sábado, 30 de dezembro de 2017

In the rain













I like London... in the rain...

aCalopsia: Nonnonba

 
Shigeru Mizuki (2017). Nonnonba. Palmela: Devir.

A última crítica de 2017 para o aCalopsia, sobre um livro que foi das melhores surpresas do ano..

A mitologia tradicional em vias de esquecimento num Japão em pleno processo de modernização é revisitada pelo olhar deslumbrado de uma criança, que sente uma enorme curiosidade pelas criaturas fantásticas das histórias de uma velha ama. Em Nonnonba, tradições ancestrais e recordações de infância cruzam-se numa história cativante, que dá a conhecer ao público português um dos grandes marcos da obra de Shigeru Mizuki. Edição da Devir, reforçando com a sua aposta na coleção Tsuru a vontade de trazer aos leitores portugueses autores e obras marcantes do mangá. Crítica completa no aCalopsia: Nonnonba.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Where Wizards Stay Up Late



Katie Hafner, Mathew Lyon (1998). Where Wizards Stay Up Late: The Origins of the Internet. Nova Iorque: Simon & Schuster.

Uma intrigante visão dos primórdios da internet, contada em ritmo jornalístico. Foca-se pouco nos detalhes técnicos, preferindo olhar para o trabalho desenvolvido pelas personalidades que marcaram o desenvolvimento da internet. Começa na ARPA, mostrando com a visão de computação interconectada levou o seu primeiro impulso lá, desmontando o mito de ser um método de comunicação pensado para sobreviver a uma guerra nuclear. A visão que veio dar origem à internet foi, desde o princípio, de interconectar instituições e cientistas. São contados os primeiros passos da rede, desde as propostas de Licklider na ARPA aos primeiros nós criados e programados a partir de computadores Honeywell pelos engenheiros da Bolt Beranek Newman, os Interface Message Processors, que implementaram as redes de packet switching e, pela primeira vez, interligaram computadores em diferentes localizações geográficas, criando a primeira rede informática.

O resto é uma história de crescimento exponencial, que desmonta outros mitos de criação da internet. Desde o início que a cooperação internacional marcou a nascente internet, com o trabalho do inglês Paul Davies na universidade de Londres e o projeto francês Cyclades, outros pioneiros das redes de computador, a integrar as propostas técnicas que fizeram evoluir a internet. Detalha também a consolidação de diferentes propostas técnicas no uso do TCP-IP e ethernet, mostrando como o espírito de propor, testar e construir esteve presente na rede desde os seus primórdios, sublinhado especialmente no triunfo do TCP-IP sobre a imposição da norma OSI, imposta pela ISO. A evolução orgânica, aberta à multiplicidade de propostas e discussão de ideias, está presente na rede desde os primeirissimos tempos da Arpanet.

Há detalhes muito curiosos, como a descrição da primeira grande demonstração pública da ARPANET num congresso de telecomunicações e computação, que fascinou os seus participantes por, por exemplo, poderem conversar uns com os outros em janelas de terminais de computador; a imposição do email como aplicação que fez verdadeiramente vingar a internet, pensada mais como forma de interligar sistemas em interfaces mais formais, mas foi o poder da comunicação informal que a fez vingar. De tal forma que já nos anos 70 se colocavam problemas como excesso de emails.

O livro termina com o desligar da ARPANET e sua incorporação nas míriades de redes que lhe sucederam, numa interligação progressiva que gerou a internet que conhecemos hoje. Uma rede cujos potenciais e impactos sociais não passaram despercebidos desde os seus primórdios por aqueles que a construíram. Mais do que ligar computadores, pretendiam ligar comunidades de cientistas.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

L'Ombre de Wewelsburg



Richard Nolane, Maza (2017). Wunderwaffen T11: L'Ombre de Wewelsburg. Toloun: Soleil.

Estará esta intrigante ucronia a chegar ao fim? A arma do misterioso alienígena encontrado sob os gelos da antártida, que poderá atacar no espaço e no tempo, ao ser usada pela primeira vez irá recuar ao passado e travar o desembarque aliado na normadia. Ou talvez não, o futuro está em aberto nesta série intrigante. Série que vive essencialmente da especulação sobre as armas futuristas que na nossa realidade nunca passaram de planos ou conceitos, mas no mundo de Wunderwaffen animam as vinhetas com tecnologias impossíveis recriadas pelo traço rigoroso de Maza.

sábado, 23 de dezembro de 2017

aCalopsia: Mensur


Rafael Coutinho (2017). Mensur. Lisboa: Polvo.

Entre o estoicismo da honra absoluta e um grafismo explosivo, Mensur é a mais recente edição portuguesa do autor brasileiro Rafael Coutinho. Proposta de banda desenhada brasileira da Polvo, Mensur traz ao público português o surpreendente trabalho gráfico e narrativo de Rafael Coutinho. Nesta história sobre o absolutismo da honra, o grafismo explode a cada página. Crítica completa no aCalopsia: Mensur, de Rafael Coutinho.

Azul





Nesta luz fria de inverno. Óbidos e Torres Vedras.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Electronic Superhighway








Uma exposição que reúne projetos de despertar a reflexão no domínio da arte digital. Desde trabalhos de desenho criado por algoritmos a reflexões sobre a sociedade panopticon e o impacto das redes na sociedade e indivíduos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Life 3.0



Max Tegmark (2017). Life 3.0: Being Human in the Age of Artificial Intelligence. Nova Iorque: Knopf.

Um livro que começa com uma das piores distopias bem intencionadas que já li nos últimos tempos, com Tegmark a explanar a sua visão de um grupo benévolo de engenheiros que liberta gradualmente uma inteligência artificial avançada que dá origem a uma era de prosperidade económica e progresso social sem precedentes. A utopia de uns é a distopia de outros e, pessoalmente, arrepiou-me a visão de uma quasi-ditadura oculta benévola que usa todo o tipo de influências para modificar o comportamento humano.

O lado especulativo é mesmo o melhor deste livro. Se pegarem nele olhando para as credenciais do autor como uma obra capaz de dar um panorama sobre o estado da arte e potencial da IA, hoje, desenganem-se. Apesar de abordar algumas questões éticas e económicas, pouco ou nada é dito sobre  atualidade (exceto longos parágrafos sobre as iniciativas que Tegmark está envolvido). Ao especular, lega-nos alguns capítulos intrigantes sobre potenciais, perigos e possibilidades da IA, desde impactos económicos e biológicos até à exploração espacial futura. Sem negar os potenciais perigos da IA (colapsos econónicos, forças menos benevolentes que os engenheiros idealistas com que abre o livro, obsolescência da humanidade face à sua sucessora artificial), o livro está demasiado imbuído daquele típico positivismo silicon valley, um optimismo sem limites que vê as problemáticas negativas mais como meros sobressaltos no caminho do que obstáculos sérios. Vale pela especulação, tudo o resto deixa a desejar.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

aCalopsia: Silêncio



Depois de Cidades, o coletivo The Lisbon Studio regressa à edição com TLS Series: Silêncio. Silêncio é uma aposta intrigante, que desvirtua de forma inteligente o marketing tradicional, dando aos leitores de banda desenhada portuguesa uma boa leitura que é, em essência, um mostruário do trabalho dos colaboradores do Lisbon Studio. Crítica completa no aCalopsia: The Lisbon Studio Series Silêncio.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Dylan Dog: Dopo un lungo silenzio; Mater Dolorosa; Remington House



Tiziano Sclavi, Giampiero Casertano (2016). Dylan Dog #362: Dopo un lungo silenzio. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..

O título tem um duplo sentido, óbvio para quem conhece a personagem. Para além de ter diretamente a ver com a história, é também uma declaração de Tiziano Sclavi, que assina esta aventura do Old Boy após um longo afastamento da série que criou. Vivendo uma nova paixão, Dylan cede à tentação e recomeça a beber. Toda a história é uma longa recaída de Dylan no alcoolismo, enquanto investiga o caso de um viúvo, também alcoólico, que sente a presença fantasmagórica da sua falecia esposa precisamente no silêncio soturno que se instalou na sua casa. Daqui há um desvio ao espiritismo e às fotografias de fantasmagorias, mas o cerne da história é a luta de Dylan Dog contra o seu pior demónio, o que vive encerrado dentro das garrafas. Um bom regresso do velho mestre.



Roberto Rechioni, Gigi Cavenago (2016). Dylan Dog #361: Mater Dolorosa. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..

Uma espécie de continuação do brilhante Mater Morbi, um dos melhores momentos de Recchioni em Dylan Dog. A sensual e fetichista encarnação da morbilidade regressa para atazanar Dylan, mas desta vez temos direito a uma inesperada linha narrativa. No passado, um pai luta contra a morte iminente do seu filho procurando desenvolver um soro que lhe conferirá uma vida prolongada. A mãe infecta-se com o vírus da doença, num bizarro desespero para ajudar o filho. Caem nas mãos de Mater Morbi, e o leitor intui que este jovem Dylan, às portas da morte num veleiro britânico do século XVIII talvez seja o Dylan de hoje. A criança sobreviverá à doença, mas ficará para sempre marcada por Mater Morbi. No presente, um Dylan febril e temendo a morte evita tudo e todos, acabando por se arrastar para uma vila à beira-mar que exerce sobre ele um estranho fascínio. A localidade ao largo da qual, centenas de anos atrás, se afundou numa tempestade um navio amotinado, o mesmo navio onde se passou a curiosa linha narrativa deste livro. Regressa o fetichismo de Mater Morbi, e Recchioni explora possibilidades da origem de um personagem que sempre conhecemos como adulto, sem saber como surgiu. Capitalizando no sucesso de Mater Morbi, a Bonelli editou esta aventura do Old Boy num registo a cores, afastando-se da estética preto e branco habitual na série para um estilismo assombroso.



Paola Barbato, Sergio Gerasi (2016). Dylan Dog #360: Remington House. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..

De Paola Barbato podemos sempre esperar argumentos estanques, dinâmicos e bem construídos. Este não é exceção. Reminton House foi o local de um crime horrendo, com um homem a matar toda a família com requintes de violência. Foi também um trauma do passado de Dylan, que, quando jovem recruta na Scotland Yard, se deparou com este crime monstruoso. Décadas depois, a casa é uma atração turística para os amantes dos crimes violentos, com visitas guiadas a mostrar as atrocidades que aconteceram em cada local. Uma das guias, temendo perder o seu emprego, pede encarecidamente que Dylan visite a casa com ela e lhe conte os pormenores do crime. Essa visita irá despoletar algo que há muito era aguardado. Os espíritos inquietos do assassino e suas vítimas vão possuir os visitantes, recriando os assassínios violentos, e exigem a Dylan que cumpra o seu papel para serem, finalmente, libertados da maldição. 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Comics


Jenny Finn #02: Parte Ópera de Três Vinténs, parte Jack The Ripper, parte horror lovecraftiano, esta série escrita por Mike Mignola consegue alguns bons arrepios viscerais.


Port of Earth #02: Capitalismo selvagem e primeiro contacto com civilizações alienígenas colidem nesta série onde, francamente, o pano de fundo conceptual é muito mais interessante do que a história em si.

aCalopsia: The Last Jedi


Cumprindo o ritual anual, a Guerra nas Estrelas regressou aos cinemas. Não resistimos ao seu fascínio e mergulhamos no mais recente filme da saga. Chegámos de novo àquela altura do ano em que media e fãs voltam a mergulhar no frenesim anual de Guerra nas Estrelas. Com os planos da Disney para a saga, este tornou-se mais um ritual anual de natal, que se prevê não ter fim à vista. As folhas de cálculos dos estúdios dificilmente ficarão satisfeitas com o nono episódio.

O impacto cultural destes filmes na cultura popular é inegável, ao qual não é alheia a bem oleada máquina de marketing e merchandising. Para fãs de Ficção Científica, esta série traz as suas agruras, especialmente porque o tipo de fantasia que forma o seu universo ficcional está conotado pelo grande público como ficção especulativa. Ir ou não ao cinema ver este filme deixou de ser uma questão. É inevitável. Resta saber se vale mesmo a pena, se compensa o valor do bilhete. Pergunta de resposta óbvia para os fãs, mas nem tanto para os restantes potenciais espectadores. Crónica completa no aCalopsia: The Last Jedi, Sem Fim no Horizonte.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O Velho Logan: Zonas de Guerra


Brian Bendis, et al (2017). Marvel Coleção Especial #02: O Velho Logan - Zonas de Guerra. Lisboa: Goody.

Confesso que nunca percebi muito bem a base da premissa de Old Man Logan - se se trata de um futuro distópico, um mundo paralelo ou uma alucinação de múltiplas realidades. A premissa é brilhante, com Wolverine como o único herói que, apesar de não ser dos mais fortes, é realmente capaz de aniquilar heróis com poder superior ao dele num ataque de fúria assassina, sob controle de alucinações induzidas. O mundo futuro, desprovido de heróis e dominado pelos piores vilões da Marvel, é uma distopia apocalíptica a funcionar muito bem num cenário de western. Neste arco, com Logan a reentrar no papel de herói, agora a tentar ser o libertador das populações oprimidas pelos gangs criminosos, atravessamos diferentes realidades numa história de redenção, que parece terminar no universo da continuidade principal da Marvel. Visualmente, a combinação de traço e cor de Sorrentino e Maiolo dá a este arco narrativo um estilo fortíssimo, quase abstrato, com personagens difusas que se perdem em manchas de cor. Uma excelente proposta da Goody para o seu segundo volume da coleção Marvel Especial.

(E se não percebo bem as premissas de Old Man Logan... isso tem bom remédio, é ir ler essa série).

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Almanaque Steampunk 2017


Pedro Cipriano (ed.) et al (2017). Almanaque Steampunk 2017. Calvão: Editorial Divergência.

O regresso do Almanaque Steampunk foi uma das boas notícias do Fórum Fantástico 2017. Criado com algumas limitações de tempo, regressou esta vénia da cultura de género ao clássico formato de almanaque que, por cá resistiu até aos anos 50, se não me falha a memória. O interessante deste livro é sempre o ser uma forma diferente de conceber a ficção. É, para todos os efeitos, uma antologia, mas não se mostra como tal. Recriando o estilo do almanaque, com anúncios, notícias, ilustração, reportagem e dicas, é uma forma muito meta-ficcional de explorar o steampunk. Abordagem essa que, diga-se, lhe fica muito bem, perfeitamente consentânea com um estilo que é em si uma mescla visual e literária. Analisar aqui o conteúdo seria exaustivo -nesta publicação, até os elementos mais discretos são ficção, mas entre os contos destaco Algoritmos de João Ventura, pela forma intrigante como usa a roupagem steampunk para abordar temáticas do impacto social da robótica e automação, que hoje sentimos como actuais, num conto onde um detetive, com auxílio da lendária Ada Lovelace, descobre que a razão de um erro em tabelas logarítmicas produzidas por engenhos analíticos se deve à quase invisível sabotagem de um dente numa engrenagem por um calculador consciente da sua obsolescência face à computação.

Preciso de explicar o que é um engenho diferencial, engenho analítico e calculador? Não estou para aí virado. Leiam sobre Babbage, Lovelace e história da computação para isso. Computer: A History of the Information Machine, por exemplo. Ou leiam o Difference Engine do Gibson e do Sterling para perceber a raiz de um género literário que, entre outras coisas, se atreve a imaginar como seria o mundo se os engenhos que Babbage concebeu tivessem funcionado de forma alargada (em sentido restrito, especialmente com cópias alemãs, funcionaram).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Comics


Barbarella #01: Mike Carey já nos havia falado um pouco deste reboot do clássico da BD de FC francófona, e este primeiro número é intrigante. Carey pega na óbvia sexualização da personagem mas segue um caminho diferente do erotismo do clássico de Jean-Claude Forest. O lado sexual está muito presente, mas segue a vertente do feminismo e das lutas culturais que opõem os progressistas a conservadores, em que a posse moral do corpo feminino é um dos campos de batalha.


Batman #36: A temporada de Tom King como argumentista deste ícone da DC está a ser tão boa que tenho a sensação que não há semana que não destaque o seu trabalho. A linha narrativa do casamento entre Batman e Catwoman está a ser uma boa oportunidade para King explorar alguns dos tropes clássicos do personagem. Neste caso, foca-se na estranha amizade que une Batman a Superman. Ambos se respeitam e evitam, apesar de serem espicaçados pelas suas companheiras para se juntarem e conversarem. Numa onda muito old school, que passa até pela recuperação irónica dos velhos slogans dos personagens, King arranja maneira de cruzar Superman e Lois Lane com Batman e Catwoman.



domingo, 10 de dezembro de 2017

À Nossa Imagem


Osamu Tezuka nailing it nos idos dos anos 50, em Astroboy. Do mito de Pigmalião aos autómatos medievais, do turco mecânico à Olympia, dos autómatos barrocos às evas mecânicas da ficção, entre o RUR e as sexbots que já podem ser compradas, das tartarugas de Grey Walter (e posteriormente Seymour Papert) ao Aibo, ASIMO e criações da Boston Dynamics. Entre T-1000 e C3PO.

sábado, 9 de dezembro de 2017

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Astroboy


Osamu Tezuka (2010). Astroboy Volume 1. Lisboa: ASA.

Por detrás do aparente simplismo deste mangá clássico podemos encontrar tendências curiosas. Há um forte transhumanismo proto-cyberpunk nestas histórias onde o herói é um robot que, construído como réplica mecânica do filho de um cientista, amargurado pela sua morte acidental, é por este abandonado porque a sua perfeição cibernética não simula por completo a criança humana em que se baseia. Recolhido por outro cientista, Astroboy tornar-se-á um herói, num futuro onde a humanidade coexiste com robots, entre o mecanismo e o humanóide, onde robots vão à escola com crianças humanas, e são, de facto, cidadão, nalguns casos muito de segunda. Temas que hoje discutimos e sobre os quais especulamos, sustentam um mangá juvenil dos anos 60.

Neste primeiro volume editado pela Asa, ficamos a conhecer a origem do personagem em O Nascimento de Astroboy lidamos com robots criados a partir de cães, numa conspiração para defender a lua de exploradores em O Regimento Hotdog, e assistimos a uma curiosa invasão da Terra por robots alienígenas vindos de um planeta extinto que, fiéis à sua programação, querem roubar metade da água do nosso planeta, em O Rapaz Planta.

A simplicidade das histórias é sublinhada pelo traço, também simples e fugindo do realismo em direção ao cartoon. Apesar disso, Tezuka surpreende com uma sólida estética futurista, retro aos nossos olhos, que dá vida e elegância à tecnologia.


Osamu Tezuka (2010). Astroboy Volume 2. Lisboa: ASA. 

Subjacente às aventuras de Astroboy está uma corrente de luta por direitos sociais. Na série, há sempre presente uma tensão entre a sociedade humana que criou e explora os robots, e a noção do robot como ser individual, com direitos, longe da ideia de mecanismo criado para servir.

Em Sua Alteza Deadcross, Astroboy combate um perigoso vilão que quer destituir o líder eleito de um país, o primeiro robot eleito para cargos políticos. No O Terceiro Mágico, um robot exímio nas artes da ilusão é raptado e clonado para executar assaltos impossíveis, o que leva o governo a querer eliminar os direitos dos robots. Planeta Branco, onde um jovem corredor descobre o segredo do carro robótico com que tem ganho corridas, encerra este segundo volume do clássico de Osamu Tezuka.