quarta-feira, 17 de abril de 2019
Tiamat's Wrath
James S. A. Corey (2019). Tiamat's Wrath. Nova Iorque: Orbit Books.
Bolas, estou tramado. E agora, tenho de esperar mais um ano pelo próximo volume da série? Diga-se que apesar de ser fã desta que é das melhores space operas da atualidade, estava a ficar algo cansado de uma certa estabilidade que a caracterizava. A continuidade da presença alienígena como eterno McGuffin, peça central nunca resolvida da série, e todo o ar de intriga e conflito entre fações de uma humanidade que se espalham pelo espaço, começavam a tornar-se repetitivos. Neste oitavo volume da série, tudo muda, e recupera a frescura e dinamismo dos primeiros volumes.
Confesso que às primeiras páginas de Tiamat's Wrath, estava pouco confiante. O livro parecia ir bater aos mesmos temas que a série já esgotou, com uma linha narrativa em que se assiste ao apertar dos tentáculos do regime de Laconia sobre todos os sistemas solares ocupados pela humanidade. Quando se tem armas superiores, é fácil estrangular a liberdade e criar um império. Mas depois de um atar de pontas nestas linhas narrativas, o livro surpreende e segue noutras direções. O ponto de charneira está na vontade do líder laconiano de testar as capacidades ofensivas dos invisíveis alienigenas, que irá despoletar uma catástrofe na esfera que, na orla do sistema solar, dá acesso aos restantes mundos. Uma catástrofe que dará aos rebeldes, que irão ser liderados por uma relutante Naomi, a brecha que precisam de explorar para atacar o poderio laconiano e recuperar a liberdade dos sistemas.
O livro mantém o estilo de aventura imparável, cheio de momentos de suspense. Cruzamo-nos com todos os personagens clássicos da série, alguns dos quais terão destinos surpreendentes (spoiler para abrir o apetite: Amos morre, e regressa à vida como artefacto alienígena) e inesperados. E, no final, fica tudo em aberto. O poder laconiano desvaneceu-se, a herdeira do império foge com os rebeldes (apropriadamente, num Rocinante com o seu grupo finalmente reunido) e a chave para a sobrevivência da humanidade poderá estar num artefacto num sistema isolado. O livro termina neste ponto, e a sensação que fica é mesmo a que esperar um ano pela continuação da história, é desanimador...