Bruno Soares (2022). Insight. Oeiras: Divergência.
Bruno Martins Soares é um dos nossos melhores praticantes da arte de contar uma boa história. Daquelas que se lê não pela profundidade literária, mas pelo prazer de ser conduzido ao longo de uma narrativa bem urdida. Literatura também é isto, mergulhar numa história bem tecida, onde toda a linguagem está otimizada para agarrar o leitor. Insight, a sua mais recente edição por cá, mostra muito bem essa capacidade, com uma história inesperada, bem ritmada e surpreendente.
Tudo começa numa pacata cidadezinha americana, onde a felicidade de um casal é abalada pela morte da mulher. Uma morte que se parece refletir em especial no jovem filho do casal, assumindo contornos de mistério e sobrenatural com o aparecimento de estranhas pessoas e visões da mulher que, apesar de morta, parece comunicar por linhas de código e jogos de palavras. À medida que os eventos misteriosos se adensam, acabamos por perceber que... ok, paro aqui, se continuar revelo um major spoiler desta história, que vale mesmo a pena ser lido e descoberto. Digamos que quando estiverem a ler o livro e chegarem a esta parte, vão ficar surpreendidos, com uma viragem totalmente inesperada, que troca as voltas ao leitor.
Se a elegância escorreita de uma história bem montada já é em si sedutora, a facilidade com que o autor nos troca as voltas e torna o livro ainda mais divertido. O cérebro fica boa parte da leitura a imaginar caminhos possíveis no sobrenatural, e de um capítulo ao outro é forçado a olhar para a ficção científica de uma forma inesperada, mas que faz todo o sentido. Insight é uma excelente e divertida leitura, bem urdida, que se lê sem se ser capaz de parar.