domingo, 14 de abril de 2019
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Greetings, from the Desert of Ghost Ships: Traços indicadores do antropocénico. Secado pelo desejo soviético de transformar as estepes em campos de algodão, o mar de Aral, aquele que foi um dos maiores mares interiores do planeta, é hoje um enorme deserto. A ação humana criou esta imensa paisagem ballardiana.
Rise Of The AI Artist: Confesso que demorou menos do que esperava. A estética visual da criação artística utilizando Inteligência Artificial está a chegar aos criativs das indústrias culturais. Um pouco como a glitch aesthetics, que há alguns anos era um nicho muito reduzido mas agora integra rotineiramente a iconografia visual da cultura pop.
Manga eterno: 21 clásicos imprescindibles del cómic japonés: São mesmo vinte e uma excelentes sugestões, mas é algo deprimente para um leitor português. Aqui ao lado, a oferta de BD, comics e mangá traduzida é tanta, tão diversificada e acessível, enquanto que por cá... enfim, já foi bem pior.
The Squeal of Data: Sim, também me recordo do som do modem a ligar-se à internet através da linha telefónica. A partir daqui, o Tedium fala-nos de teletypes, redes de fax, e dispositivos de acoplamento que convertiam impulsos elétricos em sons para transmissão através dos auscultadores de telefone.
Panorama of London 20 feet wide goes on display: Apaixonei-me por estas tecnologias dead media quando estava nas leituras para a minha tese de mestrado. Estes panoramas são, para todos os efeitos, realidade virtual do século XVIII e XIX. Grandes telas que eram mostradas em forma circular, eram famosas pelo sentimento de imersividade que possibilitavam. A maior parte perdeu-se quando esta tecnologia perdeu o lustre e caiu no inevitável declínio. Agora, o London Museum vai oferecer aos seus visitantes um vislumbre do que eram estes panoramas.
Treta da semana: fissão é a solução.: Ou talvez não. O real problema, aponta este artigo, está na segurança. Os resíduos radioativos são altamente contaminantes, e têm se ser guardados em segurança durante séculos. Se a energia atómica permite, de facto, obter energia mais facilmente do que com meios renováveis, os riscos a médio e longo prazo são demasiado elevados.
Ramiro (2017): A aparente normalidade banal deste filme também me seduziu. E concordo com o Cineuphoria: o trabalho do ator António Mortágua dá a esta personagem uma força e vitalidade inesperadas.
A Three-Day Expedition To Walk Across Paris Entirely Underground: Um mergulho duplo, nos mundos fascinantes da exploração urbana e nos espaços labirínticos sob a cidade de Paris. Um grupo de exploradores passa três dias a atravessar a cidade através das catacumbas e dos esgotos, uma experiência surreal de mergulho nas profundezas onde sobrevivem, mesclados, os traços da história parisiense.
What Would a Dog Do on Mars?: Não é fácil para um cão suportar os rigores das viagens espaciais. A história de Laika e outros animais que foram utilizados para testar o acesso à órbita não é animadora. Pessoalmente, fico deprimido: se for viver para Marte, tenho de deixar a minha cadela Alice na Terra? Bolas!
BALLARD (1962), THE DROWNED WORLD: Um revisitar de um dos grandes escritores de FC do século XX, através de um dos seus romances icónicos, algo prenunciador das correntes tendências de catástrofe ambiental.
Nós, E Os Nossos Cérebros: O panorama cultural lisboeta está generoso para aqueles que se interessam pela interseção entre a arte e ciência. Até 22 de abril continua no MAAT a exposição Hello Robot, que nos leva a refletir sobre a nossa relação com a robótica através de artefatos da história da computação, design, tecnologia e experiências artísticas. Agora, aproveitando a comemoração do 150.º aniversário de Calouste Gulbenkian, a venerável Fundação Gulbenkian traz ao público a exposição Cérebro: Mais Vasto que o Céu. Nela, os visitantes são convidados a descobrir talvez aquele que seja o mais importante órgão do corpo humano.O melhor da exposição? Os robots-pintores de Leonel Moura.
The Truth About Wasabi: Quer dizer que... aquele wasabi que se come nos cada vez mais proliferantes sítios onde se come sushi (passaram de raridade a praga, especialmente aqueles que fazem sushi de tudo e mais alguma coisa, com maionese e molhos à mistura)... não é o verdadeiro wasabi? É um sucedâneo feito a partir de rábano misturado com mostarda e corante verde? Toda a história do wasabi é algo muito, muito japonês, o meticuloso cultivar de uma planta rara, com todo o cuidado e sem querer massificar, para manter a pureza do sabor original.
Fifty years of the internet: A internet fez 30 anos? Não não, aponta com razão Leonard Kleinrock. De facto, a conjugação de redes que hoje chamamos de internet tem hoje cerca de cinquenta anos. O texto em si é sóbrio, transmitindo uma sensação de surpresa e algum arrependimento, quando uma das pessoas que ajudou a criar a internet se sente desencantada com os pesadelos nascidos daquele sonho de liberdade pura. Arrependimento não no sentido de achar a criação da internet um erro, mas no sentido de se ter implementado, logo de início, sistemas de fiabilização e privacidade forte. E, claro, Kleinrock não poderia deixar de contar esta delícia, do primeiro lampejo da futura internet: "After we typed the first two letters from our computer room at UCLA, namely, “Lo” for “Login,” the network crashed. Hence, the first internet message was “Lo” as in “Lo and behold” – inadvertently, we had delivered a message that was succinct, powerful, and prophetic".
Dylan Dog: O velho que lê: Finalmente, Dylan Dog a chegar aos leitores portugueses. E se o desejável seria ler obras escritas por Tiziano Sclavi, também não estamos mal servidos se forem traduzidos livros com argumentos daqueles que sabem pegar nesta personagem. Recchioni e Barbato são os que conheço melhor, mas pelo que tenho lido, Celoni também tem excelentes propostas. Nota para conhecedores da personagem: esta edição da G.floy inclui a curta Pequena Biblioteca de Babel que, se é a história que penso que é, é uma pérola borgesiana saída da imaginação fortemente referencial de Sclavi.
Computational Landscape Architecture: Porque é que gosto de ler Geoff Manaugh? Porque nos leva a pensar de forma diferente, aborda temáticas na intereseção entre tecnologia e arquitetura de formas inesperadas. Este é um excelente exemplo: se algumas espécies vegetais interferem com o sinal wifi, é possível conceber um tipo de urbanismo que otimize o fluir da radiação que não vemos, mas dela dependemos para comunicar, através da gestão das plantas e árvores plantadas.
The Chernobyl Syndrome: Recordar a história de horror que foi o acidente nuclear de Chernobyl, que nos legou a zona radiotiva de exclusão. O que surpreende, ainda hoje, é o desconhecimento intencional e a forma rudimentar como à época se lidou com o acidente e suas consequências. A forma como foi gerida a exposição à radiação é arrepiante. E ainda hoje continua. Uma vez que as regras de comércio internacional são pouco apertadas, é possível consumir-se produtos agrícolas e silvícolas contaminados, diluídos em carregamentos. Ainda hoje. Sobre isto, neste artigo, há um relato verdadeiramente grotesco vindo da União Europeia: "Chernobyl fallout had contaminated much of Europe. When Italy rejected 300,000 tons of radioactive Greek wheat, Greece refused to take it back; the European Economic Community eventually agreed to buy the wheat, which was blended with clean grain and sent to Africa and East Germany in aid shipments". É preciso ajuda alimentar? Então aproveita-se e livramo-nos de alimentos radioativos.
Boeing sold essential safety features as extras on 737 Max: O capitalismo terminal no seu melhor. Foram precisos dois acidentes aéreos fatais (e, se calhar, muitos outros relatados mas que não chegaram a ser graves) para a Boeing achar que não foi boa ideia modificar os sistemas de controle de voo dos 737 Max, mas deixar sistemas auxiliares para alertar pilotos em caso de erro de sistema ou comportamento inesperado da aeronave como extras, pagos à parte, Isto é pura negligência criminosa, e será resolvido da mesma forma que o Dieselgate o foi, com a completa impunidade dos responsáveis.