Trek. A área está interdita, e as tentativas de contacto com esta tribo são punidas. Isto, claro, se sobreviverem à tentativa. De vez em quando, sai mais uma notícia de pescadores perdidos ou missionários em missão evangelizadora mortos por se terem aproximado demais da ilha. Esta tribo não desconhece o mundo exterior. Apenas recusa-se a interagir com ele, algo que os antropólogos que a estudam, à distância, atribuem à memória de contactos violentos com outras tribos, no passado.

It’s 2059, and the Rich Kids Are Still Winning: Entre o conto de FC e o relatório frio. Ted Chiang assina para o New York Times este texto futurista, numa secção do jornal dedicada à antecipação. E fá-lo no seu habitual estilo meticuloso e seco. Neste conto, Chiang leva-nos a meditar sobre as promessas, e os perigos de aprofundamento do fosso de desigualdades, das terapias de melhoramento humano através da manipulação genética.

La patente del PageRank de Google ha expirado hoy: Se estão com vontade de criar a vossa própria google, vão gostar de saber que a patente do algoritmo PageRank original expirou. Claro que a google hoje usa versões bem mais sofisticadas deste algoritmo, mas pelo menos, sempre dá para olhar para aquele momento em que a forma como a internet era usada se alterou defintivamente.

DEEP-SEA DIVERS AND INDUSTRIAL ESPIONAGE: ON THE FRONT LINES OF THE NEXT COLD WAR: Não vivemos num mundo inocente. E, por vezes, o incrível acontece. Como nesta história em que uma empresa de hardware viu os seus dispositivos mais recentes copiados por uma concorrente chinesa. As suspeitas de fuga de informação não deram em nada, naturalmente... porque o que os chineses fizeram foi contratar mergulhadores para roubar um dos dispsitivos. Esta, e outras, mostram que a questão da Huawei não é preto e branco.

Revista H-alt #08: Este é um dos projetos mais interessantes na banda desenhada portuguesa. A H-alt é uma revista especializada em dar espaço aos novos autores, e cada número conta sempre com boas surpresas. Pode ser lida online gratuitamente, a versão em papel custa dez euros e costuma estar à venda em eventos ou livrarias independentes.

Amazon says it has deployed more than 200,000 robotic drives globally: É impossível não notar que esta empresa está na vanguarda da automação, pelas melhores e piores razões. No lado negativo destacam-se as suas práticas laborais, conhecidas pela forma opressiva como gerem os seus funcionários. No positivo, a substituição da mão de obra em trabalhos repetitivos e mecanizados.

On YouTube’s Digital Playground, an Open Gate for Pedophiles: A ironia disto é que os algoritmos de recomendação estão apenas a fazer aquilo para que estão programados: otimizar o tempo de estadia no site, oferecendo sugestões que mantenham desperta a atenção dos utilizadores. Se os começa a levar para campos eticamente discutíveis, é apenas a conclusão lógica da otimização. Isto só me faz lembrar a clássica parábola da Inteligência Artificial criada para produzir clipes da forma mais eficiente possível, que acaba a exterminar a humanidade para otimizar ao máximo a sua produção.


First Buck Rogers Film: Para aqueles que acham que a Ficção Científica tem de ser sempre futurista e preditiva, artefactos como este parecem provar que o género envelhece mal. No entanto, este tipo de estéticas mostra outra coisa. Recordam-nos como do passado viam os futuros possíveis, prováveis ou improváveis. E mostra-nos, também, que as nossas visões contemporâneas, que consideramos tão à frente e interessantes, também se irão tornar, no futuro, algo que oscila entre o kitsch e o deliciosamente retro.

Not iPod, iPAQ: Nos anos 90, quando os PCs desktop dominavam e falar-se de computação móvel parecia um sonho futurista, já existiam dispositivos que permitiam ter o computador na palma da mão. Variavam de capacidades entre os simples PDAs com sistema operativo básico, aos mais avançados da Palm. O Tedium recorda-nos um destes precursores dos tablets e smartphones: o iPAQ, um pequeno computador de bolso capaz de competir com os dispositivos Palm OS, que à altura dominavam o mercado. Tudo mudou no início do século XXI, com a óbvia convergência entre telemóveis e computadores de bolso, e especialmente a partir do momento em que Apple lançou o iPhone.

ARPANET, Part 2: The Packet: Um mergulho na história da Internet, que nos fala das decisões que levaram à adoção do encaminhamento por pacotes, que é a base das comunicações online.

THE CATCH-22 THAT BROKE THE INTERNET: Esta semana, o meu lado de administrador de sistemas foi surpreendido com mensagens da Google a reportar falhas de serviço generalizadas. Não são incomuns, mas costumam ser rapidamente resolvidas. Mas não esta. Passou quase um dia até a situação estar estabilizada. Este artigo da Wired detalha o que aconteceu: uma manutenção de rotina que entre erros, bugs e políticas automatizadas de salvaguarda de tráfego em redes (ironicamente, que serviam para evitar este tipo de situações), quase paralisou a maior parte dos serviços Google. E, com isso, parte da internet. É bom que estas coisas aconteçam, para nos recordar a complexidade da infraestrutura técnica que sustenta os serviços digitais de que dependemos.


Esta inquietante imagen es lo que experimenta una red neuronal mientras 'agoniza' y va olvidando cómo es un rostro humano: Uma experiência intrigante. Depois de treinar uma rede neuronal para gerar imagens realistas de um rosto humano, a investigadora começou a desligar os nós da rede um por um, e documentou o resultado. Que é este, uma sucessão de imagens bizarras e para nós perturbadoras de um rosto progressivamente desconstruído à medida que a rede neuronal perde capacidades. No vídeo que acompanha a notícia, a banda sonora poderia ser a canção Daisy Bell... Não perceberam esta? Revejam 2001 de Stanley Kubrick. Na cena em que o astronauta Dave Bowman desliga o computador HAL-9000, este canta essa canção numa forma progressivamente rudimentar à medida em que lhe são desligadas as funções. Uma cena curiosamente tocante, e provavelmente, uma homenagem de Kubrick à história da computação. Em 1961, uma equipa de engenheiros da IBM programou um computador da série 7094 para cantar, tornando-se a primeira máquina da história a reproduzir som desta forma. A música? Daisy Bell.

NASA opening International Space Station to tourists: E já não era sem tempo.

MAKER MEDIA CEASES OPERATIONS: Preocupante. Para além da óbvia má notícia sobre a empresa, esta pode ter repercussões globais. O futuro das Maker Faire fica em risco. Apesar de serem eventos tendencialmente gratuitos, organizados por voluntários, abertos a todos, as Maker Faire dependem da marca, que é detida por esta empresa editorial. Várias coisas podem acontecer. O fim das Faire como imagem global unificada; o uso não licenciado da marca e respetivo logótipo (aquele adorável robot vermelho); a transformação da Make numa entidade sem fins lucrativos; ou a continuidade destes eventos, perdendo a identidade Maker Faire. Quanto aos movimentos maker, à comunidade, esses vieram para ficar, mas sem Faire, a visibilidade pública dos projetos e o desafio educacional STEM, os grandes motivadores destes eventos, perdem muito.

domingo, 19 de maio de 2019

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Giving Generative Art Its Due: Notas de uma exposição temática sobre arte algorítmica, que reúne trabalhos de artistas que utilizam algoritmos para criar expressão artística. Mete-se com inteligência artificial e programação, faz um panorama da história deste género artístico, e mostra aqueles que hoje o praticam. A mostrar que o computador pode, e é, um meio de expressão artística com reflexões estéticas profundas. Daquelas exposições que eu dava a alma para poder ver. Ir a Zurique não está nos meus planos de viagem, talvez o MAAT a traga cá.

How to Use Curves in Photoshop: Descobri de raspão, há alguns anos atrás, o que era isto das curvas e para que serviam, e nunca mais usei outra ferramenta para editar imagens. Normalmente, uma curva em S é o que se precisa para dar profundidade às fotos digitais. Este artigo explora exaustivamente a ferramenta curvas.

Most Tech Today Would be Frivolous to Ancient Scientists: As tecnologias antigas, um tema que me fascina cada vez mais. Sem entrar por vertentes de mistérios e ocultismos, apenas o saber científico, técnico e mecânico da antiguidade, que se perdeu ou do qual só nos restam vestígios por fontes terciárias.

A Soda Company’s Long Obsession With Outer Space: Recentemente, publicitários ligados à Pepsi lembraram-se de uma ideia idiota, que só iria aumentar a poluição espacial: criar uma constelação de microsatélites que funcionasse como um anúncio em órbita, visível da Terra. É o tipo de visão que se adequa a uma space opera cyberpunk. Felizmente, mentes mais inteligentes prevaleceram. No entanto, é curioso notar que tem havido uma relação entre a empresa que fabrica bebidas que sabem a coca cola mas não são coca cola, e o espaço. Esquemas para colocar anúncios em órbita já são antigos, e chegaram a desenvolver um sistema para se beber bebidas gaseificadas no espaço, que a NASA e os astronautas testaram, mas não aprovaram.

8 Silent Films Every Sci-Fi and Horror Fan Should See: Do Metropolis a Voyage dans la Lune, estão cá os suspeitos do costume. Incrivelmente, ainda não vi nem o Haxan nem o Aelita, embora quanto a este, tenha lido o livro. Descobri-o num alfarrabista, numa edição publicada por cá nos finais do Estado Novo. O censor devia ser bastante burro para deixar passar uma obra com claras referências à vontade revolucionária soviete.

Sabrina de Nick Dranso - Porto Editora: Suspeito que este seja um daqueles livros a não perder, daqueles que demonstra a maturidade dos comics enquanto género de exploração literária. Algo que os fãs já há muito sabem que o é, claro.


Found Art: Artwork on the Walls of Environments in Comic Books (Spaceship Art 1951): Uma ideia gira. E que tal começar à procura de vinhetas que contenham pinturas em comics retrofuturistas?

Dylan Dog regressa a Portugal em dose dupla: João Lameiras fala-nos dos dois volumes que trazem histórias deste personagem (fabuloso, incrível, adorável, IMHO de fã) da Bonelli aos leitores portugueses.


So in Albania, the Number of Abandoned Bunkers is Kind of a Problem: Isto é bunker architecture gone wild (conhecedores de Paul Virilio percebem a piada). Nos anos 60, Enver Hoxha encheu a Albânia de bunkers para combater possíveis invasões. Décadas depois, com a queda do regime, estes montes de cimento armado tornaram-se um problema de ecologia urbana.

The Hidden Shipping and Handling Behind That Black-Hole Picture: Ou, as complicações logísticas que se colocam quando o volume de dados ultrapassa largamente a capacidade das conexões de internet. Fascinante, a ideia que resultados de observações têm de esperar meses para sair de observatórios na Antártida em discos rígidos, com riscos de perda pelas mais variadas razões.

Behind Every Robot Is a Human: É o segredo das aparentes proezas da Inteligência Artificial. Os exércitos de humanos empregues a etiquetar imagens e sons, afinando os dados dos quais os algoritmos de IA que temos hoje dependem.


After the Fire: Photos From Inside Notre-Dame Cathedral: Que perda para o património cultural global.

Viajar, uma volição de posse: Passei a semana da páscoa em Barcelona, com este texto de Nelson Zagalo presente na mente. Traduz muito bem os sentimentos mistos que temos com as viagens. Por um lado, aprecio a possibilidade democratizadas para que muitos possam conhecer outros países e culturas. Por outro, há todos os problemas que a massificação do turismo provocam. A transformação dos centros das cidades históricas em verdadeiros parques temáticos, a expulsão de quem lá vive para que as habitações se transformem em alojamentos para turistas (o chamado efeito AirBnB), os magotes de gente que se arrasta de sítio pitoresco em sítio pitoresco, olhando entre o entediado e o embasbaco enquanto faz mais um visto na liste de locais que é suposto visitar. A pressão turística tornou-se num problema urbano. Não ajuda quando o comportamento das massas que visitam os locais não é o melhor. As selfies em Auschwitz são aquele exemplo supremo do desrespeito pela memória histórica, mas não é preciso ir até aí para se ver o desdém com que grande parte dos turistas trata os locais que, supostamente, está a admirar. É visível no seu olhar de tédio enquanto visitam os pontos de interesse. Aparentam felicidade apenas nos inúmeros negócios que afastam o comércio tradicional das cidades, felizes enquanto compram mais um souvenir em lojas que vendem todas o mesmo bricabraque, ou se embebedam em esplanadas de má comida e empregados insistentes. Os bandos de grupos turísticos a arrastar-se atrás de um guia, ou os bêbados que mal saem da sua terra decidem soltar o pior que têm dentro de si. Se por um lado aprecio a democratização das viagens, por outro percebe-se que a maior parte dos que viajam não têm condições mínimas para apreciar, ou sequer saberem comportar-se. Algo que a indústria do turismo sempre explorou, mas que explodiu nos últimos tempos, alimentada pelos voos low cost e as plataformas de busca de alojamento. Senti isso em Barcelona, nestes dias, sinto isso na minha própria Lisboa, em que há zonas onde cresci que hoje evito, por as sentir completamente descaracterizadas e hostis àqueles que não são turistas.

E, no entanto, adoro a sensação de saltar para um avião (apesar do inferno dos aeroportos, com as suas zonas de segurança que tratam todos como suspeitos e a normalização consumista de zonas de esperam que são pouco mais do que centros comerciais caros) e sair numa cidade estrangeira. Tenho perfeita consciência que não são os três ou quatro dias que a minha bolsa consegue alcançar, que me farão ficar a conhecer com profundidade a terra, a sua cultura e habitantes. Não se consegue isso seguindo atentamente as palavras dos guias turísticos. Mas não resisto ao apelo de calcorrear ruas de outras cidades, sentir um pouco o seu pulsar. Não perco tempo a riscar locais de interesse numa lista, prefiro ser comedido nas visitas a museus e outros locais. Até porque é um pouco difícil apreciar Boticelli na National Gallery por entre os ecrãs dos telemóveis dos turistas a tirar selfies frente a quadros que não vêem, parar para recordar La Dolce Vita enquanto se é empurrado pelas multidões na Fonte de Trevi, ou apreciar Bosch num MNAA cujos bilhetes são um assalto à carteira de um lisboeta. Tenho as minhas regras, ser discreto, respeitador de gentes e culturas de que estou a ter um vislumbre. Não fecho os olhos ao paradoxo das viagens, da pegada ecológica do voo ao descaracterizar dos tipicismos locais. Mas desde que me recordo, que olho para mapas e fico com curiosidade sobre como serão na realidade aqueles pontos com nomes. A minha profissão não me dá grandes oportunidades de viajar, as poucas que consigo fazer são-no com o esforço de professor de salário congelado. De cada lugar que visitei, ficam-me as memórias das ruas que percorri, dos recantos que vislumbrei. E, claro, dos livros e livrarias, que me são irresistíveis em viagem.

Sim, de facto, o impulso de viajar foi dominado por uma indústria que explora com destreza o nosso gosto pelas deambulações, nivelando tudo ao nível mais básico, provocando danos no nosso tecido cultural. Pessoalmente, tento aproveitar a acessibilidade das viagens e não contribuir para o resto. Mas isso sou eu. Claramente, as massas que enchem os bares e as lojas de souvenirs não pensam assim.

domingo, 5 de maio de 2019

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Working together as a “virtual telescope,” observatories around the world produce first direct images of a black hole: É a imagem da semana, ponto. É tão awesome poder viver numa era em que a ciência e tecnologia nos maravilham regularmente com novos conhecimentos, novas ideias. Pela primeira vez, conseguiu-se captar imagens diretas de um buraco negro. Foi tornado possível graças ao trabalho do Event Horizon Telescope, que conseguiu perscrutar o buraco negro supermassivo no cerne da galáxia Messier 87. A ler, ao som dos Muse e Supermassive Black Hole.

Tomorrow's Telephone and The Leisure Society That Never Arrived: É sempre divertido ler estas recordações dos futurismos do passado. Estamos a viver no futuro deles, e não se parece, e não se parece nada com o que eles imaginaram. Leisure society? Digamos antes era da precarização, em que trabalhamos mais, e a visão da automação nos enche de horror precisamente porque tememos a visão de um futuro sem trabalho.

Scientists Discover Exotic New Patterns of Synchronization: As matemáticas complexas que encontram padrões sistemáticos nos fenómenos que nos parecem totalmente aleatórios.


Happy 27th birthday to Windows 3.1: Ah, memórias. Recordo o meu primeiro computador, que arrancava para um ecrã negro a pedir um prompt, e escrever win para arrancar o Windows 3.1.

Shostakovich, My Grandfather, and the Chimes of Novorossiysk: Uma história deliciosa sobre a amizade improvável entre um grande compositor e um autarca nos tempos repressivos da União Soviética, unidos pelo amor à música. Um dos maiores compositores do século XX, Shostakovich sempre teve uma relação incómoda com o poder soviético (o que, nos tempos estalinistas, era potencialmente fatal). O autarca, para além do amor à música e ser responsável por uma encomenda de peça curta para colocar num monumento à II Guerra, também acabou por ter uma relação complexa com as cúpulas. Uma história de duas pessoas entre a música e a história dos grandes movimentos tectónicos do século XX, com champanhe à mistura.

Researchers Find New Victim of 'Triton' Malware, Which Can Physically Damage Critical Infrastructure: Quando o software pode causar danos físicos. Quando falamos de ciberataques, pensamos em danos intangíveis, mas quando o ataque tem como alvo controladores de elementos físicos, as consequências podem ser ainda mais críticas.


50 años desde la publicación del primer RFC: Li sobre isto no livro Where Wizards Stay Up Late: The Origins of the Internet, de Katie Hafner e Mathew Lyon. O que me surpreendeu na sua origem foi a informalidade daquilo que se viria a tornar um padrão no desenvolvimento de tecnologia. Este é. verdadeiramente, um artefacto da origem da internet.

Little Hours From An Old Life: Warren Ellis recorda duas das suas influências formativas, as séries Cosmos de Carl Sagan e Connections de James Burke. Também sou daqueles que tem na série de Sagan (e, posteriormente, no livro) uma das referências formativas no pensamento, na forma de encarar o mundo. Já Connections descobri mais tarde, como uma coluna imperdível na revista Scientific American. Ficava sempre surpreendido pela erudição, e pelas ligações inesperadas que Burke fazia entre cientistas e investigações.

Uma surpresa nos finalistas do prémio livro do ano Bertrand: Esperem, um prémio literário generalista do mainstream cultural português elegeu um livro de ficção científica como livro do ano? A minh'alma está parva... até ver que se trata de Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, uma obra já tão clássica que os que normalmente desdenham a FC lhe prestam atenção.


How to Disappear Completely: Tive uma passagem rápida pelo Festival Contacto, e por isso pouco tempo para aproveitar o evento. Mas fiquei fascinado pela exposição da fotógrafa Fátima Abreu Ferreira. Uma série de fotos onde a realidade se dissolve em abstração.

Dutch F-16 Hit By Own Bullet During Mission At The Firing Range: Acho que só há um comentário possível a isto... faster than a speeding bullet? Confesso que não sabia que era possível a um caça ultrapassar em voo as próprias balas que dispara.

Teens 'not damaged by screen time', study finds: Esperem, então, em que é que ficamos? Qualquer psicólogo pop escreve livros e artigos a apontar que os ecrãs são o novo grande mal da juventude. O que não falta por aí são artigos com estudos a referir os efeitos catastróficos dos telemóveis e tablets e computadores em tudo o que diz respeito aos jovens, da postura física à fibra moral. Só que... talvez não seja bem assim. Talvez the kids will be allright, e o que para nós parece uma intrusão, porque não crescemos com estas tecnologias, seja o novo normal. Tudo o que este novo estudo vindo de Oxford faz é analisar a literatura, e não encontrar uma correlação entre a observação e as visões catastrofistas veículadas pelos media. E para quem lida com estes temas, isto não é novidade. Há um livro muito interessante, It's Complicated de Danah Boyd, que analisa estas questões a partir de entrevistas etnográficas com adolescentes. E deparou com o mesmo padrão, de integração, normalização, e equilíbrio entre vida e tecnologia que este estudo também observa.


Is MacPaint the Most Underrated form of Outsider Art?: Pessoalmente, sou mais uma windows person do que mac guy, mas devo dizer que é fascinante perceber que numa era de perfeição digital e gráficos de alta resolução, a estética low rez daquele que foi o primeiro programa de edição de imagem digital, ainda continua a ser explorada.

Air Force moving closer to AI piloted jets as SkyBorg takes to the skies: Espera, SkyBorg, disseram? Sabendo que é um protótipo de drone de combate com inteligência artificial, isto soa algo arrepiante, como a ideia de um certo filme influente sobre robots exterminadores implacáveis.

The first research book written by an AI could lead to on-demand papers: E antes que comecem a enregelar, temendo que até a ciência não está imune à automação, reparem que esta IA, o que fez, foi um dos trabalhos mais tediosos e onde é fácil a um investigador perder referências: uma revisão de literatura.

El texto de Carl Sagan en el que 20 años atrás anticipaba el debate sobre redes sociales y fake news: E, sincronismos, por cá vivemos no rescaldo de mais um questionável debate televisivo que colocou charlatães das medicinas alternativas a debater com médicos e cientistas (espreitem o SciMed para ver o fallout e ver como a coisa correu mal). Como se o rigor da ciência estivesse ao mesmo nível das mezinhas e patetices esotéricas. Mas talvez o texto de Sagan não seja assim tão presciente. Talvez a vontade de acreditar no falso, na reza em vez da terapia, na mezinha em vez do medicamento, na acupunctura em vez da cirurgia, seja algo que está demasiado arreigado na nossa consciência coletiva.

domingo, 28 de abril de 2019

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No, It’s Not Photoshop: This Incredible Photo from The LIMA 19 Airshow is Real!: E se fosse photoshop, não seria grande coisa. Mas é difícil acreditar que um momento destes aconteceu. Na verdade, há aqui alguma distorção perspética advinda do tipo de lente utilizado.

"CONSTRUCTIVIST PEDAGOGY IS LIKE A ZOMBIE THAT REFUSES TO DIE”: Como professor ligado à inovação, especialmente usando tecnologias, e fã das teorias construtivistas e de aprendizagem social, dou por mim a concordar com a visão crítica deste grumpy old man que vai contra as tendências e modas da pedagogia e educação. Mas é destas visões críticas que precisamos, para nos recordar que aprender não é um estado binário, um ligar/desligar, mas uma gama de diferentes situações que se complementam. De facto, sem ter conhecimentos de base, não se pode construir a tal criatividade e sentido crítico que as pedagogias tidas como mais inovadoras se dizem ser excelentes a estimular; quando estamos a introduzir alguém a aprender algo novo, temos de os guiar e iniciar, não esperar que cheguem lá por eles próprios, e nisso, a forma mais eficiente é aquela que é tão criticada, a transmissão tradicional. É especialmente acutilante na forma como critica a visão o professor não precisa de ensinar, os alunos podem ir ao Google onde têm mais informação do que aquela que o professor consegue transmitir. Sim, e como validar a qualidade dessa informação, ou sequer compreendê-la sem bases que sustentem o raciocínio? Mas é de notar que esta visão crítica não é uma defesa do regresso ao ensino puramente instrucional do passado. Fala mais da importância das neurociências, da forma como hoje conhecemos o cérebro e a suas funções, e o seu papel na pedagogia. E sublinha o papel de metodologias mistas, que partem da instrução elementar para construção de conhecimento em trabalho autónomo. Na verdade, qualquer professor competente e com sentido crítico sabe que é mesmo assim, que aplicar como zelota uma visão única sobre aprendizagem não só não é eficaz como é contraproducente. E inovar não implica rejeitar o que está para trás e se sabe que funciona (menos nos contextos da flexibilidade curricular, onde ter a ousadia de falar nisto é heresia de lesa-majestade, ou melhor, lesa-senhor-secretário de estado) (e só o ouvir a defesa destas vertentes porque é como o senhor secretário de estado diz já devia fazer piscar todos os alarmes de sentido crítico na mente dos professores, mas não é isso que vejo sempre que me cruzo com os impulsionadores da flexibilidade, é até o contrário - um zelo da defesa da sua forma de trabalhar, uma certeza inabalável que aquela é a forma certa e única de fazer as coisas, um desprezo implícito por aqueles que não trabalham da mesma forma, como se fossem piores profissionais).

Pilot Wearing “Maverick” Helmet Flew Through The Star Wars Canyon During “Top Gun” Sequel Filming: Ok, confesso, Top Gun é um dos meus prazeres culposos. Não pela história, que é uma treta sacarina romantico-militarista, essencialmente um longo discurso de recrutamento. Mas pelas cenas aéreas, que ainda hoje continuam a ser do melhor que já se fez em cinema. Só conheço outro filme que o suplanta na forma como retrata a poética destas aeronaves em voo (ok, isto é mesmo coisa de geek da aviação): Les Chevaliers du Ciel, um filme francês com argumento tão pateta quanto o clássico dos anos 80, mas com uma fotografia aérea deslumbrante.


The Unexpected Relevance of Medieval Monsters: Uma visita aos monstros medievais, criaturas míticas que estimulavam a imaginação e que, em muitos casos, apenas traduziam interpretações sobre animais reais mas ainda não conhecidos.

A Analfabeta: Um insight intrigante sobre formatações culturais, enviesamentos, e alterações comportamentais induzidas pela exposição a artefatos culturais que normalizam comportamentos: "dou por mim a pensar em Portugal em 2019, e nas salas de cinema espalhadas pelas dezenas de shoppings nacionais, e em 99% dos ecrãs em que passam apenas filmes em inglês, professando, doutrinando tal qual Estaline fez, os hábitos e comportamentos dos portugueses com os valores dos EUA. E ligo o rádio, onde quem canta continua a fazê-lo em inglês, para depois ligar a televisão e abrir o Netflix, e continuar a ouvir inglês, e a ser invadido por problemas culturais que não são os meus, mas é como se fossem. E quando falo com as pessoas próximas, e recomendo um filme europeu, dizem-me, "não, obrigado, não gosto de ver cinema que não seja falado em inglês"! Agota passou a sua infância com uma fotografia a cores de Estaline no bolso, e nós?" O cerne da questão não está na propaganda estalinista vs, cultura ocidental, mas na forma como, sem nos apercebermos, as nossas culturas individuais se esbatem perante uma influência cultural normalizadora vinda do exterior. Passamos a identificar-nos e a interiorizar estilos, ideias, que não são nossas, vieram de fontes e culturas externas, modificando no processo o nosso próprio substrato cultural.

Un paseo matemático por la Alhambra: cuando el arte se basa en los números: A intricada arquitetura mourisca do Alhambra, em Granada, é mais do que um vestígio da ibéria islâmica. É um mostruário de matemática aplicada à abstração artística. Padrões geométricos, pavimentações, proporções douradas. O que causa deleite ao olhar tem bases muito rigorosas.

The Underground Railroad of North Korea: Um relato por vezes arrepiante da dificuldade de retirar cidadãos norte-coreanos de um país sufocante.

Codecademy vs. The BBC Micro: Uma interessante história do BBC Micro, o primeiro projeto dedicado a estimular competências de computação para crianças e outros públicos generalizados. Com uma curiosa comparação com alguns dos muitos programas de hoje, que prometem muito no sentido de aprender a programar, mas que, segundo o autor, estão demasiado focados no aprender de síntaxes específicas e não no compreender mesmo o que é a computação. Por outro lado, digo eu, mero prof de TIC ligado a estas questões, há que começar por algum lado. Apesar de concordar com o ponto de vista. De facto, muitas das abordagens à programação e computação para crianças estão demasiado focadas nos aspetos visivelmente externos, do que na compreensão mais profunda.

Organisms Survived on the Outside of the Space Station: No espaço, ninguém consegue ouvir os nossos gritos... mas, aparentemente, se se for um microorganismo. o horror negro do vácuo orbital não é nenhum empecilho à vida.

Microsoft closes its e-book store (updated): Porque é que isto é relevante? Não pelo comentário ao mercado dos livros elétronicos. Ao decidir encerrar a sua experiência de venda de e-books, a Microsoft decidiu eliminar todos os livros comprados pelos clientes. Comparação possível: imaginem que a Bertrand encerrava atividade, e ia a casa de todos os seus clientes ir buscar os livros que lhes tinha vendido.

How Japan’s new imperial era broke the internet in a very tiny way: Sempre que o Japão muda de imperador, cria um novo termo para designar a era, e isso implica um novo caratere específico. Sendo a primeira vez que isto acontece na era digital, o padrão Unicode ainda não tem codificação para os carateres que designam a nova era Reiwa.


La gigantesca ilusión óptica para conmemorar los 30 años de la Pirámide del Museo del Louvre: Tenho visto esta imagem a circular por aí, mas não lhe tinha dado importância, pensava que era mais uma brincadeira com edição de imagem e ilusões de ótica.

Le 10 migliori storie di Dylan Dog scritte da Tiziano Sclavi: Escrito por Tiziano Sclavi, Dylan Dog é divinal. Esta lista de dez melhores aventuras do old boy escritas pelo seu criador acerta em cheio nalgumas que são as minhas escolhas incontornáveis, as histórias que me fizeram apaixonar-me pelo personagem. A erudição de Atrraverso Lo Specchio, a solidão de Memorie Dall'Invisible, o surrealismo de Golconda, e, claro, L'Alba dei Morti Viventi, a faísca onde se iniciaram as aventuras do indagatore dell'incubo.

Lua. 50 anos depois, o sonho continua vivo: Depois do Sapo, o Bit2Geeek republica o artigo onde Joana Neto Lima nos recorda que o sonho de ir à lua pode ter-se desvanecido, mas nunca desapareceu.

El Asombroso Spiderman: El peligro de las drogas: Pedro Cleto recorda, a partir de uma edição espanhola, um trabalho de Stan Lee onde o seu personagem clássico foi utilizado como meio de sensibilização para as problemáticas da toxicodependência.


The Strange Beauty of Salt Mines: A paisagem, reduzida a abstrações, e os mundos subterrâneos fascinantes cavados pelo homem.

Ghost World: Como é viver numa distopia Cyberpunk. Hipervigilância, reconhecimento facial, inteligência artificia, tudo armas usadas pelo governo chinês para infernizar a vida à minoria Uigur. Um texto brilhante, e arrepiante, sobre a extensão da vigilância tecnológica.

The Colors of Our Dreams: As histórias da história de uma cor, na recensão à reedição americana de Azul de Michel Pastoreau.

3D printed rocket maker Relativity signs contract with Telesat for launching LEO constellation: Confesso que apesar do meu entusiasmo sobre Impressão 3D e espaço, fiquei reticente sobre as reais capacidades da Relativity Space. No entanto, uma notícia destas reforça o potencial da tecnologia de manufatura aditiva na indústria aeroespacial. As empresas dedicadas aos satélites não são conhecidas por fazerem investimentos em tecnologias cujo potencial não é certo.

Counting the Many Ways the International Space Station Benefits Humanity: Ah, mas contar isso é muito simples. Basta dizer while true: awesome. Mas compreende-se que para o resto da humanidade, faz jeito pensar em utilidades mais tangíveis do que a awesomeness da exploração espacial. O que explica o livro, embora em boa forma da nasa, seja um PDF na era do html e epub...

domingo, 21 de abril de 2019

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Alma Heikkilä opens up our eyes to the invisible worlds we depend upon: Tecnologia e ciência combinadas com a sensibilidade artística. Neste projeto de uma artista finlandesa, está patente o fascínio com as intricacias da vida não humana que vive em simbiose com os nossos corpos. Biologia como abstração, o espaço interior dos microorganismos como uma parte fundamental do que nos torna nós próprios.

Brincando com a mente, Claude Shannon: Nelson Zagalo recorda um dos grandes nomes da ciência e tecnologia, muito justamente a par com Einstein e Turing. Se um é o pai da física moderna e o outro da computação, Shannon pode-se dizer que é o pai da informática. É a sua teoria da informação que  nos deu o enquadramento que sustenta toda a explosão tecnológica da sociedade da informação.

Want more Love, Death + Robots? Read these 17 short stories online: A série risquè  de FC da Netflix anda a fazer ondas, e o pessoal do The Verge recorda-nos de outras histórias de FC com potencial BYM (blow your mind, para os mais incautos).

Supernatural will end with its 15th season: Finalmente! Recordo que esta série me causou arrepios genuínos nas suas primeiras temporadas. Estava assim tão bem escrita e filmada. Mas como a premissa não dava para esticar, e o sucesso da série pedia-o, a coisa alastrou para grandes guerras entre céus e infernos, lutas de poder nos domínios luciferianos, e a convoluta história familiar dos irmãos Winchester (nessas fases, a minha favorita foi aquela em que anjos e demónios andavam às turras na Terra enquato deus se tinha pirado, indo para partes incertas, tornando toda aquelas lutas e dualidades sem significado). De vez em quando vejo algum episódio das temporadas mais recentes e a coisa é deprimente, o esvaziamento criativo é total, a técnica narrativa inexistente, e os atores desempenham os papéis com aquele ar de desleixo que demonstra o quão fartos estão daquilo.

A Secret Database of Child Abuse: Aquele outro escândalo sexual de pedofilia cometida por pessoas de moral acima de toda a suspeita. E com um contorno ainda mais maquiavélico: o registo de todos os casos conhecidos, mantendo a impunidade através de acordos extra-judiciais secretos.

Debunking AI Myths: The Importance of Creativity in AI: Não da IA como artificialmente criativa, mas nas formas como a usamos complementando e aumentado as capacidades humanas. Como refere o artigo, "creativity plays a huge factor in developing AI. While humans may need artificial intelligence to carry out tasks at rates and in ways we couldn’t, AI is dependent upon the human mind’s ability to craft use cases and applications the technology isn’t capable of envisioning. When we demonize AI, we downplay the importance of human creativity".

Um Mundo Sem Empregos?: A RTP colocou no RTPplay este documentário francês sobre o impacto da robótica e automação no mundo laboral. Mas é de sublinhar que o tom não é o de os robots vê roubar os empregos. O documentário é bem explícito em apontar o dedo ao capitalismo neoliberal. O problema não está na automação, que é inevitável e um inegável progresso. Está nas ideologias do capitalismo termina, que descartam o ser humano, que o vêem como uma variável de custos. É isso que temos de combater.


A Map of the Internet from May 1973: Ah, olhem, uma foto da internet quando era bebé! Tão pequenina, tão gira, e quem diria que viria a crescer tanto! Awww!

Mystery solved: why has a beach in France been blighted by washed-up parts for toy Garfield phones for more than 30 years?: Traços do antropocénico. Durante décadas, uma praia francesa parecia amaldiçoada por uma praga de telefones brinquedos. Recentemente, percebeu-se porquê. Um contentor afundado, que ao longo destes anos todos ia libertando a carga, ao sabor das marés.

Máquina do Tempo: Mandrake: Já não faço parte da geração que apreciou verdadeiramente este herói dos comics clássicos, mas não lhe retiro a importância.

Estive a Ler: O Periférico: O Notícias de Zallar atira-se à recente tradução portuguesa de uma das mais recentes obras de William Gibson. Que, refira-se, só existe porque há rumores de uma adaptação pela Netflix e a SdE é muito atenta a jogos de marketing.


El esclarecedor vídeo que busca demostrar que todos estamos tomando las mismas fotos en Instagram: Confesso, também sou culpado de tirar algumas fotos com a estética que este vídeo desmonta de forma brilhante. Pessoalmente, não pretendo ser influencer ou instagrammer de sucesso, apenas registo com a lente do telemóvel pequenos momentos, com a memória digital a complementar a cerebral. Mas dou razão a este vídeo. Os fluxos da partilha de imagens espartilham-nos em estéticas muito específicas, mais não seja porque ficamos condicionados a achar interessante apenas aquilo que vamos vendo nos feeds, que não nos expõem a outros tipos de estéticas precisamente porque são menos populares. É um ciclo de retroalimentação.

The big business of ruins: Porque é que a arquitetura envelhecida e decaída é fascinante?

The Cult of Homework: Pessoalmente, o que me irrita na eterna discussão dos trabalhos de casa é a carga de trabalho que impomos aos nossos alunos. Exigimos que passem oito a dez horas seguidas nas escolas, na maior parte com aulas expositivas, e em seguida ainda achamos normal que tenham de passar mais uma ou duas horas por dia a rever matérias. Melhor, fins de semana, férias e pausas são uma oportunidade para fazer ainda mais trabalhos. Se adotássemos horários de trabalho similares nos nossos empregos, com a obrigatoriedade de continuar a trabalhar no nosso tempo livre, reclamaríamos, e com razão. No entanto, é essa a gestão de tempo que exigimos dos nossos alunos, que são crianças, estão a crescer. E onde fica o tempo para socializar, auto-descoberta, leitura livre ou consumo de outros media, enfim, crescer e desenvolver uma individualidade? Já para não falar do efeito que isto tem de esmagar a curiosidade e tornar o aprender um fardo. Pessoalmente, acho que se me tivesse limitado a aprender apenas o que os meus professores achavam pertinente e importante, lido apenas os livros considerados educativos, e me limitado aos trabalhos de casa, hoje teria uma cultura vastamente inferior à que tenho, seria uma pessoa de horizontes muito limitados. Reparem, escrevo isto, e sou professor...

Face off – Cyclists not human enough for drivers: study: Vá, pronto, bem sei que é uma estafa ter de aguentar o carro a 20 km/h atrás de um ciclista, porque não se quer colocá-lo em risco numa ultrapassagem, e atrás de nós temos os típicos condutores irritados por causa do empecilho na estrada. Mas daí a achar que não são tão pessoas quanto nós... ok, algo me diz que na natureza humana, haja mesmo quem pense assim. Provavelmente os mesmos que acham que parar nas passadeiras quando estão a ser atravessadas por peões é opcional.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Cérebro: Mais Vasto que o Céu



Rui Oliveira (ed.) (2019). Cérebro: Mais Vasto que o Céu. Lisboa: Fundação Gulbenkian.

Vale a pena visitar a exposição que deu origem a este catálogo. Mas vale ainda mais a pena ler os textos aqui incluídos. São, na prática, uma introdução ao Cérebro, entre biologia, medicina, evolução e tecnologia. Pessoalmente, apreciei especialmente as contribuições do último capítulo, sobre arte e inteligência artificial.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Hello, Robot.


Mateo Kries, et al (2017). Hello, Robot.: Design Between Human and Machine. Weil Am Rhein: Vitra Design Museum.

Muito poderia ser dito sobre esta exposição e o catálogo que a acompanha. Já explorei a exposição num artigo para o Bit2Geek, mas não saí do MAAT sem trazer o catálogo comigo. O que se traduziu numa experiência dolorosa. O preço deste livro é demasiado elevado. A Hello, Robot, enriquece-nos imenso, mas a minha carteira de professor cuja entidade patronal não paga o que lhe deve ressente-se com os cinquenta euros do catálogo.

Mas é dinheiro bem gasto. Visitar a exposição é uma excelente experiência, mas o catálogo explora a fundo o seu fio condutor, lógica expositiva e mostra mais projetos do que os que estão no MAAT. No seu cerne, está a reflexão sobre a robótica, não pelo seu lado técnico, mas no fascínio conceptual que desperta, na sua vertente estética, nos impactos inesperados que a adoção e evolução desta tecnologia nos está a trazer nos domínios sociais, culturais e pessoais. O uso da mecânica como elemento estético na exploração conceptual da forma como os robots influenciam o nosso íntimo é o grande fio condutor desta iniciativa. Tal como a exposição, o catálogo não nos dá respostas, apenas aponta vertentes e cataloga experiências. É uma experiência provocadora. No final da leitura, as questões e reflexões avolumam-se.

(Ah, sincronismos. Estou a escrever estas linhas com a televisão ligada num canal por cabo e que filme está a passa? Ex Machina, um dos filmes citados na exposição, variação contemporânea do mito de pigmalião, e que se insere muito bem nestas reflexões sobre o que a robótica provoca em nós).

domingo, 16 de dezembro de 2018

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DRB Visual Caffeine #8: Ja se passou algum tempo deste que o Dark Roasted Blend nos mimou com bombardeamentos de imagens interessantes. Ignorem as pinturas foleiras de fadas por russos de gosto duvidoso, e atrevam-se a mergulhar no eye candy puro.

Lost Art: when works disappear into private collections: Ou, como a especulação financeira no mercado artístico significa que boa parte do património cultural fica encerrado em cofres ou armazéns.


Was Detective Comics Before Batman Cancelled Over Racial Concerns?: Confesso que não tenho muita paciência para este tipo de atitudes censórias. Sim, sabemos que nos comics antigos abundavam representações xenófobas e racistas. Optar por formas de esquecimento desse passado negro, é um branquear que não respeita a evolução temática, estética e ética do género. Isto é tão absurdo como Hergé redesenhar vinhetas de Tintin para esconder o terem sido criadas num tempo em que ser racista era o normal.

COMPUTADORES PROIBIDOS: Espera, estou a partilhar um artigo desse imenso tédio que é a blogosfera educativa nacional (a maior parte dos artigos são resmungos sobre o triste estado dos alunos, da educação, enfim, aquele tipo de conversa de sala de professores que me faz fugir a sete pés desse antro)? Há uma boa razão para isso, e surpreende-me ter vindo de um professor. Normalmente, quando se fala de telemóveis e crianças, estes são os mais vocais defensores do isto devia ser proibido, quiçá exterminado. É raro encontrar opiniões sóbrias, que subscrevo e até são similares às bases do trabalho que desenvolvo na escola, como esta: "O computador/tablet na sala de aula é mais uma ferramenta, não é A ferramenta, não substitui a escrita manual, não substitui a aprendizagem do cálculo, não substitui coisa nenhuma, é “apenas” mais um meio, muito potente sem dúvida, ao dispor de alunos e professores para ensinar e aprender e agilizar o acesso a informação. Nesta perspectiva, tenho alguma dificuldade em perceber a razão pela qual antes dos 13 ou catorze anos as crianças e adolescentes não devem ter acesso a computadores ou a outros dispositivos". Pois. Simples, não é? Mas prefere-se diabolizar, demonizar e fingir que a escola vive num século passado, não contaminada pelos males da tecnologia.

Lockheed Martin is building quiet supersonic jet for NASA: Já me tinha apercebido disto nas redes sociais, mas não lhe tinha dado muita atenção. Até fiquei confuso, geralmente estes protótipos são vaporware de empresas aeronáuticas, e ler de raspão algo sobre a lendária divisão Skunkworks da Lockheed pareceu bizarro. Mas confirma-se, e o objetivo deste protótipo é o de estudar o voo supersónico com baixos níveis de ruído.

The Fax Is Not Yet Obsolete: Parece surpreendente, mas há muitas situações onde mandar um fax não é sinónimo de malandrice. Na verdade, surpreende pouco. Há tecnologias antigas, aparentemente obsoletas que encontram nichos de utilização.

The Camden Bench: Arquitectura urbana enquanto arma de combate político e ideológico, utilizando pequenos elementos que dificultam ou impossibilitam alguns usos. Mobiliário urbano redesenhado para ser desconfortável e hostil, desencorajando o seu uso. Neste caso, o objetivo foi criar um banco que fosse impossível de ser utilizado como cama pelos sem abrigo. E assim se resolve o problema estético de ter maltrapilhos a dormir nas ruas. Continua a haver sem abrigos, mas longe da vista, problema não existente. Não pensem que é só por Londres que isto acontece. Nunca se perguntaram porque é que os bancos que estão nas estações de metro em Lisboa são tão desconfortáveis e pouco práticos?

Here's Why Tires Are Black: Coisas que aposto que não sabiam, mas agora que sabem... bem, pelo menos ficaram a saber mais uma coisa. Se o preto não é a cor natural da borracha, porque é que os pneus são dessa cor? A borracha tem de levar aditivos para garantir melhor aderência ao piso, e por alturas da I Guerra, a escassez de alguns materiais fez a indústria adotar o pigmento negro carbono para juntar à borracha. Um pigmento que para além de melhorar a aderência do pneu, aumenta a durabilidade da borracha exposta aos elementos.


Very fine Leda and swan fresco found in Pompeii: Do extraordinário. Escavações em Pompeia têm revelado um incrível acervo de pintura romana, em frescos preservados pelas cinzas. Esta Leda e o Cisne (pista: é um mito greco-romano muito bolinha vermelha) é absolutamente notável, uma espantosa técnica de pintura que, se não pela catástrofe vulcânica, se tinha perdido para sempre.

11 moments from the International Space Station’s first 20 years: A ISS faz 20 anos, e a Techcrunch recorda-nos onze momentos marcantes da história da estação espacial. Não sabia que o módulo japonês era tão grande.

A TEENAGE GIRL IN SOUTH SUDAN WAS AUCTIONED OFF ON FACEBOOK: Não vou arrancar numa diatribe anti-redes sociais. Esta história é arrepiante, mostra como persiste o pior da humanidade, e é o espelho perverso daquilo em que, para muitos (eu incluído), o facebook tem sido extraordinário: como veículo capaz de nos fazer sair de anonimatos e chegar ao público. Esta notícia mostra, de forma cruel, como essa valência pode ser pervertida. As redes sociais têm e levantam muitos problemas, em parte pela forma como estão concebidas e nas estratégias de captura de atenção. Mas os seus utilizadores também não são inocentes. No fundo, talvez o que nos choque nas redes sociais é vermos a humanidade lá espelhada, e o retrato não nos favorece.


*The Birth of Modern Oligarchy: Qualquer que seja a nossa posição ideológica, isto deveria ser inadmissível. O desfasamento entre produtividade e ganhos indica que a distribuição de rendimentos na economia tem profundas desigualdades. É o triunfo do neoliberalismo, a ideologia dos salteadores de estrada engravatados e respeitáveis. Os que defendem o mérito e desregulação, essencialmente raposas que tomaram conta do galinheiro. Uma minoria ganha, a níveis astronómicos, e todos nós perdemos. Rendimento, qualidade de vida, perspetivas de futuro, liberdade. A própria democracia está em risco por causa destas desigualdades (lamento, mas o que alimenta verdadeiramente o populismo não são os ruidosos trolls de direita ou os criptofascistas saídos do armário, é mesmo a desilusão com o sentimento de empobrecimento generalizado) (e dar força a estas criaturas ainda piora as coisas).


Earth Visitor’s Passport: ‘Tour of the Universe’, 1980: Nada como o WATM para encontrar pérolas destas (escrevi isto sem ironia). As ilustrações deste livro esquecido de ilustração de FC, um produto híbrido que mistura narrativa e ilustração, para além de serem espantosas representam bem o trabalho dos mais influentes artistas visuais a trabalhar no género entre os anos 70 e 80. Livro a manter no radar, talvez tenha sorte nalgum alfarrabista dedicado a livros em inglês.

Cinco anos depois: Pedro Cleto analisa a sequência finalizada de Living Will, a série de André Oliveira e Joana Afosno.

55: Whovianos percebem. Recentemente celebrámos o TARDIS Day, recordando que a série Doctor Who já tem mais de cinquenta anos de história. Just make it  good one, eh?

Tudo isto existe – João Ventura: E eu, assino por baixo. Uma coisa é achar deliciosa a ficção curta de João Ventura quando a leio, isolada. Outra, é uma antologia que mostra a coerência e constante afinação na sua discreta obra.


This Artist's Movie Poster Concepts Will Blow Your Mind: Um bocadinho surpreendente, abrir o iO9 e dar com um destaque ao trabalho do ilustrador português Luís Melo. Ainda por cima, com o cartaz para o Fórum Fantástico 2018.

Looking Busy: O Bullshit Jobs  de David Graeber, analisado. A sublinhar a facilidade com que aceitamos que o que nos define como pessoa é o nosso trabalho. Mesmo que este seja perfeitamente assassino de neurónios.

Simulacros do Deepfake: As técnicas de criação de imagens falsas utilizando Inteligência Artificial e o futuro dos audiovisuais.

Learning to Love Robots: É inelutável. A robótica veio para ficar, e resta analisar a forma como nos relacionamos com máquinas que, mesmo sabendo que são mecanismos, atribuímos sempre alguma dimensão do ser.