terça-feira, 2 de setembro de 2025

O Crescente Submerso


Emilio Garro (sem data). O Mediterrâneo em Chamas: O Crescente Submerso. Estoril: Editorial Salesianas.

Confesso, são estas surpresas que me fazem gostar do vasculhar alfarrabistas em busca de obras surpreendentes. Não que este livro seja excecional, bem pelo contrário. É uma ficção histórica de pendor didático e moralista escrita para jovens leitores. O interessante é o momento histórico que retrata, a batalha de Lepanto, onde o poder naval otomano foi travado por uma armada de coligação italiana (ao tempo, os vários estados que vieram a formar a Itália) e espanhola.

Não podemos esperar uma forte e profunda abordagem a este momento histórico, estamos perante um livro para jovens de pendor cristão. Como tal, os otomanos são representados como bárbaros decadentes sedentos de sangue e poder, sempre prontos a sujeitar os cristãos às piores sevícias. Por outro lado, os nobres espanhóis e italianos que comandam as várias flotilhas que compuseram a armada católica são exemplos de piedade religiosa, coragem e sabedoria militar. 

O livro culmina numa empolgante descrição da batalha, embora se alicerçe numa história de aventuras onde dois rapazes e as suas famílias vivem peripécias ao ser capturados pelos otomanos. A sua libertação e luta contra o inimigo são o artifiício narrativo que quebra o lado didático e descritivo do livro. 

Este é um livro do seu tempo, obra para jovens onde a principal preocupação estava na abordage histórica sob um ponto de vista religioso. Uma pesquisa mostrou-me que o autor foi escritor italiano de romances didáticos para a juventude de meados do século XX, e é nessa perspetiva que fiz a leitura. Como curiosidade, ao abrir o livro deparei com o carimbo da biblioteca do Seminário de Santarém. Numa outra vida, este pequeno tomo certamente empolgou jovens seminaristas com a sua mistura de piedade e aventura.