terça-feira, 20 de setembro de 2022

O Escorpião de Ouro


Sax Rohmer (1933). O Escorpião de Ouro. Porto Alegre: Livraria do Globo.

Sax Rohmer era especialista nos romances sobre o perigo amarelo, onde obscuras organizações secretas vindas da China conspiram para dominar o mundo. Sempre coordenadas por sombrios génios do crime, misteriosos e implacáveis super-criminosos orientais capazes de manipular o sub-mundo londrino para destruir a Inglaterra e controlar o planeta. Legou-nos Fu-Manchu, talvez o seu mais icónico vilão.

Fu-Manchu não entra nesta aventura, mas o perigo amarelo continua o mesmo. Um pacato médico inglês vê-se envolvido numa conspiração mundial, que levou à morte destacados cientistas e estrategos militares. Os indícios dos assassinatos apontam para a influência da misteriosa ordem do escorpião dourado, encabeçada por um temível mandarim que se oculta sob  uma máscara verde. O pacato médico descobre-se num turbilhão de luta contra o crime, ajudando um circunspecto inspetor da Scotland Yard e um irreverente detetive francês a desvendar o mistério e a travar a conspiração. Terá de enfrentar o temível chinês, e acabará por encontrar o amor numa jovem de ascendência oriental, agente forçada da terrível organização.

Rohmer tinha o seu nicho, que explorava bem, com romances frenéticos que hoje nos parecem muito datados. Em parte, porque a nossa sensibilidade evoluiu, e imagens invocadoras do terrível perigo civilizacional trazido pelos homens amarelos são obviamente racistas. O romance em si é puro policial pulp, cheio de peripécias que no final se resolvem pelo melhor. Datado, mas merece ser lido como referência de literatura fantástica de época.