Sérgio Carvalho (2022). Lisboa Árabe. Lisboa: Parsifal.
Como era a cidade de Lisboa no seu tempo árabe? Este livro tenta responder a esta questão, procurando retratar Lisboa nos tempos mouros. Não é tarefa fácil, as fontes documentais são escassas, e o autor socorre-se de alguma especulação informada, traçando paralelos com o que se conhece de outras cidades do Al-andaluz. O livro dá-nos um excelente panorama do que era Lisboa nesses tempos, entre a geografia da cidade, os modos de vida dos seus habitantes. Parte do desafio, para quem conhece a cidade, é tentar perceber com base da Lisboa de hoje quais os espaços da cidade islâmica. Nisso, o livro socorre-se de mapas e ilustrações, que nos dão uma visão dessa geografia. Confesso que foi esta a parte da obra que mais me fascinou, entre a curiosidade de reconhecer o passado urbano e a grande capacidade do historiador em invocar esse passado.
A obra não se foca apenas na cidade, e dá-nos um vislumbre da zona islamizada que vai de Sintra a Almada, terras que estavam na dependência direta de Lisboa. Terminada a análise ao período islâmico, com a descrição da conquista da cidade, o livro debruça-se sobre a persistência da islamização na cidade. Primeiro, com a tolerância e convivência entre comunidades, depois com o secretismo que se seguiu à expulsão de mouros e judeus da península ibérica, e finalmente com a progressiva liberdade vinda das guerras liberais, onde se iniciou um processo de aceitação aberta das comunidades islâmicas.