domingo, 14 de outubro de 2018

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The epic task of breeding fruit flies for life on Titan: Quando a ciência se torna um meio de expressão artística. Neste projeto do artista Andy Gracie, a seleção controlada de drosófilas para induzir mutações genéticas que as tornem capazes de sobreviver em Titã é um projeto artístico, que usa as técnicas científicas.

Cloud computing and DRM: a match made in hell: Cory Doctorow a falar de DRM, já se sabe o que o artigo vai dizer, e ainda bem, este autor e ativista tem sido uma voz consistentemente incómoda dos poderes estabelecidos na defesa da liberdade digital. Destaco este artigo por causa desta citação, que resume muito bem um dos problemas de raiz na sociedade da informação: "Enshrining into code assumptions about where people live (or who they're related to, or what is and isn't a job, or a gender, or a name) will always miss out on some people -- maybe millions of people. And the weirder that person's circumstances are, the more bullshit and stress they're already dealing with -- stress and bullshit that your stupid code will compound". O enviesamento, intencional ou não, das assunções e premissas que sustentam software, sistemas ou algoritmos de IA, refletindo os pontos de vista restritos de quem os concebeu, obrigando quem não cai dentro dos parâmetros a adaptar-se ou a ser prejudicado. Há formas de combater este viés, e a abertura e transparência de critérios é um dos mais importantes.


Robot Matrix: Um gráfico divertido que organiza alguns robots icónicos da longa história da automação por nível de inteligência.

Inteligência Artificial: Eu sei, que bizarria, estar a partilhar artigos desse pasquim panfletário da direita mais conservadora, arrogante e gananciosa (disfarçada sob a capa da respeitabilidade) que é o Observador. No entanto, é um artigo de opinião de Leonel Moura, que espelha algumas das preocupações com o impacto da robótica e inteligência artificial na sociedade. É especialmente acutilante ao afirmar que um dos grandes problemas é o uso destas tecnologias como ferramenta de opressão social, através da recolha indiscriminada de dados, e desumanização da economia, usando-as como mera forma de substituir mão de obra humana.

Trabalho com robôs: um desafio para o movimento sindical: Os impactos da robótica, automação e inteligência artificial na economia e trabalho são muito discutidos, mas estranhamente estão muito ausentes dos discursos dos defensores dos direitos dos trabalhadores. A esquerda ainda parece viver no paradigma industrial do século XX, parece incapaz de perceber o impacto que já se sente hoje das novas formas de trabalhar, que ainda por cima estão a acontecer de formas que exacerbam a exploração dos trabalhadores o aniquilar dos direitos laborais (ver todo o conceito de gig economy, o modelo Uber, Fiverr, etc.). Muito menos na visão a médio prazo das consequências da evolução de tecnologias que estão a substituir mão de obra humana na economia. Este artigo, algo tímido, mostra que as consciências começam a despertar. O problema é que já começa a vir tarde.  Ok, até parece que partilho um artigo do Esquerda.net para me redimir da partilha do Obstipador, mas se lerem ambos com atenção, algumas das temáticas são precisamente as mesmas.

Discursos e realidades no caso do aumento da Extrema-Direita: Fiquei de queixo caído quando Nelson Zagalo partilhou isto nas redes sociais. Porque é isto, espelha o que penso e intuo sobre estes assuntos. Continuamos a discutir a lana caprina das fake news, achamos até que é de bom tom restringir a liberdade de expressão, e enquanto isso não ligamos a mínima para os reais problemas de desigualdade e precariedade. São estas problemáticas que de facto sustentam o crescimento dos extremismos, a insegurança das populações torna-as alvos fáceis para discursos sedutores e redutores, que lhes prometem aquilo com que as forças mainstream não se estão a preocupar. Não é racismo ou xenofobia, é mesmo insegurança e incerteza perante o futuro o que alimenta os extremismos.


Yes, The U.S. Army Actually Developed a Flying Jeep with Guns: A entrada no arquivo de tecnologias bizarras que alguém se deu ao trabalho de inventar. Que tal um jipe voador? Vale é que a coisa não pegou. Imaginem isto em versão SUV...

Ten Years After the Crash, We’ve Learned Nothing: No mesmo dia em que li isto, vi num telejornal uma reportagem melosa em que jornalistas e economistas/ex-ministros diziam que depois da crise, agora estava tudo bem com o sistema bancário e a regulação estava a funcionar. Mentiras óbvias. Ainda por cima, sabemos perfeitamente que aqueles que causaram o crash financeiro de 2008 não só se safaram, como foram recompensados, mantém as posições, e que a economia continua desregulada. Um crash que não foi local, teve consequências globais (que nós portugueses bem conhecemos, com os duros anos da Troika) e que regrediu o progresso social e económico global. Dez anos depois continuamos frágeis, as desigualdades acentuaram-se, os gangsters bancários continuam a ter rédea livre.

Missing the Dark Satanic Mills: Uma história da fábrica, entre ícone da modernidade, ao mesmo tempo símbolo do progresso e as catástrofes da industrialidade.

How Will Police Solve Murders on Mars?: Criminologia marciana. Geoff Manaugh mergulha em profundidade na questão de como será o crime e o castigo nas futuras colónias marcianas.  Em profundidade, mesmo, entrevista todo o tipo de pessoas que poderão ter algo a dizer sobre este assunto.


Cathedrals Of Matte Artistry: São sempre extraordinários (e gargantuescos, gigantes, deveras) os posts do Matte Shot. Desta vez o tema são as catedrais, e novamente, temos exemplos excecionais de pinturas que no ecrã do cinema enganam o olhar.


The Rise and Demise of RSS: Honestamente, não sei como é que se consegue sobreviver na internet sem RSS. Usar redes sociais como forma de aceder a feeds de informação é ao mesmo tempo limitativo, dependente das bizarrias dos algoritmos, e sufocante. RSS é ir à fonte, poder ter num software unificado as mais diversas fontes de informação. Primeiro com o Google Reader, agora com o Feedly, são os fluxos de publicação via RSS que alimentam o meu conhecimento do que se passa na atualidade. É facto que o RSS foi esmagado pelas redes sociais (mas quem se interessa pela fiabilidade das fontes de informação, não o abandona), e que nunca foi uma tecnologia de massas. Algumas curiosas observações deste artigo do 0B10: "RSS is perhaps used as much for its political symbolism as its actual utility. Though of course some people really do have RSS readers, stubbornly adding an RSS feed to your blog, even in 2018, is a reactionary statement. That little tangerine bubble has become a wistful symbol of defiance against a centralized web increasingly controlled by a handful of corporations".

InSight: Uma missão para estudar o “coração” de Marte: A astrobióloga Joana Neto Lima apresenta-nos uma sonda que irá aumentar a nossa compreensão do planeta vermelho.

Varieties of Ether: E se o ódio e o despeito fossem também combustível para alimentar a criatividade? Sabemos que esta depende de aprendizagens e contextos culturais. O que este articulista observa é que há casos em que rivalidades entre o mesquinho e o violento entre criadores foram também uma faísca criativa. E não são tão poucas quanto isso. Yep, sabe sempre bem ser mauzinho.

How to Design for the Modern Web: Isto é muito tongue in cheek, e mostra bem os piores erros que se cometem no web design. Há que adorar o nada como passar o tempo a dizer ao utilizador para instalar a app em vez de ir ao site e utilizadores europeus? mais fácil bloquear do que cumprir com o RGPD.

Corporations Are Ready to Build Moon Villages, Our Laws Are Not: Estas coisas preocupam. A ideia que a exploração espacial passa a ser uma coutada dos um percentistas, que olham para o sistema solar como espaço para implementar as suas utopias pessoais de distopia capitalista. Não sou radical, não acho que as entidades privadas não possam ter um papel a desempenhar na exploração espacial, mas há que sublinhar que um privado age, primordialmente, a favor do seu interesse, que pode não ser o da comunidade em que está inserido.


The Delta II rocket came, it saw, and for a time it conquered: O fim de uma era, com o último voo de um foguetão cuja origem vem dos veneráveis mísseis balísticos dos anos 60. Durante muito tempo, o Delta foi o burro de carga da exploração espacial.

La Mort Vivante: Ficção científica neo-gótica de recorde vitoriano (mas não lhe chamemos steampunk) baseada num romance de Stephen Wul? Shut up and take my money, se der com isto por cá nas livrarias.

A Look at the Newest Blue Pigment—and How a Color Becomes a Commodity: Depois do vanta black, o pigmento mais negro até agora desenvolvido, temos o quantum blue, um pigmento azul que parece algo deslavado, até se revelar com luz ultravioleta.


Space Marines With Jetpacks!: É provavelmente de alguma memória infantil difusa que vem a obsessão do asno-correte presidente dos EUA com a space force. Este projeto pensava na possibilidade de transportar soldados para qualquer parte do planeta, por foguetão. O que é que poderia correr mal? E sim, soa exatamente como um mau romance de FC militarista....

Colecção 25 Anos Vertigo 5 - Preacher Vol 1: O texto de apresentação de João Lameiras para a edição da Levoir de Preacher, um dos clássicos da Vertigo.

A Slow Utopia: Com uma elevada taxa de população envelhecida num espaço urbano hipermoderno, o Japão está a tornar-se um balão de teste dos desafios que enfrentam as sociedades industrializadas.


Brutal-ish: Japan’s Long, Dramatic Love Affair with Concrete Architecture: Se o brutalismo nos parece brutal, na pior aceção da palavra, quando visto nos países ocidentais, no Japão parece ter adquirido uma elegância zen, de pureza geométrica de formas que, curiosamente, não tem aquele ar frio e desumano que o brutalismo habitualmente tem.

If VCs Aren't Socially Responsible, the Robots Will Win: No shit, Sherlock? O que me preocupa mesmo na discussão sobre os impactos sociais da automação, robótica e IA na sociedade não é a mão de obra humana ser potencialmente substituída pelas máquinas, mas sim a forma, e as razões, pelas quais isso acontecerá. O que realmente me assusta, nisto, é a combinação destas tecnologias com a rapacidade e ganância do capitalismo (o que lhe quiserem chamar, selvagem, late stage), e a sua despreocupação com o lado humano. Quem sonha com o progresso da robótica imagina um futuro de humanos libertos do trabalho; quem aplica hoje este tipo de soluções só quer cortar custos laborais e se as pessoas forem descartáveis, isso nem os aquece nem os arrefece. Na verdade, deste ponto de vista, as pessoas sempre foram descartáveis.

Computational photography: John Naughton andou a prestar atenção aos desenvolvimentos das câmaras dos novos iPhones, e vale por este insight: "Once, photography was all about optics. From now on it’ll increasingly be about computation".

Reimagining Education in the Exponential Age: Comecei a ler isto com a curiosidade se ia encontrar algo de interessante, mas depois das banalidades de sempre sobre a educação ter de mudar neste mundo contemporâneo, a coisa resvala para o habitual discurso zelota dos singularitários/transhumanistas, mais preocupados com o seu jargão de conceitos mind blowing do que no como, realmente e na prática, fazer qualquer coisa para renovar a educação (ou o que quer que seja, este pessoal está cheio de palavras-chave mas o vácuo mental por detrás delas é... abismal ao ponto de chegar à singularidade) (isto foi uma piada muito, muito nerd).