Filipe Abranches, et al (2023). Umbra 04. Umbra Edições.
Como era de esperar, esta quarta edição da Umbra mantém o elevado padrão de qualidade literária e gráfica das anteriores. O traço pesado e expressivo de Filipe Abranches abre a revista com A Torre, um conto de história alternativa que se atreve a largar e deixar o leitor sempre in media res, com um visual fortíssimo. O veterano Simon Roy (que é um privilégio ler em português, graças ao trabalho de editor de Abranches) recorda-nos a futilidade das guerras num futuro onde colónias terrestres perdem o contacto com a Terra e decaem, social e tecnologicamente. O traço sempre interessante de Rita Alfaiate ilustra Nic, de André Oliveira, um conto tocante sobre um pai desajeitado e o seu filho, que depressa percebemos, com encanto, que é uma história de viagens no tempo. Pedro Moura e Marco Gomes assinam AsBrasas e a Lenha, uma história muito negra sobre apocalipses e equívocos. Carnaguejo Real - O Detetive do Paranormal, de Reza Benhadj, cruza um terror clássico com uma estética muito elegante. A revista encerra com Lazarus de James Romberger, outra hustória no género guerra futura, sobre soldados clonados que são carne para canhão.
Desde o primeiro número desta revista que Filipe Abranches nos habituou a uma combinação rara: excelência gráfica e narrativa, aliada ao gosto pela ficção científica. Esse nível tem sido mantido ao longo das edições, sempre com excelentes propostas de banda desenhada potuguesa e internacional.
