The Generative Portraiture of Espen Kluge: Uma intrigante utilização de algoritmos generativos nas artes visuais, que escapa ao típico abstracionismo das obras criadas com programação.
A French Chateau Hoarding the World’s Largest Private Collection of Fighter Jets: Se eu tivesse um castelo, e finanças a condizer, diria que se calhar também seria assim. A coleção é grande, e parece bem preservada.
24 of 'Internet of Sh*t's' Technological Fails That Make Reality Seem Like a Crappy Dystopia: A IoT tem a sua utilidade, especialmente em processos industriais e de gestão. Menos úteis (oscilam entre o completamente inútil, o estúpido e a vigarice pura) são os equipamentos de consumo que se ligam à rede. Chamem-me velho do Restelo, mas tenho alguma dificuldade em perceber a lógica de cafeteiras dependentes de software ou escovas ligadas à Internet. Ainda por cima, os riscos de segurança digital associados a estes dispositivos são enormes.
Animated Rendering of Space Battles With Nuclear Orion Spaceships: O conceito de propulsão do projeto Orion é daqueles que nem no papel soa bem. Este projeto clássico de desenvolvimento de naves espaciais propunha um sistema de propulsão em que as naves seriam propulsionadas por sucessivas explosões de bombas atómicas na sua traseira. É daquelas coisas que se pensa logo ah, o que é que poderia correr mal. Mas não deixa de ser parte da história da exploração espacial, e esta animação 3D mostra como é que poderiam funcionar.
Wedged Wonders: pointy concept cars of the seventies: Quando o design automóvel futurista envolvia muitos ângulos e arestas vivas.
The Pint-Size Nation off the English Coast: O mundo das micronações oscila entre a brincadeira e o bizarro. A maior parte destes territórios que se proclamam independentes são devaneios dos seus criadores. Sealand é a exceção. Uma plataforma de artilharia dos tempos da II guerra ao largo do reino unido, foi ocupada por uma figura muito colorida, que declarou o território como soberano. Sealand e as suas histórias são bizarras, e parte delas envolve ética, no mínimo, questionável.
Check Out This Sort-Of Parody “Top Gun: Maverick” Trailer Featuring Japanese F-4 Phantoms: Uma prenda para os amantes de aviação. Usando a banda sonora de Top Gun, os pilotos do esquadrão de reconhecimento da JASDF baseados em Hyakuri filmaram os seus clássicos RF-4J. E diga-se que está muito bem feito.
Morals ex Machina: Should we listen to machines for moral guidance?: O que é que poderia correr mal se se externalizar decisões éticas em algoritmos de IA? Começaria pelo problema do garbage in, garbage out, o dos enviesamentos no treino de algoritmos. Ou o carácter black box, em que poderemos não saber exactamente que pressupostos estão por detrás das decisões. O que mais arrepia é o abandono da capacidade de escolha e decisão moral, delegando essa responsabilidade numa entidade externa. Algo que até tem sido comum na história humana, os que seguem religiões e ideologias estão, essencialmente, a delegar as suas escolhas e decisões em entidades externas. Mas se há algo que herdámos do iluminismo, é a ideia que para sermos realmente livres, temos de ser capazes, e corajosos, de pensar pela nossa própria cabeça, seguindo os princípios éticos humanistas. Claro que é sempre mais confortável delegar em terceiros, é simples e alivia a responsabilidade.
Botticelli’s Venus Was Real, and the Original Blonde Bombshell: Chamava-se Simonetta Vespucci, e era a mulher mais bela da corte dos Medici. A sua beleza inspirou Botticelli, mas não só. Ficou imortalizada no nascimento de Vénus, um daqueles quadros seminais da história e da arte.
Training bias in AI "hate speech detector" means that tweets by Black people are far more likely to be censored: É mais um exemplo de garbage in, garbage out em Inteligência Artificial. Um algoritmo criado para detetar discurso de ódio nas redes sociais mostrou tendência a identificar este tipo de discurso, prevalentemente, em utilizadores não brancos. Não por o discurso ser realmente de ódio. O problema está na forma como a IA foi treinada.
Paperbacks from Hell' Go To The Movies!: Fico na dúvida. Isto é uma lista de filmes de terror trashy para ver, ou de livros de horror over the top para descobrir?
This Ain’t Walden Pond, Mate: Os detox digitais tornaram-se moda, mas na verdade quem alinha nestas coisas apenas está a sublinhar a sua incapacidade de gerir a imersão nos fluxos constantes de informação. A solução não está no corte, no encerrar contas em apps e redes sociais, mas sim encontrar estratégias de gestão, que serão sempre, necessariamente, pessoais (a minha? Por paradoxal que pareça, é não estar constantemente ligado, excepto quando estou a trabalhar na minha profissão principal. Não é detox, é inverter a necessidade de constante conexão). Algo que passa muito pelo foco nos fluxos e aplicações que realmente nos interessam.
Reddit, with wigs and ink: Estamos habituados a pensar no jornalismo como um bastião de fiabilidade e objetividade, mas na verdade só em meados do século XX é que os critérios de rigor e isenção se estabeleceram. Até lá, os jornais eram panfletários e polémicos, mais interessados em arranjar notícias sensacionais para vender (até mesmo criar acontecimentos para gerar notícias) do que em transmitir com isenção. Não sei se se recordam de Hearst, magnata dos media no princípio do século, a afirmar que a opinião pública era ele que a fazia? O artigo vale bem a leitura, nem que seja por isto: "the new medium would spread half-truths, propaganda and lies. It would encourage self-absorption and solipsism, thereby fragmenting communities. It would allow any amateur to become an author and degrade public discourse". Parece que estamos a falar da Internet, blogosfera ou redes sociais, não parece? Na verdade, era assim que se qualificavam os jornais nos séculos passados.
Human dressed as TV trolls town by leaving TVs on people’s porches: Claramente, é um fã da série de comics Saga, que levou o cosplay muito a sério.
Passenger name records (PNR) for the prevention of terrorist offences and serious crime [European Parliament impact 2014-2019]: A União Europeia é exímia em ter leis discretas que nos afetam a todos, sem nos apercebermos disso. Este é um exemplo, o registo dos passageiros de linhas aéreas, que regista não só a informação de base, como preferências manifestadas durante os voos. Percebe-se a lógica, mas o potencial para abuso de informação está lá. Se vivemos num país onde não esperamos que este tipo de informação seja abusada por sistema, recordem-se que há estados da UE perigosamente próximos do fascismo (sendo a Hungria o caso mais óbvio).
Smartphones, Except Landlocked: Uma história dos telefones fixos com capacidades digitais de acesso a informação e aplicações. Equipamentos que permitiam fazer aquilo que os smartphones de hoje tornaram normativo.
Robert McCall: É preciso explicar? Ainda por cima 2001, essa obra magistral.
Exploiting GDPR to Get Private Information: Não demorou muito. Os mecanismos de solicitação de informação pessoal detida por entidades sobre indivíduos podem ser explorados para roubar dados. O como até é trivial, sabendo que as entidades têm de enviar a quem faça estes pedidos uma versão machine readable dos dados de que dispuser sobre o inquirente. O ponto fraco está mesmo aqui: se os mecanismos de validação da identidade de quem pede os dados forem fracos, torna-se possível um terceiro assumir a identidade de alguém, e ficar a conhecer os seus dados.
Review: The Mild Horror of “Scary Stories to Tell in the Dark”: Li os livros, vi o filme, e de facto o horror neste filme de terror acaba por ser muito leve. Mas o substrato histórico e social que carrega em cima das histórias originais é muito potente. Mas creio que o crítico da New Yorker esqueceu-se de um ponto importante: o público-alvo deste filme não são adultos, conhecedores profundos do género, mas sim jovens adolescentes. Fala-lhes diretamente à alma, entre os personagens outsiders que vivem as desventuras, quer a consciência woke de todo o filme. Suspeito que tenho alguns alunos que me vão falar, entusiasmados, de como acharam este filme fantástico. Nós, fãs conhecedores, sofremos muito deste viés. Queremos que tudo o que apareça nos seja relevante ou surpreendente, mas esquecemos que os novos públicos têm de se formar, de ser conquistados. Algo que não se faz com obras direcionadas para os fãs profundos.
Sorcerer’s toolbox found in Pompeii: Um achado arqueológico com toques de fantástico. No imenso tesouro que são as ruínas de Pompeia, foi recentemente descoberta uma caixa de amuletos, artefactos de feitiçaria e superstição dos tempos romanos.
The 100 Best Anime Movies of All Time: Mergulhem no Netflix, metam-se à caça nos torrents, peticionem a Cinemateca para prestar atenção a este género cinematográfico. 100 sugestões, a apontar a excelência, diversidade temática e estilística, do anime.
Supercomputer creates millions of virtual universes: Daquelas coisas que se lê e nos deixam com a arrepiante sensação que talvez sejamos meras variáveis num algoritmo de simulação complexo.
‘So Huge a Phallic Triumph’: Why Apollo Had Little Appeal for Auden: Há sempre quem não se deixe impressionar, ou levar por histerias coletivas. Note-se a resposta brilhante à questão sobre o que é que Armstrong poderia dizer como primeiras palavras na Lua.
A New Clue to How Life Originated: Um vislumbre revelador sobre os primórdios da vida.
The Storytelling Computer - Issue 75: Story: intrigante. Qual será a característica que realmente define o pensamento? A lógica, ou a capacidade narrativa? Privilegiamos a primeira, no entanto, é a segunda que nos tem servido como estrutura para memorizar e transmitir conhecimento, e fazer sentido do mundo. Os mesmos princípios estão a ser aplicados à inteligência artificial. E se esta for treinada na narrativa, e não na lógica (assente na análise de quantidades massivas de dados, que é a IA que temos agora?
Behold Ponyhenge, a mysterious herd of rocking horses that inexplicably multiplies and rearranges: Entre o surreal feérico e o creepy. Onde é que os cavalinhos de pau e dos carrosseis vão parar depois de abandonados? Imaginem a visão de um prado verde no nevoeiro, cheio de cavalos com tinta a descascar-se… Uma iniciativa de folk art, mas também uma bela premissa para filme de terror.
Judging Dredd: A Brit and a Yank Discuss the Legendary ‘2000 AD’ Strip: Se não conhecem Judge Dredd, estão a perder o melhor da banda desenhada pop britânica. É, talvez, dos mais subversivos personagens dos Comics. Vive num futuro distópico, onde o planeta foi destruído por uma guerra nuclear (uma preocupação vinda dos anos 70 e 80). Os sobreviventes congregam-se em gigantescas megalópoles, que não são abrigos infectos, mas sim cidades futuristas compostas por gigantescos edifícios que funcionam como quarteirões. Grande parte da população não trabalha, o que não implica pobreza, todos têm direito a um mínimo de sobrevivência. O maior problema é encher o vazio das vidas num mundo em que o trabalho é automatizado (o que tem dado o mote a belíssimas histórias que analisam com enorme ironia as nossas modas e tendências de entretenimento, dos desportos aos Reality-shows). As cidades estão rodeadas de desertos radioativos e oceano negros, povoados por mutantes. Mas não está aqui o seu lado subversivo. Está na figura dos juízes, upgrade high tech à imagem do xerife do velho oeste. A força policial que se substituiu aos políticos e governa as cidades com punho de ferro (em bom rigor, com a pistola lawgiver no punho, capaz de disparar desde balas a munições explosivas) . E não há juiz mais duro e rigoroso na aplicação da lei do que Dredd. A ironia crítica aos autoritarismos passa muitas vezes despercebida aos leitores, mas é o que dá energia ao personagem. Dredd é uma colisão entre os futurismos de Huxley e Orwell: não falta soma numa sociedade anestesiada pela tecnologia de consumo, e também há botas cardadas a esmagar os rostos.
Why China’s Army Still Rides Yaks: É sempre intrigante o cruzamento entre high e low tech. Nas remotas zonas montanhosas de Xinjiang, o melhor meio de transporte ao dispor dos soldados chineses é o venerável iaque. Cavalaria de Iaque soa tão, mas tão bizarro.
Man as Industrial Palace now in motion: devo dizer que adoro esta ilustração clássica de Fritz Kahn. Não só pela sua qualidade estética, e herança direta do modernismo, mas por mostrar a importância que colocamos nas metáforas para compreender o mundo. Tempos houve em que o corpo era visto como um mecanismo de relojoaria, insuflado por espírito ou energia. Hoje, recorremos aos algoritmos e à computação como forma de compreender quer como pensamos, quer os sistemas complexos em que estamos inseridos. No auge industrial da era moderna, a metáfora era a máquina, a linha de montagem.
It's All Greek to You and Me, So What Is It to the Greeks? : Ok, indo direto ao assunto, chinês. A expressão grega equivalente ao nosso "ver-se grego" é ver-se chinês. É curioso que esta é uma expressão transversal a todas as línguas europeias. Pessoalmente, percebo. Grécia faz-me sentir analfabeto, não só por não conhecer a língua, mas porque qualquer sinalética, texto, tudo o que envolva letras no alfabeto grego é incompreensível para quem não o conheça. É assim que se sentem os analfabetos no dia a dia, incapazes de decifrar os códigos visuais que são a base da literacia.
You Probably Haven’t Heard *Of* This Tune, But You’ve Almost Certainly Heard It. Is It History’s Most Enduring Melody?: vinda de um cancioneiro português do século XV, esta melodia manteve-se viva ao longo dos séculos, quer na música erudita quer na popular. É ao ouvir as versões quinhentistas dela, surpreende o quanto soam à música pop de hoje. Daquelas músicas que todos conhecem, mas ninguém se lembra exatamente de onde a ouviu. O perfeito, e erudito, exemplo de vírus aural.
One Family’s Story of Survival Under the Khmer Rouge, No Longer Buried: Fotografia e memória, na história de uma família que sobreviveu a um dos mais violentos e sangrentos regimes ditatoriais do século XX.
2001: A Space Odyssey pushed blockbuster cinema to a new plane of star-child brilliance: Nunca me canso de ler sobre este, que é o mais sublime dos filmes de ficção científica, talvez aquele que capte melhor a essência do género.
Swipe right for revolution: Why Hong Kong protesters are using Tinder and Pokémon Go: O que é que se faz quando se luta contra um adversário que controla todos os meios de comunicação? Improvisa-se, cooptando aplicações para usos inesperados de guerrilha urbana.
What Is the Greatest Movie Quote of All Time?: Que desilusão de escolhas. Ninguém se lembrou de Schwarzenegger no filme Erasure, a mandar crocodilos desta para melhor dizendo you're luggage.
“We are not publishing such fiction” – Sleep with Lisbon by Fausta Cardoso Pereira: Uma excelente análise das problemáticas da edição de ficção científica e fantástico por cá. Há o desinteresse, ou melhor, o desdém das editoras e ambiente cultural por este tipo de ficções. Há as comunidades de leitores, que se alimentam de ebooks ou encomendas da Amazon ou Bookdepository, porque sabem que dificilmente conseguirão ler o que gostam traduzido para português. Algo que não passa despercebido aos potenciais editores, que sabem que o seu mercado potencial já leu em inglês os livros que lhes poderiam vender. E o terrível paradoxo de um excelente romance de fantástico português, premiado e editado na Galiza, mas impossível de encontrar nas livrarias portuguesas, e rejeitado pelos nossos editores (true story: é um livro fácil de encontrar nas livrarias de Santiago de Compostela).
Concept art for the Lancia Stratos Zero, by G. Betti, 1971: Um sopro de futurismo do passado.
Navy ditches touchscreens for knobs and dials after fatal crash: A primeira reação a isto é pensar que, afinal, os interfaces analógicos são mais eficazes que os digitais. No entanto, a leitura revela que a falha aqui foi de treino de tripulações, e de design de interface mal concebido.