sexta-feira, 20 de março de 2015

Leituras


This Cartoon Perfectly Sums Up the Optimism of 1950s Futurism: Sempre que leio artigos destes pergunto-me se no futuro iremos olhar para as nossas super-limpas e bem desenhadas design fictions futuristas com este sorriso de inocência patética com que olhamos para os futuros imaginados do passado.

Video Games Are Better Without Characters: Ian Bogost é quase um poeta do desenvolvimento de videojogos ao falar como fala da beleza inerente aos sistemas complexos, que permite gerar experiências mais imersivas e enriquecedoras do que os mais tradicionais que se centram no controle de um personagem. Termina de forma genial, certeira, a descrever na perfeição os limites das gaiolas douradas do mundo digital: We’ll sign away anything, it would seem, so long as we’re still able to “express ourselves” with the makeshift tools we are rationed by the billionaires savvy enough to play the game of systems rather than the game of identities. Não contente com esta afirmação incisiva, acerta também no enviesamento trazido pela metáfora digital de interpretar o mundo: only a fool would fail to realize that we are the Sims now meandering aimlessly in the streets of the power brokers’ real-world cities. Not people with feelings and identities at all, but just user interface elements that indicate the state of the system, recast in euphemisms like the Sharing Economy, such that its operators might adjust their strategy accordingly. No measure of positive identification can save us from the fate of precarity, of automation, of privatization, of consolidation, of attention capture, of surveillance, of any of the other “disruptions” that cultivate our culture like bulldozers click through sim cities. 

Entretanto, Nelson Zagalo apontou no Virtual Illusion um problema com as premissas de base de Bogost. A crítica à primazia da personagem sobre o sistema esquece um porquê essencial: esquecer "aquilo de que são feitos homens e mulheres que criaram esses objectos, homens e mulheres que consomem esses objectos, e homens e mulheres que analisam e criticam esses objectos". Ou seja, que o que desperta a atenção e nos leva a preferir um tipo de imersão narrativa em relação a outros não pode ser reduzido a um único factor, intuído em Bogost como economicista. A verdade é que uns de nós se deslumbram com sistemas, outros gostam de histórias. Os porquês disto prendem-se com as ciências cognitivas, que Zagalo aponta o serem pouco conhecidas pelas humanidades.

Five Books that Changed Me in one Summer: Com esta mistura explosiva de Moorcock, Ballard, Kerouac e Burroughs não admira que Warren Ellis tenha desenvolvido a sua tão pecular e vibrante voz literária.

Did a Human or a Computer Write This?: Spoiler: só um dos textos no link foi escrito por um humano. O resto é produto de algoritmos automatizados. Vejam lá se descobrem qual.

Stop Saying CGI: Bem visto. Não dizemos que um romance é uma belíssima peça de processamento de texto, ou que uma pintura um excelente exemplo de aplicação de pigmento com pincel. Este grito bem humorado recorda-nos que o mais potente dos softwares é, na sua essência, uma ferramenta ao serviço da criatividade humana. O mais poderoso dos modeladores 3D, o mais espantoso criador de imagens digitais, o mais mágico dos programas que iludem a realidade nada são sem a mão treinada e a imaginação dos criadores.

Ladybridge High School is Doing It Right — 15-Year-Old Students Create Unbelievable 3D Printed Lamps: Muito interessante, este projecto de introdução ao 3D que começa por ensinar modelação 3D e CAD a alunos de onze anos e acaba com estes projectos impressos... numa beethefirst, curiosamente. É um caminho interessante que mostra bem como posso levar o meu das TIC em 3D. Integrar o 3D no currículo é interessante, mas condena-nos a um eterno recomeçar. A cada semestre começa-se do zero, e pergunto-me se não está na hora de criar um espaço próprio, pensado com um tempo diferente e mais alongado, que possibilite aos alunos mais interessados ou com aptidão para estes projectos desenvolver mais a fundo as suas aprendizagens. Fica a dica.


Brutal but Beautiful: Book of 88 WWII Coastal Military Ruins: Bunker Architecture, elegante na sua decadência de betão armado carcomido pela erosão. Restos das fortificações nazis da festung europa que orlam as costas francesas, que também inspiraram Paul Virilio.