The Comic That Explains Where Joker Went Wrong: Confesso que me considero conhecedor acima da média do mundo dos comics, mas não sabia que Alan Moore tinha acabado por rejeitar o trabalho que fez com Brian Bolland em Killing Joke, uma das histórias seminais de Joker e também uma das bases do recente filme homónimo. Onde Bolland é creditado, mas não Moore, que abomina as adaptações para cinema do seu trabalho (onde realmente não tem tido muita sorte, só Watchmen é um filme minimamente fiel à obra original - V for Vendetta está cheio de calinadas, e de The League of Extraordinary Gentleman é melhor nem falar, por ser tão mau). O que marcou este comic foi a transformação do palhaço sociopata numa personagem com profundidade emocional, explicando o porquê de Joker ser como é. Se bem que o que ficou dessa leitura foi o seu final, onde depois de uma história violenta, Batman se ri de uma piada de Joker, mostrando aquilo que todos sabemos, estes inimigos são inseparáveis.
Alfred Kelsner: Definitivamente, um ovni impressionante.
Sweet Wind 03: Mais uma leitura da nova banda desenhada portuguesa, um webcomic editado pela Gorila Sentado (sim, é mesmo um nome de editora, e porque não?).
Special Effects Demo Reel for Star Trek The Motion Picture: O que se fazia com matte painting, miniaturas e iluminação.
"Why so serious?" - Las películas de DC, ordenadas de más a menos serias: O universo cinematográfico da DC distingue-se do da Marvel pela opção pelo Grimdark. Os filmes da DC são sempre trágicos, tenebrosos, com paletas de cor saturadas e escuras. Mesmo quando usam personagens, como Superman, em que isso não funciona de todo. Este tom trágico não lhes rendeu um sucesso equivalente ao da Marvel. O mais recente Joker leva o grimdark a trevas ainda mais profundas. E fica no ar a questão: porquê tanta seriedade? Especialmente quando se sabe que é algo que assenta como uma luva em Batman, de raiz um personagem negro, mas não aos seus restantes personagens?
The Trailer for the Fourth Season of The Expanse Asks Hard Questions About Space Colonization: A próxima temporada de The Expanse vai seguir o livro que menos gostei da série, porque se focou numa aventura num novo planeta a ser colonizado e deixou de parte todo o fantástico enredo das facções da humanidade no espaço. No entanto, esta série é sempre boa.
What Ever Happened to Steampunk?: Anunciar a morte do Steampunk talvez seja prematuro. Continua a haver criadores e fãs deste sub género de estética marcante. O que é claro é que a onda Steampunk como cultura popular já se extinguiu. Como é natural. Em parte, por ser um movimento essencialmente estético, apesar de nos ter legado alguns livros marcantes. A estética sobrevive, praticada por comunidades de fãs - por cá, a Liga Steampunk mantém aceso o estilo steam, e a edição anual do Almanaque Steampunk é um desafio contínuo aos escritores para se inspirarem num passado futurista que nunca aconteceu.
Martin Scorsese arremete contra Marvel: "eso no es cine. Son como un parque de diversiones": Sim, e depois? O debate não é novo, é a velha dicotomia entre arte erudita e popular. Claro que um filme profundo de autor não se equipara a um filme pop comercial, mas a questão aqui é que para quem vê, tanto se pode apreciar um como o outro. Sem pretensões, um filme pop são 90 minutos de entretenimento, enquanto a obra de autor perdura e pode modificar a forma como pensamos. Isto é como as dietas. Querem-se diversas, não monótonas.
Jodorowsky's Dune (2014) - HD Trailer: O mundo dos fãs de ficção científica tem algumas cisões profundas. Há o Star Trek Vs. Star Wars. E há os que admiram profundamente a adaptação cinematográfica de Dune por David Lynch, e os que a odeiam por a considerarem demasiado afastada da visão da série de livros (e, de facto, Lynch levou a sensibilidade de Dune a níveis que Frank Herbert nunca seria capaz de chegar) (já perceberam de que lado desta barricada estou, não perceberam?). Suspeito que estes segundos iriam odiar ainda mais se o filme tivesse sido feito como originalmente planeado, com um argmento insano do mexicano Alejandro Jodorowsky (se nunca viram Santa Sangre, a vossa cinefilia é deficitária), e contribuições visuais de Chris Foss, H.R. Giger e Moebius, entre outros. Por muito bizarro que o Dune de Lych nos pareça, é uma pálida visão do que poderia ser nas mãos de Jodorowsky, que graças ao forte conservadorismo estético de boa parte do fandom de ficção científica, teria ganho o estatuto de realizador mais odiado por muitos e amado por poucos, campo que hoje é ocupado ex-aequo por Lynch graças a Dune e Kubrick, cujo 2001 foi odiado por Clarke, autor do conto em que se baseia o filme, e do livro que foi escrito em simultâneo.
Apocryphus – Sci-Fi: Desde a apresentação da primeira edição deste magnífico projeto de banda desenhada portuguesa que vou perguntando ao autor um "e para quando uma edição dedicada à ficção científica?". Este foi o ano. Das Apocryphus, podemos sempre esperar um trabalho narrativo e gráfico por parte de talentosos autores portugueses. Lançado no Fórum Fantástico, já está na minha lista de leituras.
Dune sand worms. Art by John Schoenherr x 2, John Berkey, HR Giger: Shai-hulud, disseram?
Lançamento: Batman - O regresso do Cavaleiro das Trevas: Uma verdadeira prenda para os leitores portugueses de banda desenhada. Este é uma das mais importantes histórias de Batman, das melhores obras escritas e ilustradas por Frank Miller.
Sometimes Bruce Wayne, Sometimes Batman. Alltimes Orphan: Há uns tempos atrás, foi criado um bot literário treinado com mil horas de filmes de Batman. Os resultados foram, como já é habitual nestas coisas da inteligência artificial, completamente surreais. Agora, foram adaptados a banda desenhada.
Comic Book Cartography: O local ideal para nos perdermos nas geografias fantásticas dos mundos imaginários dos comics.
Tecnologia
Our future with robots: Sim, eles estão entre nós. Não há fuga possível.
The Martian Bases Of The Future May Be 3D Printed From Regolith And Ice: Conceitos para futuros habitats marcianos, usando materiais locais e impressão 3D para construir abrigos para os exploradores humanos no planeta vermelho.
Hong Kong bans makeup and masks so facial recognition cameras can identify protesters: Não prestamos atenção devida ao que se está a passar em Hong Kong, varrida por uma onda de protestos contra o governo chinês que dura há semanas. Um momento notável por diversas razões. Pelo constrangimento do governo chinês, que noutras cidades não hesitaria a esmagar os protestos com tanques, mas aqui não o faz; pela impassibilidade do protesto, porque Beijing nunca irá ceder à vontade democrática dos chineses de Hong Kong, se o fizer, corre o risco de contaminação à escala de todo o país; e, do ponto de vista tecnológico, por ser um conflito entre cidadãos e um regime conhecido pelo uso que faz das tecnologias de hipervigilância. Os protestantes usam máscara porque sabem que a combinação de câmaras com inteligência artificial na China é tão pervasiva, que não há fuga possível ao seu reconhecimento facial se não tomarem medidas de camuflagem urbana.
Ictíneo II: el primer submarino con motor a vapor fue español y salió del puerto de Barcelona: Uma história perdida da história da ciência e tecnologia, um submarino a vapor construido em Espanha que precedeu em décadas o desenvolvimento destas tecnologias.
China car startup dodges Trump tariffs with AI and 3D printing: A história no imediato é sobre como se torneiam sanções económicas com recurso à tecnologia. Mas a verdadeira história é o do potencial da fabricação digital para quebrar as cadeias de comércio global. Afinal, esta empresa chinesa de automóveis não precisa de navios para exportar os seus produtos. Envia para fábricas noutros países os ficheiros 3D, que serão impressos localmente.
NASA art by Rick Guidice, Martin Hoffman, John Solie, and Ren Wicks: Cenas old school.
How Libraries Are Bridging the Digital Divide: Promoção da literacia, hoje, já não se resume à leitura. Há o enorme campo da literacia digital, e as bibliotecas têm sabido adaptar-se e fornecer acesso aos seus utentes a vertentes aparentemente distantes da biblioteca clássica como fabricação digital e serviços digitais.
College Students Just Want Normal Libraries: Por outro lado, complementando e não contrariando o artigo anterior, o verdadeiro foco das bibliotecas é o acesso à informação. Se a adoção de novas literacias, espaços maker, fabricação digital, se tornam o centro do espaço bibliotecário, talvez quem alinhe nestas modas não perceba o que é que é verdadeiramente importante numa biblioteca.
Astronauts bioprint beef in space for the first time: Espaço, a próxima fronteira do hamburguer. Piadas à parte, esta experiência de impressão 3D de comida é interessante. Desenvolveu metodologias de impressão de biomaterial em gravidade zero, e mostra um caminho para alargar a dieta de astronautas em missões de longa duração. E, hey, spaceburguer dá um excelente meme.
The biggest threat of deepfakes isn’t the deepfakes themselves: Na verdade, apesar do perigo potencial dos deepfakes, para criar propaganda enviesada no mundo digital bastam simples imagens e frases que apelam aos preconceitos. O real problema dos deepfakes está na perda de confiança na imagem digital. Em suma, não conseguimos garantir que o que vemos no ecrã é real ou artificial. Basta a semente da dúvida para minar a confiança.
Computer historians crack passwords of Unix's early pioneers: Ah, aqueles velhos tempos em que usar o nome como palavra passe ainda não era um convite a ser hackeado. É talvez o que faz sorrir nesta história, o ver quão prosaicas são as palavras-passe destes pais do mundo da computação.
The Overlooked Benefits of Teaching Kids to Code: O artigo pode ser resumido a duas palavras, pensamento computacional. Ensinar as crianças a programar não é treiná-las em linguagens de programação, mas sim levá-las a apropriar-se da tecnologia, desenvolvendo competências avançadas de resolução de problemas e colaboração, entre outras. Claro, isto depende da forma como se usa a aprendizagem de programação com as crianças.
Un padre descarga e imprime en 3D un Lamborghini para su hijo que es fan de 'Forza': la broma de 'The IT Crowd' se vuelve realidad: Bem, a tecnologia é assim, afinal dá para fazer download de um carro. Diga-se em abono da verdade que é preciso ter grandes e boas impressoras, capacidade mecânica, chassis e motores de carros (qualquer chaço velho dá).
In The Skies Of Eastern Oregon, An Autonomous Robo Taxi Takes Flight: Os drones de transporte autónomos da Airbus estão mais próximos de chegar ao grande público.
Life with the Samsung Galaxy Fold: Uma análise profunda ao uso do telefone dobrável, um equipamento que sublinha a nossa necessidade de mobilidade, mas também de ecrãs de razoáveis dimensões para expandir o uso de dispositivos móveis.
Modernidade
We Are the Mutants: Las Vegas em 1987? Não é destino que me atraia, mas acho que nem hoje é assim. Delícias do retrofuturismo.
Why Are Plastic Army Men Still from World War II?: Confessem lá, nunca souberam que precisavam de saber isto, e agora ficaram mais recheados de cultura inútil. Mas divertida. O porquê dos soldadinhos de plástico terem ar de II guerra tem a ver com moldes antigos, ressurgimento do brinquedo por nostalgia, e preguiça dos fabricantes em renovar um tipo de objeto tão banal.
The First Smartphone War: A batalha de Mosul marcou um ponto de viragem na documentação da guerra, onde todos, soldados, insurgentes, civis, tinham consigo telemóveis e usavam as suas câmaras. A guerra crua, um imenso documento fragmentado em milhões de imagens pessoais. É o culminar de uma tendência de registo cru do campo de batalha, com raízes nas assustadoras visões da guerra de Goya (a primeira vez na história que os retratos marciais mostraram a violência pura), e que se intensificou com a invenção da fotografia. Toda a guerra contra o estado islâmico teve na imagem um fortíssimo campo de batalha, entre a fotografia vernacular dos envolvidos, as imagens sangrentas da decapitação da vítimas dos terroristas, e a propaganda de enorme riqueza visual dos terroristas.
Time for a New Liberation?: Aviso a navegação, este ensaio é longo. Mas vale bem a pena ser lido. Mostra-nos os perigosos caminhos onde a europa de leste se anda a meter, no seu flirt com os populismos autocráticos (aka fascismo sem uniformes e braços erguidos) que está a varrer a zona. A Hungria é o caso mais notório, que é um país da UE sem democracia funcional, mas o retrocesso também é notório na Polónia e na República Checa. Algo que se explica, em parte, pelas feridas aberta durante a queda do império soviético e transição destes países de satélites da URSS para democracias com economia de mercado; e, em parte, pela sensação que apesar de todos os esforços levados a cabo pelos leste-europeus para se integrarem na Europa, ainda continuam a ser visto como os bárbaros a leste.
Lisboa e o livro: singularidades de uma relação: Sabemos que Lisboa é uma cidade sitiada pela economia do turismo, que está a gentrificar as zonas tradicionais, expulsando de lá os seus habitantes e negócios tradicionais - aquilo que lhes confere a essência que os visitantes apreciam, para abertura de alojamentos e negócios de caça-níqueis ao turista. Os impactos são profundos, medem-se na descaracterização de uma cidade que se transforma em parque temático. E no nicho das livrarias, o efeito é ainda mais absurdo. Enquanto se anunciam apostas na leitura e reconhecimento do papel das livrarias oficiais, estas fecham a torto e a direito, incapazes de suportar o peso súbito de rendas que aumentam sem controlo. Eu também recordo os tempos em que no Chiado e Baixa havia muito mais livrarias do que a Fnac e a Bertrand. Se o turismo é parte importante da nossa economia, e em minha opinião um direito legítimo, porque é uma forma de conhecer outras geografias, outras culturas, há que perguntar se este oportunismo selvático é mesmo o que queremos para a nossa cidade, e até para a sustentabilidade do turismo a médio e longo prazo. É que aos parques temáticos só se vai uma vez. As cidades de cultura vibrante convidam sempre ao regresso.
How to Read “Gilgamesh”: Primeira grande narrativa da história, protótipica dos action heros e grandes heróis, também uma história de horrores, liberdade e amizade. Um poema épico perdido durante milénios, redescoberto com o decifrar dos alfabetos mesopotamicos, mas que deixou traços nas mitologias dos povos que sucederam aos assírios e babilónios (por exemplo, o relato bíblico do grande dilúvio claramente teve a sua origem neste poema épico). Uma leitura imprescindível para se conhecer o património literário global.
The Exquisite Boredom of Spacewalking: É, talvez, o problema da exploração espacial, a banalidade e normalidade de algo que é em si excitante e fantástico.
Besides his outstanding role in space exploration, #Leonov was a talented artist, and first man to paint in space. May he rest in peace.: Não queria anotar aqui o falecimento do cosmonauta Alexei Leonov, mas descobrir que além de ir ao espaço, também foi pintor, torna irresistível a nota.
Free trade zones: a Pandora’s box for illicit money: É cada vez mais óbvio para todos que a economia das zonas francas é danosa para o sistema global. Entre a fuga legal a impostos que a incorporação nestas zonas permitem e a lavagem de dinheiro do crime, todos ficamos a perder.
Why You Never See Your Friends Anymore: O pormenor intrigante deste artigo, é descobrir uma experiência de reorganização soviética do calendário que abolia as pausas de fim de semana e distribuía a população em categorias, cada qual com o seu dia de pausa laboral. Não funcionou, pela forma como atropelou relações humanas, separou casais, e retirou tempo livre comum. No entanto, as nossas rotinas e ritmos acelerados do mundo contemporâneo estão a ter efeito similar ao desta malfadada experiência.
Lost chapter of world's first novel found in Japanese storeroom: É sempre fascinante quando estas descobertas surgem. Aprofunda aqueles textos verdadeiramente milenares que formam o substrato cultural global.
There's an Automation Crisis Underway Right Now, It's Just Mostly Invisible: Os impactos da automação no mundo laboral já se estão a fazer sentir, mas não da forma como seguem as previsões de robots que roubam empregos. Simplesmente, as empresas automatizam processos e sistemas de produção, e com isso ou levam à extinção de postos de trabalho, ou à não criação de novos postos.
A Ilusão do Powerpoint e a Oralidade vs. Escrita: O foco na apresentação esquece, a maior parte das vezes, que esta é uma ferramenta de apoio à comunicação oral. Não é a comunicação em si, nem serve para espelhar as palavras do comunicador. Até porque, sem o registo oral, sem o fio condutor, grande parte das apresentações nem fazem sentido.