sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Comics: FreakAngels #1; Nanking


Warren Ellis, Paul Duffield (2008). FreakAngels Volume 1. Rantoul: Avatar Press.

Em 2008, Warren Ellis juntou-se ao ilustrador Paul Duffield para uma experiência de edição digital. Semanalmente publicavam na página de Ellis uma prancha de FreakAngels, comic vagamente pós-apocalíptico sobre um estranho grupo de jovens com poderes estranhos que protegem o bairro de Whitechapel, numa Londres semi-submersa após uma catástrofe global. Com um ritmo que só se torna aparente ao fim de muitas semanas, é um primeiro passo de Ellis nos domínios dos apocalipses de hipermodernidade que explora correntemente nas séries Injection e Trees. O primeiro volume é essencialmente um estabelecer de cenários, introduzindo os personagens com as habituais personalidades desviantes de que Ellis tanto gosta, e mostrando as tensões entre a periclitante utopia social de Whitechapel, apoiada numa cultura faça você mesmo aliada às capacidades dos FreakAngels, e as facções violentas que dominam os restantes bairros da cidade semi-submersa.


Zong Kai, Nicolas Meylaender (2011). Nanking. Paris: Les Editions Fei.

Algo deprimente, constatar que por efeitos do acaso a primeira leitura de 2016 foi um comic sobre as atrocidades cometidas pelos japoneses em Nankim, num dos violentos prelúdios da II Guerra Mundial que foi a guerra sino-japonesa. Claramente panfletária, esta BD centra-se na história de uma criança, que permite três diferentes visões de atrocidades que apesar de bem documentadas não estão tão presentes na consciência global quanto as alemãs na Europa. Talvez porque até mesmo no campo do choque moral dos genocídios as diferenças de etnia continuam a pesar. O livro em si é interessante por se atrever a focar nesta página mal conhecida da história do século XX, com um grafismo expressivo que faz lembrar a propaganda agit-prop.