domingo, 28 de abril de 2019

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No, It’s Not Photoshop: This Incredible Photo from The LIMA 19 Airshow is Real!: E se fosse photoshop, não seria grande coisa. Mas é difícil acreditar que um momento destes aconteceu. Na verdade, há aqui alguma distorção perspética advinda do tipo de lente utilizado.

"CONSTRUCTIVIST PEDAGOGY IS LIKE A ZOMBIE THAT REFUSES TO DIE”: Como professor ligado à inovação, especialmente usando tecnologias, e fã das teorias construtivistas e de aprendizagem social, dou por mim a concordar com a visão crítica deste grumpy old man que vai contra as tendências e modas da pedagogia e educação. Mas é destas visões críticas que precisamos, para nos recordar que aprender não é um estado binário, um ligar/desligar, mas uma gama de diferentes situações que se complementam. De facto, sem ter conhecimentos de base, não se pode construir a tal criatividade e sentido crítico que as pedagogias tidas como mais inovadoras se dizem ser excelentes a estimular; quando estamos a introduzir alguém a aprender algo novo, temos de os guiar e iniciar, não esperar que cheguem lá por eles próprios, e nisso, a forma mais eficiente é aquela que é tão criticada, a transmissão tradicional. É especialmente acutilante na forma como critica a visão o professor não precisa de ensinar, os alunos podem ir ao Google onde têm mais informação do que aquela que o professor consegue transmitir. Sim, e como validar a qualidade dessa informação, ou sequer compreendê-la sem bases que sustentem o raciocínio? Mas é de notar que esta visão crítica não é uma defesa do regresso ao ensino puramente instrucional do passado. Fala mais da importância das neurociências, da forma como hoje conhecemos o cérebro e a suas funções, e o seu papel na pedagogia. E sublinha o papel de metodologias mistas, que partem da instrução elementar para construção de conhecimento em trabalho autónomo. Na verdade, qualquer professor competente e com sentido crítico sabe que é mesmo assim, que aplicar como zelota uma visão única sobre aprendizagem não só não é eficaz como é contraproducente. E inovar não implica rejeitar o que está para trás e se sabe que funciona (menos nos contextos da flexibilidade curricular, onde ter a ousadia de falar nisto é heresia de lesa-majestade, ou melhor, lesa-senhor-secretário de estado) (e só o ouvir a defesa destas vertentes porque é como o senhor secretário de estado diz já devia fazer piscar todos os alarmes de sentido crítico na mente dos professores, mas não é isso que vejo sempre que me cruzo com os impulsionadores da flexibilidade, é até o contrário - um zelo da defesa da sua forma de trabalhar, uma certeza inabalável que aquela é a forma certa e única de fazer as coisas, um desprezo implícito por aqueles que não trabalham da mesma forma, como se fossem piores profissionais).

Pilot Wearing “Maverick” Helmet Flew Through The Star Wars Canyon During “Top Gun” Sequel Filming: Ok, confesso, Top Gun é um dos meus prazeres culposos. Não pela história, que é uma treta sacarina romantico-militarista, essencialmente um longo discurso de recrutamento. Mas pelas cenas aéreas, que ainda hoje continuam a ser do melhor que já se fez em cinema. Só conheço outro filme que o suplanta na forma como retrata a poética destas aeronaves em voo (ok, isto é mesmo coisa de geek da aviação): Les Chevaliers du Ciel, um filme francês com argumento tão pateta quanto o clássico dos anos 80, mas com uma fotografia aérea deslumbrante.


The Unexpected Relevance of Medieval Monsters: Uma visita aos monstros medievais, criaturas míticas que estimulavam a imaginação e que, em muitos casos, apenas traduziam interpretações sobre animais reais mas ainda não conhecidos.

A Analfabeta: Um insight intrigante sobre formatações culturais, enviesamentos, e alterações comportamentais induzidas pela exposição a artefatos culturais que normalizam comportamentos: "dou por mim a pensar em Portugal em 2019, e nas salas de cinema espalhadas pelas dezenas de shoppings nacionais, e em 99% dos ecrãs em que passam apenas filmes em inglês, professando, doutrinando tal qual Estaline fez, os hábitos e comportamentos dos portugueses com os valores dos EUA. E ligo o rádio, onde quem canta continua a fazê-lo em inglês, para depois ligar a televisão e abrir o Netflix, e continuar a ouvir inglês, e a ser invadido por problemas culturais que não são os meus, mas é como se fossem. E quando falo com as pessoas próximas, e recomendo um filme europeu, dizem-me, "não, obrigado, não gosto de ver cinema que não seja falado em inglês"! Agota passou a sua infância com uma fotografia a cores de Estaline no bolso, e nós?" O cerne da questão não está na propaganda estalinista vs, cultura ocidental, mas na forma como, sem nos apercebermos, as nossas culturas individuais se esbatem perante uma influência cultural normalizadora vinda do exterior. Passamos a identificar-nos e a interiorizar estilos, ideias, que não são nossas, vieram de fontes e culturas externas, modificando no processo o nosso próprio substrato cultural.

Un paseo matemático por la Alhambra: cuando el arte se basa en los números: A intricada arquitetura mourisca do Alhambra, em Granada, é mais do que um vestígio da ibéria islâmica. É um mostruário de matemática aplicada à abstração artística. Padrões geométricos, pavimentações, proporções douradas. O que causa deleite ao olhar tem bases muito rigorosas.

The Underground Railroad of North Korea: Um relato por vezes arrepiante da dificuldade de retirar cidadãos norte-coreanos de um país sufocante.

Codecademy vs. The BBC Micro: Uma interessante história do BBC Micro, o primeiro projeto dedicado a estimular competências de computação para crianças e outros públicos generalizados. Com uma curiosa comparação com alguns dos muitos programas de hoje, que prometem muito no sentido de aprender a programar, mas que, segundo o autor, estão demasiado focados no aprender de síntaxes específicas e não no compreender mesmo o que é a computação. Por outro lado, digo eu, mero prof de TIC ligado a estas questões, há que começar por algum lado. Apesar de concordar com o ponto de vista. De facto, muitas das abordagens à programação e computação para crianças estão demasiado focadas nos aspetos visivelmente externos, do que na compreensão mais profunda.

Organisms Survived on the Outside of the Space Station: No espaço, ninguém consegue ouvir os nossos gritos... mas, aparentemente, se se for um microorganismo. o horror negro do vácuo orbital não é nenhum empecilho à vida.

Microsoft closes its e-book store (updated): Porque é que isto é relevante? Não pelo comentário ao mercado dos livros elétronicos. Ao decidir encerrar a sua experiência de venda de e-books, a Microsoft decidiu eliminar todos os livros comprados pelos clientes. Comparação possível: imaginem que a Bertrand encerrava atividade, e ia a casa de todos os seus clientes ir buscar os livros que lhes tinha vendido.

How Japan’s new imperial era broke the internet in a very tiny way: Sempre que o Japão muda de imperador, cria um novo termo para designar a era, e isso implica um novo caratere específico. Sendo a primeira vez que isto acontece na era digital, o padrão Unicode ainda não tem codificação para os carateres que designam a nova era Reiwa.


La gigantesca ilusión óptica para conmemorar los 30 años de la Pirámide del Museo del Louvre: Tenho visto esta imagem a circular por aí, mas não lhe tinha dado importância, pensava que era mais uma brincadeira com edição de imagem e ilusões de ótica.

Le 10 migliori storie di Dylan Dog scritte da Tiziano Sclavi: Escrito por Tiziano Sclavi, Dylan Dog é divinal. Esta lista de dez melhores aventuras do old boy escritas pelo seu criador acerta em cheio nalgumas que são as minhas escolhas incontornáveis, as histórias que me fizeram apaixonar-me pelo personagem. A erudição de Atrraverso Lo Specchio, a solidão de Memorie Dall'Invisible, o surrealismo de Golconda, e, claro, L'Alba dei Morti Viventi, a faísca onde se iniciaram as aventuras do indagatore dell'incubo.

Lua. 50 anos depois, o sonho continua vivo: Depois do Sapo, o Bit2Geeek republica o artigo onde Joana Neto Lima nos recorda que o sonho de ir à lua pode ter-se desvanecido, mas nunca desapareceu.

El Asombroso Spiderman: El peligro de las drogas: Pedro Cleto recorda, a partir de uma edição espanhola, um trabalho de Stan Lee onde o seu personagem clássico foi utilizado como meio de sensibilização para as problemáticas da toxicodependência.


The Strange Beauty of Salt Mines: A paisagem, reduzida a abstrações, e os mundos subterrâneos fascinantes cavados pelo homem.

Ghost World: Como é viver numa distopia Cyberpunk. Hipervigilância, reconhecimento facial, inteligência artificia, tudo armas usadas pelo governo chinês para infernizar a vida à minoria Uigur. Um texto brilhante, e arrepiante, sobre a extensão da vigilância tecnológica.

The Colors of Our Dreams: As histórias da história de uma cor, na recensão à reedição americana de Azul de Michel Pastoreau.

3D printed rocket maker Relativity signs contract with Telesat for launching LEO constellation: Confesso que apesar do meu entusiasmo sobre Impressão 3D e espaço, fiquei reticente sobre as reais capacidades da Relativity Space. No entanto, uma notícia destas reforça o potencial da tecnologia de manufatura aditiva na indústria aeroespacial. As empresas dedicadas aos satélites não são conhecidas por fazerem investimentos em tecnologias cujo potencial não é certo.

Counting the Many Ways the International Space Station Benefits Humanity: Ah, mas contar isso é muito simples. Basta dizer while true: awesome. Mas compreende-se que para o resto da humanidade, faz jeito pensar em utilidades mais tangíveis do que a awesomeness da exploração espacial. O que explica o livro, embora em boa forma da nasa, seja um PDF na era do html e epub...

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Lisboa Oculta - Guia Turístico


João Ventura, et al (2018). Lisboa Oculta - Guia Turístico. Lisboa: Imaginauta.

Devo dizer que me diverte a ideia de turistas incautos, calcorreando as ruas de Lisboa de telemóvel em punho, prontos a registar os fenómenos descritos neste livro. Subindo ao aqueduto das águas livres, assobiando em busca da sonoridade certa que irá fazer derrocar o arco maior. Olhando de soslaio na estação do Terreiro do Paço, à procura da porta com dois ferrolhos que dá acesso ao encarceramento de um certo Grande Ancião. Fugindo dos seguranças no Palácio Foz, esperando pela noite em busca da possibilidade de ser atendido no restaurante Abadia. Tentado escutar aqueles que se reúnem no jardim Jorge Luís Borges, para saber se já encontraram a entrada para a biblioteca de Babel. Procurando as assombrações no Instituto Superior Técnico ou nas Termas Romanas.

Estes são alguns dos deliciosos locais de interesse turístico que dão a inspiração para esta antologia da Imaginauta. A ideia clássica do sacarino guia turístico é aqui subvertida com a intrusão do fantástico, através de contos curtos. O livro sabe a pouco, mas é esse o objetivo, mais o de estimular o imaginário urbano que o explorar exaustivamente. Numa proposta intrigante, a Imaginauta criou uma edição bilingue, e esperemos que os turistas que eventualmente se deparem com este livro nas livrarias (talvez na cave mítica da Bertrand) percebam que estão não perante um guia turistico, mas um artefacto bem concebido e representativo do melhor que se faz na literatura fantástica portuguesa. O design gráfico, a cargo da Credo Quia Absurdum, escapa muito ao habitual neste tipo de edições.

domingo, 21 de abril de 2019

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Alma Heikkilä opens up our eyes to the invisible worlds we depend upon: Tecnologia e ciência combinadas com a sensibilidade artística. Neste projeto de uma artista finlandesa, está patente o fascínio com as intricacias da vida não humana que vive em simbiose com os nossos corpos. Biologia como abstração, o espaço interior dos microorganismos como uma parte fundamental do que nos torna nós próprios.

Brincando com a mente, Claude Shannon: Nelson Zagalo recorda um dos grandes nomes da ciência e tecnologia, muito justamente a par com Einstein e Turing. Se um é o pai da física moderna e o outro da computação, Shannon pode-se dizer que é o pai da informática. É a sua teoria da informação que  nos deu o enquadramento que sustenta toda a explosão tecnológica da sociedade da informação.

Want more Love, Death + Robots? Read these 17 short stories online: A série risquè  de FC da Netflix anda a fazer ondas, e o pessoal do The Verge recorda-nos de outras histórias de FC com potencial BYM (blow your mind, para os mais incautos).

Supernatural will end with its 15th season: Finalmente! Recordo que esta série me causou arrepios genuínos nas suas primeiras temporadas. Estava assim tão bem escrita e filmada. Mas como a premissa não dava para esticar, e o sucesso da série pedia-o, a coisa alastrou para grandes guerras entre céus e infernos, lutas de poder nos domínios luciferianos, e a convoluta história familiar dos irmãos Winchester (nessas fases, a minha favorita foi aquela em que anjos e demónios andavam às turras na Terra enquato deus se tinha pirado, indo para partes incertas, tornando toda aquelas lutas e dualidades sem significado). De vez em quando vejo algum episódio das temporadas mais recentes e a coisa é deprimente, o esvaziamento criativo é total, a técnica narrativa inexistente, e os atores desempenham os papéis com aquele ar de desleixo que demonstra o quão fartos estão daquilo.

A Secret Database of Child Abuse: Aquele outro escândalo sexual de pedofilia cometida por pessoas de moral acima de toda a suspeita. E com um contorno ainda mais maquiavélico: o registo de todos os casos conhecidos, mantendo a impunidade através de acordos extra-judiciais secretos.

Debunking AI Myths: The Importance of Creativity in AI: Não da IA como artificialmente criativa, mas nas formas como a usamos complementando e aumentado as capacidades humanas. Como refere o artigo, "creativity plays a huge factor in developing AI. While humans may need artificial intelligence to carry out tasks at rates and in ways we couldn’t, AI is dependent upon the human mind’s ability to craft use cases and applications the technology isn’t capable of envisioning. When we demonize AI, we downplay the importance of human creativity".

Um Mundo Sem Empregos?: A RTP colocou no RTPplay este documentário francês sobre o impacto da robótica e automação no mundo laboral. Mas é de sublinhar que o tom não é o de os robots vê roubar os empregos. O documentário é bem explícito em apontar o dedo ao capitalismo neoliberal. O problema não está na automação, que é inevitável e um inegável progresso. Está nas ideologias do capitalismo termina, que descartam o ser humano, que o vêem como uma variável de custos. É isso que temos de combater.


A Map of the Internet from May 1973: Ah, olhem, uma foto da internet quando era bebé! Tão pequenina, tão gira, e quem diria que viria a crescer tanto! Awww!

Mystery solved: why has a beach in France been blighted by washed-up parts for toy Garfield phones for more than 30 years?: Traços do antropocénico. Durante décadas, uma praia francesa parecia amaldiçoada por uma praga de telefones brinquedos. Recentemente, percebeu-se porquê. Um contentor afundado, que ao longo destes anos todos ia libertando a carga, ao sabor das marés.

Máquina do Tempo: Mandrake: Já não faço parte da geração que apreciou verdadeiramente este herói dos comics clássicos, mas não lhe retiro a importância.

Estive a Ler: O Periférico: O Notícias de Zallar atira-se à recente tradução portuguesa de uma das mais recentes obras de William Gibson. Que, refira-se, só existe porque há rumores de uma adaptação pela Netflix e a SdE é muito atenta a jogos de marketing.


El esclarecedor vídeo que busca demostrar que todos estamos tomando las mismas fotos en Instagram: Confesso, também sou culpado de tirar algumas fotos com a estética que este vídeo desmonta de forma brilhante. Pessoalmente, não pretendo ser influencer ou instagrammer de sucesso, apenas registo com a lente do telemóvel pequenos momentos, com a memória digital a complementar a cerebral. Mas dou razão a este vídeo. Os fluxos da partilha de imagens espartilham-nos em estéticas muito específicas, mais não seja porque ficamos condicionados a achar interessante apenas aquilo que vamos vendo nos feeds, que não nos expõem a outros tipos de estéticas precisamente porque são menos populares. É um ciclo de retroalimentação.

The big business of ruins: Porque é que a arquitetura envelhecida e decaída é fascinante?

The Cult of Homework: Pessoalmente, o que me irrita na eterna discussão dos trabalhos de casa é a carga de trabalho que impomos aos nossos alunos. Exigimos que passem oito a dez horas seguidas nas escolas, na maior parte com aulas expositivas, e em seguida ainda achamos normal que tenham de passar mais uma ou duas horas por dia a rever matérias. Melhor, fins de semana, férias e pausas são uma oportunidade para fazer ainda mais trabalhos. Se adotássemos horários de trabalho similares nos nossos empregos, com a obrigatoriedade de continuar a trabalhar no nosso tempo livre, reclamaríamos, e com razão. No entanto, é essa a gestão de tempo que exigimos dos nossos alunos, que são crianças, estão a crescer. E onde fica o tempo para socializar, auto-descoberta, leitura livre ou consumo de outros media, enfim, crescer e desenvolver uma individualidade? Já para não falar do efeito que isto tem de esmagar a curiosidade e tornar o aprender um fardo. Pessoalmente, acho que se me tivesse limitado a aprender apenas o que os meus professores achavam pertinente e importante, lido apenas os livros considerados educativos, e me limitado aos trabalhos de casa, hoje teria uma cultura vastamente inferior à que tenho, seria uma pessoa de horizontes muito limitados. Reparem, escrevo isto, e sou professor...

Face off – Cyclists not human enough for drivers: study: Vá, pronto, bem sei que é uma estafa ter de aguentar o carro a 20 km/h atrás de um ciclista, porque não se quer colocá-lo em risco numa ultrapassagem, e atrás de nós temos os típicos condutores irritados por causa do empecilho na estrada. Mas daí a achar que não são tão pessoas quanto nós... ok, algo me diz que na natureza humana, haja mesmo quem pense assim. Provavelmente os mesmos que acham que parar nas passadeiras quando estão a ser atravessadas por peões é opcional.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Tiamat's Wrath


James S. A. Corey (2019).  Tiamat's Wrath. Nova Iorque: Orbit Books.

Bolas, estou tramado. E agora, tenho de esperar mais um ano pelo próximo volume da série? Diga-se que apesar de ser fã desta que é das melhores space operas da atualidade, estava a ficar algo cansado de uma certa estabilidade que a caracterizava. A continuidade da presença alienígena como eterno McGuffin, peça central nunca resolvida da série, e todo o ar de intriga e conflito entre fações de uma humanidade que se espalham pelo espaço, começavam a tornar-se repetitivos. Neste oitavo volume da série, tudo muda, e recupera a frescura e dinamismo dos primeiros volumes.

Confesso que às primeiras páginas de Tiamat's Wrath, estava pouco confiante. O livro parecia ir bater aos mesmos temas que a série já esgotou, com uma linha narrativa em que se assiste ao apertar dos tentáculos do regime de Laconia sobre todos os sistemas solares ocupados pela humanidade. Quando se tem armas superiores, é fácil estrangular a liberdade e criar um império. Mas depois de um atar de pontas nestas linhas narrativas, o livro surpreende e segue noutras direções. O ponto de charneira está na vontade do líder laconiano de testar as capacidades ofensivas dos invisíveis alienigenas, que irá despoletar uma catástrofe na esfera que, na orla do sistema solar, dá acesso aos restantes mundos. Uma catástrofe que dará aos rebeldes, que irão ser liderados por uma relutante Naomi, a brecha que precisam de explorar para atacar o poderio laconiano e recuperar a liberdade dos sistemas.

O livro mantém o estilo de aventura imparável, cheio de momentos de suspense. Cruzamo-nos com todos os personagens clássicos da série, alguns dos quais terão destinos surpreendentes (spoiler para abrir o apetite: Amos morre, e regressa à vida como artefacto alienígena) e inesperados. E, no final, fica tudo em aberto. O poder laconiano desvaneceu-se, a herdeira do império foge com os rebeldes (apropriadamente, num Rocinante com o seu grupo finalmente reunido) e a chave para a sobrevivência da humanidade poderá estar num artefacto num sistema isolado. O livro termina neste ponto, e a sensação que fica é mesmo a que esperar um ano pela continuação da história, é desanimador...

domingo, 14 de abril de 2019

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Greetings, from the Desert of Ghost Ships: Traços indicadores do antropocénico. Secado pelo desejo soviético de transformar as estepes em campos de algodão, o mar de Aral, aquele que foi um dos maiores mares interiores do planeta, é hoje um enorme deserto. A ação humana criou esta imensa paisagem ballardiana.

Rise Of The AI Artist: Confesso que demorou menos do que esperava. A estética visual da criação artística utilizando Inteligência Artificial está a chegar aos criativs das indústrias culturais. Um pouco como a glitch aesthetics, que há alguns anos era um nicho muito reduzido mas agora integra rotineiramente a iconografia visual da cultura pop.

Manga eterno: 21 clásicos imprescindibles del cómic japonés: São mesmo vinte e uma excelentes sugestões, mas é algo deprimente para um leitor português. Aqui ao lado, a oferta de BD, comics e mangá traduzida é tanta, tão diversificada e acessível, enquanto que por cá... enfim, já foi bem pior.

The Squeal of Data: Sim, também me recordo do som do modem a ligar-se à internet através da linha telefónica. A partir daqui, o Tedium fala-nos de teletypes, redes de fax, e dispositivos de acoplamento que convertiam impulsos elétricos em sons para transmissão através dos auscultadores de telefone.


Panorama of London 20 feet wide goes on display: Apaixonei-me por estas tecnologias dead media quando estava nas leituras para a minha tese de mestrado. Estes panoramas são, para todos os efeitos, realidade virtual do século XVIII e XIX. Grandes telas que eram mostradas em forma circular, eram famosas pelo sentimento de imersividade que possibilitavam. A maior parte perdeu-se quando esta tecnologia perdeu o lustre e caiu no inevitável declínio. Agora, o London Museum vai oferecer aos seus visitantes um vislumbre do que eram estes panoramas.

Treta da semana: fissão é a solução.: Ou talvez não. O real problema, aponta este artigo, está na segurança. Os resíduos radioativos são altamente contaminantes, e têm se ser guardados em segurança durante séculos. Se a energia atómica permite, de facto, obter energia mais facilmente do que com meios renováveis, os riscos a médio e longo prazo são demasiado elevados.

Ramiro (2017): A aparente normalidade banal deste filme também me seduziu. E concordo com o Cineuphoria: o trabalho do ator António Mortágua dá a esta personagem uma força e vitalidade inesperadas.

A Three-Day Expedition To Walk Across Paris Entirely Underground: Um mergulho duplo, nos mundos fascinantes da exploração urbana e nos espaços labirínticos sob a cidade de Paris. Um grupo de exploradores passa três dias a atravessar a cidade através das catacumbas e dos esgotos, uma experiência surreal de mergulho nas profundezas onde sobrevivem, mesclados, os traços da história parisiense.

What Would a Dog Do on Mars?: Não é fácil para um cão suportar os rigores das viagens espaciais. A história de Laika e outros animais que foram utilizados para testar o acesso à órbita não é animadora. Pessoalmente, fico deprimido: se for viver para Marte, tenho de deixar a minha cadela Alice na Terra? Bolas!

BALLARD (1962), THE DROWNED WORLD: Um revisitar de um dos grandes escritores de FC do século XX, através de um dos seus romances icónicos, algo prenunciador das correntes tendências de catástrofe ambiental.

Nós, E Os Nossos Cérebros: O panorama cultural lisboeta está generoso para aqueles que se interessam pela interseção entre a arte e ciência. Até 22 de abril continua no MAAT a exposição Hello Robot, que nos leva a refletir sobre a nossa relação com a robótica através de artefatos da história da computação, design, tecnologia e experiências artísticas. Agora, aproveitando a comemoração do 150.º aniversário de Calouste Gulbenkian, a venerável Fundação Gulbenkian traz ao público a exposição Cérebro: Mais Vasto que o Céu. Nela, os visitantes são convidados a descobrir talvez aquele que seja o mais importante órgão do corpo humano.O melhor da exposição? Os robots-pintores de Leonel Moura.

The Truth About Wasabi: Quer dizer que... aquele wasabi que se come nos cada vez mais proliferantes sítios onde se come sushi (passaram de raridade a praga, especialmente aqueles que fazem sushi de tudo e mais alguma coisa, com maionese e molhos à mistura)... não é o verdadeiro wasabi? É um sucedâneo feito a partir de rábano misturado com mostarda e corante verde? Toda a história do wasabi é algo muito, muito japonês, o meticuloso cultivar de uma planta rara, com todo o cuidado e sem querer massificar, para manter a pureza do sabor original.

Fifty years of the internet: A internet fez 30 anos? Não não, aponta com razão Leonard Kleinrock. De facto, a conjugação de redes que hoje chamamos de internet tem hoje cerca de cinquenta anos. O texto em si é sóbrio, transmitindo uma sensação de surpresa e algum arrependimento, quando uma das pessoas que ajudou a criar a internet se sente desencantada com os pesadelos nascidos daquele sonho de liberdade pura. Arrependimento não no sentido de achar a criação da internet um erro, mas no sentido de se ter implementado, logo de início, sistemas de fiabilização e privacidade forte. E, claro, Kleinrock não poderia deixar de contar esta delícia, do primeiro lampejo da futura internet: "After we typed the first two letters from our computer room at UCLA, namely, “Lo” for “Login,” the network crashed. Hence, the first internet message was “Lo” as in “Lo and behold” – inadvertently, we had delivered a message that was succinct, powerful, and prophetic".

Dylan Dog: O velho que lê: Finalmente, Dylan Dog a chegar aos leitores portugueses. E se o desejável seria ler obras escritas por Tiziano Sclavi, também não estamos mal servidos se forem traduzidos livros com argumentos daqueles que sabem pegar nesta personagem. Recchioni e Barbato são os que conheço melhor, mas pelo que tenho lido, Celoni também tem excelentes propostas. Nota para conhecedores da personagem: esta edição da G.floy inclui a curta Pequena Biblioteca de Babel que, se é a história que penso que é, é uma pérola borgesiana saída da imaginação fortemente referencial de Sclavi.

Computational Landscape Architecture: Porque é que gosto de ler Geoff Manaugh? Porque nos leva a pensar de forma diferente, aborda temáticas na intereseção entre tecnologia e arquitetura de formas inesperadas. Este é um excelente exemplo: se algumas espécies vegetais interferem com o sinal wifi, é possível conceber um tipo de urbanismo que otimize o fluir da radiação que não vemos, mas dela dependemos para comunicar, através da gestão das plantas e árvores plantadas.

The Chernobyl Syndrome: Recordar a história de horror que foi o acidente nuclear de Chernobyl, que nos legou a zona radiotiva de exclusão. O que surpreende, ainda hoje, é o desconhecimento intencional e a forma rudimentar como à época se lidou com o acidente e suas consequências. A forma como foi gerida a exposição à radiação é arrepiante. E ainda hoje continua. Uma vez que as regras de comércio internacional são pouco apertadas, é possível consumir-se produtos agrícolas e silvícolas contaminados, diluídos em carregamentos. Ainda hoje. Sobre isto, neste artigo, há um relato verdadeiramente grotesco vindo da União Europeia: "Chernobyl fallout had contaminated much of Europe. When Italy rejected 300,000 tons of radioactive Greek wheat, Greece refused to take it back; the European Economic Community eventually agreed to buy the wheat, which was blended with clean grain and sent to Africa and East Germany in aid shipments". É preciso ajuda alimentar? Então aproveita-se e livramo-nos de alimentos radioativos.

Boeing sold essential safety features as extras on 737 Max: O capitalismo terminal no seu melhor. Foram precisos dois acidentes aéreos fatais (e, se calhar, muitos outros relatados mas que não chegaram a ser graves) para a Boeing achar que não foi boa ideia modificar os sistemas de controle de voo dos 737 Max, mas deixar sistemas auxiliares para alertar pilotos em caso de erro de sistema ou comportamento inesperado da aeronave como extras, pagos à parte, Isto é pura negligência criminosa, e será resolvido da mesma forma que o Dieselgate o foi, com a completa impunidade dos responsáveis.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Homem-Aranha: Caído entre os Mortos


Mark Millar, Terry Dodson, Frank Cho (2019). Homem-Aranha: Caído entre os Mortos. Salvat.

Para iniciar uma nova coleção sobre o icónico personagem Marvel, a Salvar escolheu um arco narrativo arquitetado por Mark Millar. Um argumentista de cujo trabalho, confesso, nunca consegui gostar. Sempre achei que tem uma capacidade narrativa brilhante, mas desperdiça-a em argumentos preguiçosos, que seguem os caminhos mais óbvios. Este Caído Entre os Mortos não me faz mudar a opinião. Na série de aventuras, o Homem-Aranha está desesperado por saber quem raptou a sua tia May. Suspeita dos poucos que conhecem a sua identidade secreta, mas todas as tentativas de descobrir pistas sobre o raptor revelam-se infrutíferas. Para mais, tem de lidar com uma sociedade algo hostil às suas açoes, mesmo que ao combater super-vilões esteja a proteger aqueles que o criticam. E, claro, tem os problemas financeiros de sempre. Millar não se desvia muito da estrutura clássica do personagem. O arco narrativo não está completo, a editora optou por deixar isso para um volume mais à frente na coleção.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Sapo 24: Gerar Monstros


Gerar monstros (ou será arte?) com Inteligência Artificial para pensar o futuro para lá do sonho

Interagindo com a GANBreeder, percebemos que não há respostas lineares para estas questões. No entanto, se a geração de imagens é automatizada, baseada nos inputs do utilizador, a decisão final sobre que imagem é intrigante e visualmente apelativa cabe sempre ao humano.

No âmbito de parceria entre o Sapo e o Bit2Geek, saiu o meu primeiro artigo no Sapo 24. Não sobre educação ou impressão 3D, mas... inteligência artificial e arte. Porque não?

terça-feira, 9 de abril de 2019

Cérebro: Mais Vasto que o Céu



Rui Oliveira (ed.) (2019). Cérebro: Mais Vasto que o Céu. Lisboa: Fundação Gulbenkian.

Vale a pena visitar a exposição que deu origem a este catálogo. Mas vale ainda mais a pena ler os textos aqui incluídos. São, na prática, uma introdução ao Cérebro, entre biologia, medicina, evolução e tecnologia. Pessoalmente, apreciei especialmente as contribuições do último capítulo, sobre arte e inteligência artificial.

domingo, 7 de abril de 2019

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Autores BD: John Byrne: Descobrir os X-Men pelas mãos de Chris Claremont e John Byrne, acho que foi o que me fez apaixonar pelos comics. Sempre admirei a forma como desenhava elementos de aspeto tecnológico.

He hecho caso a los consejos de "cómo ganar dinero con el móvil" un mes entero y este es el resultado: Confesso que nem sabia ser possível ganhar dinheiro com o telemóvel... e de facto, não é. Nesta interessante reportagem, um jornalista dedicou-se a descobrir formas legais de ganhar dinheiro utilizando apps e programas, e descobriu que... o trabalho que dá não compensa os ganhos. Quem ganha ali dinheiro são os app developers e os intermediários, que criam plataformas em que desafiam utilizadores a instalar e ativar aplicações (sobe as estatísticas de uso das lojas de aplicações, com impactos diretos nos ganhos com publicidade), criam esquemas de visualização em emails publicitários, e alimentam de dados os criadores de questionários de avaliação de mercados. Quem se mete nisto, tem de passar horas a fazer tarefas em troca de pontos que lhes rendem cêntimos. Onde é que está realmente o dinheiro? Nos dados, pessoais dos utilizadores, agregados de uso. É a monetização low cost da expressão data is the new oil.

Cuando las calculadoras dominaban el mundo: Pois. Ainda me lembro quando uma calculadora era um incrível engenho high tech, especialmente aquelas que carregavam por energia solar. Agora, só sobrevivem no ecossistema fechado da educação.

The US Air Force’s jet-powered robotic wingman is like something out of a video game: Vai buscar o nome a um bombardeiro supersónico que voou mas nunca passou de protótipo, e representa a primeira concretização de uma daquelas ideias clássicas do uso de drones militares: ter um enxame de máquinas autónomas direcionadas por ou a proteger uma aeronave pilotada. Diga-se que este XQ-58A Valkyrie tem bom aspeto.

Comics Are The Ghost Train: Comparações, do ver entre a janela do comboio e a vinheta da banda desenhada.

Portais Estrelares - Parte I: Diga-se que Stargate SG-1 é uma série que não envelheceu mal. Os efeitos especiais adquiriram aquele encanto de artefatos dos primórdios dos efeitos visuais digitais, e as linhas narrativas mantém-se interessantes, com uma série de ramificações a explorar, a começar pelo lado ateísta da série. Os deuses, afinal, são extra-terrestres que usam a sua tecnologia e os mitos para escravizar civilizações inteiras, o que é uma curiosa inversão da ideia de tecnologia avançada como indistinguível de magia de Arthur C. Clarke. Os personagens continuam sólidos, as questões do contacto com civilizações alienígenas e os inevitáveis choques culturais são outro dos pormenores interesssantes desta série clássica.

Alexandria Ocasio-Cortez says labor should not fear automation: A ironia? É que ela está a dizer o óbvio, e a ser elogiada por se ter atrevido a falar em algo que é considerado inesperado: “We should not be haunted by the specter of being automated out of work, We should be excited by that. But the reason we’re not excited by it is because we live in a society where if you don’t have a job, you are left to die. And that is, at its core, our problem.” É este, de facto, o problema da automação. Não o ser-se substituído por máquinas, mas toda a ideologia neoliberal/late stage capitalism que reduz o humano a mera força laboral ou consumidor, e não aceita sequer que se coloque a hipótese que as coisas possam ser diferentes, que as sociedades e economias podem ser baseadas noutras premissas do que a otimização do enriquecimento um percentista.

Facebook temporarily pulled Warren ads about breaking it up: Senadora americana decide começar uma campanha/debate público comparando os gigantes tecnológicos a monopólios, advogando que lhes deveria ser aplicado o mesmo tratamento que quebrou grandes empresas monopolistas do século XX em unidades mais pequenas. Facebook, um dos monopólios visados pela senadora, decide ocultar os vídeos dela sobre este tema. É uma parábola sobre o controlo da perceção pública, da verdade consensual. Se o acesso às notícias é via rede social, e nada os impede de controlar o que é visível, torna-se fácil esmagar um assunto que lhes seja sensível.

Tim Berners-Lee says we can still save the web: Talvez a questão não seja se podemos, mas se queremos. A web livre, equalitária, democrática, dando voz a todos é um dos grandes ideais da viragem de século, trouxe-nos imensos ganhos, mas também problemáticas. Por outro lado, há a pressão governamental e económica de fechar a web, transformá-la num espaço monetizado onde só conta o que dá lucro.


We Visit the Last Surviving Titan II Missile Silo in a Flashback to the Cold War: Arquiteturas do apocalipse atómico. O The Aviationist visita um silo de mísseis nucleares Titan, preservado e transformado em museu. Para lá da complexidade arquitetónica e tecnológica destes locais, também sempre me surpreende o seu ar limpo e confortável. Podia-se lançar o apocalipse conforatevelmente sentado numa secretária.

Minimalism Goes to Space: É, talvez, um dos pormenores mais intrigantes da Crew Dragon. Não só é um veículo utilitário, como também é bonito. Foi dada muita atenção ao design da cápsula, algo que em si representa uma quebra com o paradigma da tecnologia de exploração espacial, que nos habituou a uma estética brutalista utilitária.

Forget Everything You Think You Know About Time: O tempo não é tão linear como o entendemos, e comporta-se de formas contra-intuitivas.

The 10 worst technologies of the 21st century: Talvez seja um pouco prematuro anunciar já as piores tecnologias de um século que ainda só se está a aproximar da segunda década, mas creio que todos concordamos que os cigarros eletrónicos e os paus de selfie são mais praga do que benefício para a humanidade. Quase tão maus como as cápsulas de café, uma tecnologia que não faz nenhum sentido em termos ambientais... especialmente sabendo os desafios que as questões do ambiente nos estão a colocar.

NASA Decadal Survey 2020: as missões astronómicas da próxima década!: Os próximos dez anos de investigação da NASA, em antevisão no Bit2Geek.

A ‘Meritocracy’ Is Not What People Think It Is: Ah, a ironia. A palavra meritocracia, coqueluche dos conservadores e de todos aqueles que defendem a sua superioridade inata com unhas, dentes e argumentos melífulos, afinal é uma sátira à ideia de uma espécie de mérito darwiniano: "The fate of meritocracy is a case study in how quickly a neologism can slip away from the grasp of its coiner. This frequently occurs with words that are coined in an academic context, but then shift in meaning as they become popularized".

A detailed analysis of American ER bills reveals rampant, impossible-to-avoid price-gouging: Este é o tipo de informação a ter em mente quando nos elogiam os méritos e eficácias dos sistemas de saúde privados face às supostas ineficiências dos públicos. Mas, na verdade, a coisa pode melhor ser descrita como assalto puro a pessoas fragilizadas: "Markets are regulated zones where consumers compare the offerings of producers and make purchase choices based on their information. To call being wheeled unconscious into an ER and raced into an operating theater and then presented with a bill months later a "market transaction" is to make a terribly, grisly joke".

Top Takeaways From The Economist Innovation Summit: Blockchain é claramente a coqueluche dos economistas, mas apontam outras áreas tecnológicas que já estão a influenciar a economia. Entre outras, realidade aumentada, espaço, e as suspeitas do costume: Inteligência Artificial, robótica e automação.

Is the Age of the Aircraft Carrier at an End? Thanks to Drones, Maybe Not: Símbolos de prestígio das nações, mas também incrivelmente caros e vulneráveis. O porta-aviões, como símbolo do poderio militar oceânico, tem nos drones o seu futuro.

The ‘splinternet’ is already here: Apontamos o dedo aos regimes autocráticos, da Great Firewall of China a bloqueios similares no Irão, Rússia, Turquia e outros países. A internet sempre foi símbolo de liberdade de expressão, de eliminar barreiras, incentivar intercâmbios e comunicação. E isso é uma ameaça àqueles que preferem manter as coisas como estão.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Off the Map


Alastair Bonnet (2015). Off the Map: Lost Spaces, Invisible Cities, Forgotten Islands, Feral Places and What They Tell Us About the World. Londres: Aurum Press.

Confesso que tenho um fraquinho enorme por bizarrias da geografia. Até é uma das minhas recordações de infância, passar horas debruçado sobre os mapas de um Atlas, fascinando com as curvas dos rios, os ângulos das fronteiras e pronunciando baixinho aqueles nomes dos pontinhos urbanos que, quer fossem a norte ou a sul, a este ou a leste, sempre me soavam exóticos, com uma promessa de desconhecido. Claro que hoje os voos imaginários seriam temperados pelo google Earth, e correria o risco de descobrir que aquela localidade exótica nos confins do mundo era afinal uma monótona expansão de armazéns e zonas comerciais.

É deste fascínio que este Off the Map está imbuído. Nele, encontramos pequenos ensaios sobre mais d quarenta acidentes de geografia. Micronações, enclaves, territórios esquecidos, zonas tampão, espaços urbanos invisíveis, zonas de transiência, marcos históricos e terras esquecidas pela história. A autora tem uma fascinação óbvia pela psicogeografia, pela descoberta dos espaços esquecidos, com toques de exploração urbana, e transfere-a para estes ensaios. Focam-se nos não-lugares, aqueles que escapam à norma, os que nunca reparamos na azáfama do dia a dia. E conclui com a reflexão que, apesar do nosso insaciável nomadismo, estamos reféns, ou melhor, ancorados, num profundo sentimento de localização. Há lugares que são pontos nevrálgicos dos fios condutores da nossa vida. E não são necessariamente os mais óbvios, ou os que mais frequentamos, mas aqueles que nos recordam da nossa humanidade.