quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Nameless


Grant Morrison, Chris Burnham (2016). Nameless. Portland: Image Comics.

Um ocultista é contratado por um multimilionário para um projeto secreto: salvar a humanidade do iminente impacto de um asteróide. Não é o tipo de trabalho que deveria envolver investigadores do oculto, mas este corpo celeste não normal. Fragmento de um planeta desaparecido, é o resquício de uma guerra tirânica travada há milhões de anos atrás pelos habitantes de um planeta de ciência avançada e os tenebrosos perigos que despertaram quando a sua ciência abriu a porta para outro universo. Uma guerra ganha com o seu sacrifício terminal. Mas resta um artefacto desses tempos, uma prisão que oculta uma entidade alienígena malévola. É esse o artefacto que se dirige ao nosso planeta. E, no seu interior, a entidade que nós conhecemos como Deus começa a influenciar quem vive na terra. O ocultista não é estranho a horrores, mas o contacto com o demiurgo alienígena que a nossa memória como espécie transmuta como Deus irá revelar-lhe novas profundezas de horror. E não ajuda quando a missão espacial secreta que integra, ostensivamente para observar o artefacto e detonar mísseis que lhe desviem a trajetória, destina-se na verdade a abrir a prisão milenar e soltar a entidade nela aprisionada.

Este resumo linear não faz justiça à insanidade que é este comic de Grant Morrison. Os mitos ocultos e as iconografias esotéricas colidem numa história visceral, que faz empalidecer pelo nível de violência gráfica a que chega. É um delírio implacável, intenso, cheio de referências esotéricas transmutadas pelo imaginário de Morrison. Liberto dos constrangimentos dos comics mainstream, este autor consegue ser por vezes brilhante, outras roça o incompreensível. Nameless está claramente no primeiro campo.