domingo, 23 de março de 2025

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This is Spacecraft 2000 - 2100 AD (1978)
: Livros clássicos.

O libertino e audaz Luiz Pacheco, no seu centésimo aniversário: Recordar a obra polémica de um dos nossos mais notórios escritores malditos.

La Historia de la ciencia ficción española por Mariano Villareal para Dolmen Editorial: Um projeto a seguir. Com aquele apontamento amargo que, por cá, um livro destes não teria muitas páginas.

2025 - 12 Obras de autores portugueses a ler: Num ano que foi de crescimento editorial, a BD portuguesa deu-nos excelentes propostas saídas da imaginação dos nossos autores.

Novidade: Orbital de Samantha Harvey: O livro sensação, que cruza a literatura mainstream com a ficção científica, agora em edição portuguesa.

"Cyberpunk: Envisioning Possible Futures Through Cinema" Exhibition: As estéticas do cyberpunk em exposição. Não por cá, infelizmente.

The Beating Heart of Twin Peaks: Recordar David Lynch, através do impacto da sua obra mais popular.

Ha Ha, The Simpsons Has to End One Day, Right? Right??: Pois, de facto, a série já ultrapassou todos os limites de longevidade (e faz pouco sentido manter-se no ar). Graças à IA generativa, fica a promessa de sobreviver mesmo que os atores que lhe dão as icónicas vozes tenham desaparecido.

Fórum Fantástico 2025: Já com datas marcadas em Outubro, e a comemorar duas décadas. Lá estarei, claro!


*Wait… how MANY fingers?: Uma piada clássica da IA Generativa.

Better AI Is a Matter of Timing: Tecnologias de gestão de tempo como forma de aumentar a eficiência dos centros de dados para IA.

LLMs are not a Flawed Design, they are the Completion of a Flawed Paradigm: Sobre os limites técnicos e conceptuais de uma tecnologia que, apesar dos seus enormes pontos positivos,é mal interpretada e considerada mais brilhante do que realmente é.

Donald Trump’s data purge has begun: Este golpe de estado é um recordatório da importância da salvaguarda de dados, percebendo que não podemos confiar unicamente nas instituições. Por sólidas que aparentem ser, há sempre a possibilidade de serem subvertidas. Isto é especialmente grave quando percebemos que os dados que estão a ser apagados permitem trabalhar informação sobre problemas ambientais, sociais, ou de saúde pública.

UK study says school phone bans don't affect students' total screen time: Sem grande surpresa, observo, como professor que sou (ou seja, a lidar com a realidade das crianças e adolescentes). Sempre achei o argumento dos telemóveis intereferirem diretamente nas aprendizagens de sala de aula muito idiota - na aula trabalha-se e não se usa o telemóvel, exceto se permitido. O problema da adição, do excesso de uso, passa-se sempre nos tempos livres, e aí a maior parte do tempo é extra-escolar. É um pouco por isto que considero o discurso do banimento dos telemóveis dos espaços escolares uma perfeita patetice. Transformar a escola num santuário livre de telemóveis garante que fora dos seus portões, os comportamentos negativos advindos do seu uso se agravem (desde a adição ao ciberbullying).

Paralyzed jockey lost his ability to walk after manufacturer refused to fix the battery for his $100,000 exoskeleton: É o problema de deixar as tecnologias aumentativas/capacitativas nas mãos de empresas privadas. Podem deixar de existir, mudar de tecnologias, ou simplesmente inativar ou deixar de dar suporte a produtos mais antigos. A pessoa com necessidades especiais cuja qualidade de vida melhorou graças à tecnologia aumentativa regressa à estaca zero, nestes casos (e, amantes da FC, recordam-se do romance Flowers for Algernon? É isto, não é?).

Supersonic planes are inching toward takeoff. That could be a problem: Os custos energéticos e ambientais do transporte supersónico não se coadunam com o quadro das alterações climáticas.

Le Chat, el ChatGPT europeo, se actualiza para dar "guerra": app móvil, búsqueda en Internet y generación de imágenes grátis: Quase nos esquecemos que existe uma alternativa europeia aos LLMs americanos e chineses.

All About Screen Savers (Remember Those?): Recordar os protetores de ecrã, aquele software originalmente desenvolvido para garantir a qualidade dos antigos monitores CRT, mas que se tornou um marco de surrealismo visual.

Descobre a História Esquecida da TIMEX Portugal: Um documentário sobre a construção dos lendários Spectrum em Portugal. Se forem ler a História dos Videojogos em Portugal de Nelson Zagalo, irão ficar a conhecer mais sobre este assunto.


spacemerchants: THE FENRIS DEVICE: Opera espacial.

Restos de Coleção: o olisipógrafo amador que escreve sobre Lisboa sem sair de casa: Confesso que sinto como preocupante descobrir que o olissipógrafo tenha uma má relação com a leitura. É que nem tudo está na internet.

Israeli Startups Make Global Plans After Key Role in War: Pois claro que sim. As guerras são excelentes mostruários tecnológicos, e a eficácia provada no terreno um excelente método de marketing. Podem morrer umas pessoas, mas hey, são palestinianos, quem é que quer saber disso?

America Can’t Just Unpause USAID: No fundo, as chicanas políticas e o bater no peito ideológico, acabam por se resumir a isto: "But once the money runs out, these children will lose the supplemental oxygen, fortified foods, and 24/7 medical supervision they need. Many, she said, will die in two to six hours". 

Thunder in the Heavens: A Brief History of the Aircraft of the USAF Thunderbirds: O historial das aeronaves utilizadas por esta icónica patrulha aerobática.

If DOGE Goes Nuclear: A informação mais sensível, e perigosa, do mundo, nas mãos da pandilha de musk. O que é que poderá correr mal?

You Can’t Post Your Way Out of Fascism: Certíssimo. Jogar o jogo do choque e do escândalo em redes sociais é, literalmente, reforçar o poder dos novos fascistas. Não se importam de ser vilipendiados, que se aponte o dedo aos seus crimes, incoerências ou ideias tóxicas. Querem é que falemos deles, e quando mais revolta e revulsão nos despertam, mais garantem o domínio do espaço das ideias. Se queremos lutar contra os novos fascismos, do trumpismo ao gado chegano, temos de o fazer na rua, no terreno, organizando-nos para travar os seus excessos e imposições. Discursos inflamados de redes sociais têm eficácia nula.

I buzzed Russian aircraft carrier at 50 feet until their weapons systems lit up my warning receivers: Uma história dos tempos da guerra fria, com pilotos a fazer manobras perigosas como demonstração de força.

Interactive map of obscure islands: Perfeito para os fãs de curiosidades históricas e geográficas.

Escolas de portas abertas: a proposta de um lisboeta para transformar a cidade: Uma ideia louvável. A infraestrutura escolar faz parte das geografias locais, mas raramente tem impacto cultural. Há barreiras a este tipo de ideias, a mais óbvia das quais é o acesso de terceiros a áreas frequentadas por crianças. Alguns fablabs escolares que conheço não conseguem implementar dias abertos por isso, e é de notar que um dos caso de sucesso apontados neste artigo tem o espaço de auditório fisicamente separado do edifício escolar. Há também que resolver o problema dos recursos humanos, é preciso assistentes operacionais para abrir as escolas à comunidade, e esses recursos, infelizmente, são escassos. Para os meus lados, não consigo ir mais do que dias de formação para professores de diferentes origens, apenas porque tenho as chaves do edifício e não preciso de pessoal auxiliar.

Elon Musk Weaponizes the Government: O poder dos setores discretos e cinzentos fica bem patente nesta tomada de poder por parte dos bilionários, que percebem o valor de instrumentalizar o cerne estrutural de um governo - os sistemas de comunicação, arquivo e pagamentos. Precisamente os sistemas que devem ser o mais neutros possível, para não serem utilizados em nome de agendas partidárias e nepotistas.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Romanceiro Português


Urbano Tavares Rodrigues (2012). Romanceiro Português. Lisboa: Nova Vega. 

Recordamos estas rimas como elementos de um folclore infantil caído em desuso, mas na verdade são resquícios da tradição poética medieval. Trovas que encantaram gerações, ecos das fantasias do mundo cavalheiresco que sobreviveram como rimas tradicionais, que nos recordam as antigas crenças, usos e costumes. Antigas literaturas, sobrevivendo em forma oral, que mantém o seu encanto de outras eras.

terça-feira, 18 de março de 2025

Crepúsculo do Império


Pedro Oliveira, João Borges (Coord.) (2024). Crepúsculo do Império : Portugal e as Guerras de Descolonização. Lisboa: Bertrand Editora.

Não é muito fácil, por cá, debater as guerras coloniais de forma isenta. A memória ainda é viva, e as visões políticas interferem com a anáise dos acontecimentos. É indício disso o não haver uma indicação única que desgine este momento da história portuguesa. Para uns, é a guerra colonial, para outros, de libertação, e há os acérrimos defensores da velha ideia de guerra ultramarina. O afastamento ainda não é suficiente para que emoções políticas contaminem o olhar histórico. 

Mas temos de o fazer. Este conflito pesou no Portugal dos anos 60 e 70. Foi um sorvedouro de homens e recursos, causou vítimas e destruição de parte a parte, e terminou com um vazio de poder gerador de guerras civis que se prolongaram no tempo. Foi travado de forma eficaz com poucos meios por forças relutantes, que sabiam a impossibilidade da missão imposta por um governo. O peso moral recai sobre os governantes, o anquilosado e repressivo Estado Novo de Salazar e Caetano sempre recusou aceitar os ventos da história, defendendo ideários impossíveis, e com isso condenando povos e países à guerra. O fim do regime trouxe o fim do conflito, e a desmoralização dos militares, chamados a matar e morrer em África num conflito que sabiam sem fim nem finalidade, foi um dos grandes motivadores do 25 de abril.

Pessoalmente, vejo este conflito, estes anos de guerra (não me tocaram diretamente, o meu pai foi um dos afortunados que, no seu serviço militar, ficou colocado em Lisboa e não foi destacado para a guerra), como um profundo desperdício. Das vidas humanas, civis e militares. De recursos de um país estruturalmente pobre que queimou uma parte significativa da sua riqueza em armamento para sustentar uma luta perdida e imoral.

A riqueza deste livro é enorme, apresentando diferentes perspetivas sobre a guerra, vindas de todos os lados do conflito. Espelha visões factuais, geoestratégicas, sociais e económicas. Tanto nos fala do posicionamento face à NATO na tomada de decisões relativas à guerra como à importância da literatura e outras artes, quer como propaganda dos movimentos de libertação quer como memória dos combatentes. Num capítulo analisamos a economia da industria militar portuguesa, noutro o papel da mulher nos movimentos de libertação. São contributos para um conhecimento profundo de um conflito que nos sangrou (a todos, portugueses e povos colonizados), muito importante para a construção de análises que se saibam afastar dos discursos de veneno ideológico que demasiadas vezes sublinham as discussões sobre a guerra colonial.

domingo, 16 de março de 2025

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Aleksandr Kuzin - When Worlds Collide (USSR, 1974)
: Cenas cósmicas.

Scientists who were also great novelists: É uma ligação clássica, entre cientistas e ficção, e alguns dos melhores nomes do género foram, acima de tudo, investigadores nas fronteiras do conhecimento.

Graphic Novel Publisher Drops Neil Gaiman’s Books: Sem grande surpresa. Gaiman é agora tóxico, e a sua carreira terminou. Os comportamentos abusivos dele tocam no âmago da comunidade que mais admirava a sua obra. Não lhe será possível recuperar disto.

2025 va a estar lleno de lecturas inolvidables. Ahora mismo, esto es lo que está en la pila de pendientes de Xataka: Entre manga e literatura de viagens, estas sugestões despertam o interesse.

The Best Dark Fantasy Books, recommended by Alex Pheby: Para os fãs de fantasia negra, cinco sugestões do sempre interessante Five Books.

Entrevista à equipa de «O Velho e a Espada»: Daquelas divertidas bizarrias que só o cinema independente de género consegue. Recordo bem este filme tão fora da caixa, tão alucinatório mas também um tocante terra a terra.

Leituras - Janeiro 2025: Vá, o Pedro Cleto é simpático e não indica as leituras que não se devem fazer. Noto nelas um forte regresso da BD clássica.

NOSFERATU (2024): É, de facto, um filme visualmente assombroso, e o seu Orlok um verdadeiro condensar do mais nojento horror telúrico. Mas confesso não partilhar do entusiasmo que tantos sentem por ele.

O que vem por aí - Devir: O plano editorial da Devir é ambicioso, e está a expandir para além do seu ganha-pão dos mangá. O clássico Nikopol de Bilal é um bom regresso ao mercado literário português.

Why We Need a Literary Canon: Há muitos que não gostam da ideia, apontando arcaísmos, faltas de representatividade ou a desconexão ideológica entre o passado e o presente. Mas estas são na verdade mais excelentes razões para a existência de obras canónicas, que extravasam os seus tempos e contemporaneidades, que continuam a ressoar e a ser encantadoras, inspiradoras, importantes séculos ou milénios depois de terem sido escrutas. As quezílias ideológicas e as modas académicas vão e vêm, tão depressa são importantes como ficam esquecidas. As grandes obras, permanecem grandes, e quem compreende o valor profundo da cultura (e não apenas como ferramenta utilitarista) percebe a importância das obras canónicas.

Muzinga – André Diniz: Da constância na obra de um autor português que cruza o fantástico com o realismo na BD.

Comics Covers Have Three Jobs To Do: Mas o interessante, é a forma como cumprem os seus objetivos. E é verdade. As melhores capas são sempre aquelas que extravasam os limites estéticos dos títulos que publicitam.

An Exhibition of Non-Existent Books: O fascínio das literaturas imaginárias.


The time has come, ladies and gentlemen: Redes globais.

Tras poner del revés la industria IA, DeepSeek lanza su primer modelo que entiende y crea imágenes: Janus Pro: Os modelos de IA chineses entraram em força no ecossistema da IA Generativa. Depois do DeepSeek, que permite interagir com modelos de raciocínio sem custos, agora o JanusPro junta-se ao Flux como referência na geração de imagens.

5146) A foto impossível (26.1.2025): Há usos e abusos da IA generativa, mas nas mãos humanas criativas, é uma ferramenta para novas formas de expressão.

DeepSeek: Um resumo interessante sobre o DeepSeek e as suas capacidades.

Deep Impact: A façanha da DeepSeek e os impactos que teve nos mercados, mostram até que ponto a IA generativa está sobrevalorizada em termos financeiros.

We Interrupt the Ongoing Crisis for a Smidgen of Good News: Outro bom pormenor do DeepSeek é a forma como perfura a narrativa da necessidade exponencial de energia para sustentar a IA. Afinal, é possível ter modelos potentes e capazes com baixa pegada carbónica e consumos energéticos. Algo que as grandes empresas da IA nunca se deram ao trabalho de desenvolver, é mais lucrativo angariar dinheiro para comprar centrais nucleares. Para as empresas, não para a sociedade ou para o planeta, claro está.

“Who Is Ai Weiwei?” DeepSeek Refuses to Say: Confesso que acho este tipo de artigos profundamente ingénuos. É óbvio que um modelo treinado em dados chineses vai refletir as suas restrições sociais. O que é que esperavam? E a seguir à ingenuidade vem a pura estupidez - o poder destes modelos está na análise, não na resposta como oráculos detentores de todo o conhecimento. A preguiça mental de quem pergunta a um LLM em vez de ir pesquisar por si é abismal.

Boom’s XB-1 Demonstrator Achieves Supersonic Flight: A Boom conseguiu o seu primeiro boom. Compreendo. Perdoem-me a piada farsola. Mas compreendam. Tinha de a fazer. Em registo, fica a façanha de ser a segunda aeronave civil capaz de velocidades transsónicas.

For sale: An iPhone with TikTok installed, $50,000: O poder da adição. Estas ofertas destinam-se a alimentar aqueles que temem a saída da rede do mercado americano, e não hesitam perante nada para manter o vício.


70sscifiart: A set of four rare Del Nichols’ Star Wars posters: Que a força esteja.

Reality Is in the Eye of the Beholder: Cada um de nós tem a sua própria realidade. A nossa percepção do mundo é única, por muito que o partilhemos com outros.

Does Extraterrestrial Life Exist? Here’s What Scientists Really Think: É uma hipótese que não conseguimos comprovar, com os limites da tecnologia (e das distâncias galácticas). Mas também, pela mesma razão, não podemos rejeitar. É possível que haja vida não-terrestre no universo, resta saber como a encontrar.

Leituras da Semana (#51 / 27 Jan 2025): Esta vinheta do João Campos mostra o poder do acaso, como fugazes encontros se tornam marcantes na memória, e, por vezes, oportunidades perdidas. Eu, confesso, senão pelo livro de Barata-Feyo, nem imaginaria este pormenor da história do Portugal do século XX.

Footprints fleeing Bronze Age eruption of Vesuvius found: Outras Pompeias, ou, em bom rigor, os vestígios do trágico impacto de antigas erupções do Vesúvio em comunidades neolíticas.

The Strange Power of Laughter: Não há nada como um sorriso, ou uma boa gargalhada. É das mais humanas emoções que podemos sentir. Claro, quem gosta da sua vida condicionada e reduzida não aprecia o riso, mas quanto a isso, caros, se é a infelicidade que vos faz felizes, sejam então infelizes.

El papiro griego más largo encontrado no era lo que parecía. Su traducción ha revelado una historia desconocida de Roma: Sobre a cultura da fuga aos impostos e suas consequências, um problema tão velho quanto a humanidade.

Who Were the Nazis?: Agora que parece voltar a ser moda, é bom recordar quem realmente são estas pessoas. Não, não são ingénuos crentes, nem vítimas de circunstâncias. São pessoas amorais e descaradas, que fazem tudo em prol do seu benefício individual.

The PKD Dystopia: Vivemos num mundo orwelliano ou huxleyano, perguntamos, sentindo que a nossa realidade não é a opressão totalitária de 1984 nem a repressão benévola de Brave New World. Viramo-nos para os distópicos cyberpunk, mas se estes nos ajudam a descrever a preponderância social da computação, não servem para tudo. Talvez o escritor que melhor nos preparou para visões de sociedade desconexas, assimétricas, onde o real e o falso se mesclam, cheias de figuras peripatéticas com poder, tenha sido PK Dick e as suas literaturas de abalo psicológico.

Is Porn Destroying Us?: De facto, os mais perversos lascivos do passado empalideceriam com a diversidade de luxúrias ao alcance de poucos cliques num mundo online, onde todas as taras e manias, inclusive aquelas que nem imaginamos, têm o seu nicho de mercado. O problema surge quando a realidade da sexualidade carnal e humana é substituída pelo consumo da performance pornográfica, e as consequências morais e sociais que isso tem na formação da mentalidade. Notem que qualquer jovem de hoje já normalizou, porque as viu de certeza, as práticas mais bizarras e demasiadas vezes violentas e redutoras da mulher a objeto de abuso para satisfação sexual. Pensar que isso não tem consequências é ingenuidade ignorante.

Rich Kids Are Using a Clever Trick to Get Stuff From Amazon for Free: Há aqui uma clara falha social (e não é exclusiva à realidade americana). Com tanto reforço na ética que se coloca na educação, é de notar que as pessoas apenas fingem aprender essa ideia, e quando podem, aproveitam todos os esquemas que as beneficiem, prejudicando outros. 

quinta-feira, 13 de março de 2025

China Airborne


James Fallows (2012). China Airborne. Nova Iorque: Pantheon.

Confesso, este foi daqueles livros que, em alfarrabista, peguei ao engano. Conheço o trabalho do autor como jornalista que escreve sobre as suas experiências como piloto, e pensei que o livro fosse sobre conhecer esse imenso país pelo ar. Bem, nem por isso, apercebo-me quando começo a ler sobre a modernização da indústria aeronáutica chinesa, que Fallows acompanhou enquanto jornalista e entusiasta com ligações fortes ao mundo da aviação.

O livro é mais do que um relato sobre modernização aeronáutica, acaba por ser um intrigante vislumbre sobre o colosso chinês. Intrigam, as descrições de Fallows sobre uma população ambiciosa, disposta a construir negócios para enriquecemento não só pessoal mas do seu pais, o papel de um estado totalitário nos seus princípios e operacionalidade mas que na realidade dá um espaço de manobra maior do que o expectável, e do seu contrato social de obediência em troca de investimento e e melhoria das condições de vida dos cidadãos (nem que para isso os dote do que Fallows designa de trabalhos de faz conta, pessoas cujas ocupações são praticamente inúteis e existem apenas para manter emprego).

O fortíssimo dinamismo da economia chinesa é feito de assimetrias e de um modelo de fábrica do mundo, apesar dos esforços do governo em contrário. O mesmo se nota no sector académico, onde se em estatísticas puras a China lidera, em termos de qualidade intelectual e prestígio académico fica muito aquém das universidades ocidentais. A fabulosa infraestrutura moderna chinesa de redes rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias representa um esforço contínuo de puxar uma enorme vastidão territorial para níveis de prosperidade ocidentais, garantido empregos e trabalho. 

Fallows é um observador atento destas tendências, e anota também a forte interligação entre chineses e norte-americanos. Se os governos gostam de se afirmar a agitar as espadas, assinalando a crescente capacidade militar chinesa como uma ameaça clara, na verdade a integração económica entre estes países, como mercados interdependentes, relações de investimento e esforços institucionais de modernização das instituições chinesas é fortíssimo.

terça-feira, 11 de março de 2025

Livesuit


James S.A. Corey (2024). Livesuit. Nova Iorque: Orbit. 

O primeiro volume da nova série dos autores de The Expanse deixou-me algo desiludido. Esperava mais deles. Não deixa de ser uma space opera castastrofista divertida, mas pouco mais do que isso, e por muito que os autores se esforcem, não consegui empatizar com os personagens. O mundo ficcional intriga mais pelo que deixa de fora do que pelo que descreve, e veremos como a série progride.

Para os leitores que ficaram aziados perante uma série literária onde o tema principal é o quasi-extermínio e escravidão humana, absorvida por uma espécie alienígena mais avançada que se dedica a aniquilar civilizações, escravizando os seres que lhe interessam e exterminando os restantes, esta novela inverte a lógica. Aqui, há humanos com tecnologia capaz de enfrentar os alienígenas, e a guerra trava-se nos planetas distantes, protegendo os mundos centrais. Uma guerra travada por soldados de elite que vivem em simbiose com os seus fatos de combate, saltando de missão em missão num tempo relativo que se mede em meses, mas no seu planeta natal, passam décadas. 

Parte da história é explorar esta vertente do mundo ficcional de Captive's War, e o resto é o confronto do soldado protagonista com as agruras do combate, mas também o saber que o tempo passou, irremediável, para as pessoas que ama e deixou para trás. 

Se isto vos soa a Forever War de Joe Haldeman, bem, confesso, a mim também soaram alarmes no faro literário. A dupla pseudodenominada Corey é exímia em contrar uma boa história, por isso é uma leitura expectavelmente divertida, mas, tal como o livro que deu início à série, pouco mais do que isso.

domingo, 9 de março de 2025

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siryl: siryl: Vintage magazine covers by Prieto Muriana
: Coisas retro. 

Underrated Sci-Fi Reads According to Reddit: A lista é longa (e li parte dela), muitos títulos que quem os leu, sabe que são marcantes.

Leituras da semana (#51 / 27 Jan 2025): Algumas notas às sempre acutilantes observações do João. De facto, o Fediverso não é para o comum dos mortais. É mesmo para quem gosta de liberdade, de escolha, de experimentar. Não é um serviço amigável e obriga a estudar, analisar, tomar decisões. Apesar disto, é aberto, não se nega entradas e a comunidade ajuda. Correndo o risco de soar elitista, esta barreira de acessibilidade inicial combinada com a mecânica da própria rede, que desencoraja a vacuidade do ciclo de likes, ajuda a manter fora dela muita gente que, sejamos honestos, não desejamos ver nestas redes. Não queremos influencers, oversharers ou trolls. O fediverso, por aberto que seja, não é o espaço para quem tornou tóxicas as redes sociais tradicionais. E quem o usa para isso depressa é isolado pelas instâncias. Já o Bluesky, pronto, lá tive de criar conta, já que a promessa de interoperabilidade entre esta rede e o fediverso é mesmo isso, uma promessa. Criei para manter contacto com um pequeno grupo de pessoas que me interessam e aprecio, e saíram das outras redes. Descobri uma app gira que me permite fazer crossposting, a OpenVibe, ou seja, posso estar no bluesky sem ter de estar no bluesky. É que gostaria mesmo de não ter de estar a saltitar entre serviços e redes para estar em contacto e me manter informado sobre as pessoas e projetos que me interessam. E não consigo deixar de pensar nessa rede como uma espécie de twitter 2.0, que se apropriou de uma variante de tecnologia aberta para ser uma daquelas alternativas de mudança na continuidade. Já sobre Campbell, na verdade a nossa posição é similar, variam os argumentos. Perante uma personalidade cultural marcante que também foi um grandessíssimo filho da mãe na vida, prefiro a postura de reconhecer os contributos, e também o lado negativo. De facto, se se fosse limpar o acervo cultural global das obras criadas por más pessoas, ficaríamos bastante mais pobres. Mas isso não significa que se feche os olhos, que se ignore o mal que fizeram. No caso de Gaiman, por exemplo, choca-me particularmente o total desprezo pelas mulheres que violou, e sim, nunca mais pegarei em The Sandman com os mesmos olhos. 

"Fiasco" (1986) de Stanislaw Lem: Análise de uma obra clássica de Lem, que se centra em aspetos filosóficos.

2024 - 21 obras de autores estrangeiros a ler: O problemas destas sugestões, é que faltam tempo e estantes para tanta leitura. Mas ainda bem que assim acontece, que a edição de BD por cá é vibrante e com múltiplas vozes.

Vault Switches From Comics To Japanese Light Novels From April 2025: Um sinal intrigante, será que os romances leves japoneses serão a próxima febre pop cultural?


70sscifiart: Vincent Di Fate, “Christmas Eve”: Órbitas.

What the TikTok saga teaches us about platform power in politics: A crise TikTok foi rapidíssima, mesmo em termos internet. Demorou poucas horas entre desparecimento e restauração. A forma como anunciou ao mundo o seu regresso ao espaço americano é profundamente preocupante, uma vénia a elogiar o recém-empossado presidente Trump. Ou seja, a ByteDance optou pelo caminho de bajular o fascista laranja, e fê-lo de forma a transmitir uma imagem positiva dele nos seus utilizadores. É perigoso, não ao nível do assumir de viragem para a extrema direita da Meta, mas este elogio a uma entidade antidemocrática terá consequências. Curiosamente, apesar de tudo o que se diz, o TikTok é das redes que menos nos bombardeia com conteúdos de extrema direita. Existem. Volta e meia levo com vídeos do chega, mário machado, movimento 1143 ou os ocasionais boomer rants racistas. Mas é raro, e não há qualquer bloqueio ou depreciação de conteúdos abertamente de esquerda (desde institucionais tipo BE ou Robert Reich a amadores a discutir injustiças sociais). Mas isso pode mudar. É bom que nos recordemos disso.

Google Gemini now works across multiple apps in a single prompt: O crescimento dos assistentes de IA.

How A Japanese Studio Is Embracing AI In Its Anime Production Pipeline: Bons exemplos no uso de IA Generativa, que mostram como a integrar em cadeias de produção criativa, sem cair no lixo generativo ou retirar o trabalho humano.

What’s next for robots: Novos tipos de formas, cruzamento com biotecnologia, e IA aplicada à aprendizagem robótica.

When Teachers Dread Science, Students Suffer: A importância de um ensino STEM que seja prático, excitante, mas também erudito.

Mad at Meta? Don't Let Them Collect and Monetize Your Personal Data: Estratégias de defesa para combater o capitalismo de vigilância.

A New Movement to Free Social Media From Oligarchs: Pensava que ia ler algo sobre o Fediverso (que está a ser um ambiente muito positivo para minorias culturais e sociais). Mas não, é mesmo mais um esforço Bluesky. Replicar o modelo das redes sociais tradicionais não é nada de libertador.

A “Elonização” de Zuckerberg e o fim da inocência das redes sociais: Ah, mas terão as redes sociais sido realmente inocentes? O corrente bajular apenas revela uma queda de máscaras. Qualquer pessoa que olhe para o modelo de negócios que levou a Meta à estratoesfera percebe que de raiz, o tóxico, o violento e o acintoso estão na sua génese. É esse o modelo de negócios, acicatar para vender anúncios. E está a provocar um mal social tremendo.

Trump executive order rescinds Biden's AI framework: Se acham que os abusos das empresas americanas de IA era maus... vem daí pior. É o vale tudo.

You Can Now Play DOOM In Microsoft Word, But You Probably Shouldn’t: Nem o word está livre de correr Doom. Por outro lado, sempre se mostra que o word sempre serve para qualquer coisa de interessante.

UK to unveil ‘Humphrey’ assistant for civil servants with other AI plans to cut bureaucracy: Ah, aquele típico humor britânico, de recuperar o nome de uma personagem da sátira "Sim, Sr. Ministro" para identificar serviços de IA desenhados para navegar o labirinto das burocracias legais. Estou curioso para ver como estas implementações irão evoluir, e se cumprirão a promessa de tornar mais acessível a interação com serviços públicos.

NASA Astronauts Set to Search for Life Clinging to the ISS Exterior: A vida encontra sempre caminhos, diz-se, e a pergunta aqui é se há organismos extremófilos capazes de sobreviver expostos ao vácuo do espaço orbital.

How a top Chinese AI model overcame US sanctions: Um dos pormenores curiosos do lançamento do modelo chinês DeepSeek é que não deveria existir… não por incapacidade intelectual, mas por limitações técnicas advindas das restrições de exportação de chips avançados para a China. Não houve aqui proezas de obtenção ilícita de materiais, mas sim uma enorme capacidade de inovação dentro dos constrangimentos.

'Grief apps' are turning death into data: Morte, o novo território de exploração do capitalismo digital.


BruceS: Deveras.

What Was Life Like For Ancient Greek Women? A New Exhibition Sheds Some Light: A liberdade grega vivia-se no masculino. Estes poucos artefactos mostram as visões do feminino na antiguidade clássica.

The Tech Oligarchy Arrives: O triunfo dos techbros, ou os piores e menos escrupulosos oligarcas do digital a tomar conta do poder.

The Crypto World Is Already Mad at Trump: O que dizer de alguém que chega a um dos mais altos cargos mundiais e começa logo a vender criptomoedas especulativas? Um presidente assumidamente vigarista.

Si la pregunta es "puede un país sostenerse solo con energía renovable", la respuesta está aquí al lado: Portugal: Fala-se pouco disto por cá, tirando algumas espúrias reportagens. É interessante saber que somos uma referência internacional na sustentabilidade energética.

We’ve Always Been Worried About Distraction (So What’s The Crisis?): É uma história tão antiga quanto a humanidade, suspeito, o pânico moral e intelectual sempre que a evolução das tecnologias de comunicação traz novidades que prometem ser distrativas, intelectualmente incapacitadoras, danosas para o desenvolvimento dos indivíduos e sociedade. Já se disse horrores sobre a distração trazida pelos romances, pela rádio, pela televisão. Hoje aponta-se o dedo ao telemóvel e às apps. E, apesar de tanta distração, as pessoas adaptam-se, encontram usos e equilíbrios.

The Revisionist History of the Nazi Salute: Não, não foi uma saudação romana, até porque os romanos não a faziam. Um mito da estética do iluminismo, apropriado pelos fascistas, que estão vivos e de boa saúde, infelizmente.

Porque não vamos abandonar o X – mas queríamos: Há um certo contrassenso nesta posição do Shifter. É totalmente compreensível. É um media, tem de encontrar leitores para sobreviver. Estar na praça pública também é isto, não é só aparecer no café trendy da moda, é também ir ao beco infecto. O que me deixa a pensar em contrassensos é que a redação mantém-se no X, mas não desenvolve quaisquer presenças em plataformas verdadeiramente abertas. As suas contas Mastodon estão dormentes. E, perdoem-me, mas investir no Bluesky, embora seja algo que tem de ser feito, é cair novamente na ideia de gaiola dourada controlada por uma empresa. É de recordar que o Bluesky é uma versão proprietária de um protocolo aberto, e tem tudo para se tornar um twitter 2.0 (ou seja,  pode correr mal).

Digital Art. 1960s to Now: Um livro que entra diretamente para a minha wishlist.

Si tu silla cojea en una entrevista de trabajo, no es casualidad: están evaluando algo más que tu currículum: Da sociopatia na avaliação de recursos humanos.

"ONDE ESTÃ OS TEUS MÍSSEIS" [M2581 - 05/2025]: Partidas que correm mesmo mal. O f***, c**! aqui é mesmo bem aplicado.

The Wings of Angels: A Brief History the Aircraft of the Blue Angels: As aeronaves utilizadas pela lendária patrulha aerobática americana.