domingo, 23 de setembro de 2018
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Christie’s Will Be the First Auction House to Sell Art Made by Artificial Intelligence: Estas notícias começam a banalizar-se. É um indício do que o mais recente Gartner Hype Cycle sobre tecnologias emergentes indica como a tendência de democratização da Inteligência Artificial. Os algoritmos são conhecidos, bastam alguns conhecimentos de programação e acesso a um serviço de computação em cloud para se começar a experimentar com técnicas de criação de imagens utilizando IA. Fica no ar a questão se as produções das IAs são, realmente, arte. Este tipo de algoritmos é, em essência, derivativo, produz a partir da aprendizagem de estilos através da análise de bancos de imagens. Ou seja, por si só não explora novos campos de expressão ou encontra vertentes estéticas inovadoras. O progresso da arte não se faz recriado o que já existe, mas sim expandido as fronteiras da perceção. Por muito interessantes que me pareçam estas imagens criadas por algoritmos (sem cair no erro de considerar Inteligência Artificial como inteligência com consciência), não as consigo ver a fazer o mesmo que os grandes nomes da arte fizeram: atreverem-se a quebrar pressupostos estéticos, levando mais longe as fronteiras artísticas.
AI-altered video makes it look like you can dance: Mais um prego no caixão da realidade mediada por ecrãs. Já não bastava as técnicas GAN de transferência de rostos em vídeo, agora foram desenvolvidas ténicas para criar vídeos completamente falsos de pessoas a dançar. Notem que isto não é CGI, é IA a manipular imagem vídeo. O abalo para algo que sempre achámos consensual, a fiabilidade da informação audiovisual, é tremendo. Até agora só tínhamos que nos preocupar com os enviesamentos, com pontos de vista falsos ou técnicas de edição que induzem intencionalmente em erro.
Why educators NEED to try 3D Design in their classrooms: O quê, é preciso convencer? Pronto, se é assim, notem a tangibilização, as maneiras avançadas de visualizar, e o desenvolvimento de competências que estão no cruzamento de matemáticas, artes e tecnologias.
Russian Navy Beriev Be-12 Amphibian Aircraft Intercepted By RAF Typhoons Over The Black Sea: Diz-se que vivemos uma nova guerra fria, com as tensões crescentes entre a Rússia e o ocidente. A sublinhar isso, a interceção por Eurofighters britânicos a patrulhar os céus romenos desta relíquia da antiga guerra fria. E, uma questão, após o no-deal brexit, na remota eventualidade da RAF ter dinheiro para descolar, será que os brexiteers vão insistir em renomear a sua frota de caças Eurofighter?
Read my lips: the rise and rise of photo-editing: Honestamente, qual é a surpresa? No lado digital das nossas vidas, potenciado pelas redes sociais, queremos projetar imagens idealizadas. A realidade não chega, temos de a melhorar com edição de imagem.
Future Cyberwar: Daqueles posts que nos deixam de queixo caído. Normalmente, os cenários de ciberguerra apontam para ataques diretos às infraestruturas. E se a estratégia fosse diferente? Se, por exemplo, em vez de mandar abaixo centrais elétricas, um ataque cibernético esvaziasse as contas bancárias dos soldados de um exército? Uma intrigante, e arrepiante, estratégia de ciberataque por mil cortes.
A primeira história do Cânone: Devo dizer que também fiquei fascinado com o humanismo desta história milenar, um épico que nos vem dos tempos sumérios mas que ainda hoje, ao lê-lo, ressoa na nossa alma. É esse o poder da palavra escrita.
Projeto MELT: Impressão em 3D na ISS, com tecnologia portuguesa: Ok, é um bocadinho de shameless self promotion, mas deu-me um gosto especial escrever este artigo para o Bit2Geek sobre impressão 3D e exploração espacial.
Why Brutalism and Instagram Don’t Mix: Recordar a utopia estética do brutalismo jugo-eslavo (hey, se há palavras que a história tornou obsoletas, esta é uma delas): ou, o elogio deslumbrado do cimento nu.
Now is the time to start thinking about AI’s impact on xenophobia: Por muito aberta que seja a informação, os algoritmos espelham a forma de pensar de quem os concebe. Enviesamentos, preconceitos inconscientes são fatores, mas também preconceitos conscientes e iniciativas públicas ou privadas abertamente xenófobas, relacionadas com os extremismos que estão agora no poder nalguns países. E há casos em que a questão tem raízes culturais profundas, caso do Japão, que prefere investir em robótica do que abrir as suas portas a mais emigrantes.
9 Movies With AI That Became Self-Aware and Made Humankind Very Sorry: Um listicle do iO9, a recordar alguns dos filmes que criaram a imagem da inteligência artificial na cultura popular como software auto-consciente. O problema destas visões da ficção, que transmutam medos sobrenaturais na tecnologia, é condicionarem a visão que temos de uma tecnologia cuja realidade anda mesmo muito longe da sua iconografia.
Programmed poetry: O problema do conceito de arte criada por inteligência artificial, em duas frases: "The computer system, to which the scientists input thousands of existing sonnets, achieved a higher degree of metrical accuracy and rhyme than was found in poems written by humans. The computer, in other words, failed to break the rules in the ways that real poets do". Ou seja, na sua forma pura, estes algoritmos no fundo remisturam o que é conhecido, mas não são capazes de usar esse conhecimento para criar algo de realmente novo. É de sublinhar que em boa parte dos trabalhos de arte gerada por IA, os algoritmos não trabalham isolados, há um elevado nível de intervenção dos investigadores/programadores/artistas (fiquei um bocadinho indeciso sobre como qualificar quem experimenta com arte gerada por IA) na determinação das escolhas dos algoritmos. Acaba por ser uma simbiose, e é aí que as coisas se tornam muito interessantes.
Why Love Generative Art?: Um excelente ensaio sobre os campos da arte generativa, desde os primórdios dos algoristas nos anos 60/70 do século XX aos trabalhos contemporâneos com Processing ou Inteligência Artificial. Mostra que neste domínio, o algoritmo é o pincel, o meio que o artista utiliza para se expressar e criar arte. Algo pouco compreendido quer pelo mundo artístico quer pela cultura geral, que não consegue ver o computador como meio de expressão, apontado para artificialidade, perda de humanismo, ou o argumento de que basta clicar no botão para fazer imagens. Arte generativa não é isso, não é aplicar filtros para criar imagens, é experimentar com programação de algoritmos para gerar imagens. O pulso humano está na conceção, por muita autonomia que se dê ao algoritmo, e na seleção final do output. É intrigante notar que os mesmos meios que rejeitam arte produzida por computador admiram a fotografia, outra forma de expressão artística produzida por meios mecânicos (e hoje, digitais). Este ensaio vai mais longe, e mostra-nos como a arte generativa é, fundamentalmente, uma continuidade das tendências de experimentalismo, abstracionismo e mecanização, temáticas que caracterizam os movimentos modernistas do século XX (especialmente o cubismo, abstracionismo puro e futurismo).
The Time the U.S. Government Prepared for a Red Dawn-Style Invasion of Alaska: Bizarrias da guerra fria, e um cenário plausível, dada a proximidade do Alaska com a Rússia. O fantástico é perceber que, algures num gabinete abafado e poeirento, há burocratas que se atrevem a planear com toda a seriedade cenários que ultrapassam as mais mirabolantes ideias especulativas. Quereriam muitos argumentistas e escritores ser assim...
*The prehistoric days of trans-media tie-ins: Certeiro, o comentário de Bruce Sterling. Um livro baseado no filme The Sheik. que encantou as adolescentes dos primeiros anos do século XX com as imagens do galã Rudolph Valentino. Hoje, os tie-ins são uma sofisticada indústria que ofusca, muitas vezes, a ideia original de onde partiu. querem um exemplo? Essa história passada a long, long time ago in a galaxy, far, far away que é Star Wars. Estou a escrever estas linhas a olhar para uma garrafa de água com ar de Darth Vader: QED.
Fiction Written by Computers: Dificilmente ganharão prémios nobel da literatura, os resultados oscilam entre o surreal e o ininteligível. É de observar que as IA conseguem produzir textos, mas não compreendem o seu significado. São o resultado de operações matemáticas e regras de lógica probabilística.
Why Technology Favors Tyranny: É tentado olhar para este texto de Yuval Hariri como um manifesto de pessimismo. Não o é. É uma reflexão sobre a fragilidade da democracia e das eternas forças que subjugam a humanidade, agora a esforçar-se por dominar as ferramentas da sociedade da informação. Hariri teme que a humanidade se torne obsoleta graças à Inteligência Artificial, mas não cai na ingenuidade de pensar que a IA se tornará consciente e nos subjugará. Pelo contrário, sabe que esta é uma ferramenta, e o que o preocupa é estar concentrada nas mãos de muito poucos.
Clippy Couture: O Tedium gosta de fingir que é um site de trivialidades, mas cada novo artigo é um curioso apontamento histórico sobre detalhes da história da tecnologia digital. Desta vez, e conseguindo evitar por completo o nada saudoso Clippy da Microsoft (não tem nada a ver, eu sei, mas não resisti), o tema é a surpreendente história da Clip Art, a maneira rápida, muitas vezes ridícula, de quem não tem design skills aplicar imagens em documentos e apresentações. Como muita coisa da era digital, antecede a internet e a computação, surgiu como uma forma de publicações de baixo orçamento poderem usar ilustrações sem pagar valores elevados a ilustradores.
The Online Gig Economy’s ‘Race to the Bottom’: Isto é capitalismo puro, verão cancro em metástase. As plataformas de trabalho de baixo custo estão a ter um efeito de diminuição acelerada de custos de mão de obra. Quando se pode ir a uma plataforma encomendar um trabalho de tradução, design ou outros, por cerca de cinco dólares, os freelancers que cobram preços justos perdem o seu sustento. Há casos, raros, de sucesso de utilizadores destas plataformas que conseguem ser bem recompensados pelo seu trabalho. Não é o caso da esmagadora maioria, que se esfalfa pelo equivalente a trocos.
Analyzing Lego Porn, the Fetish That Will Ruin Your Childhood: Regra 34, disseram? Parece que afinal, isto não é só patinhos (quem usa Lego na educação, percebe esta). Os Lego seria a ultima coisa que eu me lembraria para fazer malandrices, mas o mundo é vasto e há gostos para tudo. Se a vossa cena for construir cenas escaldantes bloco a bloco, hey, não vos estou a condenar.
Is social media influencing book cover design?: Não me tinha apercebido que os booktubers tinham tanta influência. Faz sentido, nesta era de novas tendências de marketing digital, aproveitar aqueles que partilham as suas leituras no Instagram. Como resultado, as capas de livros estão a ser adaptadas em termos de cor e iconografia para se destacarem na rede social.