terça-feira, 22 de junho de 2021

Moonfire

 


Norman Mailer (2015). Moonfire. Taschen.

Colocar Norman Mailer a reportar a missão da Apollo 11 é tentar cruzar dois mundos - o libertário cultural, e o rígido científico-militar. Poderia ser o melhor de dois mundos, mas a visão de Mailer é demasiado solipsista, demasiado chocada com a súbita importância histórica e cultural que os técnicos, cientistas e militares asseguraram, roubando espaço às manifestações culturais avant-garde. Ao longo de Moonfire, Mailer até vai falando da missão, que acompanhou, mas o seu ponto de vista é distante e os acontecimentos são vistos quase como pano de fundo para os dilemas pessoais do autor. Talvez o texto tenha feito sentido na época, originalmente editado em 1970 na revista Life, mas décadas depois, o que é que importam os devaneios pessoais de um autor face ao espanto da primeira missão lunar? O livro vale essencialmente pelo acervo fotográfico que o acompanha.