domingo, 19 de maio de 2019

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Giving Generative Art Its Due: Notas de uma exposição temática sobre arte algorítmica, que reúne trabalhos de artistas que utilizam algoritmos para criar expressão artística. Mete-se com inteligência artificial e programação, faz um panorama da história deste género artístico, e mostra aqueles que hoje o praticam. A mostrar que o computador pode, e é, um meio de expressão artística com reflexões estéticas profundas. Daquelas exposições que eu dava a alma para poder ver. Ir a Zurique não está nos meus planos de viagem, talvez o MAAT a traga cá.

How to Use Curves in Photoshop: Descobri de raspão, há alguns anos atrás, o que era isto das curvas e para que serviam, e nunca mais usei outra ferramenta para editar imagens. Normalmente, uma curva em S é o que se precisa para dar profundidade às fotos digitais. Este artigo explora exaustivamente a ferramenta curvas.

Most Tech Today Would be Frivolous to Ancient Scientists: As tecnologias antigas, um tema que me fascina cada vez mais. Sem entrar por vertentes de mistérios e ocultismos, apenas o saber científico, técnico e mecânico da antiguidade, que se perdeu ou do qual só nos restam vestígios por fontes terciárias.

A Soda Company’s Long Obsession With Outer Space: Recentemente, publicitários ligados à Pepsi lembraram-se de uma ideia idiota, que só iria aumentar a poluição espacial: criar uma constelação de microsatélites que funcionasse como um anúncio em órbita, visível da Terra. É o tipo de visão que se adequa a uma space opera cyberpunk. Felizmente, mentes mais inteligentes prevaleceram. No entanto, é curioso notar que tem havido uma relação entre a empresa que fabrica bebidas que sabem a coca cola mas não são coca cola, e o espaço. Esquemas para colocar anúncios em órbita já são antigos, e chegaram a desenvolver um sistema para se beber bebidas gaseificadas no espaço, que a NASA e os astronautas testaram, mas não aprovaram.

8 Silent Films Every Sci-Fi and Horror Fan Should See: Do Metropolis a Voyage dans la Lune, estão cá os suspeitos do costume. Incrivelmente, ainda não vi nem o Haxan nem o Aelita, embora quanto a este, tenha lido o livro. Descobri-o num alfarrabista, numa edição publicada por cá nos finais do Estado Novo. O censor devia ser bastante burro para deixar passar uma obra com claras referências à vontade revolucionária soviete.

Sabrina de Nick Dranso - Porto Editora: Suspeito que este seja um daqueles livros a não perder, daqueles que demonstra a maturidade dos comics enquanto género de exploração literária. Algo que os fãs já há muito sabem que o é, claro.


Found Art: Artwork on the Walls of Environments in Comic Books (Spaceship Art 1951): Uma ideia gira. E que tal começar à procura de vinhetas que contenham pinturas em comics retrofuturistas?

Dylan Dog regressa a Portugal em dose dupla: João Lameiras fala-nos dos dois volumes que trazem histórias deste personagem (fabuloso, incrível, adorável, IMHO de fã) da Bonelli aos leitores portugueses.


So in Albania, the Number of Abandoned Bunkers is Kind of a Problem: Isto é bunker architecture gone wild (conhecedores de Paul Virilio percebem a piada). Nos anos 60, Enver Hoxha encheu a Albânia de bunkers para combater possíveis invasões. Décadas depois, com a queda do regime, estes montes de cimento armado tornaram-se um problema de ecologia urbana.

The Hidden Shipping and Handling Behind That Black-Hole Picture: Ou, as complicações logísticas que se colocam quando o volume de dados ultrapassa largamente a capacidade das conexões de internet. Fascinante, a ideia que resultados de observações têm de esperar meses para sair de observatórios na Antártida em discos rígidos, com riscos de perda pelas mais variadas razões.

Behind Every Robot Is a Human: É o segredo das aparentes proezas da Inteligência Artificial. Os exércitos de humanos empregues a etiquetar imagens e sons, afinando os dados dos quais os algoritmos de IA que temos hoje dependem.


After the Fire: Photos From Inside Notre-Dame Cathedral: Que perda para o património cultural global.

Viajar, uma volição de posse: Passei a semana da páscoa em Barcelona, com este texto de Nelson Zagalo presente na mente. Traduz muito bem os sentimentos mistos que temos com as viagens. Por um lado, aprecio a possibilidade democratizadas para que muitos possam conhecer outros países e culturas. Por outro, há todos os problemas que a massificação do turismo provocam. A transformação dos centros das cidades históricas em verdadeiros parques temáticos, a expulsão de quem lá vive para que as habitações se transformem em alojamentos para turistas (o chamado efeito AirBnB), os magotes de gente que se arrasta de sítio pitoresco em sítio pitoresco, olhando entre o entediado e o embasbaco enquanto faz mais um visto na liste de locais que é suposto visitar. A pressão turística tornou-se num problema urbano. Não ajuda quando o comportamento das massas que visitam os locais não é o melhor. As selfies em Auschwitz são aquele exemplo supremo do desrespeito pela memória histórica, mas não é preciso ir até aí para se ver o desdém com que grande parte dos turistas trata os locais que, supostamente, está a admirar. É visível no seu olhar de tédio enquanto visitam os pontos de interesse. Aparentam felicidade apenas nos inúmeros negócios que afastam o comércio tradicional das cidades, felizes enquanto compram mais um souvenir em lojas que vendem todas o mesmo bricabraque, ou se embebedam em esplanadas de má comida e empregados insistentes. Os bandos de grupos turísticos a arrastar-se atrás de um guia, ou os bêbados que mal saem da sua terra decidem soltar o pior que têm dentro de si. Se por um lado aprecio a democratização das viagens, por outro percebe-se que a maior parte dos que viajam não têm condições mínimas para apreciar, ou sequer saberem comportar-se. Algo que a indústria do turismo sempre explorou, mas que explodiu nos últimos tempos, alimentada pelos voos low cost e as plataformas de busca de alojamento. Senti isso em Barcelona, nestes dias, sinto isso na minha própria Lisboa, em que há zonas onde cresci que hoje evito, por as sentir completamente descaracterizadas e hostis àqueles que não são turistas.

E, no entanto, adoro a sensação de saltar para um avião (apesar do inferno dos aeroportos, com as suas zonas de segurança que tratam todos como suspeitos e a normalização consumista de zonas de esperam que são pouco mais do que centros comerciais caros) e sair numa cidade estrangeira. Tenho perfeita consciência que não são os três ou quatro dias que a minha bolsa consegue alcançar, que me farão ficar a conhecer com profundidade a terra, a sua cultura e habitantes. Não se consegue isso seguindo atentamente as palavras dos guias turísticos. Mas não resisto ao apelo de calcorrear ruas de outras cidades, sentir um pouco o seu pulsar. Não perco tempo a riscar locais de interesse numa lista, prefiro ser comedido nas visitas a museus e outros locais. Até porque é um pouco difícil apreciar Boticelli na National Gallery por entre os ecrãs dos telemóveis dos turistas a tirar selfies frente a quadros que não vêem, parar para recordar La Dolce Vita enquanto se é empurrado pelas multidões na Fonte de Trevi, ou apreciar Bosch num MNAA cujos bilhetes são um assalto à carteira de um lisboeta. Tenho as minhas regras, ser discreto, respeitador de gentes e culturas de que estou a ter um vislumbre. Não fecho os olhos ao paradoxo das viagens, da pegada ecológica do voo ao descaracterizar dos tipicismos locais. Mas desde que me recordo, que olho para mapas e fico com curiosidade sobre como serão na realidade aqueles pontos com nomes. A minha profissão não me dá grandes oportunidades de viajar, as poucas que consigo fazer são-no com o esforço de professor de salário congelado. De cada lugar que visitei, ficam-me as memórias das ruas que percorri, dos recantos que vislumbrei. E, claro, dos livros e livrarias, que me são irresistíveis em viagem.

Sim, de facto, o impulso de viajar foi dominado por uma indústria que explora com destreza o nosso gosto pelas deambulações, nivelando tudo ao nível mais básico, provocando danos no nosso tecido cultural. Pessoalmente, tento aproveitar a acessibilidade das viagens e não contribuir para o resto. Mas isso sou eu. Claramente, as massas que enchem os bares e as lojas de souvenirs não pensam assim.