terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Privacidade 404


Filipe Cruz (2024). Privacidade 404. Enough Records.

Escritos com um propósito didático, de alerta para as questões da privacidade, estes contos de Filipe Cruz lidam com um lado especulativo bem informada. Imaginam sociedades onde a perda de privacidade é a norma, comportamento normalizado pelos cidadãos e incentivado pela economia e poder político. Sociedades onde quem quer manter o seu espaço individual é quase pária, e visto como empecilho e eventual criminoso. 

Num dos contos, aborda-se a forma como os sistemas de vigilância socialmente impostos como para bem de todos se tornam intrusivos. Noutro, olhamos para a perspetiva do outro lado, do ponto de vista de um hacker que se esforça por viver à margem de uma sociedade onde tudo é transparente. 

Este livro ainda conta com algumas reflexões e dicas úteis sobre as problemáticas da privacidade na era digital. Pode ser lido, em vários formados, na Enough Records: https://enoughrecords.scene.org/release/enrtxt010.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

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Erik Visser, 1996
: Surfistas dos céus.

Leituras da semana (#47 / 30 Dez 2024): Destaco a nota do João não tanto pelo artigo, mas pela observação sobre o progressivo poço fétido que é a cultura audiovisual. Não uso serviços de streaming, e das raras vezes que ligo a televisão fico abismado pelo que vejo: uma sucessão de maus filmes repetidos até à exaustão, séries medíocres em constante repetição, canais supostamente culturais que vivem de falsos reality shows sobre os temas mais abstrusos ou propalação de teorias da conspiração e falsa ciência, canais noticiosos onde painéis de supostos especialistas dissecam todas as notícias (no que é um notável exemplo do conceito de enchimento de chouriço). O nível cultural já passou há muito a barreira do zero.

Star Trek’s Cold War: Redescobrir um artigo antigo, sobre o poder cultural da série original.

The Best Horror Novels: The 2024 Bram Stoker Awards, recommended by The Horror Writers Association: Confesso que vejo ali uns autores cuja alta qualidade é duvidosa. Confesso que me diverti a ler Camp Damascus, mas Tingle não é assim tão bom. E de Grady Hendrix li o The Final Girl Support Group, um livro com um conceito muito interessante, mas uma execução indutora de sonolência.

Top 5 Sci Fi Books with Weird Landscapes: Como literatura de ideias, a FC é o género perfeito para se imaginar geografias bizarras.

Fredric Brown: Chronicler of Con Artists, Clowns, and Capitalist Excess: Com uma vénia ao Luís Filipe Silva, esta nota biográfica sobre um prolífico autor de literatura popular com bons créditos na ficção científica (embora mais conhecido pelos seus contos policiais), é um daqueles textos que merece mesmo ser lido. Não pelo conteúdo em si, a menos que sejam mesmo muito curiosos sobre este autor, mas pela forma como está escrito, somos mergulhados no tecido de narrativas e histórias que é muito sedutor.

“Twelfth Night Till Candlemas” – the story of a forty-year book-quest and of its remarkable ending: Nova vénia ao Luís, desta vez com um texto que toca no coração de qualquer amante da literatura. Todos temos livros elusivos, que recordamos vagamente e gostaríamos de reler, mantendo a sua busca com projeto paralelo. Este leitor, durante décadas, manteve a procura por um conto mal recordado da sua infância. Tem um final muito feliz, ao fim de quarenta anos conseguiu localizar o livro, com ajuda de bibliotecários. Uma história tocante, sobre os sucessos da rede de especialistas bibliográficos, mas também dos perigos (ou completa idiotice) do confiar na informação prestada por IA generativa.

Tintin, Now in Public Domain, Gets a Modern Day Reboot in The Big Lie: Todo aquele negócio exclusivista da Moulinsart vai começar a erodir. Note-se que Tintin não entrou totalmente em domínio público, apenas as suas primeiras edições e na zona de direitos de autor americana. A europa terá de esperar até 2035, se não me engano.

A intransigência artística de Bill Watterson: João Campos recorda-nos o trabalho de Bill Waterson, mas também a sua insistência em manter a sua criação dentro de estritos limites, sem se deixar levar pelo alastrar dos merchandisings e IP explorável em múltiplo conteúdo. Na verdade, o mundo não ficou mais pobre por não termos peluches do Hobbes ou aparições do Calvin no universo Marvel. Temos sempre os livros originais para nos enriquecer.

Nosferatu‘s Vampire Inspiration Is Even More Ancient Than You Realized: Um curioso easter egg histórico, num filme que ainda não vi, mas tenho a curiosidade aguçada.

Links – As melhores leituras de 2024: A Cristina partilha as suas melhores leituras do ano, além das que já nos falou no Fórum Fantástico.

Nosferatu Director Says He Tried And Failed To Adapt Frankenstein: E, depois de ver o badalado filme de Eggers, percebo porquê. O seu Nosferatu é pouco mais do que um exercício de estilo que passa demasiado tempo a fazer citações visuais góticas, pulp, b-movie e pré-rafaelitas (o final, então, é DG Rossetti all the way) em modo midjourney. Skarsgard e Dafoe levam as palmas, mas a realização consegue tornar este filme um tédio. O filme é um acumular de demasiados momentos de susto mal conseguidos, uma banda sonora irritante, e um encher de chouriços narrativo que quase adormece,. Lilly Depp tenta ser uma scream queen gótica, e falha redondamente. Tem os seus momentos, a estética é gira, e pouco mais. Ainda bem que Frankenstein se livrou deste tipo de destrates.

Five Books That Offer Readers Intellectual Exercise: Cinco livros algo desafiantes, pela forma como questionam os limites ficcionais.

5139) Notícias do fim do mundo (3.1.2025): Um olhar para cinematografias apocalípticas fora do habitual, entre Melancholia e On the Beach.

Melhores Leituras de 2024: Mais partilhas de leitura da Cristina Alves, que teve um ano muito profícuo nestas andanças.


Uncredited, 1984: No espectro.

AI tools may soon manipulate people’s online decision-making, say researchers: Na verdade, já o faz, a perfilagem e curadoria algorítmica assistada por IA para capturar a atenção dos utilizadores é o modelo de negócio das redes sociais e grandes plataformas digitais. Este artigo olha para o próximo passo - manipular os assistentes de IA, que aparentam ser o próximo passo dos LLMs, como ferramentas de marketing direcionado silencioso. Se já é um problema a mania de perguntar informações ao ChatGPT, imaginem o potencial de ligar isto com o posicionamento de produtos, uma minha de ouro publicitária, e, claro, um ataque à capacidade crítica dos utilizadores.

6 reasons why Google should switch Chromebooks from Android to Linux: Não me tinha apercebido desta vontade da Google de terminar com o Chrome OS e migrar tudo para Android. Uso no dia a dia um Chromebook (é pouco mais do que uma máquina de escrever, não aguenta com muito), e é-me tentadora a ideia de começar a usá-lo para brincar com Linux.

Volkswagen leak exposed precise location data on thousands of vehicles across Europe for months: O excesso de recolha de informação combinado com más práticas de segurança dá nisto. Há duas perguntas a fazer sobre isto. Primeiro, e a mais óbvia, como é que é possível que fabricantes protejam tão mal os dados dos seus clientes. Segunda, e talvez a mais importante, porque é que a telemetria dos fabricantes guarda informação precisa sobre a localização e percursos dos veículos? A telemetria faz sentido, mas a quem serve este nível de intrusão? Olhando para a app de informações do meu carro, faz sentido que recolha e me mostre as estatísticas de consumo em modo elétrico e gasolina, ajuda-me a conduzir de modo mais eficiente e a perceber os comportamentos do veículo. Mas não faz sentido que guarde, como faz, o mapa detalhado de todas as minhas deslocações.

“Make a cyberpunk image of Turin, Italy.”: Certíssima, a observação do Sterling - "the generators are getting worse at these assignments as more people use them. They seem to be heading for some lowest-common-denominator".

Is this too “Mastodon” to be popular on Tumblr: Há quem resista. Eu, sem RSS, teria uma vida intelectual muito mais diminuta.

El Google Maps de los cables submarinos: un imponente mapa interactivo que nos permite conocer el esqueleto del mundo moderno: Nunca me canso de analisar a intricada rede de cabos submarinos que interliga o planeta, e sustenta o nosso mundo digital.

Elon Musk Uses Cybertruck Explosion to Show Tesla Can Remotely Unlock and Monitor Vehicles: Até que ponto as capacidades de gestão remota de veículos se tornam excessivas? É preocupante perceber que o fabricante de um veículo detém capacidades completas de gestão remota, podendo agir sobre o veículo sem intervenção ou autorização do seu utente e dono. É algo que parece sempre muito bem em casos extremos, como o deste ataque terrorista, mas que se pensarmos nas implicações de privacidade, potencial abuso e caraterização de um bem que não é totalmente controlado por quem o adquiriu, assusta pelas potenciais ramificações.

We’re All in ‘Dark Mode’ Now: O alastrar dos temas escuros nos interfaces digitais.

How (and Why) a Reverse Engineer 3D-Printed an iPhone: Num tempo em que os bens de consumo estão concebidos para dificultar ao máximo a sua personalização e compreensão de como funcionam, este tipo de projetos representa um símbolo da luta por uma apropriação democrática da tecnologia.

Self Driving Like it’s 1993: Meter chaços como carros autónos. Porquê? E porque não?

How to transform your doodles into stunning graphics with Apple's Image Wand: Fiquei curioso, parece-me uma implementação das ferramentas de rabisco para imagem com IA.

Fast-learning robots: 10 Breakthrough Technologies 2025: Robots que aprendem no seu meio ambiente, uma das tecnologias promissoras.

Generative AI search: 10 Breakthrough Technologies 2025: Confesso que é algo que vejo com preocupação, dada a propensão da IA Generativa para o que se convencionou chamar de alucinações.

Small language models: 10 Breakthrough Technologies 2025: Um dos campos de inquestionável utilidade da IA, aplicar as capacidades dos LLMs às pequenas tarefas do dia a dia, e fazê-lo de forma local, nos dispositivos.

Meta's AI Profiles Are Indistinguishable From Terrible Spam That Took Over Facebook: Confesso que a lógica disto me ultrapassa. Qual é a piada, do ponto de vista de um utilziador, de interagir com perfis gerados por IA, ver e comentar as suas fotos de pessoas que não existem, ou conversar com algoritmos? Não compreendo de todo, mas para os detentores das redes sociais, há aqui novas formas de ganhar dinheiro disfarçando o marketing puro por detrás de aparentes pessoas que querem partilhar conosco os seus produtos preferidos.


Paul Lehr, from the September 1971 issue of Playboy: Fantasmagorias.

What will the world look like in 2024 AD?: Tenho de agradecer ao redditor a partilha desta pérola - a digitalização de uma revista de 1974, cheia de depoimentos das grandes personalidades da época sobre como viam as possibilidades do mundo em 2024. Uma pérola de retrofuturismo.

How History Has Become “Post-Literate”: O papel da boa escrita na perpetuação dos mitos da história, com ideias tornadas lugar-comum que já há muito a investigação académica mostrou serem falsas percepções ou desatualizadas, mas que se arreigaram na visão do público em geral porque quem as propalou, escreveu com verve.

Experts Alarmed by Huge Wall at Airport That Jet Crashed Into, Killing 179 Passengers: Fiquei siderado com as imagens desta tragédia. Uma aterragem sem trem não é inédita e faz-se, sendo arriscada, mas possível. Nas imagens é claro que o que provoca a tragédia é o avião embater contra um muro inexplicavelmente colocado.

Radical Software: Uma exposição sobre arte digital e computacional criada por mulheres. Cruzemos os dedos e esperemos que o MAAT nos traga esta exposição a Lisboa.

morning computer brain rot 2025: Entre os efeitos danosos do conteúdo acéfalo, aos mecanismos cerebrais de defesa perante traumas.

Boeing’s B-47 Stratojet Goes Cold War Spying: The story of the RB-47: A história de uma aeronave que sofreu alguns recontros contra Migs no espaço aéreo soviético.

Tamujuntu, prima?: Um relato de proximidade dos tempos tumultuosos que se vivem em Moçambique.

Parents, Put Down Your Phone Cameras: Do que se perde, no afã de querer registar todos os momentos e memórias.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

The Far Reaches

Seis contos com um tema comum, a distância na exploração do espaço. Alguns autores seguem o caminho da vastidão do espaço-tempo, outros preferem os fossos sociais e civilizacionais. Seis contos de excelente ficção científica, que se atrevem a olhar para o longínquo.

James S.A. Corey (2023). How It Unfolds. Amazon Originals.

Usando uma tecnologia de fabricação lumínica (é melhor não aprofundar muito a ideia), a humanidade espalha-se pelas estrelas, de uma forma inédita. Os corpos e memórias de um grupo de voluntários são digitalizados, para serem reincorporados como cópias, décadas, séculos ou milénios depois, noutros planetas. Um esforço de propagação que garante sucessos, novas sociedades e mundos, mas também falhas. Um método recursivo, dado que uma das missões destes exploradores é, também, a de se transmitirem após materialização. O que significa que num futuros distante um grupo destes clones inicia o processo de colonização de um planeta que se revela ser a Terra, em tantos milénios do futuro que já não restam vestígios de ter sido o berço da humanidade. Este é o pano de fundo de uma história de amor não correspondido, que se renova a cada iteração das cópias dos colonos, mas essa parte da narrativa é bastante tediosa.


Veronica Roth (2023). Void. Amazon Originals.

Há uma curiosa dicotomia nesta história, entre os passageiros de uma nave espacial que liga as diversas colónias humanas, e os seus tripulantes. As distâncias e efeitos relativísticos levam a que a vida a bordo se meça em anos, enquanto no exterior passam séculos. É este o palco para um policial clássico no espaço, com o assassínio de um passageiro idoso que regressa à Terra. às mãos da mulher que, décadas antes, enganou com promessas de amor eterno mas abandonou, quando fez a viagem de ida ao planeta distante. Para o homem, passou-se uma vida. Para a mulher, alguns anos de tristeza, que alimentam o ato de vingança.

Rebecca Roanhorse (2023). Falling Bodies. Amazon Originals.

Um jovem aparentemente anónimo regressa à estação que orbita uma Terra devastada por um conflito com alienígenas. Seres que, por ironia, respeitam e admiram a cultura terrestre, e tentam inclusive adotar crianças terrestres para os educar na sua civilização. Nas vésperas de um acordo de anexação, o jovem terá de equilibrar os seus instintos como humano com a sua herança de terrestre adotado e criado por um poderoso político alienígena.


Ann Leckie (2023). The Long Game. Amazon Originals.

Podemos sempre contar com Leckie para nos levar ao interior do que seriam mentes alienígenas. O conto é enganadoramente simples - numa colónia distante, os humanos cuidam da vida inteligente nativa, mais por questões de boa imagem empresarial e relações públicas do que real respeito pelos alienígenas. Estes, similares aos nossos polvos mas de vidas muito curtas, começam a perceber que podem ir mais longe, e aprender com os humanos a transcender os limites das suas vidas, construindo uma civilização.


Nnedi Okorafor (2023). Just Out of Jupiter's Reach. Amazon Originals.

O rico imaginário afro-futurista de Okorafor leva-nos a um futuro mais próximo, onde as primeiras missões humanas a explorar o sistema solar se fazem em naves espaciais inteligentes bio-construídas, em simbiose com os seus tripulantes. Infelizmente, cada nave apenas reconhece um tripulante, e as suas missões decorrem em isolamento, até ao dia em que está programado um encontro na órbita de Júpiter entre as naves e os tripulantes. Descobrimos aí as tensões e motivações de um punhado de humanos nas estrelas. Com as suas preocupações de FC social, Okorafor centra-se mais nos sentimentos dos personagens e nas questões sociais do que nos lados técnicos, invocando exóticos mundos biotecnológicos vindos da influência enriquecedora das estéticas não europeias.


John Scalzi (2023). Slow Time Between the Stars. Amazon Originals.

Num conto absolutamente brilhante, Scalzi imagina o que faria uma inteligência artificial autónoma enviada para as estrelas para perpetuar a espécie humana. Construída como um repositório de ciência e tecnologia, bem como da cultura humana, criada como entidade inteligente autónoma, a sua missão transcende os limites temporais humanos - procurar planetas habitáveis e estabelecer lá futuras colónias. Mas, com a autonomia vem a capacidade de reflexão, e a IA, por entre a vastidão do espaço, numa missão que demora milhões de anos, acaba por se ver como a guardiã da memória da humanidade. Decide não a recriar, mas sim procurar eventuais civilizações alienígenas avançadas, para lhes oferecer o nosso legado.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

El infinito en un junco: Adaptación gráfica


Irene Vallejo, Tyto Alba (2023). El infinito en un junco: Adaptación gráfica. Madrid: Debate.

Fiquei seduzido por este livro quando o li pela primeira vez. A obra de Irene Vallejo é um hino à literatura, à palavra escrita e ao livro. A sua erudição transporta-nos para a história do livro e da leitura, em percursos pouco lineares que cruzam história, bibliografia, sentimento e algumas memórias pessoais. Um livro encantador e essencial para qualquer amante dos livros.

A sua adaptação para banda desenhada é uma boa forma de o revisitar. A guionização mantém-se fiel ao espírito de partilha apaixonada, cruzando um lado didático com a vénia profunda à paixão pelas letras. A ilustração complementa as palavras. Não é um portento gráfico, mas também não seria bom se o fosse, aqui o papel gráfico está no acompanhar das palavras, e não como elemento narrativo. Li a edição castelhana, mas estes livros, quer o original quer a adaptação para BD, já estão traduzidos para português.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

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Hiroshi Nagai
: Japão retro.

Christopher Nolan’s Next Film Is an Adaptation of Homer’s The Odyssey: Não sei se deva temer ou ficar preocupado. O texto atribuído a Homero é um pilar civilizacional, e recordo a forma como Oliver Stone o destratou na sua versão da Ilíada (já agora, malta da iO9, "Homero" é uma figura talvez mítica, apontado como autor de textos que sintetizam a vastidão da tradição oral dos muitos povos da antiga Grécia).

Las ediciones limitadas no bastan: lo último en libros para coleccionistas son las Ediciones Enriquecidas: Não sigo este fenómeno literário em si, apenas anoto a tendência, do trabalho de marketing do livro enquanto objeto decorativo.

The Darkest Movie of the Year: Confesso a minha curiosidade com esta nova versão do filme que ao plagiar mal disfarçadamente o clássico de Stoker, se tornou um dos mais marcantes filmes de terror de sempre. Pelas análises, esta revisão faz jus ao original.

I Forgot How Bad Those Final 2 Christopher Reeve Superman Films Are: É natural. Todos querem esquecer esses filmes, em particular aquele totalmente ridículo onde o super-homem mau (porque fumou umas cenas) combate o super-homem bom dentro de si próprio).

5137) "The Last Dangerous Visions" (27.12.2024): Há obras que parecem condenadas ao limbo da eterna promessa, até chegarem a ver a luz do dia. Um olhar para algumas destas obras malditas.

Atlas of video games: Saudades da estética dos jogos arcade? Mergulhem nesta coleção de mapas e cenários retirados desses jogos clássicos.

Victor Frankenstein’s Technoscientific Dream of Reason: O clássico de Mary Shelley faz a ligação entre um imaginário medievalista proto-científico e o emergente pensamento científico. Um ideário que ainda hoje subsiste, na forma como olhamos para a Ciência.

Classic Historical Fiction Set in Ancient Rome: Confesso, a imagem visual que tenho dos romanos formou-se a ler Quo Vadis, o romance clássico de Henri Sienkiewicz. A abordagem literária ao passado tem esse condão, o de dar vida e cor aos vestígios históricos.

The science behind Mary Shelley’s Frankenstein: É por isto que o romance de Shelley é considerado o primeiro verdadeiro romance de ficção científica.

Pulp sci-fi illustration by Italian artist, Aldo Di Gennaro: A FC, sempre a promover a diversidade em todos os seus aspetos.

Encyclopedia Britannica Is Now an AI Company: Faz sentido. Nos tempos da IA generativa que todos querem ver como oracular, o que é que podemos fazer quando detemos acesso a grandes fontes de informação e dados fidedignos? Torná-los a base de ferramentas de IA faz sentido.

Nothing Is Sacred: AI Generated Slop Has Come for Christmas Music: A sério, que é surpreendente que os chico-espertos usem o lixo generativo como forma fácil de criar conteúdo clickbait e gerar uns trocos fáceis com isso? E isto nem é novidade. Formas repetitivas e muito básicas de produção cultural sem qualidade sempre existiram (grande parte das indústrias culturais, desde a musical ao audiovisual - vide telenovelas, concursos, reality shows e músicos pop a metro, vivem disso). O que mudou foi a facilidade de geração automatizada de conteúdo.

The humans behind the robots: Uma visão curiosa, o emparelhar de robótica com trabalho remoto na criação de robots domésticos.

AI Fight Club and what it hides: Discutir IA Generativa não tem de ser na ótica da dualidade deslumbre/catástrofe. Aliás, cair nessa armadilha é perder a capacidade crítica de perceber as valências, potenciais e problemas destas tecnologias.

In 1928, Eric the Robot promised the robo-butler of the future: Quase cem anos depois, ainda continuamos longe destes sonhos. Mas, pelo menos, já deixámos de parte a ideia de escravos mecânicos. Ou, pelo menos, assim o espero.

AI-Generated Book Grifters Threaten The Future of Lace-Making: Nem um nicho tão tranquilo com o do tricot está livre da predação dos chico-espertos que usam IA para gerar lixo editorial, e enganar os incautos.

Will we ever trust robots?: Confiança, não só nos sistemas em si mas em quem os desenvolve e opera.

"Será el estándar mundial": en 1996 General Motors tenía el coche eléctrico del futuro hasta que decidió hacerlo desaparecer: Um artigo que nos recorda os EV1, os primeiros veículos elétricos a chegar ao mercado, que tiveram um fim rápido. Não porque não houvesse necessidade social ou alinhamento de mercado, mas porque a GM estava mais interessada em vender veículos tradicionais e aproveitou um relaxamento legal para abandonar este projeto. Trinta anos depois, tudo mudou, e os veículos elétricos são a principal aposta da indústria automóvel global.

Never Forgive Them: A mais furiosa denúncia de tudo o que está mal na nossa economia digital. A tirania sufocante das plataformas, os dark patterns, o incentivo a comportamentos aditivos, o resvalar para conteúdos sem qualquer valor, a constante exigência de atenção, o dilúvio de lixo generativo, e os lucros obscenos que estão a ser obtidos com o empobrecimento cultural e económico da nossa sociedade. É um texto furioso, brilhante, imparável e impecável. 

The Most Important Breakthroughs of 2024: O ano que passou não foi tanto o ano de inovações extraordinárias, mas da rapidez do avanço e impacto de novas tecnologias.

Scientist’s ‘ruthlessly imaginative’ 1925 predictions for the future come true – mostly: Nestas análises futuristas, o interessante não é tanto o eventual lado oracular, mas sim a forma como percebemos que as tendências que vivemos hoje já nos moldavam no passado.


Mark Maxwell, 1989: A recordar a façanha da SpaceX quando meteu um Tesla em órbita, quase quarenta anos depois.

American Politics Has an Age Problem: Nalguns aspetos, a política nos Estados Unidos faz recordar a União Soviética nos anos 80, com o poder nas mãos de uma gerontocracia anquilosada. Não quero soar idadista, mas há um tempo para tudo, e queremos mesmo deixar decisões que impactam o futuro nas mãos de pessoas em franco declínio cognitivo?

La tecnología ha minado una de las mejores herramientas para la productividad y la creatividad: dejar tiempo para aburrirse: Será mesmo assim? O que vou escrever a seguir vai soar fortemente elitista. Aqueles de nós que são realmente criativos, que gostam de refletir, analisar, ponderar, não são minimamente afetados. Os restantes (que são uma maioria), cedem facilmente perante este canto de sereia da incessante distração mediatizada, tal como sempre o fizeram. Francamente, tenho a sensação que há na forma como gerimos a nossa atenção no digital uma espécie de teste evolutivo darwinista, que visa separar aqueles que procuram ter impacto real dos que apenas querem viver a sua vidinha (e nada contra estes últimos, sejam felizes e divirtam-se entre feeds e reels).

What Would A Woman Do To An Unconscious Man If She Thought No-One Would Find Out?: Um dos aspetos mais arrepiantes do caso Pelicot, para além da sordidez, está na banalidade e quantidade dos violadores. Pessoas ditas normais, com os quais nos cruzaríamos na rua, interagiríamos no nosso dia a dia, não hesitaram em violar repetidamente uma mulher inconsciente, durante anos. Pessoas que abertamente afirmariam o seu horror perante a violência sobre as mulheres, que acarinharam as suas esposas e filhas, mas não hesitaram perante a oportunidade de abusar de uma mulher inconsciente. Nem sequer há aqui o argumento de serem incapazes de resistir a impulsos, esta vítima não tem os atributos físicos de elevada desejabilidade masculina (perdoem a frieza, mas, mesmo sendo totalmente indesculpável, é um argumento possível). Foi mesmo a vontade de abusar, o gozo de exercer poder. Gostava de dizer que nem todos somos assim. Apenas posso falar por mim. Temo que este caso, e tantos outros, tantas violações, tantos casos de violência doméstica, tantas mortes de mulheres às mãos de homens que "ah, mas sempre foi boa pessoa, não se percebe porque é que fez isto", diz-nos que a capacidade humana para o mal está em constante ebulição debaixo da pele civilizacional.

Getting the Essay Back: Two Memories: Um ensaio brutal sobre o que é que realmente significa aprender. É particularmente pertinente nesta era em que muitos acham que a aprendizagem pode ser baseada no consumo de conteúdos enlatados mediados por IA generativa, em nome de uma suposta eficácia pedagógica: "“The highest aspiration of most undergraduates is to regurgitate accurately whatever the instructor has said. So they scribble furiously, hoping not to miss anything. This makes it impossible to spend any time thinking. When the time comes to regurgitate, some do it accurately, some less so. And that’s all there is to it.” He shrugs and takes a sip of tea. “Good students don’t regurgitate. They see that they have been asked a question and that the question precedes the material in the lectures, causes the lectures in fact. If they have the capacity to find the question independently interesting, they spend their effort and attention on trying to join the conversation by saying something interesting in turn.”" Aprender não é meramente memorizar factos; é manter uma sede constante de saber mais, ir mais além. Algo que os sistemas educativos falham redondamente, em parte porque foram criados para responder à necessidade social de dotar as pessoas com uma base educacional massificada.

These stunning images trace ships’ routes as they move: Os padrões formados pelas rotas das redes globais de transporte, enquanto imagens abstratas.

Panavia Tornado: Recordar a história de uma clássica aeronave europeia.

Ale-Hop, la cadena alicantina que ha conquistado media España con una vaca y una norma inquebrantable: Como ficar rico a vender tralha, e criar uma rede de lojas pan-europeia. Um vislumbres das estratégias desta marca, entre a escolha de produtos à forma como localiza as suas lojas.

Resistir à instrumentalização da luta contra o antissemitismo: Não se nega ao estado israelita o direito de se defender contra os ataques do Hamas, e, sendo franco, não se perde muito este tipo de organizações são encostadas às cordas. Mas não se pode negar que a forma como Israel está a conduzir a guerra em Gaza tem muito pouco de operações de defesa, e muito de ação genocida contra um povo. Como é que podemos achar justificável a hecatombe de civis, todas as manobras de terror, e de estrangulamento de uma sociedade de rastos? Apontar isso não é ser anti-semita, anti-israelita ou denegrir o povo judeu. Diria até que as correntes ações do estado israelita, essas sim, são uma ofensa para o povo judaico.

Second New Chinese Stealth Jet Emerges in the Same Day: Os chineses não estão a esforçar-se por esconder estas aeronaves, claramente estão a enviar um sinal.

Analysis of China’s new double-delta stealth warplane: A curiosidade com estas novas aeronaves é enorme.

Hawk Tuah Wasn’t What It Seemed: A partir de uma piada foleira apanhada em vídeo, esta rapariga americana deu os passos lógicos da sociedade mediática digital, aproveitando-se da fama fugaz para ganhar dinheiro. Talvez se tenha tramado com a iniciativa mais recente, o lançamento de uma memecoin própria que gerou interesse especulativo nos primeiros momentos, garantido que alguns lucrassem rapidamente, mas depressa se tornou uma criptomoeda de lixo, ou seja, a maioria dos que a comprou perdeu dinheiro. Talvez o mais surpreendente aqui não seja a história da rapariga do meme, nem a sua ascensão e queda, mas a rapidez com que a criptomoeda foi lançada, gerou lucros e depois caiu a pique no espaço de poucas horas.

Moon: Um belíssimo trabalho de design interativo, que nos ensina tudo sobre a Lua e a sua mecânica orbital.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Gibbet Hill

Bram Stoker (2024). Gibbet Hill. Dublin: The Rotunda Foundation.

O mundo literário foi surpreendido pela descoberta deste texto esquecido de Stoker, publicado originalmente num jornal irlandês em 1890. Lê-lo é redescobrir as estéticas clássicas do horror, numa história simples onde um tranquilo turista de visita a um cerro de antigos enforcamentos se envolve com três misteriosas crianças indianas, sendo mergulhado num inferno de horror. O final, com o protagonista a ser desperto, parece indicar que Stoker optou pela clássica artimanha do "afinal foi só um sonho", até ao parágrafo final, deliciosamente gore (envolve corações retirados ao corpo e vermes grandes, correndo o risco de fazer spoilers). 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Primeiros Escritos Portugueses sobre a China


Galiote Pereira, Gaspar da Cruz (1989). Primeiros Escritos Portugueses sobre a China. Lisboa: Publicações Alfa.

Dois textos, vindos do século XVI, que relatam as primeiras percepções dos portugueses recém-chegados à então misteriosa China. O Tratado da China de Galiote Pereira relata as experiências de um mercador, capturado com o seu grupo em circunstâncias estranhas. Reino fechado, o império recusava os contactos com os bárbaros europeus, mas comerciava nas suas fímbrias. A captura dos portugueses foi feita no meio da vontade de enriquecimento de magistrados locais, o que despertou a fúria do governo central e levou a uma espécie de perdão aos europeus, libertos das violentas prisões mas internados em diversas cidades chinesas. É esse o relato deste sobrevivente, detalhando as suas experiências primeiro como prisioneiro, depois como internado, olhando para o sistema judicial e alguns vislumbres da sociedade chinesa.

Da autoria do missionário Gaspar da Cruz, Cousas da China é um olhar muito detalhado sobre a China. Tendo lá ido numa missão falhada de espalhar a fé cristã, o missionário observa e relata a sociedade chinesa, os seus usos e costumes, formas de governo e religião (aqui, com o expectável desrespeito de um fervoroso católico quinhentista face à riqueza da mitologia sínica). Parte da obra baseia-se no livro de Galiote Pereira, mas Gaspar da Cruz vai mais fundo no seu retrato do país. Comete alguns erros algo medievalistas, dando algum crédito ás lendas sobre homens de corpos estranhos, ou afirmando que o país quase faz fronteira com as terras alemãs.

Após as Viagens de Marco Polo, estes foram os primeiros relatos que chegaram à Europa sobre a China. São visões de um primeiro contacto com uma nova civilização, não totalmente desconhecida (recordemos que já havia relações comerciais, através da Rota da Seda, entre os impérios romano e chinês) mas, dada a sua distância, ainda misteriosa.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

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lookcaitlin
: Cyber-retropunk.

The Living History and Surprising Diversity of Computer-Generated Text: O texto generativo por algoritmos tem uma história e práticas que antecedem muito os agora conhecidos chatbots de interface com LLM.

Recalling Total Recall: Um daqueles filmes que, se o revermos com olhos de ver, percebemos que não é só uma história pateta que adapta de forma algo bizarra o romance clássico de PK Dick.

The Brothers Grimm Were Dark for a Reason: Um perfil dos filólogos que se tornaram o símbolo da recuperação e recriação dos mitos e contos tradicionais (e uma inesgotável fonte de lucro para as empresas da área do entretenimento).

Bad writing becomes an art form in annual contest for world's worst prose: Nos dias de hoje, a incapacidade literária humana rivaliza com as produções de excelência dos chatbots. Este artigo fez-me recordar as deliciosas partilhas da Thog's Masterclass, a mais divertida rubrica do Ansible de David Langford. Esta, recolhe exemplos de martelagem literária extrema vindos da ficçao cietífica e fantasia.

Bang! 36: Nota para a publicação da mais recente Bang!, que por sinal, não tenbo conseguido encontrar nas FNACs.

The Funniest Historical Novels, recommended by Toby Clements: O humor não tem necessariamente de ser direto. 

The Best Hard Science Fiction Books: O interessante é ver quais são os livros que fascinam um dos maiores praticantes contemporâneos da HardSF.

Our favorite books we read in 2024: É sempre bom perscrutar estas listas, em busca de sugestões de leitura e descobertas bibliófilas.

The Verge’s favorite books from 2024: Sugestões nunca são demais, e há aqui alguns livros que despertam a curiosidade.

Paperback cover illustration from the 70’s with creatures (Martians): Bizarrias alienígenas.

The 8 worst technology failures of 2024: O ano que passou foi fértil em acidentes, mas diria que o fail Crowdstrike ganha a palma de ouro.

He usado ChatGPT Search como buscador por defecto gracias a la extensión de Chrome. Y creo que Google tiene un problemón: É deprimente ler isto. Sabemos dos riscos das alucinações e má interpretação de informação trazidos pelos LLMs, mas só se vê o incentivo ao seu uso como motor de pesquisa e oráculo respondedor de questões. Por muito que vejamos que isso está errado, a generalidade dos utilizadores prefere a indigência mental de confiar cegamente em respostas de chatbots.

The Technology That Actually Runs Our World: Uma excelente definição do mal estar social que andamos a sentir, e que expressamos superficialmente nos discursos sobre os malefícios dos telemóveis ou os juízos morais sobre a forma como usamos tecnologias. Mas o problema real é mais profundo, estrutural, emraizado numa economia de capitalismo predatório que nos deixa sentimentos de impotência: "it suggests that the source of our neuroses can be found in the soft glow of a smartphone screen rather than the superstructures of power and influence that surround us. What drives many of us mad is the inability to change those power dynamics that are so plain to see". Não, a culpa não é dos telemóveis ou das pessoas viciadas em redes sociais. É daqueles que lucram de forma obscena com o agudizar das desigualdades e o empobrecimento generalizado da sociedade, cultura e humanismo.

Is your air fryer spying on you? It’s time to stop buying unnecessary ‘smart’ devices: Certeiro: "Our privacy was sold off to the highest bidder a very long time ago. Every move we make, every step we take, every potato we air fry, someone is watching us."

An Autistic Teenager Fell Hard for a Chatbot: Podemos ler este relato de forma alarmista, mas não é esse o caminho. Desenganem-se se este fascínio e transferência de sentimentos para meros chatbots é algo que só afeta pessoas com capacidades intelectuais diminuídas. E isto não é uma consequência inesperada desta tecnologia. Jà há muito que se conhece este efeito (o artigo cita Turkle, mas podemos ir mais atrás, a Weizenbaum e o efeito Eliza), e quem desenvolve estes produtos sabe disso.

Ryanair enfrenta queixa por exigir rosto para marcação de voos: Vamos ver como corre este braço de ferro entre a Ryanair e a legislação europeia. E isto tem de ser feito, as empresas não podem continuar a violar sistematicamente os nossos direitos fundamentais em nome do lucro.

A new, uncensored AI video model may spark a new AI hobbyist movement: Registo esta como um sinal da crescente importância dos modelos chineses no panorama da IA generativa.

Arizona School’s Curriculum Will Be Taught by AI, No Teachers: O que é que vai correr mal aqui? Em termos económicos, será um sucesso, uma escola que gasta pouco dinheiro em profissionais. Do ponto de vista pedagógico é um desastre, é um afundar de instrucionismo baseado em conteúdos enlatados, um foco na aprendizagem por consumo de conteúdos e exercícios acéfalos. 

This is where the data to build AI comes from: Ou melhor, é um artigo que nos diz quão difícil é perceber a origem dos dados de treino dos modelos, devido à opacidade das empresas que os desenvolvem.

The quickly disappearing web: Recordar um problema já antigo, o linkrot. Nada é verdadeiramente permanente na web, com o passar dos anos os links desligam-se, os conteúdos são eliminados, os servidores desligados.

9 Suggestions For Your AI Reading List: Livros para ajudar a compreender os impactos da IA na educação.

Pluralistic: Proud to be a blockhead (21 Dec 2024): Doctorow, como sempre, em cheio: "workers who care about their jobs are at a huge disadvantage in labor markets. Teachers, librarians, nurses, and yes, artists, are all motivated by a sense of mission that often trumps their own self-interest and well-being and their bosses know it (...) late-stage capitalist alienation has gotten so grotesque that some people will actually sneer at the idea that, say, teachers should be well compensated: "Why should you get a living wage – isn't the satisfaction of helping children payment enough?"" Um texto que começa sobre métricas,  toca na necessidade de expressão criativa, mete os abusos do capitalismo sem escrúpulos, e recorda a necessidade da união entre criadores (ou seja, trabalhadores).


John Berkey: Space opera.

The Heist of St. Nick: Eu sei, o natal já passou. Mas esta história sobre as relíquias do santo que se tornou a imagem do natal é deliciosa. Mete rapto de cadáveres, tumbas cheias de azeite para ensopar nos restos mortais e vender como elixir curativo (sim, o meu estômago está em revulsão), e a rivalidade entre cidades italianas.

Estos dos astronautas viajaron al espacio para 10 días, pero cuando vuelvan será otro año y tendrán otro gobierno (por ahora): E continua a saga dos astronautas retidos na ISS. Pelos vistos, estão em risco de se tornar habitantes permanentes.

Abriu a nova livraria Castro e Silva na Almirante Reis e o bairro ficou mais bonito: Ai, a minha carteira.

Why Can’t Robots Stay Robots?: O nosso hábito de antropomorfizar mecanismos.

How The Digital Age Is Reimagining Visual Culture: A ligação entre os movimentos de abstracionismo ou Op Art com a arte generativa computacional.

De Belarmino a Severa, o Martim Moniz é uma praça de misturas e inspirações: O Martim Moniz, agora notório graças a um governo de direita que anda a engraxar os sapatos ao gado neofascista chegano, sempre foi uma zona amaldiçoada de Lisboa. Uma espécie de espinho espetado na cidade, zona de indesejáveis e constante alvo de intervenções arquitetônicas que conseguem piorar o espaço: "Com fenícios e gregos que já eram lenda, mais 500 anos de Roma, mais 300 de suevos e godos e 400 anos de muçulmanos, e depois com os oito séculos de Portugal, ia Lisboa aí, quando ela descobriu, recorro de novo ao grande poeta brasileiro, que “no meio do caminho tinha uma pedra”. Tinha uma pedra: o Martim Moniz asfixiava a Baixa, impedia a capital da capital chegar ao eixo natural da Almirante Reis. Ou, pelo menos, era o que se dizia dele, que entupia." É talvez uma das raras zonas onde se sente uma verdadeira Lisboa, multicultural, vibrante e natural. Não é a Lisboa-beta e afluente das Avenidas Novas, Lapa ou S. Bento. Nem a cidade-parque temático do fake very tipical do Rossio, Alfama ou Chiado. Não admira que seja zona maldita, cai mal aos olhos de quem gosta de uma cidade paõzinho sem sal, para consumo de turistas e vida tranquila dos poucos portugueses afortunados que conseguem ter dinheiro para lá viver. O texto é fabuloso, erudito, uma viagem pela história de um local, mas também pelas suas gentes e culturas.

Un simulador secreto de la Guerra Fría llevó a EEUU y Rusia a una guerra nuclear. Desde entonces saben cuál es la línea roja: E essa linha é tão simples de ultrapassar, que arrepia. 

What if Russia wins?: Não é uma perspetiva animadora. A guerra desgasta, e apesar das sanções, a Rússia é um país com recursos e uma população que não se atreve a manifestar-se. A Ucrânia necessita de todo o nosso apoio, porque a alternativa, é muito pior do que o que se está a passar hoje.

The Hysterical Crypto Bubble Somehow Became Respectable: No fim do dia, após os discursos sobre liberdade e tecnologias revolucionárias, o que interessa a esta malta é ganhar mais uns trocos, com o menor esforço.