segunda-feira, 27 de maio de 2019
História Breve da Lua
António Gedeão (1981). História Breve da Lua. Lisboa: Sá da Costa.
Uma forma deliciosa de se aprender sobre a Lua. O físico Rómulo de Carvalho unia muito bem os domínios da ciência e da arte, e este pequeno livro dramatizável é um excelente exemplo disso. Não é toda a história da Lua, mas são pequenas vinhetas que ensinam o leitor jovem, ou o espetador da peça, alguns conhecimentos sobre o nosso satélite.
Curiosamente, Gedeão (recordem-se, é o pseudónimo do cientista) começa a sua história com uma fábula de forte crítica social. Se ao olharmos para a Lua parecemos ver um camponês, é porque um homem pobre se viu, no esforço para sobreviver, forçado a trabalhar num dia de descanso. Foi, por isso, castigado pela divindade a tornar-se o velho na lua. Impossível não ler isto como uma fábula anti desigualdade, de crítica às regras impostas pelos donos do mundo. É sintomático que Gedeão se refira à divindade como grande senhor do mundo.
Terminada a fábula, Gedeão ensinar-nos alguns conhecimentos sobre a Lua. E fá-lo usando uma velha técnica didática: o diálogo entre vários personagens. Dois homens, um mais ignorante e outro mais curioso, falam com um astrónomo que, cheio de bonomia e paciência, lhes explica a realidade científica. Sendo uma peça, Gedeão vai deixando indicações para o que o cenário deve mostrar. No final, uma jovem assume o papel da lua, para que o astrónomo possa explicar as fases lunares.
Obra didática, é escrita num tom poético, cheio de bonomia e um claro amor à ciência. O livro é complementado por ilustrações que, nalguns apontamentos gráficos, conseguem sublinhar a beleza da descoberta científica.