domingo, 14 de dezembro de 2025

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Death Shall Overcome, 1974: Há dias assim, quem nunca? 

Axe murder and Montreal erotica titles vie for the Oddest Book Title of the Year: Confesso, desconhecia este galardão, e de facto, nada como um bom título para despertar a atenção do leitor. Garante a primeira impressão. 

Quadrinhos na Amadora: Também sinto na carteira uma dor semelhante à do João (e não tens o Fólio a caminho da família para estragar ainda mais). Reservo a minha opinião sobre o novo Asterix - é um trauma meu, faço parte da geração que cresceu a ouvir que o tio patinhas estupidificava e a única BD aceitável era o Asterix porque assim aprendia sobre o Império Romano, e ainda hoje trabalho em escolas onde os volumes carcomidos da velha série são elogiados por professores bibliotecários enquanto lhes passa ao lado que os miúdos gostam é de ler mangá, ou melhor, não passa, mas torcem o nariz. Parte deles são os mesmos miúdos que são arrastados por professores ao Amadora BD em visita de estudo, na esperança que um passeio entre Will Eisner ou Luís Louro lhes abra os horizontes de cultura visual (suspeito que para os rapazes, olhar para vinhetas de Luís Louro lhes abra muitas visões eróticas que não poderão expressar em público). O ABD é sempre igual a si mesmo, aquele misto entre a procura de uma certa relevância cultural através do celebrar personagens clássicos mas cuja base de fãs começa a envelhecer, e o mostruário das editoras. A notável exceção é apenas aquele género que faz as delícias dos novos leitores, mas na tentativa de se atualizar, o ABD introduziu uma gaming zone, que é algo que faz zero sentido ali, mas aposto que dá para os professores fartos de aturar adolescentes entediados na visita uns bons momentos de descanso e café. A relevância cultural nunca vai ter, apesar de se ter tornado uma instituição, dada a implacabilidade do mainstream cultural português com formas de expressão que consideram menores - note-se que o Folio dedicou uma das maiores galerias de Óbidos a uma exposição sobre ilustradores portugueses que era só composta por retratos desses ilustradores (sim, só isso), enquanto relegou uma excelente exposição de BD curada por Pedro Moura para a cave de um espaço museológico secundário em que poucos reparam. É por isto, João, que suspeito que para a editora portuguesa do Asterix faça mais sentido levar os seus autores ao El Corte Inglês do que à Amadora. 

The scariest sci-fi horror movies for Halloween, chosen by an expert: Quem é que disse que no espaço, ninguém consegue ouvir os nossos gritos? Ah, conseguem, conseguem, precisa-se é das condições certas. 

Francis Ford Coppola Lost So Many Millions On Megalopolis That He’s Paying With A Lifelong Collection: Vão-se os relógios, mas fica um filme que poderá não ter tido sucesso e não ser perfeito, mas, pessoalmente, gostei. 

“Metaviolence” questiona o futuro da humanidade e das máquinas num espetáculo imersivo imperdível em Lisboa (e é já este fim de semana): Estou muito curioso com esta peça dos Zabra, cujo trabalho tenho acompanhado com imenso interesse. 

The Best Military Sci Fi Books, recommended by A.D. Sui: Confesso, é um dos meus prazeres culposos, pelo misto de aventura pura e space opera. Mas é um sub-género problemático dentro da FC. 

Mark Caller, 1989: Frankenstein cósmico. 

Pluralistic: Checking in on the state of Amazon's chickenized reverse-centaurs: Traduzindo - a prática, cada vez mais prevalente, entre as empresas, de gerir os trabalhadores a partir de otimizações algorítmicas que não levam em conta as reais condições no terreno, ou sequer as necessidades humanas mais elementares (como, por exemplo, penalizar trabalhadores pelo tempo que dispendem indo á casa de banho). Umn modelo de gestão desumano, que a IA vem agravar. 

My Students Use AI. So What?: É raro encontrar uma visão tão lúcida e equilibrada sobre a influência da tecnologia nos jovens. Desmonta o mito de que antigamente é que era bom, mostra que as patetices online têm um papel a desempenhar (e, antes do mundo online, digam lá se tudo o que viam, ouviam e liam era erudito?), embora não negue que o uso extremo destes meios seja prejudicial. 

You’re Getting ‘Screen Time’ Wrong: O tempo de ecrã tornou-se aquela métrica moralista para apontar o dedo, mas na verdade não conseguimos funcionar em sociedade sem ele. E, como Bogost mostra, estes problemas geralmente resolvem-se de forma social, com a evolução dos hábitos e costumes: "What to do, then, about screen time? The fact is, you cannot participate fully in contemporary life without devoting a substantial amount of time to the screen. Even if you try to pare back your screen time to some bare minimum for engagement with the world today, whatever quantity remains will still be chaotic and attention-shattering by nature. You might rationally take steps to protect your children from that situation while their identity (and brain) is still forming, but those efforts will only delay the inevitable. Every kid will be thrust into the frenzy of screen life at some point during their adolescence, or else they will fail to enter contemporary adulthood. Screen time is a systemic issue, so an individual response—your screen-time monitoring, your screen-time mitigation—will likely be of little use. Past experience suggests that this problem will resolve itself at historical scale instead. After all, in the early days of literacy, reading—now perhaps the paradigmatic example of a non-screen-time activity—was considered ominous; people reading silently to themselves might have seemed demented. Even in the 19th century, the novel was considered a dangerous medium, one that would trap people—especially impressionable young women—in the thrall of isolation and fantasy. (Today, a couple of centuries later, people instead complain that young adults no longer have the attention span for isolationist fantasy.)

Instagram and Facebook are breaking the EU’s illegal content rules: Para surpresa de ninguém, e vão continuar a fazê-lo, especialmente porque a Meta se sente com as costas quentes com as práticas e políticas trompistas. 

What if Tinkercad was Self-Hosted?: Não é muito popular entre o nosso mundo educativo, estamos rendidos às apps e plataformas, mas faz sentido prestar atenção às alternativas offline a ferramentas com enorme potencial educativo como os modeladores 3d por primitivos. 

Walkmans: Essencialmente, é isto: "If you think I’ve gotten old enough to turn tech-conservative, ask yourself if you really want ads streamed to your fridge door or clock, and remind yourself that when you outsource your doorbell and your bed to tech companies, Amazon Web Services might go down and kill your doorbell and brick your fucking bed, as happened last week. Draw a line somewhere. 2025: a server outage lobotomised your smart bed. That is the Science Fiction Condition, and not the happy one.

Guillermo del Toro on Using AI: “I’d Rather Die”: Confesso que fico um bocado desconfiado destes pronunciamentos absolutistas, dado que os artistas de VFX já identificaram a IA generativa como mais uma ferramenta ao serviço da sua criatividade. 

Could the internet go offline? Inside the fragile system holding the modern world together: Apesar das fragilidades que de volta e meia se evidenciam, como quando caem datacenters, a verdade é que a estrutura em rede torna a internet muito difícil de eliminar por completo. 

AI “Phone Farm” Startup Gets Funding from Marc Andreessen to Flood Social Media With Spam: É que já nem se dão ao trabalho de disfarçar.  A próxima fronteira de enriquecimento fácil é o embrutecimento (ainda maior) das redes sociais com lixo artificialmente gerado, e claramente as empresas de capital de investimento estão a olhar para um tipo de negócio que associamos normalmente ao spam. 

The Surveillance Empire That Tracked World Leaders, a Vatican Enemy, and Maybe You: É uma leitura longa, mas vale a pena. A investigação analisa o modelo de negócio de uma empresa de vigilância digital que tem conseguido, até agora, passar por debaixo do radar, mas cuja tecnologia (que explora de forma inteligente as bases das redes celurares) tem sido usada para toda a sorte de abusos de direitos pessoais, sociais e humanos. 

Pluralistic: Shake Shack wants you to shit yourself to death (27 Oct 2025): Ou, como encontrar dark patterns que obriguem os clientes a evitar os balcões tradicionais para usar aplicações, cujos termos de serviço incluem cláusulas que libertam as empresas de quaisquer responsabilidades sempre que o que produzem provoca danos de saúde aos clientes. 

In Praise Of Useless Robots: A beleza da robótica inútil, ou recordar que os robots que construímos são mais do que meros mecanismos, exprimem anelos e anseios muito humanos. 

An AI adoption riddle: Uma bolha crescente, tecnologias que prometem mais do que possibilitam, e mesmo assim o investimento é forte. 

Meta denies torrenting porn to train AI, says downloads were for “personal use”: Claro, claro que sim, ora agora, ia-se lá treinar uma IA em pornografia? 

Pluralistic: When AI prophecy fails (29 Oct 2025): Podemos partilhar, deslumbrados, aqueles estudos que falam do impacto na IA no setor laboral, na ilusão de um futuro pós-trabalho. Ou então, podemos perceber o que é que está realmente a acontecer: "All this can feel improbable. Would bosses really fire workers on the promise of eventual AI replacements, leaving themselves with big bills for AI and falling revenues as the absence of those workers is felt? The answer is a resounding yes. The AI industry has done such a good job of convincing bosses that AI can do their workers' jobs that each boss for whom AI fails assumes that they've done something wrong. This is a familiar dynamic in con-jobs.

Hoy está de cumpleaños Internet: Recordar que a 29 de outubro de 1969 se fez a primeira ligação entre computadores, que viria a evoluir para a internet de hoje. 

Artwork used to illustrate passages from the Book of Revelation: Bizarrias religiosas. É Basil Wolverton, pois claro.

Un cartel en la Universidad de Granada destapa uno de los grandes problemas de la generación Z: los "padres helicóptero": É algo que nós na educação básica já há muito temos que lidar - os pais completamente idiotas, que se intrometem em todos os momentos do processo educativo, sempre a exigir que seja feita a sua vontade. Saber colocá-los no seu devido lugar é uma arte, e nem todos o conseguem fazer. Para além da parvoíce das exigências (alguns chegam a querer interferir nas aulas para que não sejam difíceis para os seus querubins), o que isto na prática gera são crianças sem autonomia, que dependem dos pais para tudo. Quando estes patetas começaram a afirmar as suas vozes irritantes nas escolas básicas, uma piada recorrente entre professores era "ah, e depois, quando os filhos chegarem à universidade ou ao emprego, será que estes papás também vão reclamar com os professores universitários ou com os patrões"? A resposta, é sim, fazem isso. 

The U.S. Is Preparing for War in Venezuela: Não morro de amores por Maduro, é um ditador que herdou a herança do caudilhismo chavista. Claro que, apesar dos prémios nobel atribuídos a líderes oposicionistas que os agradecem a um proto-ditador, a grande razão para o chavismo liderar no país tem mais a ver com a redistribuição de riqueza no país, que apesar de diluída por Maduro, está nas mãos do país e não nas das elites e multinacionais do petróleo. E é por isto que a administração Trump, a violar todas as leis internacionais, está claramente a preparar uma intervenção militar numa zona do mundo que consideram o seu quintal. Sabemos que contra o poderio militar americano as hipóteses em guerra convencional serão nulas, mas espero que os venezuelanos consigam usar os equipamentos militares de que dispõem para, pelo menos, fazer mossa. 

Swipe, borboletas, burnout — Notas para pensar o dating moderno: Espera, o Sh/fter a dar conselhos românticos? Nem tanto, é apenas a expressão sociológica das culturas de romantismo contemporâneas, num mundo urbano e mediado por apps. 

Why America Doesn’t Care About Trump’s Graft: Provavelmente porque a maioria dos americanos não se importaria nada de fazer o mesmo, se pudesse, e aprecia ver este derrubar das barreiras éticas a passar impune. É exatamente a mesma atitude que os cheganos têm por cá, no fundo o que querem é safar-se impunes e fazer o que lhes apetece. 

En verano de 1849, los venecianos no tenían que preocuparse por el turismo: temían el primer ataque con drones de la historia: Os curiosos inícios da ideia de guerra aérea - balões austríacos sobre Veneza. Correu tão mal como imaginam que poderia ter corrido. 

Elon Musk’s Version of Wikipedia Is Live. Here’s How It’s Different: Uma wiki onde a realidade e a verdade factual são opcinais, quiçá raras. 

What Leni Riefenstahl’s Work Reveals About Fascism: Apesar de ser celebrada como uma esteta, é bom não esquecer que a realizadora foi uma nazi conivente e não arrependida. 

Llevamos toda la vida pensando que los precios terminan en ".99" por pura psicología. El motivo era bastante más terrenal: Ok, confesso que esta não esperava. Se hoje consideramos que os arredondamentos para baixo se tornaram um mecanismo psicológicos, na verdade surgiram como forma de combater fraudes e roubos de caixa. 

China Is Building the Future: É factual. Não é uma utopia de país, quer por ser uma ditadura quer pelos inúmeros problemas que tem, mas a imagem da China, hoje, é a de uma zona futurista, de investimento e vibrante desenvolvimento tecnológico, a contrastar com a morosidade europeia, e o óbvio declínio americano. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Podcast Ubuntu Portugal #366: Ensino de TIC


Diz que me raptaram para isto. Temo as consequências de confirmar ou desmentir, da próxima em vez do clorofórmio posso ser cooptado com uma pancada. E pancadas na tola já tenho mais que muitas. 

O desafio partiu do Centro Linux, para participar no podcast Ubuntu Portugal. Podem ouvir nesta ligação: Podcast Ubuntu Portugal #368: Ensino de TIC em Portugal (Ubuntu, o sistema operativo de código aberto, não aquele programa educativo que parece ter caído em esquecimento). 

Foi uma oprtunidade de partilhar o que se faz por cá na educação digital com outro mundo, recordando que o que para nós, professores, é normal e bem conhecido é praticamente desconhecido para o resto da sociedade (mesmo que tenham filhos nas escolas ou paritlhem a vida com professoras). Foi uma conversa à solta, vale o que vale, espero não ter sido injusto ou esquecido colegas e projetos que deveria ter referido. Creio que é importante que partilhemos o que se faz na educação fora das nossas bolhas de informação, da mesma forma que é saber o que se passa noutros mundos culturais e profissionais. 

Por curiosidade, importei o registo audio da conversa para o Notebook LM, e fiquei intrigado com o destaque que deu a tudo o que foi conversado. Sobre o infográfico, deixo o caveat lector que sai de conversas e percepções, com todas as incorreções advindas da oralidade solta, não de achismos taxativos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Dylan Dog. Il castello della paura


Tiziano Sclavi, Giuseppe Montanari (1997). Dylan Dog. Il castello della paura. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Confesso, já tinha saudades de ler um bom Dylan Dog clássico. Por cá raramente se encontram, apesar da tentativa da Seita em trazer aos nossos leitores este personagem icónico. Este, dei por ele completamente por acaso nas caves da livraria Castro e Silva. É uma edição antiga, com uma aventura tipicamente sclaviana, a comprazer-se num misto de terror gótico com castelos assombrados, mistérios e tensões entre familiares de uma herança milionária, com uma criadagem sui generis à mistura. Algo que aprecio na forma como Tiziano Sclavi desenvolve os seus cenários é a complexidade que consegue colocar no meio do rigor formal do formato fumetti. Há sempre diferentes histórias dentro da grande narrativa, algumas que se resolvem ou intuem entre paineis. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

O mistério dos templários

José Ruy (2023). O mistério dos templários. Lisboa: Polvo.

Um velho mestre, a fazer aquilo que sabe melhor, contar histórias em BD no seu estilo próprio. José Ruy foi um dos maiores e longevos criadores portugues de BD, com uma obra longa e um estilo visual de realismo clássico, onde a vinheta ilustra as palavras. Neste, que se tornou o seu último livro, cruza história com mitos para explorar mistérios ligados aos templários. A história desta ordem militar cruza-se com a portuguesa, e Ruy coloca Tomar como guardiã dos verdadeiros tesouros da ordem, que não são meras riquezas terrenas. Um mergulho num traço e estilo narrativo de outros tempos, pelas mãos de um mestre.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Inércia 2025

@archizer0 #digitalart #inerciademoparty ♬ som original - Artur Coelho 🇵🇹

 


Talvez a experiência visual mais interessante que vi no Inércia, este incrível vídeo criado a partir da manipulação de imagens com código: Amplitude, dos Bus Error Collective.


Demos a correr num velho mas funcional Palm. Trouxe-me memórias, usei vários desdes dispositivos no passado. À conversa com o dono do Palm, descobri-me a segurar um dos meus objetos de sonho da viragem do século, um palmtop Sony Clié.


A IA generativa também integra o Inércia, e nestes dias de geradores de imagem, é bom (re)ver os velhinhos algoritmos de style transfer.


Retrogaming, disseram?

Arte digital, modo old school. Very old school.

Isto talvez seja o que penso que é, mas não me atrevi a experimentar.

Registo de uma tarde de inspirações e aprendizagem na Inércia Demoparty 2025. Não quis perder a mostra de competição (embora não tenha conseguido ver as categorias imagem e size coding). Evento inspirador a todos os níveis, e algumas experiências de criação com IA mostraram possibilidades muito interessantes. Fiquei muito interessado no uso de programação assistida por IA para gerar experiências de arte generativa.

domingo, 7 de dezembro de 2025

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Near Earth space combat as envisaged in the 1980s: Visões aterradoras. 

Embers of War, una entretenida trilogía de ciencia ficción que recuerda mucho aquellas novelas de a duro de antaño: Bolas, não resisto a isto. Space Opera é um dos meus bons prazeres culposos. 

The Best Gothic Horror Books, recommended by Nathan Ballingrud: O horror literário gótico, representado por obras num espectro que vai do clássico ao contemporâneo. 

10 Great Books For Your Halloween Reading:  Já se sabe, o final de outubro traz consigo aquela tradição anual de ir buscar os arrepios literários, a condizer com os dias que se encurtam, a chuva que vai caindo e o chá que saboreamos a pensar na noite de todos os santos. 

Book Review: Octavia E. Butler’s Clay’s Ark (1984): Pandemias e totalitarismos, ou a FC a mostrar que o humanismo depressa se dissolve e o pior das pulsões humanas não perde oportunidade de se manifestar. 

50 Science Fiction Technologies and How Long They Took to Become a Reality: Não sou grande fã da visão redutora da FC como uma literatura útil por ser preditiva, o papel especulativo do género vai muito mais além disso, mas a polinização cruzada entre ciência e ficção científica, ou melhor, a inspiração mútua, é tangível. 


‘Wolfbane’ by Frederik Pohl & Cyril M. Kornbluth, 1976: Clássicos. 

Corea del Sur lanzó un programa de libros de texto con IA para el colegio. Ha durado cuatro meses: Geralmente os deslumbrados gostam de partilhar as notícias de projetos educativos que adotam de forma bombástica a IA na educação. Mostrar o que se passa a seguir é que é raro. No caso deste projeto de manuais digitais sul-coreano, criados com ajuda de IA e com a tecnologia a suportar o instrucionismo dos conteúdos, o falhanço foi enorme. O curioso é que uma das queixas foi o aumento da carga de trabalho de professores e alunos. Seria, no entanto, injusto apontar o dedo à IA como causa deste falhanço. Parece-me mais o resultado de implementações apressadas, focadas em resultados rápidos e sem a capacidade de reflexão para analisar e resolver as problemáticas. 

Facebook arranja forma de usar fotos para AI: O que é que está errado aqui? Bem, praticamente tudo. A invasão de privacidade das pessoas é monumental, com as fotos mais íntimas e pessoais a ser devassadas pela Meta para treino dos seus algoritmos. 

People are using AI to talk to God: Até há muito pouco tempo, isto seria um cenário de ficção cientifica distópica. Hoje, há aplicações para os crentes falarem com representações virtuais dos seus deuses. Finalmente, o ghost in the machine? Nem por isso, e isto é daquelas tendências que tem tudo para correr mal e aprofundar a ignorância e obscurantismo dos zelotas. 

A Tool That Crushes Creativity: O real problema aqui não é a IA generativa por si só. E o problema não afeta a internet no seu todo, apenas aquele segmento que designamos de redes sociais. É bom recordar que o conceito de rede social já está em franca degeneração há anos, com a ideia de sites e aplicações que nos interligam de forma simples a ser abusada para obtenção de dados e geração de lucros através do enviesamento, falsidade e acicatar das mais baixas e violentas emoções. Transformar as redes sociais em espaços onde os seus utilizadores já não interagem entre si, mas consomem resmas de conteúdo generativo gerado em dilúvio pelo mais baixo denominador comum é o corolário lógico do modelo alienizante de rede social que tem gerado lucros monumentais para a Meta e outras companhias, com um enorme prejuízo para a sociedade: "Think too long, and it all begins to feel sinister. Large language models that devoured the total creative output of humankind endlessly remix those inputs to illustrate fictional universes of bespoke media, almost indistinguishable from reality (and getting better every day). This is not a rewriting of history as much as a DDoS-ing of it—flooding the zone with so much synthetic crap that engaging with reality and humanity becomes just one of many content experiences to choose from." Para aqueles para quem a visão de vida digital se resume ao consumo de redes sociais, bem, há que perceber que são vistos como gado ruminante por parte das empresas. E para estas, a diferença entre enfiar-vos pela goela abaixo as fotos dos vossos amigos ou lixo cultural gerado por IA mede-se de acordo com o indicador "de que forma conseguimos extorquir mais dinheiro deste modelo de negócio". 

The AI sexting era has arrived: Diria que isto é um indicador de algum desespero por parte da Open AI em tentar obter algum lucro que justifique os investimentos massivos de capital que exige regularmente. 

My Car Is Becoming a Brick: A colisão entre os ciclos rápidos de obsolescência programada da tecnologia digital e a vida longa dos carros, com os problemas criados pela atualização de software de veículos que impossibilita o bom uso dos que têm mais do que alguns anos. 

The Internet Is Going to Break Again: Essencialmente, é isto: "The internet is often understood as a free and open resource, but it is controlled by a small group of digital landowners." 

Oops! The AWS Outage Took Down Everybody’s Bored Apes: Talvez a consequência mais divertida deste apagão, é mostrar o quanto a economia descentralizada das crypto e nfts depende da centralização nos servidores da amazon. 

On AI and the golem: Talvez das melhores metáforas que já li sobre as problemáticas da IA generativa -  e certeira a observação - "That has not stopped tech CEOs, none of whom apparently understand what historians do or what history is, from dreaming of a world where humans don’t do any of the work that makes us human." É extensível a qualquer domínio onde os evangelistas da IA (que demasiadas vezes mal compreendem a tecnologia que estão a vender, quanto mais o mundo real) pregam o seu credo. 

La IA que usamos se construye sobre algo más que algoritmos: el trauma de miles de trabajadores mal pagados en países en desarrollo: É preciso falar da horda de trabalhadores explorados e mal pagos que, especialmente nos países do terceiro mundo, tem a tarefa de etiquetar, selecionar e moderar dados para treino de algoritmos. 

My first months in cyberspace: Ah, os bons velhos tempos. Bem, não eram assim tão bons, e poucos eram os que tinham a capacidade técnica e financeira para usar a internet nos seus primórdios. Mas há aqui um espírito que se perdeu, o da capacidade individual em dominar os sistemas. 

Reddit sues Perplexity and three other companies for allegedly using its content without paying: Confesso que fiquei um pouco confuso quando li isto. Porque o Reddit não paga aos seus utilizadores para gerar os conteúdos a cujo acesso quer obrigar as plataformas de IA a pagar. 

What Happened To Running What You Wanted On Your Own Machine?: O Cory Doctorow já há décadas que nos avisava da guerra cerrada contra a computação livre e aberta. Cada vez temos mais restrições ao que podemos ou não fazer nos dispositivos que comprámos, sempre sob o argumento da nossa segurança, quando na verdade o objetivo é trancar os utilizadores nos produtos e serviços de um punhado de empresas - "we’re losing the idea that you can just try things with computers. That you can experiment. That you can learn by doing. That you can take a risk on some weird little program someone made in their spare time. All that goes away with the walled garden.  (...)  So much creativity gets squashed before it even hits the drawing board because it’s just not feasible to do it."


The Yellow Needle: Olhar masculino. 

Flowers of the future: Uma experiência estética e ecológica, que procura especular como evoluirão as cores das flores num mundo acossado pelas alterações climáticas. 

NATO exercise validates POLARIS with undetectable laser link between two Portuguese frigates: Um curioso resultado dos exercícios com tecnologia naval experimental que a marinha organiza regularmente. 

‘Cultura da Ansiedade’: como a economia da atenção impulsiona (e prospera) no nosso medo do futuro: Ou, como tornar o stress amplificado por meios digitais num lucrativo modelo de negócio. 

The Golden Age of Multilateralism Is Over: É discutível que se o multilateralismo realmente o foi, uma vez que a prevalência das instituições europeias e americanas sempre foi dominante. O intrigante, e chocante, é ver os americanos a darem enormes tiros no pé, com a cegueira ideológica estúpida a desmontar ativamente um sistema global que os serviu tão bem ao longo de décadas. E o que vemos a mostrar-se como substituto - o recrudescer das autocracias totalitárias, não é uma evolução positiva. 

Inside NORAD’s Cheyenne Mountain Combat Center, c.1966: Recordar um dos epítomes da estética da guerra fria.