domingo, 25 de novembro de 2018

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Acqua Alta, or Venice Underwater: Veneza semi-submersa, pelo efeito das marés que provocam cheias. Imagens românticas, mas que sublinham a fragilidade da cidade no contexto do aquecimento global.

Doin’ The Mash: Arquivar em coisas inúteis que não sabíamos que precisamos de saber. Uma história do Monster Mash, um daqueles vírus sonoros dos anos 50 que se tornou a canção icónica do halloween.


MiGs & Match: Abandoned Albanian Airbase Exposed: Um docinho quer para os amantes de urban exploration, quer para os de aviação. Praticamente toda uma frota aérea da força aérea albanesa, semi-abandonada na base de Kucove.

The Humanification of Pet Food Is Nearly Complete: Podemos ler este artigo de várias formas. Haverá quem lamente a decadência moral dos donos de animais de estimação, que antropomorfizam em excesso os seus queridos bichinhos. Ou quem perceba que estes produtos são uma resposta do mercado a um público específico, que cuida dos seus animais de estimação. Pessoalmente, sou dono orgulhoso e feliz de uma cadela algo destrambelhada. Compreendo a lógica biológica por detrás da minha ligação com o animal, também a chamo de bebé e outros epítetos antropomórficos igualmente infantilizantes. Mas não perco de vista o fato de, ser, essencialmente, um cão, uma espécie com o seu nível de inteligência e emoções, impossíveis de compreender ao seu nível mais profundo. Suspeito que o mesmo se passa com todos aqueles que, como eu, escolhem ter na sua vida um animal de estimação. Por muito que os antropormifizemos (hey, acho que bati um recorde pessoal de uso deste conceito), não perdemos a noção do que realmente são. E agora se me desculparem, vou só ali fazer muitas festas à minha pequenina, mas grande de tamanho, Alice. Sim, dei-lhe um nome humano, mas não fiquem desconsoladas (ou orgulhosas), Alices deste mundo. Quem me conhece sabe que gosto de meter referências literárias fantásticas em tudo o que posso, e este nome referencia... vá lá, sabem, está na ponta da língua. E sim, já tive (por breves momentos, mas essa é uma história deprimente que fica para outros dias) um gato. Chamei-lhe de Schrodinger.

The Myth of ‘Dumbing Down’: Ian Bogost a ser certeiro. Desmonta o mito da estupidificação dos meios populares de divulgação de informação. Recorda-nos que ao escrever sobre os temas nos quais somos especializados para outros públicos temos de pensar que as bases comuns de conhecimento, os dados adquiridos, que nos permitem ir diretamente ao assunto, não existem. Que o simplificar não significa estupidificar, antes pelo contrário, é necessário para transmitir a mensagem de forma eficaz: "The whole reason to reach people who don’t know what you know, as an expert, is so that they might know about it. Giving them reason to care, process, and understand is precisely the point".



The Magazine of the Institute of Contemporary Arts, 5: Cybernetic Serendipity (1968): Em 68, aconteceu uma exposição seminal nos domínios da arte digital, aliás, a primeira exposição de arte criada utilizando meios computacionais. O Monoskop.log, que se dedica à preservação digital da memória da filosofia da arte, arquivou agora uma edição especial da revista do Institute for Contemporary Arts dedicada à exposição. Leitura obrigatória, para os que se interessam pelas histórias da computação e da arte. É de notar, com amargura, que ainda hoje, mesmo entre os meios com maior nível de educação e formação, o conceito de arte digital continua a oscilar entre o difícil de digerir e o inaceitável.

How to Write Consent in Romance Novels: É possível conciliar a ideia de respeito mútuo em relações com o romance clássico? Aparentemente, sim. Longe vão os tempos onde os romances cor de rosa eram fantasias masculinas onde as mulheres se derretiam, levadas pela força máscula dos heróis. Hoje chamamos a isso coerção, e ainda bem, quer dizer que os tempos e as atitudes evoluíram. Podemos ridicularizar o facto de hoje, o príncipe beijar a bela adormecida ser considerado como violação, mas se olharmos a coisa friamente, trata-se de um homem que entra numa caverna, vê uma mulher hirta, e a beija (aqui poder-se-ia falar dos contos de fadas, diluídos entre a bonomia dos irmãos Grimm e o impulso comercial da Disney, como histórias de aprendizagem de normas sociais e aviso de perigos). Rejeitar o passado porque não se coaduna com os pressupostos morais contemporâneos é estúpido, tal como o é insistir manter ideias que evoluem. Pessoalmente, não vou desatar a ler romances cor-de-rosa, mas fico contente por saber que o estilo, os escritores, as narrativas e personagens amadureceram. E sem exageros puritanos ao estilo #metoo.

Para além da Internet das Coisas: Nada como um conto curto do João Ventura para nos fazer sorrir, e pensar. Se puderem, procurem o livro Tudo isto Existe, uma delícia literária que colige vários dos contos deste discreto, mas muito interessante, autor.

Bram Stoker's reference materials for Dracula discovered at the London Library: Mesmo a tempo do halloween, as referências que Stoker utilizou para o seu clássico, em livros anotados esquecidos numa biblioteca londrina.

Bitcoin Mining Alone Could Raise Global Temperatures Above Critical Limit By 2033: Ah, que bom. Para além do caráter de especulação pura, ainda há isto. A mineração de bitcoin exige tanto consumo de energia que, se a criptomoeda for adotada com o ritmo a que normalmente adotamos novas tecnologias, poderá contribuir para uma subida irreversível da temperatura média global. Mas que se lixe o planeta, certo? O que interessa é ficar rico, e se se ficar mesmo rico, vai dar sempre para fugir para Marte, certo?



The First Car in the World Was Hilariously Bad and Awful and Brilliant: Grande, feio, a vapor... pensado para puxar canhões, e na verdade o primeiro exemplo de veículo motorizado. O fardier a vapeur de Cugnot deveria ser uma bela geringonça em andamento.

Roadside Picnic: Inspirado na obra homónima dos irmãos Strugatsky, o ilustrador Luís Melo criou esta curta metragem experimental, que teve estreia na edição de 2018 do Fórum Fantástico.

A ordem do tempo e a impermanência do real: Abriu o apetite para esta leitura. O livro de Rovelli anda a tentar-me, e com esta recensão, a curiosidade aguçou-se.

The Bitter Class Struggle Behind Our Definition of a Kilogram: Nunca me tinha apercebido que o estabelecimento de padrões métricos pudesse ser enquadrado em termos sociológicos, de luta de classes. Mas faz sentido. Ter uma medida padrão acaba com medidas arbitrárias, estabelecidas e definidas por quem está por cima nas relações de poder. Um metro é sempre um metro, ao contrário das unidades antigas que veio substituir, geridas ao sabor das vontades de quem as usava. A padronização não foi só uma necessidade para a então nascente era industrial, mas também uma medida de justiça social.

Proteger os planetas, e mais além!: Como é que se protegem os objetos celestes da contaminação de microorganismos terrestres, que poderão ir à boleia dos artefatos que lançamos para o espaço? A microbióloga Marta Cortesão explica, e muito bem, no Bit2Geek.

Does art have any relevance “in the Age of AI”?: Não um debate, antes notas soltas de um encontro de artistas que discutiu o impacto das tecnologias emergentes nas dimensões de expressão artística. Tl;dr: sim, a relevância continua, podemos cair no facilitismo de pensar que os algoritmos de IA desenvolvem arte, mas na verdade quando falamos de impacto da arte estamos a falar na forma como um artista organiza as suas perceções, pensamento e filosofia num objeto concreto, e com isso nos desafia estética e conceptualmente. As tecnologias per se não conseguem isso. O melhor algoritmo só reconhece dados, não extrai deles significado. E podem ser utilizados como mais um meio de expressão.


An artificial intelligence populated these photos with glitchy humanoid ghosts: Mesmo a tempo do Halloween (notem que há um desfasamento intencional entre eu recolher estes artigos e partilhá-los). Um algortimo de IA que tenta inserir representações humanas em fotografias, gerando verdadeiras fantasmagorias como resultados.

Livro "Introdução a Realidade Virtual e Aumentada": O trabalho do investigador brasileiro Romero Tori foi-me muito importante nos tempos em que andava mergulhado na tese de mestrado. Neste livro, reúne comunicações do mais recente evento científico brasileiro dedicado à investigação em RV e RA.

Researchers Created an 'AI Physicist' That Can Derive the Laws of Physics in Imaginary Universes: Isto é divertido. Desenvolver algortimos capazes de inferir, usando metodologias de investigação, o comportamento de objetos sujeitos às leis da física de universos simulados. Um método que dá um passo em direção ao uso de IA em apoio à investigação científica.

Myths of the Gig Economy, Corrected: Que surpresa. Parece que as pessoas preferem ter um emprego estável e carreira do que alinhar no modelo Uber.