terça-feira, 2 de junho de 2015

Visões


Kung Fury: O abuso completo era, nos tempos da minha adolescência passada entre os anos 80 e 90, a medida do êxtase cinematográfico absoluto. Descrevia o exagero over the top da filmografia e séries televisivas da épica, hoje revistas no seu espírito com alguma nostalgia. Época áurea dos filmes de violência absurda e iconografias de estilização ridícula. Este Kung Fury pega em toda essa iconografia, mistura, e dá-nos este cocktail fabuloso que mistura mestres do kung fu, arcades robóticas assassinas, laser raptors, buddy movie, policial procedimental hardboiled, má ficção científica, fantasia medieavalista e acenos aos desenhos animados e animé clássicos dessa época. Com Hitler à mistura, porque com a lei de Godwin tudo desliza melhor. Em suma, um adorável, fantástico, hilariante e com um deslumbrante VFX abuso completo. Poder-se-ia destacar muita coisa nesta absurda curta metragem, desde a ironia com Karate Kid, filmes de guerra directos para VHS ou policiais tipo Miami Vice ou Dirty Harry e até 2001 cruzado com Knight Rider (I'm afraid I cannot do thatnever hassle the hoff 9000), mas a cena que mais impressionou foi uma das lutas em que o epónimo Kung Fury aniquila um batalhão de soldados nazis, com a imagem a recriar na perfeição a estética, pontos de vista, movimentos de câmara e gestos marciais do clássico jogo de computador Street Fighter. Genial, pela divertida ironia de época, humor, cinematografia e uso de efeitos especiais. Tem de ser visto para ser credível. E vale bem a pena.