Nuno Galopim (2015). Os Marcianos Somos Nós. Lisboa: Gradiva.
Um livro excelente para as manhãs, ou as tardes, deste verão. Dá-nos uma intrigante viagem pelo real e pelo imaginário do planeta Marte. Não sendo muito profundo, é abrangente, conseguindo tocar quer na história literária das visões fantásticas sobre o planeta, quer na história da exploração científica progressiva que nos permite conhecer cada vez melhor este planeta do sistema solar.
Para fãs conhecedores da literatura e cinema de ficção científica, este livro sabe um pouco a fazer o trabalho de casa. Sublinhe-se que Galopim traça uma visão abrangente da forma como esta literatura abordou o fascínio pelo planeta, comparando a evolução nas ficções com o conhecimento progressivamente ampliado pela investigação científica. Com base no saber de cada época, são-nos dadas recensões de obras ficcionais que imaginaram a vida, as possíveis civilizações e a exploração e colonização do planeta. Este diálogo entre saber científico e imaginário é o fio condutor da obra. Para quem conheça mal, ou não conheça, a literatura de ficção científica este livro vai-lhe parecer uma pequena enciclopédia. Fiel ao seu carácter multidisciplinar, Galopim não esquece o cinema nem a música.
De fora fica uma possível visão sobre Marte de autores portugueses de Ficção Científica (como A Verdadeira Invasão dos Marcianos de João Barreiros). O título também tem o seu quê de infeliz. Suspeito que na livraria onde o comprei as funcionárias pensavam que seria um livro de auto-ajuda ou esoterismos. É muito curioso, e muito bom, ver este livro que mistura de forma exemplar ciência com ficção científica editado pela marcante colecção de divulgação científica da Gradiva.
Com uma boa análise quer na ficção científica quer na investigação, este livro é uma excelente forma de descobrir quer o género literário quer o que se sabe sobre Marte.