Mostrar mensagens com a etiqueta AI. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta AI. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Pedra Filosofal

Philosopher's stone


They do not know that dreaming

is a constant in life

as concrete and outlined

as any other thing,

like this grayish stone

where I sit to rest,

like this calm creek

in its easy startles,

like these high pine trees

that in green and gold sway,

like these birds that crow

in drunkenness of blue.

They do not know that dreaming

is wine, is foam, is yeast,

a joyous thirsty little animal

whose sharp snout

pokes through everywhere

in endless restlessness.

They do not know that dreaming

is canvas, is colour, is paintbrush, base, pole, shaft,

ogive arc, stained glass window,

a cathedral vault,

counterpoint, symphony,

Greek mask, magic,

that it is the alchemist's retort,

distant lands chart,

wind rose, infant,

sixteenth century vessel,

that it is Cape of Good Hope,

gold, cinnamon, ivory,

a swordsman’s foil,

it is backstage, is dance step,

Colombina and Arlequim,

huge flappy flying bird,

lightning-rod, locomotive,

a glorious prow boat,


furnace, energy generator,

split of the atom, radar,

ultrasound, television,

a rocket landing

on the surface of the moon.


They do not know, nor dream of,

that dreaming commands life.

That whenever a man dreams

the world leaps forth

like a colourful ball

into a child’s little hands.

Experiências com o DeepDaze, usando versos do poema clássico de António Gedeão como frases-chave para o algoritmo.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Hello, Robot.


Mateo Kries, et al (2017). Hello, Robot.: Design Between Human and Machine. Weil Am Rhein: Vitra Design Museum.

Muito poderia ser dito sobre esta exposição e o catálogo que a acompanha. Já explorei a exposição num artigo para o Bit2Geek, mas não saí do MAAT sem trazer o catálogo comigo. O que se traduziu numa experiência dolorosa. O preço deste livro é demasiado elevado. A Hello, Robot, enriquece-nos imenso, mas a minha carteira de professor cuja entidade patronal não paga o que lhe deve ressente-se com os cinquenta euros do catálogo.

Mas é dinheiro bem gasto. Visitar a exposição é uma excelente experiência, mas o catálogo explora a fundo o seu fio condutor, lógica expositiva e mostra mais projetos do que os que estão no MAAT. No seu cerne, está a reflexão sobre a robótica, não pelo seu lado técnico, mas no fascínio conceptual que desperta, na sua vertente estética, nos impactos inesperados que a adoção e evolução desta tecnologia nos está a trazer nos domínios sociais, culturais e pessoais. O uso da mecânica como elemento estético na exploração conceptual da forma como os robots influenciam o nosso íntimo é o grande fio condutor desta iniciativa. Tal como a exposição, o catálogo não nos dá respostas, apenas aponta vertentes e cataloga experiências. É uma experiência provocadora. No final da leitura, as questões e reflexões avolumam-se.

(Ah, sincronismos. Estou a escrever estas linhas com a televisão ligada num canal por cabo e que filme está a passa? Ex Machina, um dos filmes citados na exposição, variação contemporânea do mito de pigmalião, e que se insere muito bem nestas reflexões sobre o que a robótica provoca em nós).

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

2062: The World that AI Made


Toby Walsh (2018). 2062: The World that AI Made. La Trobe University Press.

Olha para o futuro, mas é essencialmente uma reflexão sobre os tempos presentes. Walsh analisa, à luz do que já acontece hoje, em que medida a IA se poderá tornar uma força transformativa na nossa sociedade, e quais os seus impactos éticos, legais e sociais. O panorama não é animador. Se as correntes tendências se mantiverem, o mundo de 2062 vai ser mais dominado por algoritmos ao serviço de interesses neoliberais, com correspondente perda de privacidade, direitos civis, liberdades (o caso chinês é emblemático) e retrocesso nas condições de vida. Mas ainda vamos a tempos de escolher o futuro que esta tecnologia nos poderá proporcionar. A chave está na regulação. Não da tecnologia em si, mas da forma como será utilizada, garantindo que não nos retire privacidade (o RGPD europeu é apontado como um bom exemplo), limite liberdades ou fique apenas ao serviço das agendas neoliberais ou totalitaristas mais gananciosas. O problema, aqui, é que boa parte das pessoas não tem hoje noção da interferência que estas ferramentas já têm nas suas vidas, quanto mais lutar para manter o humanismo num futuro dominado por algoritmos.