Raúl Brandão (2020). Húmus. Lisboa: Bookcover.7
Um livro no cruzamento entre o romantismo decadente e o modernismo. Descobrimos uma vila e os seus habitante, sob o ponto de vista de um narrador que só se dá a conhecer por uma espécie de alter-ego malévolo. Mas não se trata aqui de uma história de narrativas lineares, antes, a obra é uma sucessão de impressões cerradas, pensamentos dispersos, tentativas introspetivas de descrever a vinda interior de personagens fugazes.
É um livro amargo, expressionista, com uma prosa fortíssima. É, também, sensualista, o foco narrativo não está em factos ou histórias, mas sim em impressões, no transmitir de sensações, intuições. Percebe-se que a prosa tenta mostrar o processo de pensamento a formar-se, com ideias por vezes incómodas, outras fatalistas, a sucederem-se de formas nem sempre lógicas.