quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Nameless


Grant Morrison, Chris Burnham (2016). Nameless. Portland: Image Comics.

Um ocultista é contratado por um multimilionário para um projeto secreto: salvar a humanidade do iminente impacto de um asteróide. Não é o tipo de trabalho que deveria envolver investigadores do oculto, mas este corpo celeste não normal. Fragmento de um planeta desaparecido, é o resquício de uma guerra tirânica travada há milhões de anos atrás pelos habitantes de um planeta de ciência avançada e os tenebrosos perigos que despertaram quando a sua ciência abriu a porta para outro universo. Uma guerra ganha com o seu sacrifício terminal. Mas resta um artefacto desses tempos, uma prisão que oculta uma entidade alienígena malévola. É esse o artefacto que se dirige ao nosso planeta. E, no seu interior, a entidade que nós conhecemos como Deus começa a influenciar quem vive na terra. O ocultista não é estranho a horrores, mas o contacto com o demiurgo alienígena que a nossa memória como espécie transmuta como Deus irá revelar-lhe novas profundezas de horror. E não ajuda quando a missão espacial secreta que integra, ostensivamente para observar o artefacto e detonar mísseis que lhe desviem a trajetória, destina-se na verdade a abrir a prisão milenar e soltar a entidade nela aprisionada.

Este resumo linear não faz justiça à insanidade que é este comic de Grant Morrison. Os mitos ocultos e as iconografias esotéricas colidem numa história visceral, que faz empalidecer pelo nível de violência gráfica a que chega. É um delírio implacável, intenso, cheio de referências esotéricas transmutadas pelo imaginário de Morrison. Liberto dos constrangimentos dos comics mainstream, este autor consegue ser por vezes brilhante, outras roça o incompreensível. Nameless está claramente no primeiro campo.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

They Called Us Enemy


George Takei,  Justin Eisinger, Steven Scott, Harmony Becker (2019). They Called Us Enemy. Marietta: TopShelf.

Daqueles livros em que a história é o essencial, e a banda desenhada é meramente ilustrativa e veículo para passar uma mensagem específica. George Takei, universalmente adorado como o Mr. Sulu da série Star Trek, conta as suas memórias de infância como criança que cresceu nos campos de concentração onde o governo americano colocou os seus cidadãos japoneses durante a II guerra. Reação visceral populista ao ataque em Pearl Harbour, aproveitada por políticos oportunistas, que conseguiram aprovar leis que consideravam todos os americanos de origem japonesa como potenciais inimigos, confiscando os seus bens e negócios, e internando-os em campos que em tudo eram de concentração, menos no nome. Uma experiência humilhante, que foi necessário décadas de luta para ser revertida. E, também, uma mensagem de esperança na democracia representativa, com uma corrente de necessidade de protestar e reclamar contra injustiças. Um momento negro da história do século XX, trazida pelo olhar de quem o viveu, e usou a sua imagem pública para elevar a respeitabilidade dos asiáticos na cultura popular, combatendo xenofobia e racismo. No entanto, os paralelos com os tempos de hoje e as reações xenófobas contra muçulmanos, são arrepiantes. Plus ça change… 

domingo, 24 de novembro de 2019

URL

Ficção Científica


Return to Tomorrow: Ah, a inocência destas capas pulp…

Review – Andromeda, Or The Long Way Home: Um promissor livro de banda desenhada portuguesa, editado em Kickstarter, e que terá em breve edição em português pela nova editora Seita.

Getting to the Heart of SFF’s Most-Tear Inducing Moments: The ‘Riders of Rohan’ Phenomenon: O que é que emociona os fãs do fantástico? Para muitos, são os momentos tocantes de tragédia. Para esta articulista, são os momentos empolgantes em que tudo parece estar perdido, mas os personagens encontram forças ou ajuda para superar aquele que é o momento mais negro das suas aventuras.


Photo: Recordemos os sonhos traumáticos da destruição mutuamente assegurada.

É hoje, a Bang! 27 já está aí!: Esta revista, única em Portugal que se dedica à ficção científica e fantástico, e sempre gratuita, é um raro exemplo de continuidade. Tem as suas peculiaridades, como o design gráfico horrendo que chega a tornar impossível a leitura de alguns artigos, mas não deixa de ser leitura obrigatória para os fãs. Está nas Fnac, gratuita.

Nova editora no mercado: A Seita: Confesso que fiquei um pouco surpreendido com esta nova editora, porque me pareceu estarem a editar alguns livros que à partida sairiam pela Levoir. Não estou suficientemente dentro do Fandom de BD para saber o que, e se se passou algum desentendimento, até porque os que estão ligados a este novo projeto também estão ligados aos outros. E, honestamente, não quero saber, porque tenho literalmente mais que fazer. O que me deixa contente é ver a edição de fumetti Bonelli a intensificar-se por cá. Mais Dylan Dog, mais Dampyr. Será que me posso atrever a sonhar com edição portuguesa do magnífico Lilith de Luca Enoch?


Peter Elson: Estéticas do aerógrafo. Foi uma cena, na viragem dos anos 80 para os 90, um visual de cores brilhantes que marcou uma estética na ilustração de ficção científica.


Joe Petagno: Por muito entretido que ande com iconografias Space Opera, às vezes vale a pena recordar o seu lado mais psicadélico.

Los siete cómics que han convertido a Batwoman en uno de los superhéroes más apasionantes de DC: Pessoalmente, fiquei de queixo caído com Batwoman de J. H. Williams. Visualmente estonteante, socialmente progressivo na sua estrutura narrativa, foi dos melhores títulos da era New 52.


Say what you will about this Starblazer cover, but at least it…: Pois, terá sido o Crimson Pirate com o Erroll Flynn a inspirar esta capa? Ou algo mais starwarsy?

AI Sci-Fi Reading List: Ficção Científica e não só, nesta lista de leituras sobre inteligencia artificial.


The airships of Hayao Miyazaki's wonderful films: Fascinante, a ideia que ao longo da sua carreira, por muito prolífico que seja, um cineasta só faz, de facto, um filme. Porque a sua obra combina os temas que lhe são queridos, as suas obsessões pessoais, pontos de vista ou olhar técnico. Que, no caso de Miyazaki, é um fascínio pela aviação, equilibrando o deslumbre pelo voo com a sensação das consequências terríveis que o uso da tecnologia para violência nos traz.

Editora A Seita lança ainda este mês, com a presença do desenhador Michele Cropera, a terceira aventura portuguesa de Dampyr: “O suicídio de Aleister Crowley” com a participação do poeta Fernando Pessoa: E como estava em pré-venda no Fórum Fantástico, já está na pilha de livros para ler, apesar de Dampyr não ser das minhas personagens favoritas. Diga-se que estamos a viver um belíssimo momento de edição de banda desenhada em Portugal, entre comics, mangá, bande dessiné, começa a não haver carteira nem estantes para tanta novidade. O que é o normal em países com mercados maduros. Para ajudar, a edição de fumetti está a intensificar-se. Eu, como grande fã de Dylan Dog, adoro finalmente vê-lo traduzido para português e a chegar aos nossos leitores. BD italiana popular está a deixar de ser apenas o Western clássico de Tex. Ah, confusos com os termos? Banda desenhada americana, japonesa, francófona e italiana. É tudo BD, mas com caraterísticas técnicas, narrativas, estilísticas e gráficas muito distintas entre si.

Tecnologia


“This is Us” : Play Without Spectators: Uma dose de psicadelismo digital para adoçar o olhar.

How China Is Using Artificial Intelligence in Classrooms | WSJ: Esta reportagem é ao mesmo tempo inspiradora e arrepiante. Como professor, seduz a ideia de ferramentas de inteligência artificial acopladas a sensores e reconhecimento facial para ter dados em tempo real sobre o desempenho dos alunos. Se estão atentos ou não, se estão focados na tarefa ou distraídos. Por outro lado, qual é o preço disto? O cultural, não o financeiro. Este tipo de sistemas encerra em si o risco de robotização do comportamento humano. Sabemos que a nossa atenção e concentração flutuam, que temos dias melhores ou piores. Mas este tipo de ferramentas cria uma ilusão de otimização de desempenho que é fundamentalmente desumana. Algures na reportagem, uma criança refere que este sistema o ajudou a melhorar porque a forçou a estar atenta. Esse "forced to" ficou-me na mente. Isto é possível na China, essencialmente uma ditadura que deseja formar cidadãos tecnicamente competentes mas civicamente acríticos. Ou seja, robots humanos ao serviço dos desígnios do governo.

The Emerging Risk of Virtual Societal Warfare: Social Manipulation in a Changing Information Environment: Bem, todo este título cheio de palavras complicadas de tom cyberpunk pode ser resumido aos desafios sociais trazidos pela propaganda potenciada, disseminada e acelerada por meios digitais. Que é uma preocupação legítima, que deve ser estudada e clarificada para que a nossa sociedade liberal e democrática sobreviva às tentativas de subversão.

The Lines of Code That Changed Everything: Vivendo como vivemos numa sociedade mediada pelo digital, a programação suporta as ferramentas de que dependemos a praticamente todos os níveis, do lazer à economia. O longo historial da programação deixou as suas marcas. Neste artigo, são mostrados alguns dos mais influentes softwares da história da computação, dos primeiros ambientes de programação não binários aos erros de software que provocaram acidentes aéreos dos aviões Boeing 737 Max.


Chesley Bonestell: Um dos grandes mestres da ilustração de ficção científica.

Fortnite has reached The End – changing video game storytelling for good: A escolha criativa dos estúdios que editam o Fortnite é curiosa, e inédita. Pôr fim ao jogo engolindo todo o cenário numa singularidade é algo que surpreendeu todos. Embora não seja um final definitivo, apenas um encerrar de temporada de jogo.

Richard W. Bailey (ed.): Computer Poems (1973): Nos anos 70 faziam-se mostras de poesia experimental e literatura gerada por computador. Mete em perspetiva o nosso corrente deslumbramento pela suposta criatividade dos algoritmos de Inteligência Artificial, não mete?

EE.UU deja de utilizar su obsoleto sistema con disquetes de 8 pulgadas para gestionar el arsenal nuclear: Na verdade, há boas razões para que o arsenal nuclear Norte-americano dependa de tecnologias obsoletas. A fiabilidade de um sistema que funciona (bugs e armas atómicas é daquelas combinações de pesadelo). E o ser um sistema airgapped, offline e dependente de média físico, por isso menos vulnerável a hacking. Mesmo que nos pareça absurdo "evoluir" de disquetes de 8 polegadas para cartões SD.

Algorithms Are Designed to Addict Us, and the Consequences Go Beyond Wasted Time: O algoritmo de recomendação do YouTube é notório pela forma obsessiva com que procura conteúdo que mantenha a nossa atenção, mesmo que para isso nos leve a extremos. Um algoritmo que não tem quaisquer finalidades ideológicas, o seu objetivo é o de nos manter no site o máximo de tempo possível. O problema é como o faz, sugerindo conteúdos cada vez mais extremos (porque é o clássico quanto maior o choque, maior o despertar da atenção). Notem que vídeos sobre terra plana nunca estão muito distantes dos sobre ciência séria, citando um exemplo. Se os começamos a ver, o algoritmo reforça e ainda nos dá sugestões ainda mais estreitas na visão. O verdadeiro problema está na forma como o consumo destes conteúdos vai mudar opiniões e pontos de vista, levar os utilizadores a acreditar no que é falso e treta, porque se viu um vídeo.

*Commercially available “science fiction novels” generated by…: Não, não é ainda ficção escrita por Inteligência Artificial, na verdade são mais daqueles textos que quase parecem fazer sentido, produzidos por algoritmos.

How Unity built the world’s most popular game engine: Um perfil do software que se tornou o motor de jogos mais usado do mundo, especialmente no campo do desenvolvimento para dispositivos móveis. Desconhecia que é europeu.


@BlackSalander: Atualizar a vassoura da bruxa para a era da robótica.

How IBM’s Technology Powered the Holocaust: A história em si não é novidade, embora seja pouco falada. Pudera, é uma enorme mancha no historial de uma empresa marcante em todas as épocas da história da computação. Mas o verdadeiramente importante na história da colaboração entre a divisão alemã da IBM e o regime nazi, mesmo durante a guerra, e com o beneplácito e complacência da casa-mãe americana, está nos paralelos com o nosso momento contemporâneo. Quando se sabe que a Google desenvolve sistemas de automação para militares, ou que o Facebook permite regularmente abuso dos dados dos seus utilizadores por empresas e governos, não estarão a fazer o mesmo que a IBM há oitenta anos?

The (Day)dream is over: Phone-based VR is well and truly dead: A história da Realidade Virtual é feita de altos e baixos, e muitos falsos começos. Há tempos, a tecnologia parecia mostrar que era possível usar dispositivos móveis para realidade virtual, e começou-se a desenvolver aplicações e tecnologias de base. Agora o hype desvaneceu-se, e começa o desinvestimento.

Modernidade


Tim White: Claramente, esta semana o Capturas está em onda psicadélica.

Ways of Being: Por muito que isso provoque revolver de estômagos entre os mais conservadores, o espectro da sexualidade humana nunca foi binário, sempre foi fluido entre géneros balizantes. A natureza humana não se ajusta a visões preconceituosas.

Why mathematicians just can’t quit their blackboards: Entre o fluxo do pensamento, a matemática enquanto narrativa, e a graça da tradição. Há aqui quadros de giz que são verdadeiras obras, efémeras, de arte.

They’ve Rediscovered The Naughty Bits From Europe’s Most Famous Medieval Romance: Na verdade, nunca estiveram perdidos. Pode parecer chocante, mas as gentes da idade média não eram santinhas e gostavam tanto de malandrice como nós. A perda destes trechos tem a ver com os pruridos de tradutores e académicos, que se recusaram a incluir trechos mais, digamos, calorosos nas edições adaptadas deste clássico medievo.

Hitting the Books: Nero, fiddling from orbit as Earth burns: Hmmm. Mais um livro pós-apocalíptico sobre a extinção próxima da humanidade? Tédio é à primeira reação, mas depois de ler este excerto, foi direito para a minha lista de leituras prioritárias.

*Pro Chinese government memes on Hong Kong protests: Guerra de memes em Hong Kong, parte I: a defesa da pureza ideológica do regime.

*It’s getting worse: Guerra de memes em Hong Kong, parte II - estéticas da rebelião.

Parar, Pensar e Boicotar a China: Repitam comigo. A China é uma ditadura. Opressiva, mortífera, inclemente com a mera possibilidade de oposição. Geralmente ignoramos isso, entre a conveniência dos produtos low cost que a tornaram a fábrica do mundo e o soft power conseguido pelo forte investimento. Mas, entre a repressão de Hong Kong, as leis draconianas, os sistemas de crédito social, a aterrorizante hipervigilância pervasiva assente em visão computacional e inteligência artificial, e a repressão profunda a minorias étnicas, qual é, verdadeiramente, a diferença entre a China e os regimes odiosos que juntámos para nunca mais acontecer na Europa?

Qatar Is Air-Conditioning the Outdoors Because of Climate Change: Porquê? Porque com as verbas do fundo soberano, podem. E porquê? Porque as vagas de calor lá estão a começar a atingir rotineiramente temperaturas insuportáveis pelo homem. Fora das habitações, o Qatar começa a tornar-se inabitável, e não é um caso isolado. Toda a zona equatorial está a sentir os efeitos das alterações climáticas. E aqui, o aquecimento global traduz-se em fenómenos de calor além do extremo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Snow, Glasses, Apples.



Neil Gaiman, Colleen Doran (2019). Snow, Glass, Apples. Milwaukie: Dark Horse.

Neil Gaiman recriou a clássica história da branca de neve com um ponto de vista muito diferente do habitual. E se o mal estivesse na Branca de Neve e não na rainha malvada? É essa a premissa deste recontar de uma história bem conhecida, onde a branca de neve é uma perigosa vampira, e a rainha a única que, usando o ardil das maças envenenadas, a consegue travar até o príncipe, que tem tendências necrófilas, se apaixonar pela frieza da morta-viva. O que ele faz aos sete anões é a total inversão da estética Disney a que estamos habituados. A história toca no macabro, no erótico e no desvirtuar da estrutura narrativa clássica. É Gaiman a fazer o que faz melhor, contar histórias.

No entanto, apesar de ser fã de Gaiman, é um escritor algo repetitivo nos seus padrões narrativos. Interessante e com uma excelente prosa, mas algo limitativo nos seus temas. O que dá vida a esta adaptação para banda desenhada do seu conto é o traço de Colleen Doran. Inspira-se na iconografia clássica dos contos de fadas ilustrados por Harry Clarke para insuflar o conto com uma estética visual assombrosa.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

H-alt: O Filho do Führer


A história tem um excelente ritmo, e quem conhece as bizarras teorias da conspiração sabe que o autor mergulha fundo nestas ideias surreais. Visualmente, tem um traço forte e expressivo, muito eficaz. Não se deixem mesmo enganar pelas ilustrações de capa, o traço do autor é muito interessante. O Filho do Führer é uma boa proposta de leitura, que diverte o leitor, e parece-me não querer ser mais do que isso, uma obra descomplexada de entretenimento. Recensão completa na H-alt: O Filho do Führer.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Trillium


Jeff Lemire (2014). Trillium. Nova Iorque: DC Comics.

Trillium é um objeto estranho, entre os comics e a ficção científica. Jeff Lemire escreve e ilustra uma história onde passado e futuro colidem e se influenciam, sob o espetro da extinção total da humanidade.

Estamos no futuro, e numa colónia de investigação remota uma cientista tenta aproximar-se de uma espécie alienígena que poderá deter a chave para a sobrevivência da humanidade. Pouco se sabe sobre eles, apenas que vivem numa aldeia que rodeia um enorme templo de aspeto maia, e em cujo território floresce uma planta com propriedades curativas. Serão estas as que poderão salvar a humanidade, sob ataque de um mortífero vírus consciente que a está a exterminar metodicamente. A colónia de investigação está a tornar-se o último reduto da humanidade. A cientista é acolhida pelos alienígenas, e levada ao interior do templo, onde descobre que as fronteiras do tempo são fluídas.

Estamos no passado, e um antigo soldado traumatizado pelas experiências nas trincheiras da I guerra acompanha o irmão numa expedição à selva amazónica. São atacados por uma tribo aguerrida, e ao fugir, depara-se com um templo no meio da selva, de onde sai uma mulher vestida com um fato de astronauta. Ele próprio irá ser empurrado para dentro do templo, e descobrir-se à num futuro que não existe, enquanto a cientista mergulha num passado que nunca existiu. As histórias entrelaçam-se, entre forças que desconhecem o verdadeiro potencial dos templos, flores e alienígenas, e a iminente extinção da humanidade. O segredo cósmico guardado pelos templos pode, realmente, ser a chave para a salvação.

Lemire mergulha fundo na ficção científica em Trillium. Viagens no tempo, segredos cósmicos, futuro no espaço, passado steampunk. Consegue misturar estas estéticas numa história eficaz, que gira à volta da relação improvável entre um homem do passado e uma mulher do futuro, que irá terminar na possibilidade de salvação da espécie humana. Lemire complementa o seu estilo gráfico com um forte experimentalismo narrativo. A história é feita de duas narrativas paralelas que se entrelaçam, e Lemire atreve-se a explorar isso no lado visual, com justaposições e inversões. Há todo um capítulo que se lê duas vezes, primeiro no sentido tradicional, e depois no inverso, em que as duas histórias decorrem em paralelo com imagens-espelho na prancha. E isto também é ficção científica, um género que não se limita a imaginar e especular sobre futuros, mas também a experimentar novos estilos e formas narrativas.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Almanaque Steampunk 2019


(2019). Almanaque Steampunk 2019. Barcarena: Editorial Divergência.

Dizem que o Steampunk está morto enquanto movimento. Pessoalmente, não concordo. Não tem o fulgor que tinha há alguns anos atrás, quando quase se tornou mainstream, mas é isso que agora o transforma num movimento. Agora longe das luzes da ribalta, é praticado pelos seus fãs mais dedicados. O Steampunk esteve em risco de se esvaziar como mero exercício de estilo estético. É mantido vivo por quem realmente acredita nele, e é isso que lhe confere interesse.

Quantas edições já tem o Almanaque Steampunk? Já algumas. Tornou-se um ritual anual, a sua edição a tempo do Fórum Fantástico. E continua, mostrando que é um projeto com raízes e continuidade. Suspeito que dentro de um ano estarei a ler o Almanaque 2020.

O Almanaque mantém-se fiel ao seu espírito meta-ficcional, com a sua estrutura que replica os antigos almanaques. A criatividade dos criadores participantes continua a explorar formas algo diversas do habitual na ficção fantástica. Supostas notícias, efemérides de fantasia, anúncios a vapor e até um horóscopo fazem esta edição, como sempre o fizeram. Se bem que este ano notei um reforço da ficção. Teria de me levantar da secretária para ir pegar nas edições anteriores, e isso francamente não me apetece. Mas suspeito que esta edição tenha mais contos do que o habitual nas anteriores.

Destes, destaco a poética revisão com engrenagens do mito de Perséfone de Um Coração Mecânico por Leonor Ferrão. Outra boa surpresa foi o steam brasileiro de Conexão Uruguaiana, por Nuno Vieira. A grande presença de autores brasileiros é uma das características interessantes deste Almanaque. Mas o meu grande destaque de leitura vai para o genial e de humor corrosivo A Segunda Lei, de João Ventura, que se atreve a imaginar políticos vitorianos cujo conservadorismo é ofendido pela segunda lei da termodinâmica, e tentam legislar a sua inexistência. Soa algo parecido ao crescer do espírito anti-científico nos dias de hoje, não soa? Mas ao contrário do crescente interesse em homeotretas e outras patacoadas do género, o conto de Ventura tem um final feliz.

Como sempre, o Almanaque é uma mistura homogénea de ficção e ilustração, um trabalho de amor por fãs que interpretam o Steampunk como algo mais que uma estética de adereços. Cá os espero para o ano, com o Almanaque 2020.

domingo, 17 de novembro de 2019

URL

Ficção Científica

The Comic That Explains Where Joker Went Wrong: Confesso que me considero conhecedor acima da média do mundo dos comics, mas não sabia que Alan Moore tinha acabado por rejeitar o trabalho que fez com Brian Bolland em Killing Joke, uma das histórias seminais de Joker e também uma das bases do recente filme homónimo. Onde Bolland é creditado, mas não Moore, que abomina as adaptações para cinema do seu trabalho (onde realmente não tem tido muita sorte, só Watchmen é um filme minimamente fiel à obra original - V for Vendetta está cheio de calinadas, e de The League of Extraordinary Gentleman é melhor nem falar, por ser tão mau). O que marcou este comic foi a transformação do palhaço sociopata numa personagem com profundidade emocional, explicando o porquê de Joker ser como é. Se bem que o que ficou dessa leitura foi o seu final, onde depois de uma história violenta, Batman se ri de uma piada de Joker, mostrando aquilo que todos sabemos, estes inimigos são inseparáveis.


Alfred Kelsner: Definitivamente, um ovni impressionante.

Sweet Wind 03: Mais uma leitura da nova banda desenhada portuguesa, um webcomic editado pela Gorila Sentado (sim, é mesmo um nome de editora, e porque não?).



Special Effects Demo Reel for Star Trek The Motion Picture: O que se fazia com matte painting, miniaturas e iluminação.

"Why so serious?" - Las películas de DC, ordenadas de más a menos serias: O universo cinematográfico da DC distingue-se do da Marvel pela opção pelo Grimdark. Os filmes da DC são sempre trágicos, tenebrosos, com paletas de cor saturadas e escuras. Mesmo quando usam personagens, como Superman, em que isso não funciona de todo. Este tom trágico não lhes rendeu um sucesso equivalente ao da Marvel. O mais recente Joker leva o grimdark a trevas ainda mais profundas. E fica no ar a questão: porquê tanta seriedade? Especialmente quando se sabe que é algo que assenta como uma luva em Batman, de raiz um personagem negro, mas não aos seus restantes personagens?

The Trailer for the Fourth Season of The Expanse Asks Hard Questions About Space Colonization: A próxima temporada de The Expanse vai seguir o livro que menos gostei da série, porque se focou numa aventura num novo planeta a ser colonizado e deixou de parte todo o fantástico enredo das facções da humanidade no espaço. No entanto, esta série é sempre boa.

What Ever Happened to Steampunk?: Anunciar a morte do Steampunk talvez seja prematuro. Continua a haver criadores e fãs deste sub género de estética marcante. O que é claro é que a onda Steampunk como cultura popular já se extinguiu. Como é natural. Em parte, por ser um movimento essencialmente estético, apesar de nos ter legado alguns livros marcantes. A estética sobrevive, praticada por comunidades de fãs - por cá, a Liga Steampunk mantém aceso o estilo steam, e a edição anual do Almanaque Steampunk é um desafio contínuo aos escritores para se inspirarem num passado futurista que nunca aconteceu.

Martin Scorsese arremete contra Marvel: "eso no es cine. Son como un parque de diversiones": Sim, e depois? O debate não é novo, é a velha dicotomia entre arte erudita e popular. Claro que um filme profundo de autor não se equipara a um filme pop comercial, mas a questão aqui é que para quem vê, tanto se pode apreciar um como o outro. Sem pretensões, um filme pop são 90 minutos de entretenimento, enquanto a obra de autor perdura e pode modificar a forma como pensamos. Isto é como as dietas. Querem-se diversas, não monótonas.


Jodorowsky's Dune (2014) - HD Trailer: O mundo dos fãs de ficção científica tem algumas cisões profundas. Há o Star Trek Vs. Star Wars. E há os que admiram profundamente a adaptação cinematográfica de Dune por David Lynch, e os que a odeiam por a considerarem demasiado afastada da visão da série de livros (e, de facto, Lynch levou a sensibilidade de Dune a níveis que Frank Herbert nunca seria capaz de chegar) (já perceberam de que lado desta barricada estou, não perceberam?). Suspeito que estes segundos iriam odiar ainda mais se o filme tivesse sido feito como originalmente planeado, com um argmento insano do mexicano Alejandro Jodorowsky (se nunca viram Santa Sangre, a vossa cinefilia é deficitária), e contribuições visuais de Chris Foss, H.R. Giger e Moebius, entre outros. Por muito bizarro que o Dune de Lych nos pareça, é uma pálida visão do que poderia ser nas mãos de Jodorowsky, que graças ao forte conservadorismo estético de boa parte do fandom de ficção científica, teria ganho o estatuto de realizador mais odiado por muitos e amado por poucos, campo que hoje é ocupado ex-aequo por Lynch graças a Dune e Kubrick, cujo 2001 foi odiado por Clarke, autor do conto em que se baseia o filme, e do livro que foi escrito em simultâneo.

Apocryphus – Sci-Fi: Desde a apresentação da primeira edição deste magnífico projeto de banda desenhada portuguesa que vou perguntando ao autor um "e para quando uma edição dedicada à ficção científica?". Este foi o ano. Das Apocryphus, podemos sempre esperar um trabalho narrativo e gráfico por parte de talentosos autores portugueses. Lançado no Fórum Fantástico, já está na minha lista de leituras.


Dune sand worms. Art by John Schoenherr x 2, John Berkey, HR Giger: Shai-hulud, disseram?

Lançamento: Batman - O regresso do Cavaleiro das Trevas: Uma verdadeira prenda para os leitores portugueses de banda desenhada. Este é uma das mais importantes histórias de Batman, das melhores obras escritas e ilustradas por Frank Miller.

Sometimes Bruce Wayne, Sometimes Batman. Alltimes Orphan: Há uns tempos atrás, foi criado um bot literário treinado com mil horas de filmes de Batman. Os resultados foram, como já é habitual nestas coisas da inteligência artificial, completamente surreais. Agora, foram adaptados a banda desenhada.

Comic Book Cartography: O local ideal para nos perdermos nas geografias fantásticas dos mundos imaginários dos comics.

Tecnologia


Our future with robots: Sim, eles estão entre nós. Não há fuga possível.

The Martian Bases Of The Future May Be 3D Printed From Regolith And Ice: Conceitos para futuros habitats marcianos, usando materiais locais e impressão 3D para construir abrigos para os exploradores humanos no planeta vermelho.

Hong Kong bans makeup and masks so facial recognition cameras can identify protesters: Não prestamos atenção devida ao que se está a passar em Hong Kong, varrida por uma onda de protestos contra o governo chinês que dura há semanas. Um momento notável por diversas razões. Pelo constrangimento do governo chinês, que noutras cidades não hesitaria a esmagar os protestos com tanques, mas aqui não o faz; pela impassibilidade do protesto, porque Beijing nunca irá ceder à vontade democrática dos chineses de Hong Kong, se o fizer, corre o risco de contaminação à escala de todo o país; e, do ponto de vista tecnológico, por ser um conflito entre cidadãos e um regime conhecido pelo uso que faz das tecnologias de hipervigilância. Os protestantes usam máscara porque sabem que a combinação de câmaras com inteligência artificial na China é tão pervasiva, que não há fuga possível ao seu reconhecimento facial se não tomarem medidas de camuflagem urbana.

Ictíneo II: el primer submarino con motor a vapor fue español y salió del puerto de Barcelona: Uma história perdida da história da ciência e tecnologia, um submarino a vapor construido em Espanha que precedeu em décadas o desenvolvimento destas tecnologias.

China car startup dodges Trump tariffs with AI and 3D printing: A história no imediato é sobre como se torneiam sanções económicas com recurso à tecnologia. Mas a verdadeira história é o do potencial da fabricação digital para quebrar as cadeias de comércio global. Afinal, esta empresa chinesa de automóveis não precisa de navios para exportar os seus produtos. Envia para fábricas noutros países os ficheiros 3D, que serão impressos localmente.


NASA art by Rick Guidice, Martin Hoffman, John Solie, and Ren Wicks: Cenas old school.

How Libraries Are Bridging the Digital Divide: Promoção da literacia, hoje, já não se resume à leitura. Há o enorme campo da literacia digital, e as bibliotecas têm sabido adaptar-se e fornecer acesso aos seus utentes a vertentes aparentemente distantes da biblioteca clássica como fabricação digital e serviços digitais.

College Students Just Want Normal Libraries: Por outro lado, complementando e não contrariando o artigo anterior, o verdadeiro foco das bibliotecas é o acesso à informação. Se a adoção de novas literacias, espaços maker, fabricação digital, se tornam o centro do espaço bibliotecário, talvez quem alinhe nestas modas não perceba o que é que é verdadeiramente importante numa biblioteca.

Astronauts bioprint beef in space for the first time: Espaço, a próxima fronteira do hamburguer. Piadas à parte, esta experiência de impressão 3D de comida é interessante. Desenvolveu metodologias de impressão de biomaterial em gravidade zero, e mostra um caminho para alargar a dieta de astronautas em missões de longa duração. E, hey, spaceburguer dá um excelente meme.

The biggest threat of deepfakes isn’t the deepfakes themselves: Na verdade, apesar do perigo potencial dos deepfakes, para criar propaganda enviesada no mundo digital bastam simples imagens e frases que apelam aos preconceitos. O real problema dos deepfakes está na perda de confiança na imagem digital. Em suma, não conseguimos garantir que o que vemos no ecrã é real ou artificial. Basta a semente da dúvida para minar a confiança.

Computer historians crack passwords of Unix's early pioneers: Ah, aqueles velhos tempos em que usar o nome como palavra passe ainda não era um convite a ser hackeado. É talvez o que faz sorrir nesta história, o ver quão prosaicas são as palavras-passe destes pais do mundo da computação.

The Overlooked Benefits of Teaching Kids to Code: O artigo pode ser resumido a duas palavras, pensamento computacional. Ensinar as crianças a programar não é treiná-las em linguagens de programação, mas sim levá-las a apropriar-se da tecnologia, desenvolvendo competências avançadas de resolução de problemas e colaboração, entre outras. Claro, isto depende da forma como se usa a aprendizagem de programação com as crianças.

Un padre descarga e imprime en 3D un Lamborghini para su hijo que es fan de 'Forza': la broma de 'The IT Crowd' se vuelve realidad: Bem, a tecnologia é assim, afinal dá para fazer download de um carro. Diga-se em abono da verdade que é preciso ter grandes e boas impressoras, capacidade mecânica, chassis e motores de carros (qualquer chaço velho dá).

In The Skies Of Eastern Oregon, An Autonomous Robo Taxi Takes Flight: Os drones de transporte autónomos da Airbus estão mais próximos de chegar ao grande público.

Life with the Samsung Galaxy Fold: Uma análise profunda ao uso do telefone dobrável, um equipamento que sublinha a nossa necessidade de mobilidade, mas também de ecrãs de razoáveis dimensões para expandir o uso de dispositivos móveis.

Modernidade


We Are the Mutants: Las Vegas em 1987? Não é destino que me atraia, mas acho que nem hoje é assim. Delícias do retrofuturismo.

Why Are Plastic Army Men Still from World War II?: Confessem lá, nunca souberam que precisavam de saber isto, e agora ficaram mais recheados de cultura inútil. Mas divertida. O porquê dos soldadinhos de plástico terem ar de II guerra tem a ver com moldes antigos, ressurgimento do brinquedo por nostalgia, e preguiça dos fabricantes em renovar um tipo de objeto tão banal.

The First Smartphone War: A batalha de Mosul marcou um ponto de viragem na documentação da guerra, onde todos, soldados, insurgentes, civis, tinham consigo telemóveis e usavam as suas câmaras. A guerra crua, um imenso documento fragmentado em milhões de imagens pessoais. É o culminar de uma tendência de registo cru do campo de batalha, com raízes nas assustadoras visões da guerra de Goya (a primeira vez na história que os retratos marciais mostraram a violência pura), e que se intensificou com a invenção da fotografia. Toda a guerra contra o estado islâmico teve na imagem um fortíssimo campo de batalha, entre a fotografia vernacular dos envolvidos, as imagens sangrentas da decapitação da vítimas dos terroristas, e a propaganda de enorme riqueza visual dos terroristas.

Time for a New Liberation?: Aviso a navegação, este ensaio é longo. Mas vale bem a pena ser lido. Mostra-nos os perigosos caminhos onde a europa de leste se anda a meter, no seu flirt com os populismos autocráticos (aka fascismo sem uniformes e braços erguidos) que está a varrer a zona. A Hungria é o caso mais notório, que é um país da UE sem democracia funcional, mas o retrocesso também é notório na Polónia e na República Checa. Algo que se explica, em parte, pelas feridas aberta durante a queda do império soviético e transição destes países de satélites da URSS para democracias com economia de mercado; e, em parte, pela sensação que apesar de todos os esforços levados a cabo pelos leste-europeus para se integrarem na Europa, ainda continuam a ser visto como os bárbaros a leste.

Lisboa e o livro: singularidades de uma relação: Sabemos que Lisboa é uma cidade sitiada pela economia do turismo, que está a gentrificar as zonas tradicionais, expulsando de lá os seus habitantes e negócios tradicionais - aquilo que lhes confere a essência que os visitantes apreciam, para abertura de alojamentos e negócios de caça-níqueis ao turista. Os impactos são profundos, medem-se na descaracterização de uma cidade que se transforma em parque temático. E no nicho das livrarias, o efeito é ainda mais absurdo. Enquanto se anunciam apostas na leitura e reconhecimento do papel das livrarias oficiais, estas fecham a torto e a direito, incapazes de suportar o peso súbito de rendas que aumentam sem controlo. Eu também recordo os tempos em que no Chiado e Baixa havia muito mais livrarias do que a Fnac e a Bertrand. Se o turismo é parte importante da nossa economia, e em minha opinião um direito legítimo, porque é uma forma de conhecer outras geografias, outras culturas, há que perguntar se este oportunismo selvático é mesmo o que queremos para a nossa cidade, e até para a sustentabilidade do turismo a médio e longo prazo. É que aos parques temáticos só se vai uma vez. As cidades de cultura vibrante convidam sempre ao regresso.

How to Read “Gilgamesh”: Primeira grande narrativa da história, protótipica dos action heros e grandes heróis, também uma história de horrores, liberdade e amizade. Um poema épico perdido durante milénios, redescoberto com o decifrar dos alfabetos mesopotamicos, mas que deixou traços nas mitologias dos povos que sucederam aos assírios e babilónios (por exemplo, o relato bíblico do grande dilúvio claramente teve a sua origem neste poema épico). Uma leitura imprescindível para se conhecer o património literário global.

The Exquisite Boredom of Spacewalking: É, talvez, o problema da exploração espacial, a banalidade e normalidade de algo que é em si excitante e fantástico.


Besides his outstanding role in space exploration, #Leonov was a talented artist, and first man to paint in space. May he rest in peace.: Não queria anotar aqui o falecimento do cosmonauta Alexei Leonov, mas descobrir que além de ir ao espaço, também foi pintor, torna irresistível a nota.

Free trade zones: a Pandora’s box for illicit money: É cada vez mais óbvio para todos que a economia das zonas francas é danosa para o sistema global. Entre a fuga legal a impostos que a incorporação nestas zonas permitem e a lavagem de dinheiro do crime, todos ficamos a perder.

Why You Never See Your Friends Anymore: O pormenor intrigante deste artigo, é descobrir uma experiência de reorganização soviética do calendário que abolia as pausas de fim de semana e distribuía a população em categorias, cada qual com o seu dia de pausa laboral. Não funcionou, pela forma como atropelou relações humanas, separou casais, e retirou tempo livre comum. No entanto, as nossas rotinas e ritmos acelerados do mundo contemporâneo estão a ter efeito similar ao desta malfadada experiência.

Lost chapter of world's first novel found in Japanese storeroom: É sempre fascinante quando estas descobertas surgem. Aprofunda aqueles textos verdadeiramente milenares que formam o substrato cultural global.

There's an Automation Crisis Underway Right Now, It's Just Mostly Invisible: Os impactos da automação no mundo laboral já se estão a fazer sentir, mas não da forma como seguem as previsões de robots que roubam empregos. Simplesmente, as empresas automatizam processos e sistemas de produção, e com isso ou levam à extinção de postos de trabalho, ou à não criação de novos postos.

A Ilusão do Powerpoint e a Oralidade vs. Escrita: O foco na apresentação esquece, a maior parte das vezes, que esta é uma ferramenta de apoio à comunicação oral. Não é a comunicação em si, nem serve para espelhar as palavras do comunicador. Até porque, sem o registo oral, sem o fio condutor, grande parte das apresentações nem fazem sentido.

sábado, 16 de novembro de 2019

Lost+Found









Um outono que começa a pesar. Entre o parque ecológico da Venda do Pinheiro, Hospital Beatriz Ângelo, lojas em modo christmaspocalipse, Foz do Arelho e Foz do Lizandro.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Revolutionary War


Andy Lanning, et al (2014). Revolutionary War. Nova Iorque: Marvel Comics.

Os heróis britânicos da Marvel regressam, para combater uma invasão de andróides orgânicos da Mys-Tech, uma organização secreta de elites que venderam a alma em troca de poder, que se julgava extinta. O interessante nesta aventura não é a história em si, é o reviver, fugaz, de personagens exclusivos da Marvel UK. Nos anos 80, esta chancela da house of ideas atreveu-se a criar conteúdo totalmente britânico, e o resultado foram o tipo de super-heróis que se poderia esperar do retorcido humor inglês. O afundamento do mercado dos comics numa recessão pôs fim a essa experiência, embora alguns dos personagens tenham passado a fazer parte do alinhamento Marvel em títulos ligados aos X-Men. Estes heróis são bizarros, e há uma certa aragem anos 80 de coca misturada com london ale nesta história.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

House of Penance


Peter Tomasi, Ian Bertram, Dave Stewart (2017). House of Penance. Milwaukie: Dark Horse Comics.

Visualmente deslumbrante, este House of Penance é uma variação da mítica casa Winchester. A mansão erguida pela viúva do dono da fábrica de armas, para combater a maldição que julgava ter caído sobre a sua família, motivada pelo ódio de todos os espíritos inquietos que foram mortas por armas saídas da sua fábrica. Este livro mergulha-nos dentro desse mito , levando-nos à casa de arquitetura bizarra, onde portas se abrem para o espaço e escadas não vão dar a lado nenhum, onde a regra é que o barulho dos martelos nunca cesse. A chegada de um assassino a soldo, que percebe logo qual o espírito da casa e o aceita, como redenção para as mortes que causou, irá catalisar o luto da viúva. O lado visual é impressionante, o narrativo nem por isso, mas sou suspeito. Creio que a melhor história sobre esta casa foi contada por Alan Moore na sua seminal temporada em Swamp Thing.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

As Sombras de Lázaro


Pedro Martins (2019). As Sombras de Lázaro. Vagos: Editorial Divergência.

É com muita justiça que este livro ganhou o prémio António de Macedo para literatura de terror. O romance está muito bem conseguido, com uma ambiguidade entre o psicopatológico e o sobrenatural, e é capaz de invocar terror que vai das sensações mais subtis ao gore escatológico. Uma obra que surpreende, uma história que conduz o leitor por caminhos com voltas sempre inesperadas.

Talvez esta seja uma história sobre um breakdown psicológico com consequências fatais. Ou talvez seja um sobrenatural justiceiro que intervém para castigar os crimes de um homem, punindo-o com a eliminação daqueles que mais ama com extremo prejuízo. Esta dicotomia percorre toda a narrativa que, se nos é apresentada como uma intervenção de criaturas sobrenaturais violentas na sua visão de justiça, está escrita de forma a nunca descartar por completo a possibilidade de todo o horror não passar de alucinações numa mente enlouquecida.

Mergulhamos numa casa senhorial no interior, habitada pelo último descendente da gente de bem local, que após a morte do pai regressa à terra natal com a sua família. Este descendente sempre quis distância da sua herança, graças aos traumas de uma infância passada com um pai alcoólico e amante da disciplina violenta. Mas com o falecimento deste, resigna-se a regressar à velha casa, onde passa os seus dias de volta das suas paixões, a pintura, e os livros sobre oculto. Do antigo grande corpo de criados apenas resta uma idosa mulher a dias, que sempre viveu naquele pequeno solar, e cujo trabalho é o suficiente para a pequena família que lá vive. A pacatez desta vida é destroçada por um problema psiquiátrico grave, que o leva ao internamento num instituto. Pesadelos e alucinações que causam o seu descalabro mental. Mas, com o natal a aproximar-se e aparentes melhorias no estado mental do homem, a sua esposa decide trazê-lo a casa para passar a consoada consigo e com o filho, esperando talvez que isso ajude à sua recuperação total.

Mas depressa percebemos que não será assim. O mal mental tem uma causa muito específica, num segredo guardado pelo homem. Numa noite escura, numa estrada isolada, atropelou mortalmente uma criança, e com medo das consequências do seu ato, decide enterrá-la numa estuda abandonada. Mas não sem antes sucumbir ao impulso mórbido de a retratar na sua morte. A quebra mental poderá ser causada pelos remorsos do seu ato, mas os leitores são mimados com momentos de puro horror visceral. E a intervenção de espíritos vingativos, invocados pelo crime numa obra oculta que chega às mãos do homem de forma misteriosa. Num final de apoteose sangrenta, estes espíritos aplicam a sua visão de justiça eliminando primeiro aqueles a quem o homem mais ama, antes de lhe aplicarem a tortura final. É a lei de Talião, aplicada por seres que como as erínias, atormentam os criminosos, mas ao contrário destas criaturas mitológicas, são capazes de muito mais do que atormentar quem praticou o mal.

As Sombras de Lázaro surpreende pelo seu crescendo de horror. Mantém-se ambíguo, entre a possibilidade de visões alucinatórias ou real intervenção sobrenatural, um artifício que lhe permite explorar diversas vertentes do horror. Crimes, casas soturnas, assombrações grotescas e um final deliciosamente gore é o que espera os leitores deste livro surpreendente.

domingo, 10 de novembro de 2019

URL

Ficção Científica


Inside a future space station built for twelve humans. Concept art from NASA's "Man in Space: Space in the Seventies," 1971: Parece algo claustrofóbica para doze habitantes, e aquele chuveiro totalmente transparente seria uma tentação para voyeurs especiais interessados na beleza das astronautas, parece-me (de vez em quando, sabe bem ser maquiavélico).

Portuguese artists at the 30th International Festival of Comics and Games in Lodz: A mais recente edição deste festival polaco de banda desenhada contou com uma forte presença de artistas e projetos portugueses.

LA’s ultimate horror movie filming locations map: Um guia turístico para cinéfilos com gostos tenebrosos, a arquitetura dos filmes de terror que são na verdade habitações do dia a dia.

One Hero, No Tomorrow: The Post-Apocalyptic Films of Cirio H. Santiago: Confesso algumas saudades destas cinematografias exploitation, agora que vivemos na era onde as culturas de género se dedicam à referencialidade e já poucos se dão ao trabalho de fazer filmes assumidamente maus. Há uma certa inocência neste cinema a metro, ultra low budget e very high (provavelmente, até mesmo em substâncias) shlock.


Vincent Di Fate: As visões que formaram o meu gosto pela ficção científica.

O leite da via láctea. Manuel Zimbro (Sistema Solar): Não quero ser mauzinho, mas suspeito que vale mais ler esta crítica, recheada de intersecções entre arte erudita e banda desenhada, do que a obra em si, que me pareceu mais exercício de estilo vindo de um artista a experimentar meios de expressão do que uma obra de BD completa. Posso estar enganado, se alguma vez der com este livro (caso seja mesmo editado e não objeto de exposição em galeria), logo vejo. Já a crítica, sublinho, vale a pena ler.

O QUE AINDA NÃO SABIAS SOBRE DRÁCULA, SUPER-HOMEM E OUTROS MONSTROS FABULOSOS: Confesso que peguei neste livro do Alberto Manguel mal o apanhei nas livrarias, porque premissa irresistível. Ensaios literários sobre criaturas de ficção, escritos por um bibliófilo de erudição extrema (o seu dicionário de locais imaginários é um livro obrigatório para qualquer geek que se preze, e queira ultrapassar a medianiedade dos universos televisivos e cinematográficos). O artigo da Estante não vai tão fundo, mas é uma razoável apresentação a ajudar a despertar a curiosidade.

Long Read: A Great Big Doomsday Clock/DC Comics Conspiracy Theory: Isto é um mergulho talvez demasiado profundo nas possíveis intenções de Geoff Johns com o seu pastiche de Alan Moore, a tentar integrar as personagens de Watchmen na continuidade principal da DC.


Alien concept art by H. R. Giger: Houve um ciclo perfeito de retroalimentação entre o artista e o filme. As suas visões definiram o filme, mesmo nas sequelas e prequelas, que mesmo que tentem não conseguem fugir ao seu visual profundamente alienígena. E Alien lançou a carreira de Giger, embora ele já fosse um artista estabelecido, o alcance global da sua fama deve-se ao impacto do filme.

In This Trailer for BBC's War of the Worlds, There's a Lot to Be Concerned About: Uma adaptação da Guerra dos Mundos fiel à época do romance? Shut up and take my money. Com tantas voltas que esta história marcante levou, entre a adaptação rádio de Orson Welles, o filme icónico dos anos 50, ou a dura visão contemporânea de Spielberg (todas se recomendem, apesar da de Spielberg desagradar aos puristas), creio que nenhuma retrata a época do conto. A história original passa-se numa Inglaterra no auge do seu poderio imperial, depressa colocada de joelhos pelo poderio militar mais avançado dos marcianos. Tal como fazia aos países que colonizou e transformaram o Reino Unido na grande potência global. H. G. Wells assentava a sua ficção científica num firme sentido histórico, que não fugia de visões críticas. Talvez esta série da BBC consiga, finalmente, trazer essa visão para o ecrã.



Tecnologia


Portugal’s navy reveals “tech guerrilla” unit creating tech toys that kill: Daquelas notícias que os media portugueses, avessos a qualquer ciência e tecnologia que não seja o gadget da moda, ignoram. A Marinha portuguesa tem uma unidade dedicada à investigação de computação, automação e robótica aplicada à defesa, que tem apresentado resultados interessantes no domínio dos rov militares com capacidade ofensiva.

From Pocket Computers to Palmtops: An Early History of Mobile Telecomputing: Comecei a usar computadores nos tempos dos pesados desktop com ecrãs CRT (mas já a correr windows 95, não sou assim tão ancião), e sempre me perguntei porque é que a computação era tão fixa e não móvel como na ficção científica. Claro está que mal pude, adquiri o meu primeiro palmtop, um PDA da Palm com uns gloriosos 1mb de memória, e no fundo as incipientes funcionalidades do que hoje é a computação móvel em tablet e smartphone (sempre quis ter um Nokia Communicator, mas o salário de professor nunca permitiu essas veleidades). Hoje, faço de tudo no meu inseparável tablet, entre interagir em redes sociais, gerir fluxos de email, modelar em 3D e até mesmo escrever estes textos. Neste artigo, alguns dos primeiros computadores verdadeiramente de bolso, dispositivos que anteciparam a nossa era de mobilidade computacional.

The Tech Revolution Was Supposed To Be Fun. So What Happened?: De facto, é um paradoxo. A revolução digital tem bases libertárias, e sempre se assumiu como livre e contracultural, no entanto a sociedade hipercapitalista que gerou é tudo menos libertadora.

Artificial Intelligence Has Become A Tool For Classifying And Ranking People: A Forbes descobriu a pólvora. Entre sistemas de apoio à decisão de contratação e métricas de produtividade de funcionários, a inteligência artificial tem mostrado que é uma ferramenta essencial para catalogar indivíduos. Com todas as consequências negativas daí advindas para a nossa sociedade de liberdades e garantias. Ainda não é o modelo chinês de créditos sociais, mas quase que são elementos constituintes.

Lospec, a resource site for "digitally restrictive art": Devo dizer que o conceito é estimulante. Numa era em que as ferramentas digitais parecem capazes de atingir o ilimitado, procurar restrições pode ser um ato de criatividade.


Space shuttle concept art by Roy Gjertson for General Dynamics, circa 1971: Se o Elon Musk tivesse visto isto, se calhar a Spaceship da SpaceX teria um design diferente.

The birth and rise of Ethernet: A history: Mais do que o Wi-Fi, a rede Ethernet sustenta a conectividade das organizações (como observa, mordaz, o artigo, é o que liga os access points Wi-Fi à internet). Nasceu do trabalho de Bob Metcalfe no Xerox Parc (o berço de boa parte do mundo digital), e sobreviveu à competição com outros potenciais standards para se tornar dominante. Há que adorar a razão para o nome que tem, uma homenagem ao conceito de meio ubiquo que era o éter, substância que se julgava permear tudo até se provar a sua in existência. Ethernet significa mesmo isso, um permear eletrónico de informação que está à nossa volta.

3D printing community hit by LEGO takedown notices: Não há aqui grandes surpresas. A impressão 3D é a maior inimiga do modelo de negócio da Lego, e desde que me lembro tem sido usada para desenvolver alternativas às peças, quer versões das mais caras, quer peças específicas, quer peças capazes de interconectar diferentes sistemas (entre Lego e Meccano, por exemplo). Se o brick clássico é considerado domínio público, as peças compostas não o são e é por aí que a multinacional dinamarquesa ataca. Nalguns casos, de forma plenamente justificada, noutros, fazendo desaparecer o trabalho de Makers e fãs que se inspiram na estética lego para as suas criações.

MIT creates blackest black that is darker than Vantablack: O famoso pigmento super negro só absorve 99% da luz recebida. O criado pelo MIT, chega aos 99,995%. É negro puro, causado pela ausência de luz (em bom rigor, absorção quase total). A tecnologia que permite esta negritude absoluta baseia-se no alinhamento vertical de nanotubos de carbono.

Excavating AI The Politics of Images in Machine Learning Training Sets: A visão computacional depende da categorização e etiquetagem de milhões de imagens. E aqui reside um problema não técnico, mas ético. As escolhas de categorias e etiquetas podem traduzir preconceitos e visões distorcidas. Usadas para treinar algoritmos que nos afetam no dia a dia, os problemas éticos levantados pela classificação deixam de ser académicos, passando a afetar vidas.

The Coming Age of Imaginative Machines: If you aren't following the rise of synthetic media, the 2020s will hit you like a digital blitzkrieg: Como em, a produção de texto, imagem e vídeo por redes neuronais e outros tipos de algoritmos de Inteligência Artificial vai-se tornar a norma e não a exceção. O nosso mundo de ideias, mediado por media digitais cada vez mais automatizados, irá sofrer impactos que hoje começamos a descortinar.

THE BOUNDARY BETWEEN OUR BODIES AND OUR TECH: Vivemos num fluxo contínuo entre o real e o virtual, as nossas trocas de informação através do digital são extensões do nosso ser, parte fundamental da nossa individualidade. A ideia em si não é nova, tem uma linha direta com a teoria das tecnologias como extensão das capacidades humanas. Mas há um elemento adicional. Essas interações são filtradas por algoritmos, não somos nós quem decide o que nos aparece nas linhas de tempo e cronologias de publicações através das quais interagimos com outros. Colocar-se a questão do e se esses algoritmos, fundamentados na necessidade de filtrar a enorme e crescente quantidade de informação, não estão deliberadamente a condicionar o que vemos de forma a modificar os nossos comportamentos e percepções.

Before the internet broke my attention span I read books compulsively. Now, it takes willpower: I can relate. Mas não diria que se trata de um estilhaçar da capacidade de focar a atenção, antes o impulso da curiosidade alimentada pela incessante torrente digital, combinada com  a vontade de interagir e participar no rio de discurso. Entre as exigências profissionais e o estímulo digital, diria que o que realmente complica a coisa é a sensação de falta de tempo.

Mundo Contemporâneo


Radar Offline: Abandoned Secret Soviet Base In Latvia: Quando a exploração urbana e os vestígios da guerra fria se cruzam.

In praise of cultural elitism: Pessoalmente não partilho da opinião do articulista, que gostaria de regressar aos bons velhos tempos do snobismo cultural. Por outro lado, a ideia das culture wars como lutas de afirmação de gostos parece sedutora. Hoje, a discussão cultural está demasiado reduzida à polarização extrema, onde as ideologias se sobrepõem à real qualidade das obras. E se tenta censurar ativamente, em nome da liberdade (ah, como Orwell nos ensinou tão bem a apreciar esta negra ironia), aqueles que tenham violado normas sociais e culturais. Dois exemplos recentes no campo da Ficção Científica: o escândalo prémio Campbell, e as recentes (e muito patéticas) declarações de Dan Simmons sobre Greta Thurnberg, que vão ter como efeito o boicote à sua obra, independentemente da qualidade literária.


Beautiful Books, Terrible Times: The Free Expression of Soviet Children’s Lit: Os primeiros tempos da União Soviética foram terríveis, entre guerra civil, fome, atrocidades e posteriormente as depurações ideológica do regime. No entanto, mesmo nesses tempos negros fazia-se literatura infantil, e com um espaço de expressão surpreendentemente livre. Talvez porque, como observa o artigo, este tipo de literatura não é para ser levada a sério, e por isso não punha em perigo dogmas ideológicos. Visualmente, são muito interessantes, num registo moderno e arrojado de inspiração futurista (o movimento artístico), o mesmo tipo de experimentalismo visual que os comissários da cultura depressa se apressaram a esmagar a favor do estéril realismo de retrato das glórias do regime.

Dining with Stalin: Há um fascínio perverso num livro académico dedicado aos banquetes de Estaline. Eventos luxuosos, onde o favorito de um dia que se sentava ao lado do ditador podia estar no dia seguinte preso no Lubianka ou executado sumariamente.


China Unveils A New Supersonic Spy Drone During Massive Military Parade In Beijing. And Here’s Our Analysis: Shanzai D21? Na era dos satélites um drone hipersónico parece algo vagamente retro, mas num campo de batalha de alta intensidade é capaz de ser muito útil.

China’s Path Forward Is Getting Bumpy: As agruras da nova rota da seda, esse imenso investimento global chinês em infraestrutura um pouco por todo o planeta. Um toque de soft power, aposta em rotas comerciais novas e milenares, mas também em zonas do planeta onde a modernidade passou ao lado.


Final Eurofighter Typhoon delivered to the Royal Air Force: Não resisto. Se o Brexit for em frente, e os lunáticos que chegaram ao poder no Reino Unido conseguirem transformar o país na sua terra de sonho (provavelmente uma espécie de ditadura populista algo similar à distopia de V for Vendetta - mais a do filme que a do livro), a RAF terá de mudar o nome à sua frota de Eurofighters? Porque fica mal a referência a um projeto de cooperação europeu que deu excelentes resultados em tecnologia avançada?

Chinese drones hunt Turkish drones in Libya air war: Há que apreciar esta globalização do armamento automatizado. Adicionem algoritmos de IA e a notória falta de ética dos regimes turco e chinês, e ainda teremos a Líbia como precursora do uso de armas autónomas em combate. Mas para já, o notável é a forma como as milícias em combate no lamaçal líbio usam drones, descartando armamento convencional mais complexo. Para quê aviões, caros de manter e a requerer pilotos, quando drones baratos fazem o serviço?

The Man Who Went to War With Canada: Uma história do fascínio por desoladas terras remotas, no caso uma ilha deserta ao largo da Nova Inglaterra, e de resquícios bizarros onde a geografia, história e política geraram verdadeiras terras de ninguém. Ou, no caso desta, uma ilha de soberania disputada entre americanos e canadianos há séculos, mas à qual nenhum governo dá qualquer importância. E figuras locais larger than life que exploram estes vácuos geográficos.


These Are The Best Images Of Royal Australian Air Force Aircraft Flying Over Brisbane For Sunsuper Riverfire 2019: Imagens de caças de combate a voar por entre prédios são geralmente típicas e filme, exceto neste caso. A RAAF tem a tradição de participar num festival em Brisbane, de uma forma decididamente destemida.