domingo, 30 de setembro de 2018

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Tadao’s War Memory Manga: A New York Review of Books analisa a edição americana de Slum Wolf de Tadao Tsuge. Desconheço por completo este mangaká, e o que li deixou-me interessado. O seu foco é o Japão dos anos de reconstrução entre a derrota na II Guerra e o reassumir do seu papel global nos anos 80. Pelo que li na crítica, não são histórias de sucesso, é um olhar para os sacrificados, à custa de cujo labor se construiu a futura prosperidade. Marcado para leituras.

Pescadores de medianoche. Yoshihiro Tatsumi (Gallo Nero): Recensão de Pedro Moura no LerBD a um livro de histórias curtas de Tatsumi, um mangaká pioneiro da gekiga - usar a banda desenhada para acender a luz e comentar problemas sociais. De Tatsumi conheço a dureza de Goodbye, Abandon the Old in Tolyo, e The Push, livros desconfortáveis para quem vê no mangá um género puramente escapista, ou cheio de vénias literárias em temas confortáveis, como na obra de Taniguchi

"Édipo Rei" de Sófocles: Neste Verão, Nelson Zagalo tem nos dado no seu blog um verdadeiro tour de force de visita à literatura dos grandes clássicos. É, sem dúvida, aquele périplo que um booklover que se leve a sério tem de fazer, mergulhar nestas histórias que, de fato, merecem o qualificativo de intemporais.


The Frankenstein-Looking Sir Vival is Part of the Reason The Auto Industry Is So Safety Conscious Today: Se não conheciam o Sir Vival, conceito de automóvel seguro construído nos anos 60 por Walter Jerome, bem, pronto, ficam a conhecer. A coisa é feia, com ar de mastodonte articulado, mas muitos dos elementos de conceção, pensados para tornar a condução um ato mais seguro, fazem hoje parte das tecnologias automóveis.

Google: Sorry professor, old Beethoven recordings on YouTube are copyrighted: O que é que pode correr mal com filtros automatizados de deteção de atropelos aos direitos de autor? A história deste professor de música alemão é elucidativa. Como parte dos seus esforços em prol da educação musical, partilha vídeos de gravações antigas de concertos. Utiliza sempre gravações que estão em cumprimento das leis alemãs sobre propriedade intelectual, e no entanto passa o tempo à luta com takedowns automatizados no YouTube, tentando provar que os conteúdos que partilha são legais. Na esmagadora maioria das vezes, o sistema de apelo às decisões não funciona, ou quando funciona, isso não se traduz no levantar do embargo Notem que é exatamente este tipo de sistemas, notoriamente não fiáveis e concebidos a pensar na maximização de lucros de quem vive à custa da criatividade dos artistas, que os defensores do artigo 19 na nova proposta de lei europeia sobre direitos de autor querem ver implementado a todos os níveis.


The latest trailer for Universal Pictures' "First Man" about Neil Armstrong is absolutely perfect: Um biopic sobre Neil Arsmtrong? Isso é docinhos às paletes para space geeks! Shut up and take my money, que me pelo pela astronáutica old school. E também pela new school, não sou saudosista de quaisquer bons velhos tempos. Resta saber quando é que estreia por cá (como escrevo estes artigos com um desfasamento de três semanas, se calhar ao lerem isto já sabem).

CEAMovie madness: Why Chinese cinemas are empty but full: Capitalismo nu em estado puro. Nunca imaginaria que fosse possível fazer dinheiro no cinema desta forma: produzir filmes que ninguém vê, mas comprar ingressos em bloco, gerando estatísticas falsas de públicos, que fazem subir o preço das ações das empresas produtoras. O que se perde em produzir um filme que ninguém vê e comprar bilhetes de espetadores que não existem ganha-se com a valorização da empresa em bolsa. Olha, aí está um modelo possível para o cinema português...

Theranos is finally dead, company to wind down: Capitalismo nu, versão high tech. É por isto que vale a pena olhar com desconfiança para empresas que apregoam ter uma solução tecnológica tão inovadora que ainda está a ser criada. Estes prometiam revolucionar a medicina com uma tecnologia que permitia fazer todo o tipo de análises com uma simples picada. Vaporware, e do caro.


Exclusive Interview with the Photographer Who Shot The Massive 21-Plane Formation of Every American Military Jet Demo Team: Um pouquinho de imagens que fazem cair o queixo a todos os que adoram aviões. Notem que por american leiam américa do norte, continente. Que eu saiba, a força aérea canadiana ainda defende um país independente. Piadas à parte, este momento com CT-114, F-16 e F/A 18 de três esquadrões aerobáticos foi de certeza memorável.

Who controls your data?: Os jornalistas do Engadget atreveram-se a ir aos sites perceber como está a ser aplicado o RGPD. O panorama não é famoso, a coisa oscila entre a paranóia daqueles que optaram por ficar dark para IPs europeus, e os que tentam dar a volta à linguagem do RGPD para continuar a manter as práticas pouco éticas de recolha de dados. No entanto, é de notar o valorizar dos cuidados com a privacidade na era dos dados pessoais como combustível que alimenta a economia digital.

Social Media Is a Weapon of War. How We Use It Is Up to Us: Suspeito que estejamos a sobrevalorizar o real impacto do social media na sociedade. Mas, de fato, está a dominar os discursos mediáticos. A forma como as bolhas de informação são manipuladas, e manipuláveis, é bem conhecida. No discurso político, é uma arma cada vez mais afiada. Talvez só cause ruído, disfarçado problemáticas profundas na sociedade contemporânea, mas é um ruído ensurdecedor.

Time to call it a day …:  detesto quando isto acontece, quando um blog de referência decide empacotar os pertences e encerrar atividade. O Prosthetic Knowledge era sempre interessante na divulgação do cruzamento entre tecnologia e criatividade. Vai fazer falta.

We're Watching an Antidemocratic Coup Unfold: Como se o mero fato de um plutocrata neofascista se ter tornado presidente de uma república tendo perdido a votação popular não fosse já inacreditável, descobrimos agora que os seus subordinados não só o consideram idiota e inepto, como filtram a informação e contrariam as suas ordens. Ou seja, aproveitam-se de um testa de ferro que barafusta e faz estardalhaço público, enquanto em privado mexem os cordelinhos a seu bel prazer. Há maneiras menos elegantes de fazer golpes de estado.


The Web Design Museum: Vai uma trip down the memory lane? Nostalgia do design primitivo das páginas web, ainda feito à mão e com as tabelas a estruturar as páginas?




The Marvellous Mod World of Sci-Fi Supermarionettes: Confesso que dou mais valor a estas marionetes agora, do que quando era criança e via algumas das séries clássicas de FC britânicas (e japonesas) na televisão a preto e branco. Sim, sou dos tempos antediluvianos da tv a preto e branco e dois míseros canais, algo que soa tão distante nesta época contemporâneia de media fragmentados em múltiplos ecrãs. Na altura, achava estas marionetes um bocado creepy e algo falsas, que não eram nem imagem real nem animação. Hoje compreendo a mestria e o cuidado que foi colocado nestas minuciosas marionetes, adereços e cenários.




Novidade: Apocryphus 3; Bolas, nem vou à Comic Con nem ao Fórum Fantástico (MOTELx e Maker Faire Roma roubam-me o tempo), mas não posso perder esta nova edição da Apocryphus, que tem consistentemente mostrado ser um dos mais interessantes projetos de BD portuguesa contemporânea.

Russia Insists Those Insanely Huge War Games With China Are “Nothing Special”: Nope, sem preocupações aqui, são apenas mais soldados e equipamentos do que o de muitos exércitos europeus. Claro que não vão atacar ninguém, é um fletir de músculos que tem o seu quê de nostalgia da guerra fria, ou da Europa política fin de siécle.

Dave Gibbons Apologizes to Comic Readers for Misery Caused by Watchmen’s Influence: Não sei se o seminal trabalho de Moore e Gibbons é o ponto de origem da infeção do grimdark nos comics, afinal há toda a tradição do policial noir. Mas tem a sua piada ler sobre Dave Gibbons a pedir desculpa aos fãs, porque a influência de Watchmen se traduziu num banalizar do grimdark como artifício narrativo.

Robots can develop prejudices just like humans: É bom saber que afinal os comportamentos determinados por algoritmos não são assim tão isentos quanto os julgávamos.

For safety’s sake, we must slow innovation in internet-connected things: A IoT é um pesadelo do ponto de vista da segurança, com milhentos dispositivos frágeis e fáceis de comprometer, cada vez mais pervasivos no nosso dia a dia. Podemos achar creepy as notícias sobre câmaras de brinquedos cujas imagens são capturadas por hackers, mas muito mais grave é a possibilidade de dados médicos serem comprometidos. Não pela divulgação, mas pela alteração subtil de parâmetros, o que pode levar a resultados fatais. Todos os sensores e dispositivos da internet da coisas, se não forem devidamente protegidos com protocolos fortes, colocam-nos muito em risco. Para piorar, há pouco interesse da indústria, que se foca em desenvolver dispositivos de muito baixo custo, sacrificando algumas vertentes para o conseguir. Bruce Schneier é muito presciente na sua análite aos perigos potenciais (ou já comprovados, boa parte são conhecidos exploits) da IoT: "We chill innovation in things like drug development, aircraft design, and nuclear power plants because the cost of getting it wrong is too great. We’re past the point where we need to discuss regulation versus no-regulation for connected things; we have to discuss smart regulation versus stupid regulation".