Desta vez, sem a apresentação de suporte. Com as minhas sobrecargas, foi a Cristina Alves do Rascunhos que se encarregou dessa parte. É, parece, tradição do Fórum Fantástico o painel das três, preparatório de chás das cinco e horas coca-cola, reunindo João Barreiros e alguns dos seus acólitos. Este ano reduzidos à Cristina Alves e a mim, com o João Campos impedido de participar. Com pena, sem ele no painel, o cinema ficou esquecido.
O melhor deste painel, e a verdadeira razão para a audiência nos dar atenção: o ar deliciado de João Barreiros, de puto guloso fechado na loja de guloseimas, com os docinhos todos à mão, enquanto narra as piores atrocidades sangrentas e bizarras dos livros que selecciona.
Deixo aqui a lista das minhas escolhas, com as correspondentes apreciações. Brevemente, as de João Barreiros e Cristina Alves poderão ser publicadas no Rascunhos.
Literatura Estrangeira:
Bill, the Galactic Hero, Harry Harrison
A ficção científica é assunto sério, certo? Especulação futurista, minuciosos mundos ficcionais, aventuras audaciosas. O humor não tem lugar no meio de tanta coisa que deve ser levada a sério. Claro, pode haver por aí alguns livros mais a apostar nas piadas do que na essência do género, mas nunca farão parte do seu cânone. Se pensarem assim, peguem neste clássico de prosa satírica sem rédeas nem travões, a demolir com gosto os princípios mais comuns da FC, que mostra como utilizar o género para crítica social corrosiva, e auto-crítica bem humorada que expõe os vícios de forma e pressupostos culturais que lhe estão subjacentes. Este livro é uma sátira demolidora às referências clássicas do militarismo e patriotismo, virando ao contrário os pressupostos da FC militarista. Li algures en passant que Harrison começa por destruir o militarismo de Heinlein e depois desmantela as utopias de Asimov. É, de facto, uma descrição que assenta como uma luva a este livro, que também não tem medo de ironizar com os chavões da ficção de terror. As desventuras de Bill, um camponês proveniente de um planeta provinciano que se vê induzido a prestar serviço nas gloriosas forças do império são uma sátira destravada à importância inflada de valor militar, sentido de dever e patriotismo que caracteriza a FC militarista.
Dellamorte Dellamore, Tiziano Sclavi
Dellamorte Dellamore é hoje um livro raro e hoje impossível de encontrar. Os mais conhecedores de fumetti e Dylan Dog afirmam que está neste livro a génese do personagem. Talvez, embora entre o Francesco Dellamorte do livro e o Dylan do fumetti as semelhanças se fiquem pelo aspecto físico e o serem protagonistas de histórias de fantástico e terror. A colisão entre terror e surrealismo é constante neste livro, que pega nas premissas elementares dos contos de terror e as revê com uma estranheza de sensibilidade. Dellamorte Dellamore leva-nos à cidade de Buffalora, terra pacata, isolada e levemente decadente do interior italiano. Terra que é assolada por uma bizarra praga. No seu cemitério, os mortos recém-enterrados têm o irritante hábito de regressar como zombies ao fim de sete dias. Francesco Dellamorte é um coveiro com a tarefa dupla de aniquilar os mortos-vivos, voltando a enterrá-los. O livro constrói-se numa série de vinhetas que nos levam à dinâmica gótica deste guardião de cemitérios. Dellamorte não é nem herói nem anti-herói, age de forma inconsistente. O mundo exterior não parece existir, estando todo o ambiente centrado numa comunidade cuja singularidade e estranheza não é a da maldição que paira sobre o seu cemitério mas no óbvio isolamento, como se de um mundo à parte se tratasse. O terror clássico, o surreal e a ironia entrelaçam-se neste romance estranho, de um horror onírico.
Arkwright, Allen Steele
É impossível não ler Arkwright como uma resposta classicista a Aurora de Kim Stanley Robinson e Seveneves de Neal Stephenson. Ambos são livros que pegam em premissas de Hard SF clássicas e as desconstroem com cepticismo negativista, Arkwright lê-se como um contraponto suave e bem educado a estas visões críticas. Sublinha o seu classicismo iniciando-se com uma elegia da FC clássica, capturando o utopismo inocente daqueles que escrevendo histórias de aventura no espaço se preocupavam com o aprofundar da componente científica da ficção, e alicerçavam a sua prática ficcional numa crença inabalável e optimista de um futuro brilhante, proporcionado pela ciência e tecnologia. Steele regressa ao tema da nave geracional como forma de explorar as estrelas, combinando com inteligência artificial e engenharia genética para ultrapassar as dificuldades inesperadas da colonização de um planeta extra-terrestre. Mas muda o foco. Imaginem se a nave geracional não fosse o artefacto a seguir a sua trajectória pelo espaço interestelar mas sim os cientistas que ficam na Terra, curadores de um projecto que sabem não ver concluído durante as suas vidas, que têm de manter uma dedicação através de gerações, com sucessores que talvez não estejam interessados em dedicar a vida a algo tão etéreo. Steele segue o caminho Hard SF no desenvolvimento da nave, um sistema automatizado baseado em propulsão a laser, controlado por inteligência artificial, e tendo como tripulantes não os avós de futuros colonos ou uma tripulação em hibernação, mas o ADN dos envolvidos em esperma e óvulos congelados que serão artificialmente fertilizados e gestados quando a nave chegar ao seu destino. Uma das surpresas da FC deste ano, Arkwright apela àquele utopismo inocente que sublinha a FC clássica, apesar de não se esquivar do rigor exigido pela Hard SF. Lê-se, também, como uma profunda homenagem à FC da era dourada, hoje recordada com nostalgia pelos leitores.
Nazi Moonbase, Graeme Davis
A Osprey é uma editora especializada no mercado dos cultos militares, com infindas séries de livros detalhando pormenores ínfimos de batalhas, forças militares e armas de combate. Pelo meio dos tomos dedicados aos uniformes napoleónicos e caças de combate, editaram isto. Escrito naquele tom de autor tarefeiro a encher parágrafos para leitores que só estão interessados nas fotografias e ilustrações militaristas, detalha os tenebrosos segredos vindos do lado oculto da II Guerra, com a exploração das forças Vril pelos elementos mais radicais das SS para criar novas armas devastadoras. Elementos que, perante a derrota inevitável, se transferem primeiro para a Antártida, e depois para a Lua, levando consigo as armas mais secretas do II Reich, pondo em marcha um plano de sobrevivência e combate com o fim único do regresso, vitorioso, a uma Terra em cinzas. Contam com armas tenebrosas: potentes raios da morte, temíveis discos voadores, canhões capazes de disparar rochas lunares. A sua fortaleza lunar, último reduto do Reich, tem sido inexpugável perante as tentativas americanas de ataque. Nesta história, é-nos revelado que o verdadeiro objectivo das missões espaciais americanas, europeias e russas/soviéticas era o de defender o planeta da ameaça dos nazis entricheirados na lua. O fantástico deste livro, para além do tema (nazis! tecnologias dieselpunk! conspirações! como não adorar?), é a forma como o autor consegue manter sempre um tom neutro, detalhando as histórias e tecnologias fictícias como se estivesse a fazer um resumo rigoroso de factos reais. Suspeito que haja por aí muitos leitores que não se apercebam da óbvia ironia do livro e acreditem mesmo que existam fortalezas germânicas na Lua.
Literatura Portuguesa e Lusófona:
Erotosofia, António de Macedo
Se viram o filme Os Abismos de Meia Noite, leram este livro, que parte do argumento para aprofundar a narrativa. Pergunto-me o que teria feito António de Macedo se, ao filmar o incontornável Os Abismos da Meia Noite, tivesse tido acesso aos meios técnicos e digitais de efeitos especiais dos dias de hoje? Se no filme as paisagens fantásticas são mais sugeridas do que vista, essas visões são plenamente invocadas neste romance. Em evidência fica o peculiar imaginário de Macedo, entre o conhecimento gnóstico, saber científico, reconhecimento tecnológico, colisão entre o imaginário de raiz popular com os mitos da literatura fantástica temperado com muito bom humor, com particular homenagem a Lovecraft e aos seus Mythos. As iconografias invocadas por Macedo raramente se enquadram nos espertilhos estéticos do género fantástico. A sua FC segue os caminhos do surrealismo e o seu fantástico as visões do ocultismo, algo que não surpreende dado o seu interesse pelo tema, explorado em livros que são dos poucos dele que são fáceis de encontrar nas livrarias. Se tiverem, como eu, a sorte de se depararem com este livro num alfarrabista, não hesitem. Para além de uma boa história, ficam nas vossas estantes com um excelente elemento representativo do fantástico português.
Lembranças da Terra, Ângelo Brea
Dica da Cristina Alves, surpreendente no seu contexto, Lembranças da Terra é um livro muito curioso. Pelo que é, obra de FC de um autor galego, escrita num galego internacional que é quase indistinguível do português. Notam-se as diferenças em algumas expressões e construções frásicas, que dão um gosto especial de exotismo à leitura. Mas, essencialmente, pela sua banalidade interessante. Estranha combinação de ideias, bem sei, mas este livro de Brea não traz nada de novo ao campo da FC. Bem pelo contrário, é uma mistura de temas e estruturas narrativas clássicas do género. Um carácter que assume, e que trabalha de formas curiosas. É interessante notar que se cada conto apresenta sólidas construções de mundos ficcionais, na maior parte deles nada de concreto se passa.
Intervalo às 11 da Tarde, Nuno Coelho
Termino a parte literária das escolhas no Fórum Fantástico como comecei, com ficção fantástica de humor absurdista. Se há algo a que não resisto é a uma boa frase espirituosa, daquelas que brinca intensamente com a língua e os significados das palavras. Toda esta obra vive disso, de um non-sense em acelaração contínua, em sentido de surrealismo clássico bem humorado. A associação livre de ideias está bem viva, e recomenda-se nesta viagem alucinante a uma casa na Transilvânia, Trafaria, com a sua criada lúbrica, estorninhos indigestos, senhoria de fugir, vampiros anti-efeminados e escadas com propensão para ressacas depois de noites de festa rija. A tradição do surrealismo clássico convive com o bom humor absurdista e a linguística à rédea solta nesta belíssima surpresa literária.
Macunaíma: O Herói Sem Nenhum Caráter, Mário de Andrade
Isto é o périplo do anti-herói, jornada e aventuras de um personagem sem carácter, vivendo apenas para o seu prazer e impulsos, capaz de mentir, trair, matar, vigarizar, enganar, que deixa atrás de si um rasto de pessoas destruídas e mulheres atraiçoadas. A sua sucessão de aventuras dará em nada, sem objectivos, moral vencedora, ou recompensas. Desenganem-se se pensam que este é um jogo intelectual de inversão dos pressupostos da literatura fantástica. Macunaíma trilha outros caminhos, sendo um romance do alto modernismo brasileiro. Respira uma mistura de profundo tropicalismo, colidindo raízes portuguesas, africanas e índias de colisão inspirada em lendas índias com a modernidade dos princípios do século, profundamente surrealista na sua estrutura (ou falta dela) e altamente modernista no uso da linguagem. Este aspecto torna-o algo impenetrável. Mário de Andrade não poupa o leitor com o uso e abuso de expressões e nomes em línguas índias ou crioulas. É fascinante, mas para quem não seja brasileiro, quase incompreensível em muitos momentos. Romance do modernismo brasileiro que parte da riqueza da mistura de tradições culturais indígenas, africanas e europeias para rever uma antiga lenda índia à luz do surrealismo, Macunaíma vive também de criatividade linguística alicerçada dos dialectos e patois das falas do povo, longe do normativo erudito. As constantes referências ao património das lendas indígenas tornam-no também numa obra com um forte toque de literatura fantástica.
Não-Ficção:
James Gleick (2011). The Information: A History, A Theory, A Flood.
Um livro, em muitos sentidos, extraordinário. James Gleick aplicou a sua erudição e capacidade jornalística, que explora num tipo de divulgação científica que apesar de acessível não é simplista, ao conceito de informação. Não o tenta definir de acordo com as teorias mais recentes. Antes, pega-nos na mão e leva-nos ao longo de um périplo sobre a evolução de ideias e tecnologias aparentemente de relação ténue entre si que culminaram na contemporânea sociedade da informação. Há um padrão de constante e progressiva codificação e redução ao elementar, progressivamente apoiado em tecnologia, em que o corrente ponto alto dos dias de hoje será apenas mais um passo de uma evolução que não terminou. Gleick começa no início, na própria linguagem, mostrando como sucessivas codificações, cada vez mais apoiadas em tecnologias, moldaram a forma de conceber o mundo. A Informação é uma história de evolução contínua, de conceitos que se encaixam numa progressiva definição dos elementos da comunicação. É uma história de tendências, de procura por aprofundamentos, das intuições e trabalho de uma longa lista de gigantes nos ombros dos quais, algo que ainda nos surpreende, assenta a nossa contemporânea noção de sociedade. Termina com um inevitável borgesianismo. Vivemos, agora, num mundo informacional que tem ao mesmo tempo os seus quês da biblioteca infinita e do mapa que se torna o território. Reduzida ao seu elemento mais puro, a informação tornou-se a charneira de toda a sociedade. Talvez sempre o tenha sido, mas temos hoje as ferramentas mais avançadas de sempre que nos permitem dela tirar partido. Da leitura fica a ideia que o momento contemporâneo, a sociedade em rede, será, em si, mais um passo de uma profunda evolução.
Banda Desenhada e Comics:
Os Doze de Inglaterra, Eduardo Teixeira Coelho
Esta reedição de um clássico da banda desenhada portuguesa, publicada originalmente no jornal infantil O Mosquito, é uma das boas surpresas editoriais deste início de 2016. Reaviva na memória pública o trabalho do açoriano Eduardo Teixeira Coelho, um dos grandes desenhadores de BD portugueses. Antes de a ler, esta edição pareceu-me ser uma aposta da editora Gradiva no mercado da nostalgia, com requintes de empolamento de importância centrada na redescoberta de um clássico. Felizmente estava muito incorrecto na minha intuição. Após a leitura, o que sobressai é uma história que apesar de ligada à época em que foi escrita, continua empolgante, magnificamente adaptada, com um cunho visual marcante e surpreendente. Esta é uma obra que envelheceu bem e é, de facto, um clássico. Este livro merece destaque, pela sua qualidade e para que a memória da BD portuguesa não se perca. A BD não foi feita para ser pespegada numa parede. Por interessante e importante que seja conhecer as pranchas dos autores clássicos em exposições, o seu real valor percepciona-se pegando nas páginas impressas, levando o livro para o cantinho de leitura de eleição, e lendo. Foi para isso que foi inventada a banda desenhada. Esta reedição respeita mais o traço do ilustrador. Mostra-nos um estilo que deslumbra pela sua espectacularidade, expressividade e consistência. Tem ainda uma forte e rigorosa componente de investigação histórica, sublinhada pelo grande cuidado na verosimilhança de trajes, arquitectura, adereços militares e heráldica. Algumas das vinhetas de Eduardo Teixeira Coelho parecem directamente inspiradas na iconografia dos livros de horas e romances cavalheirescos medievais que chegaram até nós.
Revista H-Alt, editada por Sérgio Santos
A revista H-alt mostra uma aposta de continuidade como espaço de divulgação dos novíssimos autores de Banda Desenhada em Portugal, com um notórios saltos qualitativos de edição em edição, procurando, parece-me, marcar um espaço entre o fanzine e a edição convencional de BD.
O principal mérito desta revista está no ser um canal que dá espaço editorial a vozes novíssimas. Apostar nos novos tem os seus méritos, e também os seus riscos. A H-alt traz-nos excelentes surpresas gráficas e narrativas, mas também encontramos histórias cujo nível gráfico parece ter saído directamente da sala de aula de cursos artísticos do secundário, embora em número inferior ao que se podia encontrar na primeira edição. Apenas a qualidade narrativa se mantém como ponto fraco da H-Alt, com boa parte das histórias a denotarem a inexperiência dos argumentistas. Há muita juvenilia nesta revista, como não poderia deixar de ser. Sublinhe-se, no entanto, que não é fácil conseguir contar uma história em duas ou três pranchas. É algo que se aprende fazendo. onseguirá a H-alt manter-se, como fórum para novos autores, de qualidade crescente e com edição regular? Os próximos números o dirão. Para já, a fasquia colocada pelos seus editores está elevada
Strange Attractors, Charles Soule
É intrigante e inesperado ler um comic sobre algo tão abstracto como teoria de sistemas complexos. Charles Soule anda a explorar o conceito de efeito borboleta da teoria do caos, ideia que reflecte sobre o poder que pequenas alterações têm em provocar grandes mudanças, em sistemas de teia interrelacionados. Faz pouco sentido, o que escrevi? Soule exprime estas ideias muito melhor do que eu. Um comic sobre arquitectura e teorias matemáticas. Quem diria.
Faster Than Light, Brian Haberlin
O decifrar de uma mensagem alienígena proveniente de uma civilização extinta dota a Terra de tecnologia capaz de quebrar as distâncias galácticas, bem como de um mapa com a localização de outras civilizações. Parece ser uma nova era de descoberta e aventura, mas há um segredo, mantido oculto das populações. A força desconhecida que aniquilou a civilização que enviou a mensagem desloca-se na direcção da Terra, e as missões que supostamente são de exploração tornam-se um jogo de sobrevivência, com astronautas numa busca desesperada por aliados e tecnologias que permitam à Terra enfrentar a ameaça cósmica. Apesar de pouco homogénea na abordagem, Faster Than Light é space opera pura nos comics. É raro ver este nível de aventuras no espaço, mesmo numa época em que a ficção científica voltou a ganhar destaque na banda desenhada.
A Pior Leitura do Ano:
Welcome to Night Vale, Joseph Fink e Jeffrey Cranor
Pronto, este não foi o pior livro que li este ano. Recordo com algum carinho masoquista uma história alternativa portuguesa. Que tem um capítulo memorável, onde William Beckford e Bocage visitam as masmorras sexuais do bordel oculto nas vastas caves do Café Nicola, repleto de latagões angolanos bem fornecidos e chão que é um lago de sémen. Não digo que livro é. Fiquemo-nos por um the thing that shall not be named, ou melhor, the thing that should not have been.
Night Vale é um genial podcast que, mimetizando um programa de informação na rádio, transmite as notícias sobre a estranha comunidade de uma cidade perdida no tempo. brinca, cheio de elegância e absurdismo, com as iconografias e pressupostos da ficção de terror. Escalar o conceito de formato áudio para livro é um passo lógico, que permitiria explorar mais a fundo o interessante mundo ficcional de Night Vale. Nesse sentido, o livro é bem sucedido, mergulhando mais a fundo nalgumas das bizarrias da vila, que formam a base do podcast. Como, por exemplo, as criaturas aterrorizantes que são as bibliotecárias da biblioteca, local onde raros são os bibliófilos que entram e sobrevivem para contar a história. Como romance de terror, desilude. Morno, fraquinho, sem especial interesse. Funciona apenas como expansão do mundo ficcional, com o formato narrativo a permitir aprofundar elementos que, necessariamente, ficam difusos no podcast. A grande falha do livro é a manifesta incapacidade dos autores de transpor para o livro o elemento que dá ao podcast o seu toque especial, a liberdade associativa de ideias assente na oralidade.