O conto destaca-se pela solidez da sua ambiência, mergulhando-nos nos ermos e serranias do país profundo, ou melhor, do berço do nosso país contemporâneo. Só um detalhe me escapou: se estamos a falar de tempos pré-romanos, como é que o eremita tinha tabaco para fumar? Pequeno pormenor, que não estraga um conto muito sólido.
Mycelium, Fábio Fernandes: Um conto que merecia ser mais longo, interessante não só pelo que narra mas pelo sólido mundo ficcional que o apoia. Com a humanidade quase extinta através de misteriosos ataques de alienígenas desconhecidos, que utilizam a electrónica para rastrear a Terra, as colónias e as naves humanas, um punhado de refugiados espalhado pela cintura de asteróides procura sobreviver e, através de alternativas à tecnologia electrónica, talvez eventualmente descobrir quem são os misteriosos atacantes e contra-atacar. Num dos asteróides, uma experiência com fungos que aparentam vida inteligente abre intrigantes possibilidades.
Se a narrativa central é em si interessante, com uma investigadora a revelar-nos passo a passo o caminho narrativo, o mundo ficcional que a suporta, desenhado a traços largos, intriga e deixa a vontade de ler mais.