quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Snow, Glasses, Apples.
Neil Gaiman, Colleen Doran (2019). Snow, Glass, Apples. Milwaukie: Dark Horse.
Neil Gaiman recriou a clássica história da branca de neve com um ponto de vista muito diferente do habitual. E se o mal estivesse na Branca de Neve e não na rainha malvada? É essa a premissa deste recontar de uma história bem conhecida, onde a branca de neve é uma perigosa vampira, e a rainha a única que, usando o ardil das maças envenenadas, a consegue travar até o príncipe, que tem tendências necrófilas, se apaixonar pela frieza da morta-viva. O que ele faz aos sete anões é a total inversão da estética Disney a que estamos habituados. A história toca no macabro, no erótico e no desvirtuar da estrutura narrativa clássica. É Gaiman a fazer o que faz melhor, contar histórias.
No entanto, apesar de ser fã de Gaiman, é um escritor algo repetitivo nos seus padrões narrativos. Interessante e com uma excelente prosa, mas algo limitativo nos seus temas. O que dá vida a esta adaptação para banda desenhada do seu conto é o traço de Colleen Doran. Inspira-se na iconografia clássica dos contos de fadas ilustrados por Harry Clarke para insuflar o conto com uma estética visual assombrosa.