quinta-feira, 25 de julho de 2024

Um Mundo Novo


Wendell Wilkie (1944). Um Mundo Novo. Lisboa: Editorial Século.

Após perder as eleições presidenciais americanas de 1940 para Roosevelt, Wendell Wilkie foi enviado por este numa volta ao mundo, visitando alguns dos pontos quentes da II Guerra. As impressões do político americano sobre esse périplo estão reunidas neste livro. É interessante por ser um documento que captura visões da II Guerra, enquanto ela acontecia.

Wilkie inicia a sua viagem no norte de África, num Egipto onde Montgomery está a começar a travar Rommell. Segue-se a neutra Turquia, soberbamente elogiada pelo seu progressismo. Na visita à União Soviética percebe-se claramente que Wilkie foi conduzido como convidado de honra a conhecer aquilo que os seus anfitriões queriam que ele conhecesse, padrão que se repete na China nacionalista. Faz sentido, as percepções deste político fazem-se a partir do contacto com as realidades artificiais das visitas guiadas e das conversas com os líderes e seus acólitos. Este livro não relata experiências de viagem no terreno, mas sim as de um político de alto nível que foi recebido diplomaticamente, conhecendo aquilo que os seus anfitriões queriam que conhecesse.

Não deixa de ser um relato interessante, dando-nos uma visão global da guerra em 1942. Lido estes anos todos, houve dois pormenores que me surpreendenram. Por um lado, uma visão muito clara de uma nova ordem global pós-conflito, onde os antigos impérios coloniais seriam desfeitos, uma condição/consequência do envolvimento americano e das suas ideias de autodeterminação dos povos, indo contra a visão dos restantes Aliados que viam no pós-guerra um regresso à tradicional ordem global. Por outro lado, uma visão que nos é curiosamente contemporânea, de um mundo global onde a geografia se contrai sob o efeito dos transportes aéreos, e onde as culturas tradicionais chocam com a modernidade, aqui numa perspetiva de evolução, de preservação da herança mas em abandono do antigo para valorizar o progresso. Wilkie sublinha muito o papel capacitador da educação para o desenvolvimento das regiões do planeta que eram vistas como pasto para rapacidades coloniais, apontando a qualificação dos povos como o caminho para o desenvolviento livre de imposições coloniais.

Este livro foi um curioso achado na Feira da Ladra, um daqueles bons acasos de alfarrabista. Para curiosos com a história da II Guerra, é interessante ler uma visão contemporânea da época, escrita e editada (até mesmo por cá, a edição é de 1944) num tempo em que a guerra ainda se vivia, e era de desfecho incerto.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Hell


Yasutaka Tsutsui (003). Hell. Alma Books.

O inferno são os outros, diz-se que Sartre teria dito, e este livro expressa bem isso. Neste Hell, o inferno é uma espécie de continuação banal da vida, onde os falecidos revivem, curados de sentimentos e emoções, o dia a dia, revendo momentos chave como espetadores dos seus próprios filmes. Ou talvez este inferno seja uma antecâmara para algo inesperado, uma espécie de purgatório que insensibiliza a alma e a prepara para o desconhecido. É assim que o livro termina, com um nada expectável salto para o desconhecido.

Apesar desta premissa intrigante, o romance não me cativou. Achei a sucessão de vinhetas, com persoangens que se relacionavam entre si, confusa, não apreendi um fio condutor. Talvez seja falha minha enquanto leitor, talvez da tradução, mas o livro pareceu-me demasiado fragmentado e desconexo.

domingo, 21 de julho de 2024

URL

Shadow On The Stars: Princípio da saudade.

5072) A mecânica do humor (15.6.2024): Porque é que as boas piadas se aguentam no tempo? Porque o segredo está na estrutura, o que muda são os detalhes que se ajustam ao momento contemporâneo.

Who Watches the Watchmen Adaptations?: Vou entrar em modo snob: néscios e filisteus, perfeitos bárbaros que não seriam capazes de aguentar as primeiras pranchas da obra-prima de Moore e Gibbons. Piadas à parte (ah, terá mesmo sido piada?), a verdade é que a visão de Moore sai sempre imensamente diluída nas adaptações cinematográficas.

Seven Samurai’s 4K Restoration: Marcar na agenda para rever. Em cinema, claro.

The Return Of The 2000 AD Annual For 2025 With Brian Bolland: Esta capa é um verdadeiro blast from the past, tão comics ingleses dos anos 90 (que, diga-se, é o pão com manteiga editorial da Rebellion).

Os super-humanos da ficção científica começam aqui!: Outro exemplo, recolhido pelo SciFi Tropical, das primeiras instâncias de homens com poderes sobre-humanos na ficção científica pulp.

Hiroshi Nagai: crepúsculo retro.

Apple seems to have persuaded OpenAI to work for exposure: Confesso que fiquei curioso com esta análise. Faz algum sentido, de facto o peso da Apple pode convencer uma empresa ambiciosa como a OpenAI a perder dinheiro agora, com a promessa de ganhos futuros quando os utilizadores quiserem aceder a serviços mais avançados.

China’s HH-100 Unmanned Transport Aircraft Undertakes First Flight: Um projeto intrigante da indústria aeronáutica chinesa, um drone de transporte com a capacidade de uma aeronave comercial.

La IA ha avanzado tanto que el problema no son solo los deepfakes. Es que desconfiamos incluso de las fotos reales: O fator de desconfiança não é novidade, mas sabendo que recorrendo à IA é trivial criar imagens falsas, a tendência é a de adotar um ceticismo total face às fotos e vídeos que nos chegam. Mesmo que sejam verdadeiras, ficamos na dúvida.

Is AI Search a Medical Misinformation Disaster?: Confiar em informação médica, que pode ditar casos de vida ou morte, a sistemas notórios pela sua baixa fiabilidade e capacidade de inventar informação. O que é que poderá correr mal?

The Graphing Calculator Story: Sinceramente, não sei o que pensar desta história mirabolante. Dois engenheiros, depois de serem despedidos da Apple, continuaram a trabalhar na empresa, a desenvolver de forma subversiva um produto que foi incorporado no sistema operativo dos PowerPC. Não sei se é un caso de dedicação extrema, se um sintoma do que se viria a tornar late stage capitalism.

Divorciado processa Apple por ter revelado infidelidade à sua esposa: Esta história é um típico "diz-me que és um idiota chapado sem me dizeres que és um idiota chapado". 

Giant Brains, Or Machines That Think: É interessante ver a corrente especulação sobre máquinas pensantes já presente nos anos áureos da computação electro-mecânica. Significa que a ideia é antiga, a nossa memória alimentada pelo constante remexer do hype digital é que é curta.

One Satellite Crash Could Upend Modern Life: Recordar que dependemos das constelações de satélites para a normalidade do nosso dia a dia, e de como o espaço está a ficar perigosamente saturado de lixo espacial, que pode danificar a infraestrutura de que dependemos.

A Generation of AI Guinea Pigs: No fundo, é isto - "Whatever AI is actually good for, kids will probably be the ones to figure it out. They will also be the ones to experience some of its worst effects. “It is kind of a social fact of nature that kids will be more experimental and drive a lot of the innovation” in how new tech is used culturally, Mizuko Ito, a longtime researcher of kids and technology at UC Irvine, told me. “It’s also a social fact of nature that grown-ups will kind of panic and judge and try to limit.”". Proibir, controlar em excesso, fingir que o problema não existe são as atitudes erradas. Por outro lado, estamos em território não mapeado, e não podemos simplesmente arriscar, há riscos de fiabilidade, intelectuais e de segurança que não podemos ignorar.

Excuse Me, Is There AI in That?: Entre as problemáticas éticas e a correria para implementar ferramentas que parecem brilhantes, mas cujos resultados ficam aquém do prometido na demonstrações, está a sentir-se uma recusa ativa na aceitação da IA.

Meta jugó con fuego al querer entrenar una IA con datos de usuarios europeos: los reguladores se lo acaban de impedir: O artigo não refere que a iniciativa partiu da noyb, e não dos reguladores. Mas era previsível que este atirar do barro à parede pela Meta iria ter um desfecho destes.

The Short, Amazing Life Of The CD-ROM: Recordam-se do CD-ROM? Nos tempos pré-internet, foi o formato privilegiado para disseminação da informação digital.

US sues Adobe for subscriptions that are too hard to cancel: É interessante ver este fartar do uso e abuso de dark patterns para condicionar os utilizadores, e emifrá-los de mais uns trocos.

Inteligência Artificial, indignação viral e o conflito real: Entre os meandros da desinformação assistida por IA.

The future in space, illustrated by Syd Mead: Clássicos.

Alguien quiso hacer trampa en un examen universitario con una cámara oculta e IA: ahora está en prisión (y sin aprobar): Uma notícia gira para quem, como eu, faz secretariado de exames. Por cá (se fosse apanhado), a coisa não iria além de anulação de prova. Por lá? Prisão.

This 4,000-Year-Old Labyrinthine Monument Is the First of Its Kind to Turn Up in Crete: Resta saber se, no centro, encontraram um esqueleto de Minotauro.

Banana Seller Chiquita Found Liable for Numerous Violent Deaths: Quem diria. Uma das empresas que deu origem ao termo "república das bananas", a ser processada pelos desmandos humanitários cometidos por mercenários a seu soldo.

My Encounter With the Fantasy-Industrial Complex: É preocupante ver a realidade política americana tão hipnotizada por políticos que se reveem em teorias da conspiração. Poderá acontecer por cá, na Europa? Bem, o crescimento da extrema direita, que engloba os tontos das teorias da conspiração, é um sintoma que não podemos ignorar.

Books to Change the Way You Think About China, recommended by Anne Stevenson-Yang: Compreender melhor a China, em cinco livros.

BEJA AIR SHOW 2024 [M2499 - 44/2024]: Também estive, a apreciar a perícia dos pilotos em display e a beleza das aeronaves. 

The Dozen Times Humans Have Tried to Communicate With Extraterrestrials: Nós bem tentamos. Os ETs é que parece que não querem nada conosco.

sábado, 20 de julho de 2024

Lost+Found

 

















Gaeiras, Óbidos, Leiria, Coz, Sangalhos, Oliveira do Bairro, Curia. Registos de uma semana quase totalmente passada na estrada.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Bestiário Fantástico

Jean Ray (1978). Bestiário Fantástico. Lisboa: Moraes Editores.

Escritos sob o pseudónimo de John Flanders, estes contos de Jean Ray cruzam um sentido do fantástico naturalista com a evoação dos ambientes frios e misteriosos do norte europeu. As terras escocesas, as ilhas do mar do norte e os gelos nórdicos são os cenários destes contos curtos. Nos seus temas, a natureza dos homens e a inescrutabilidade da natureza cruzam-se, com uma certa aura de magia e mistério. Não de sobrenatural, mas de sentido de aventura, do que se pode passar quando abandonamos o conforto da civilização e nos aventuramos pelos espaços desolados e frios das paisangens nortenhas. Contos elegantes, com um sentido algo antiquado de um estilo de aventura de outros tempos, que mostram uma faceta do imaginário do escritor belga.

terça-feira, 16 de julho de 2024

Freetaly


Francesco Verso (ed.) (2022). Freetaly: Italian Science Fiction. Roma: Associazone Future Fiction.

O trabalho notável de Francesco Verso como editor tem-se caracterizado por um marcado esforço em trazer para o público global, habituado a ler em inglês, autores de ficçáo científica vindos de outras culturas e realidades. A tradução para a língua inglesa serve como lingua franca, permitindo aos leitores de entrar um pouco nas ficções de outros paises. As suas antologias de FC chinesa são imperdíveis (e bilingues, mas boa sorte para ler caracteres chineses), mas o trabalho editorial da Future Fiction não se fica por aí. As suas antologias trazem-nos autores sul americanos, porque há uma imensa literatura sul-americana do fantástico para lá de Jorge Amado, Borges ou Garcia Marquez, africanos e europeus. O trabalho é notável, e no caso europeu, é das poucas iniciativas sustentadas que se esforça por dar visibilidade ao trabalho das comunidades de criadores de ficção científica, que partilham um espaço europeu comum, mas estão separados pelas barreiras linguísticas.

Nesta antologia, o foco é a FC italiana, publicando contos de autores italianos. As histórias são de uma sensibildade mediterrânica, mesclando o substrato cultural do país com as visões do fantástico, não necessariamente futuristas. As temáticas tocam em várias vertentes da FC, entre futuros optimistas, Social Science Fiction, e até intrigas conspiratórias. Militarismos, space operas e futuros apocalípticos são temas distantes desta antologia, o que faz sentido, um dos objetivos da Future Fiction é mostrar as possibilidades da diversidade, além dos temas que fazem a FC anglo-americana mais comercial.

As histórias são ecléticas e de grande qualidade, dando-nos um interessante vislumbre da FC italiana, das suas vozes e sensibilidades.

domingo, 14 de julho de 2024

URL


Alien Night
: Mulheres aguerridas da FC.

Stop Trying to Understand Kafka: Esperem, é suposto compreender Kafka?

Lançamento: H-alt #13: O esperado regresso desta publicação que dá espaço às novas vozes da BD portuguesa.

Stephen King's Most Controversial Book: Algo que nos anos 70 seria uma bizarria impensável do terror, tornou-se uma deprimente realidade. E, por isso, Rage ficou um livro maldito.

Mário turned his childhood passion into Kingpin Books, a hub for comics and graphic novels in Lisbon: O retrato de uma das mais incontornáveis figuras da BD portuguesa, notável pelo trabalho como livreiro, autor e editor.

George A Romero's Final Work, Pay The Piper, Published In September: Um romance póstumo do mestre dos zombies, mas que não será sobre o tema que celebrizou Romero? Confesso que estou intrigado.

Explaining the Lyrics of "I Am The Walrus": Era suposto ter explicação?

Sacre Bleu! Why Are English-Language Books Filling Europe’s Bookstores?: Não é só por cá que o fenómeno da leitura integral em inglês acontece.

The Hardest Sci Fi Writer: Greg Egan: Um olhar para um dos grandes nomes da Hard SF.


It's Full of Stars: Sonhos supersónicos.

Even the Raspberry Pi is getting in on AI: Isto é uma excelente notícia para a comunidade, com uma maior integração das possibilidades da IA dentro do robusto e flexível Raspi.

What I learned from the UN’s “AI for Good” summit: Não se aprende muito nestes eventos, que geralmente são puro whitewashing cheios de bonitas proclamações e excelentes intenções, mas em modo lágrima de crocodilo.

A Google Worker Reportedly Watched Private Nintendo Videos and Leaked Content: Recordo que quando implementámos um sistema de email institucional na minha escola, alguns docentes recusavam-se a usá-lo porque corria o boato que eu e a direção acedíamos às contas de todos e líamos os seus emails. É pateta, bem sei, e fazer isso viola a lei, mas a força dos rumores é forte. Passei a vincar muito bem que os conteúdos e dados dos utilizadores do nossos sistema só são acessíveis pelos próprios. Um fait divers, que combinado com esta notícia sobre usos descuidados, sublinha a importância da confiança na gestão de sistemas que contém informação pessoal e institucional.

Remote Amazon Tribe Finally Gets Internet, Gets Hooked on Porn and Social Media: Uma tribo da amazónia, que funciona como retrato da nossa reação perante a internet.

Is Microsoft trying to commit suicide?: Nem por isso. Estão a contar com o apoio dos deslumbrados da IA, que há muito desligaram o sentido crítico, e com a indiferença da maioria dos utilizadores, para quem a ideia de privacidade não tem qualquer significado.

Ni TikTok ni Instagram hasta los 16 años: España subirá en dos años la edad mínima para registrarse en redes sociales: Sabem no que é que isto vai dar, não sabem? Crianças e jovens a mentir na sua idade para aceder aos serviços.

Boeing Spacecraft Finally Manages to Limp Off the Earth: A Starliner descolou, finalmente, para o seu primeiro voo tripulado (ao fim de várias tentativas abortadas). Entretanto, a SpaceX tornou rotineiros os voos orbitais.

Windows won’t take screenshots of everything you do after all — unless you opt in: O desplante das tecnológicas anda em alta. Após as óbvias e previsíveis críticas ao Recall, a Microsoft anunciou que irá resolver alguns dos problemas apontados. A pergunta, é porque raio não deixaram estas questões resolvidas de raiz? A resposta é óbvia, porque ao contrário do que afirmam, o real interesse deles não é a segurança dos clientes.

The Misfit Who Built the IBM PC: Um olhar para o impulsionador dos PCs no universo IBM.

Finally, I can make my iPhone look like total crap: A possibilidade de personalizar de forma livre e total o aspeto gráfico dos nossos meios digitais esbarra, normalmente, na total ausência de bom gosto por parte dos utilizadores.

Doing Stuff with AI: Opinionated Midyear Edition: A discussão sobre a IA Generativa fica-se geralmente entre o deslumbre e a descrença. Torna interessante este tipo de análises, que mostram usos úteis, em contexto, das ferramentas generativas.

China Is Losing the Chip War: No jogo geostratétigico, a supremacia tecnológica nalguns campos escapa ao gigante oriental.

Apple unveils “Apple Intelligence” AI features for iOS, iPadOS, and macOS: Parece uma aposta interessante; em vez de apostar em gadgets de utilidade real duvidosa, a Apple prefere incorporar a IA Generativa dentro de ferramentas já existentes, tentando facilitar a vida aos utilizadores

AI trained on photos from kids’ entire childhood without their consent: Este tipo de notícias não são, infelizmente, novidade nem raras, sublinhando os cuidados que os gestores de bases de dados abertas têm de ter para garantir que os modelos de treino não recebem conteúdos que coloquem em risco a privacidade individual.


Space Science Fiction #1: Climas espaciais.

Seixal e Barreiro: a ponte que uniu as “vilas irmãs” caiu há mais de 50 anos e separou-as por 17 kms: Confesso que visitei recentemente o Seixal, por curiosidade, não é o tipo de zona que frequento, e ao olhar para a baía perguntei-me porque é que não haveria uma ponte a ligar as duas margens. Afinal, já houve.

Vaccines don’t cause autism, but the lie won’t die. In fact, it’s getting worse.: A praga da desinformação, com as massas incultas a achar que sabem tudo, mesmo em face da evidência científica.

“The 25 Photos That Defined the Modern Age”: É uma lista muito americana, como seria expectável vinda do NY Times. Mas as imagens são poderosas.

El ejército británico quiso celebrar el Día D desplegando a sus paracaidistas en Normandía. Los esperaba la aduana francesa: Assim, em modo de observação muito curta - "brexit means brexit".

The Beer Bombs of World War II: Transportar cerveja para soldados sequiosos. Isto sim, é dar bom uso a um caça de combate.

Researchers Use AI to Decode the Secret Language of Dog Barks: Compreender melhor os nossos melhores amigos.

Chartbook 289 D-Day 80 years on - World War II and the "great acceleration" (Thanatocene mini-series #1).: O Dia D como um momento pivot, que nos legou o mundo contemporâneo.

Valencia se convertirá en la mayor planta solar urbana de España. Lo que nadie vio venir es dónde: en los cementerio: E, porque não?

Why Russia Is Happy at War: Retrato de um país cujo povo sempre foi mantido em opressão, o que ajuda a explicar a sua corrente beligerância e desdém pela paz.

Everything you’ve been told about the ‘Chickenpox bomber’ is wrong, here’s why…: Estão a ver aquela partilha em redes sociais, sobre estatística e pontos de vista, que nos mostra um bombardeiro com pontos de impacto marcados e a conclusão que o cientista que analisou se apercebeu que os aviões deveriam ser protegidos nas zonas que não assinalavam impactos, porque os impactos eram medidos em aviões que sobreviviam aos caças e antiaéreas inimigas? Afinal, é apócrifa, apesar do matemático citado ter realmente existido e feito análises estatísticas militares. O HushKit faz um excelente trabalho a desmontar este mito.

O imaginário sanguinolento de Javier Milei: Um retrato da tentativa de destruição cultural e económica que o populista argentino tenta implementar.

Como a Rússia ultrapassa as sanções: As sanções económicas ocidentais à Rússia, não sendo um falhanço total, estão a revelar-se pouco eficazes. A razão tem a ver com um erro de avaliação europeu e americano. Num mundo global, pluricentral, o peso europeu e americano é menor. Os russos ultrapassaram as sanções graças à Índia, China, Brasil e outros países.

What You Want is an S Curve: Ou, em bom rigor, estar na parte superior de uma curva de adoção. Belíssimo texto, que nos mostra uma corrida contra o tempo, com dados sobre o crescimento da adoção de energias mais sustentáveis, fundamentais para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis.

In the Former Eastern Bloc, They’re Terrified of a Trump Presidency: Ter vivido sob o imperialismo russo na forma soviética dá aos europeus de leste uma percepção dos reais riscos que estamos a correr nos dias de hoje.

La primera vez que representamos a Jesús en la cruz lo hicimos con una cabeza de burro. Los historiadores aún discuten por que: Apetece falar em bizarras conspirações, mas na verdade tem mais a ver com formas de insulto aos na altura crentes de uma nova religião.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Os Gregos


Harold Kitto (1990). Os Gregos. Coimbra: Arsénio Amado Editora.

Uma visão abrangente, se bem que algo desatualizada, sobre a história e cultura da Grécia Antiga. A desatualização, compreensível. prende-se com a sua edição original nos anos 50. O espectro é amplo, a história da Grécia clássica é bem resumida, passando pela arte, literatura, e a vida nas cidades estado. Falha um pouco ao olhar para temas morais, onde o tom deixa de ser isento e a visão do autor sobre a sua contemporaneidade interfere, com comparações desmedidas ou tons apologéticos que procuram justificar as moralidades e comportamentos sociais de há três milénos face à sociedade contemporânea do autor, o que não faz qualquer sentido. De qualquer forma, da leitura transparece um enorme e lúcido respeito pelo legado grego, talvez o grande pilar que define a nossa sociedade ocidental.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Mapa Cor de Sangue


Rui Cardoso (2023). Mapa Cor de Sangue. Alfragide: Oficina do Livro.

O tema das Invasões Francesas está um pouco esquecido na nossa visão contemporânea, relegado para alguns locais comemorativos, vestígios mal mantidos (com boas exceções) dos redutos das linhas de Torres, e algumas recriações de entusiastas. Talvez este afastamento se deva a ser um tópico muito incómodo na história recente de Portugal, que, como este livro observa, contraria aquela imagem de raiz estado-novista (mas que se arreigou na forma como nos vemos) de um país de brandas gentes e costumes. Os anos conturbados das invasões foram o início de meio século de lutas, invasões e guerra civil. Durante a primeira metade do século XIX, Portugal esteve a ferro e fogo.

Um papel desempenhado nas Invasões, academicamente estudado mas não muito divulgado, é o das revoltas populares que, logo aquando da primeira invasão, onde a capitulação nacional foi ordenada pela coroa que se retirava para o Brasil, deu a faísca que levou à expulsão francesa. As revoltas populares permitiram o reaviver das desarmadas forças portuguesas, e os desembarques ingleses de forças regulares para enfrentar o exército napoleónico. A história é complexa e sangrenta, bárbara em todas as partes, como é, infelizmente, a norma neste tipo de tempos. A violência revoltosa estendeu-se dos ocupantes àqueles que eram vistos como colaboracionistas, e a reação das tropas de Junot foi proporcianal em violência, arrasando terras revoltosas e executando populações como represália. Ficou-nos, na língua, uma expressão que recorda a violência extrema desses dias: ir para o maneta, celebrando a selvajaria do infame general Loison, conhecido pelo rastro de atrocidades que deixava atrás de si.

A resposta às restantes invasões fez-se de formas mais convencionais, já com forças regulares anglo-lusas e uma enorme contribuição de milícias e guerrilhas locais, bem como políticas de defesa assentes na terra queimada. Embora sem o cunho de revolta total e caótica primeira invasão, as seguintes voltaram a caracterizar-se pela enorme violência, não dos combates em si, mas de todo o seu contexto. A derrota francesa deu-se menos em combate aberto do que no constante desgaste de operações de guerrilha que dificultavam as operações. 

O fim das invasões não trouxe consigo  paz. Seguiram-se os anos de guerra civil entre liberais e absolutistas, também anos de violência, caos, e de senhores da guerra locais que perduraram na memória histórica como bandoleiros. Só a segunda metade do século XIX, com o firmar da vitória liberal, é que trouxe alguma paz ao país, bem como caminhos de desenvolvimento. Uma paz que depressa poderia decair em violência, como mostra o autor, traçando um padrão do tempo das invasões francesas à implantação da república, época de violência e revoltas, que só foram definitavemente travadas com a repressão do estado novo.

Esta não é uma leitura cómoda, não é uma história agradável de heroísmos, de um povo acossado que se defende com honra. A violência generalizada, a firmeza destrutiva dos responsáveis militares, a forma caótica com o povo se levantava, são aqui mostradas sem complacências. Foram tempos extremos, e todas as forças intervenientes reagiram de forma extrema.

domingo, 7 de julho de 2024

URL


Photo: já vão longe.

Supercut of cassettes, CRTs, Game Boys, answering machines, and other retro tech in 1980s and 90s anime (video): Um mergulho deep retro, nas estéticas e nas tecnologias.

Tom Cruise tiene una película de seis horas que solo proyecta a sus amigos y donde explica todo lo que sabe sobre cine: Diz-me que tens poucos amigos sem me dizeres que tens poucos amigos. Sinceramente, seis horas de canastrão a debitar sabedoria é atentado aos direitos humanos basilares.

San Andreas: ode a um limiar entre o lugar e a memória: Memórias liminares de uma geração que já cresceu a explorar espaços virtuais, de certa forma mais reais e persistentes do que os físicos que habitaram.

Os Super-humanos e a origem do Superman: Um olhar para o mito do super-humano, nas suas origens na FC Pulp.

Catarina e a Beleza de Matar Fascistas: Da forma como um certo modo de estar público parece estar a resvalar para o autoritarismo, este tipo de textos interventivos mostram-se necessários.

5068) Os espaços liminares: Um tema muito querido às culturas online, uma espécie de colisão ballardiana entre o conceito de não-lugar e os mundos digitais.

Which Reading Platform Is Best For The Planet?: A leitura, em modo de sustentabilidade. Se são precisos trinta e-livros para que um e-reader se torne sustentável, bem, isso não é difícil. E é interessante que pequenos ajustes no tipo de letra podem levar a enormes poupanças de tinta e papel em livros impressos.


It's Full of Stars: Estéticas digitais.

Ars Electronica “Waltz Symphony”: Of humans and machines: Projetos onde a IA é um elemento de co-criação, que parte da obra humana para ajudar compositores a investigar novas sonoridades.

Chinese Army Demonstrates Machine Gun-Equipped Robotic Dogs in Joint Exercise with Cambodia: Provavelmente, este tipo de robots sao mais exercício mediático, mas simbolizam os investimentos que se fazem em robótica militar.

Discord has become an unlikely center for the generative AI boom: Diria que a primeira pergunta que se pode fazer é como é que o TechCrunch só agora se apercebeu de algo que já existe há anos. Recordam-se dos primeiros tempos do Midjourney? Era acessível... via Discord.

Nvidia denies pirate e-book sites are “shadow libraries” to shut down lawsuit: O novo paradigma das tecnológicas - a pirataria só é pirataria quando as afeta a elas. Se é para as ajudar a lucrar, então não é pirataria. Malta, shadow libraries são pirataria em qualquer ponto do universo, sites que disponibilizam livros eletrónicos para descarga livre, sem pagamentos nem respeito pelos direitos de autor, por muito que a OpenAI e a Nvidia digam o contrário.

The Forgotten History of Chinese Keyboards: Como tranferir a complexidade dos caracteres chineses para teclados digitais? Estes projetos antigos mostram tentativas de o fazer.

Perplexity will research and write reports: O jargão deslumbrativo da press release fala-nos de uma forma dos utilizadores partilharem o seu conhecimento. A aplicaçáo real da ferramenta será o cabular. Obviamente, quem tem dois dedos de testa percebe que um gerador de artigos e relatórios vai servir para despachar trabalho. Os estudantes medianos, e os baldas, agradecem.

Google Zero is here — now what?: Desconhecia esta expressão, mas faz sentido - Google Zero, o momento em que a Google deixa de indexar a internet aberta, e nos passa a servir o que controla. Algo que muitos negócios já suspeitam que está a acontecer.

Bubble.ai: A corrente valorização extrema das empresas que lidam com IA mostra que estamos a viver uma nova bolha financeira.

Microsoft activa Recall na instalação sem opção de desactivar: Os dark patterns da microsoft são lendários. O simples ativar um sistema operativo é um pesadelo, em que se torna impossível fazer da máquina o que queremos (tentem lá ativar o SO sem conta microsoft, tornou-se impossível fazê-lo com conta local). E nesta ferramenta, que suscita enorme dúvidas éticas e de segurança, segue o mesmo caminho. Do ponto de vista deles, "opção" e "vondade do utilizador" é fazer apenas o que eles querem.

TikTok Hit with Second Worst News of 2024: Donald Trump Joins App: Todas as redes sociais passam por este ciclo. Primeiro, alguns early adopters; em seguida, os mais atrevidos e curiosos. Depois, chega o maralhal dos hoi polloi, e as coisas começam a ficar chatas. Finalmente, entram os trolls, o que significa o declínio do serviço.

Lord Kelvin and His Analog Computer: Histórias da história da computação.

Europa lleva años apoyándose en Antonov para el transporte estratégico: ahora está buscando una alternativa con Airbus: Poderemos sonhar com um mega-Airbus?

Do we actually want, or need GenAI tools to be “Creative”?: Uma belíssima análise sobre o que significa criatividade. Não, as ferramentas GenAI não são criativas, e repetem estereótipos visuais. Mas, aquilo que os gostos públicos apoiam, poucas vezes é verdadeira expressão criativa.

Windows desactiva método de ultrapassar conta Microsoft na instalação: Microsoft, e o seu comprometimento em ignorar a vontade dos seus utilizadores.

Meta is testing a new ad in the Instagram feed that you can't scroll past: Era preciso tornar a experiêcia de uso de redes sociais ainda mais merdosa do que já é? Não, mas a Meta pensa de forma diferente.

the world of tomorrow today: Cidades do futuro.


*What if the whole universe is a kind of meme, man: Uma piada memética que reflete o nosso gosto por metáforas que nos ajudem a descrever o universo.

Ukraine on the ropes: Como observou muito bem John Naughton, ao introduzir este artigo, "a europa tem estado de folga da história deste 1945". O regime criminoso russo está a mostrar que a velha história europeia não está desaparecida, e a médio prazo, se não reagirmos agora, vamos pagar uma fatura alta.

Color Is The Enemy: Intrigante, perceber que a introdução de cor em plásticos acelera a sua degradação, bem como aumenta o impacto ambiental.

Una teleoperadora se llamó a sí misma 100 veces para descansar más tiempo. Su despido ha sido avalado por la justicia: Nota para os trabalhadores remotos em call centers: a ideia é boa, mas sejam inteligentes na implementação. Arranjem vários sims, ou peçam ajuda a amigos e familiares. No fundo, diversifiquem.

Bizarre armor from Mycenaean Greece turns out to have been effective: As antigas tecnologias militares podem-nos parecer estranhas, mas isso não significa que, à sua época, não tenham sido eficazes.

A violenta Campanha do Pacífico pelas lentes de câmara de um marinheiro luso-descendente: Cuidado ao leitor - não são imagens suaves, é um retrato de violências.

Capitalists Alarmed as Renewables Keep Making Electricity Temporarily Free: Quando se resume tudo ao lucro, dá nisto. Claro que é preciso investir e há que gerir e tornar sustentáveis custos, mas a lógica do lucro em tudo a todo o custo é destrutiva.

On D-Day, the U.S. Conquered the British Empire: Uma perspectiva intrigante, o Dia D como um momento pivot na história, marcando o declínio do imperialismo colonialista britânico face à nova ordem americana.

Analysis : is Drone Dogfights A New Twist On Air War ?: Um olhar para os cada vez mais prevalentes combates aéreos entre veículos não tripulados.

sábado, 6 de julho de 2024

Lost+Found

 










Regresso fugaz a Santiago de Compostela e Pontevedra, para participar na Maker Faire Galicia.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Monstrous Regiment

Terry Pratchett (2003). Monstrous Regiment. Londres: Corgi Books.

Outro mergulho na vasta tela que é o mundo de Discworld. Este, num tom mais negro, e inspirado numa história que conhecemos bem, a das Guerras Peninsulares. Claro, sendo um livro de Pratchett, podemos sempre esperar aquele seu humor mordaz e certeiro. Mas aqui, os cenários de fantasia sublinham desigualdades e idiosincrasias do nosso mundo, não são as meras fugas escapistas que a série Discworld é eximia em ironizar.

Quando uma jovem rapariga se disfarça de rapaz e se alista no exército para ir combater os inimigos da sua nação, nem sonha em que berbicachos se irá meter. Os seus motivos são tudo menos patrióticos. A guerra corre mal ao país e a rapariga não tem grande vontade de ir lutar em nome de uma regente que provavelmente estará morta, e muito menos de defender uma pátria teocrática, onde a religião é pervasiva, a vida é ditada por um acumular de diktats religiosos (com o seu brilhante humor, Pratchet designa-os de "abominações"), e, claro, ser mulher é uma condição de opressão. Tudo o que a rapariga quer é encontrar forma de procurar o irmão, prisioneiro dos inimigos da nação.

Vai parar a um pelotão bastante sui-generis,  composto por uma mescla de humanos e criaturas de fantasia. Os humanos são taciturnos e sempre com algo a esconder, um deles é acometido regularmente por alucinações político-religiosas. Os não-humanos incluem um vampiro, um troll e uma criatura tipo Frankenstein, especializada em curar e reconstruir corpos de forma muito literal. São liderados por um sargento à antiga, daqueles soldados experientes e quasi-imortais, e acabam por ter a dúbia sorte de ser capitaneados por um oficial inepto e sem experiência de combate, mas não totalmente inútil. O país está nas últimas, a guerra corre mesmo muito mal, apesar da propaganda constante a afirmar o contrário, e só restam os restos para engajar em combate.

Mas este pelotão irá revelar-se curiosamente aguerrido, e sortudo. Uma sorte ajudada por outras forças em jogo, que têm interesses estratégicos num fim à guerra que não implique a vitória das forças mais poderosas, e mobilizam espiões e jornalistas numa curiosa aposta neste pelotão como elemento inconstante capaz de desequilibrar a situação.

Na verdade, todos os elementos do pelotão partilham, sem o saber, do mesmo segredo. Há medida que as aventuras e desventuras se desenrolam, vamos descobrindo que todos os soldados daquela curiosa unidade são mulheres, incluindo trolls, vampiros e criaturas biológicas manufacturadas. Mulheres que têm em comum histórias que as levaram ao campo de batalha, desafiando as proibições teocráticas que as obrigam ao segredo, disfarce e subterfúgio. 

Parte do drama é esta reflexão sobre o papel da mulher na guerra, mas também na sociedade, Pratchett sublinha bem as desigualdades que se mantém arreigadas através das desventuras destas heroínas ocultas, sempre com o seu cunho de ironia inesperada. O resto é a tradicional ideia de sociedades ossificadas que precisam de mudar e evoluir, mas estão presas aos velhos modelos e ideais.

Por vezes tocante, outras hilariante, mas sempre surpreendente, este livro é um valioso elemento da longa série Discworld.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Trafalgar


Jean-Yves Delitte,  Denis Béchu (2017). Trafalgar. Paris: Glénat.

Esperava um mergulho mais profundo nas intricacias da batalha, mas este álbum segue outros caminhos. Foca-se mais na história que antecede a batalha, das indecisões e incompetência do almirante francês enquanto os ingleses traçavam uma férrea estratégia, e apresenta-nos um jovem marinheiro francês que, na história, vai ser o responsável pelo tiro que ceifou a via ao almirante Nelson. Mas fica de parte a batalha em si, e esse seria o principal chamariz para esta leitura. Como é habitual na indústria francesa, a ilustração é competente a invocar a época histórica.

domingo, 30 de junho de 2024

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It's Full of Stars: Patrulhas espaciais.

Las películas de ciencia-ficción favoritas de Neil deGrasse Tyson: Matrix, Marte, Contact, Ultimátum a la Tierra y 2001 entre ellas: Cientistas a avaliar ficção científica, é sempre difícil a resposta.

The Best Philip K. Dick Books, recommended by David Hyde: Alguns dos melhores livros de um dos grandes nomes da FC.

Doctor Who: "Boom" Reveals More of Steven Moffat's Hidden Continuity: Apesar de ser whoviano, deixei de seguir a série. Não por causa daquelas patetices dos fanboys refundidos, que ficam com palpitações e veias a saltar porque o The Doctor já foi uma mulher (e foi uma excelente Doctor!), e agora é um negro. É mesmo pela combinação da infernalidade dos serviços de streaming com a falta de pachorra para ir às torrentes buscar os episódios da série. Mas sei que ando a perder coisas boas...

Let Your Phone Condense And Describe Books. What Could Go Wrong?: Confesso que nunca percebi quem prefere ler resumos ao livro. Qual é a piada? O que interessa numa leitura é o caminho, não a história concluída.

You’re not imagining it — movies are getting longer: Bem, ver este engordar dos livros, filmes e músicas como uma reação à cultura do imediato trazida das redes sociais parece-me um estranho salto lógico. Pessoalmente, penso mais numa relação entre custos e conteúdos, com a ideia de que se gastamos tempo e dinheiro num produto cultural, temos o direito de ter mais substância, mais palavras, mais tempo de visualização. Mesmo que do ponto de vista do leitor/espetador, se sinta que que as coisas ficam longas de mais.

Lançamento: A Norte de Sul Nenhum: Fiquei intrigado pelo grafismo desta nova proposta d'A Seita.

Clássicos da Literatura Portugueses em BD - Entrevista com João Miguel Lameiras e Miguel Jorge: Com esta equipa de criação, suspeito que este será um dos melhores livros da corrente coleção da Levoir.

Dance of Damballa: Temer o esqueleto.

OpenAI Just Gave Away the Entire Game: Bem, na verdade a corrida à aplicação de tecnologias cujo estadio de desenvolvimento não é suficientemente maduro para generalização e massificação já é há muito visível como a estratégia dos players da IA. É implementar, e que se danem as consequências, os problemas que surgirem, outros que os resolvam.

The Panic Over Smartphones Doesn’t Help Teens: Um desmontar dos estudos que apontam para correlações entre uso de telemóveis e sintomas de mal estar psicológico. É peculiarmente divertido que se alega como prova da adição que os telemóveis causam nos jovens estudos feitos com adultos que ficaram uns dias privados do Facebook (como todos sabemos, a rede que os jovens decididamente não frequentam). Claro que isto não redime as empresas da economia digital da sua culpa, das formas intencionais que utilizam, desde o design dos serviços ao uso de curadoria algorítmica, para maximizar o tempo passado nas suas apps e capturar a atenção dos utilizadores. É confortável apontar o uso excessivo de telemóveis como uma falha moral dos utilizadores, mas fazer isso esquece que há razões para os telemóveis serem aditivos, e não são falhas morais das pessoas, mas sim cupidez das empresas.

In the Tragic Downfall of the Internet's Art Gallery: Fui utilizador assíduo do Deviant Art durante anos, aprendi imenso, ganhei muitas ideias e inspiração com a comunidade de artistas à qual pertencia. As redes sociais entraram bastante no espaço de feedback que o DA possibilitava, e pessoalmente passei a ter menos tempo para me dedicar a atividades criativas puras. Mas, recentemente, tenho visto o site que suporta a comunidade a cair numa decadência inesperada, com o seu acervo usado para treinar IAs e o seu conteúdo a ser pouco mais do que geração de conteúdos com baixo esforço.

Sam Altman Ignoring Scarlett Johansson's Lack of Consent Shows Us Exactly What Type of Person He Really Is: A surpresa é surpreenderem-se com os desmandos dos tech bros. 

Scaniverse extends support to Android: Uma excelente notícia, a disponibilidade de uma das mais potentes apps de fotogrametria, finalmente a chegar a Android. E o preço continua imbatível.

The AI Laptops’ Secret Feature: Curioso, o mais interessante dos novos portáteis IA da microsoft, é usarem um chip que está concebido a pensar em linux. Ou seja, é possível tirar partido do potente hardware oferecido, livrar-mo-nos do bloat/spyware windows (só aquela ideia idiota do Recall merece deserção em massa), e usar o que parecem ser excelente computadores com linux.

Se nos están acabando las ideas con las cámaras de los teléfonos. Los rumores sobre el iPhone 16 son una prueba más: Os limites físicos das câmaras dos telemóveis.

Microsoft's New AI Recall Feature Could Already Be in Legal Trouble: A sério, quem diria que uma funcionalidade que é extremamente invasiva do ponto de vista da privacidade individual, iria despertar a atenção de reguladores? Dessa ninguém estava à espera.

Las quejas sobre la brecha generacional del anciano sumerio y lo que tiene de leyenda urbana: Confesso que me arrepio quando vejo a cedência intelectual que estamos a ter perante a IA Generativa, o ato de "perguntar à IA" em vez de pesquisar parece-me arriscado, o potencial de desinformação é demasiado elevado, e como não há fontes para comparar, acredita-se cegamente no que se lê. Falamos dos perigos da IA para os empregos, na desinformação, especulamos sobre cenários exterminador implacável. Mas talvez o maior perigo seja este, a nossa confiança excessiva aliada à preguiça intelectual, que assume a IA como um oráculo infalível.

I Know Where You Were Last Night: Daqueles comportamentos na interseção entre tecnologia e sociedade cuja lógica me ultrapassa por completo - a partilha constante de localização com familiares e amigos. É assustador, a forma como cedemos a nossa privacidade, como confiamos, até ao momento em que o que pode correr mal, corre mal.

Kobo Clara Colour review: Judging books by their covers is now more fun: Confesso que, pessoalmente, estou menos contente com o meu Kobo de ecrã a cores. O ver as capas a cores é divertido, e, claro que não esperava que a vivacidade de cores num ecrã e-ink seja próxima dos ecrãs tradicionais. O que me desiludiu foi a tonalidade de fundo dos novos ecrãs, mais baços relativamente aos Kobo originais.

Para os CEOs das tecnológicas, a distopia é o mais importante: Sim, já todos percebemos que a paixão pelas distopias é o que alimenta os sonhos húmidos dos Altmans, Musks e companhia, os deuses dos techbros.

Five ways criminals are using AI: Chart GPT para phishing? Ou para automatizar o desenvolvimento de malware? Há uma ferramenta para isso.

‘I’m the new Oppenheimer!’: my soul-destroying day at Palantir’s first-ever AI warfare conference: E, por falar em distopias, vão ler este extraordinário e arrepiante relato de um jornalista que visitou uma conferência dedicada às aplicações militares da tecnologia de IA. É qualquer coisa de espantoso, de um submundo onde a desumanidade impera. Quando os visitantes a uma conferência dedicada à militarização da tecnologia são incapazes de perceber o papel da Cruz Vermelha, algo está muito errado nas suas mentes.

Academia: The Heroic Prompt Engineers of Tomorrow: Uma leitura cheia de excelentes insights sobre os deslumbres, e as capacidades, da IA Generativa, destaco "In some sense this should be obvious about large-language-model AIs: they are trained on past writing or past artwork or existing code. This is also one of their weaknesses and I think will be a drawback for the foreseeable future. They are not really “machines that think”, they are reprocessors of what has been said and made. That’s where they have an unpleasant intersection with our present understanding of intellectual property and where they have a complicated intersection with our present cultivation of creativity and expression. It’s also where they embed much what it is our culture writ large even when we pretend otherwise—they have been trained on a vast corpus that includes racism, sexism, violence and many other sins and omissions. I understand the point that human beings are also reprocessors of what has been said and made, that this is sometimes what we mean by creativity—that someone has taken past work and thought of a new way to do it while still referencing what has come before. Really thinking in that process, however, remains ontologically, fundamentally different than what generative AI is doing. If you want to really understand the outcomes of that corpus as reprocessed through generative AI, you can’t just be someone with a technical understanding of machine learning and large-language-models. It helps a great deal to understand culture, representation and interpretation, to know about the texts and textualities that have been used in the training.

Even more, it helps with the use of generative AI. If you look at something like Midjourney, the people who are consistently getting the most interesting and valuable results from it are people who combine several literacies at once: they know art history, they know about visual aesthetics, they know how generative AI generally works, and they know Midjourney as a tool and interface. They also often know where to find digital images and how to process and alter images in other tools. I’m not very good at any of things quite yet, but I understand how to push the tool closer to what I want as an image—from the generic outcomes of the generic prompt on the left side to more visually interesting and evocative images that might not be like anybody else’s first yield on the right side. There are people I see using it who are good at all of those things, and it shows." E eu que achava que quando em formações dizia que quem diz que a IA generativa, por si só, é criativa, não percebe nada de história de arte, estava a ser mauzinho... mas essa intuição tem razão de ser.

Estos son los empleos en los que más impacto va a tener la inteligencia artificial, explicado en un gráfico: Sinceramente, é um tipo de discurso em que já não me revejo. Há anos que se publicam estudos alarmantes sobre a devastação que a IA vai trazer no mundo laboral. O tom é o mesmo, mudam as tecnologias específicas. Há seis ou sete anos era a robótica, hoje é a IA generativa. Na realidade, as coisas mantém-se mais ou menos as mesmas.

AI tutors are quietly changing how kids in the US study, and the leading apps are from China: Não surpreende. O problema aqui é o caráter de fiabilidade destas ferramentas, cujos outputs podem ser "alucinados". Se o estudante tiver sentido crítico, e estiver mesmo a usar os LLMs para estudar, compara respostas e fontes. Mas, como todos sabemos, a esmagadorma maioria apenas quer a resposta para fazer o trabalho e passar na disciplina/cadeira.

Uh-oh: ICQ is shutting down on June 26: A grande surpresa é perceber que o clássico ICQ, o primeiro serviço de mensagens instantâneas, ainda existia. O fim de um clássico, com cujo uso aprendi depressa o valor de manter o meu estado em offline, senão a garantia de me interromperem para conversar era elevada.

The Big AI Risk Not Enough People Are Seeing: Certeiro: " It’s a window into a future in which people require layer upon layer of algorithmic mediation between them in order to carry out the most basic of human interactions".

É esta a inovação que esperamos da Inteligência Artificial?: Certeiro. A febre dos gigantes do digital está a conduzir-nos a usos insustentáveis de uma tecnlogia promissora. No seu afã, o lado promissor fica de fora, e somos levados por ferramentas sem fiabilidade, ou que tornam banal a hipervigilância. Não pode ser esse o caminho a seguir.

It's Full of Stars: Cenas cósmicas.

Pentagon Says Russia Has Launched a Mysterious Orbital Weapon: O espaço não escapa à nova guerra fria.

Cities Stare Down ‘Day Zero’ as Reservoirs Go Dry: As consequências do aquecimento global, aliadas ao desleixo no planeamento urbano, a fazerem-se sentir.

Bedford Square: A história de uma das mais icónicas praças londrinas, paragem obrigatória nas imediações do British Museum.

On fake medieval devices – both torture and sexual: As lendas sobre o suposto sadismo medievo.

Los 'true crimes' pendientes de la España negra: los casos que la ficción televisiva aún no se ha atrevido a tocar: Mistérios criminais muito negros, os segredos do nosso vizinho do lado.