terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Comics: Les légendes Marvel N°03 : 1966; O Doutor Estranho da Morte; Les Legendes Marvel Nº 04: 1979


Les légendes Marvel N°03 : 1966
. Panini.

Um volume interessante desta coleção francesa da Panini. Destaca-se de outros da coleção por só conter histórias completas, todas publicadas em 1966. O Homem Aranha abre a colectânea com a história da origem e desmascaramento do Duede Verde original. Segue-se a clássica história do Quarteto Fantástico This Man, This Monster, que desconhecia e surpreendeu. Encontramos de seguida o combate entre Capitão América e Red Skull pela posse do cubo cósmico. Lê-se uma aventura de Nick Fury Agent of SHIELD em combate contra a AIM, um recontro entre Dr. Doom e os Vingadores, e termina com outra aventura de Fury, desta vez como Howling Commando na II Guerra. A pérola do livro é a aventura onde Dr. Strange testemunha Dormammu a ser aniquilado pela Eternidade, desenhado no surrealismo psicadélico pop de Steve Ditko. Não são portentos intelectuais, e ainda muito longe dos comics mais maduros dos anos 80 em diante. Valem pela sua inocência, e pelo mergulho no traço dos ilustradores da época. O livro traz-nos o inimitável Jack Kirby, o surreal Ditko, e os talentos mais convencionais de Don Heck, Dick Ayers e John Romita Sr..


O Doutor Estranho da Morte. Panini.

A morte do Feiticeiro Supremo, o seu aparente regresso como emissário da M0rte, e o emergir da feiticeira alienígia Clea como uma muito implacável Feiticeira Suprema da Terra foi um divertido momento na cronologia narrativa de Doutor Estranho. A incosolável Clea assume o manto de protetora mística do planeta, de uma maneira muito própria, e depara-se com o regresso de Stephen Strange como uma força protetora ligada à morte. Um regresso doloroso, visto que os dois amantes são pólos opostos da mesma ideia, e não se podem tocar. Mas terão de unir esforços para combater uma organização terrorista mística, e ao fazê-lo, à beira da derrota, unem-se num último abraço, que os transforma numa força superior, e com o condão de libertar Strange da condição de falecido. Uma sequência de aventuras divertida, com uma belíssima ilustração naquele estilo místico-surreal que é um dos melhores aspetos deste personagem.


Les Legendes Marvel Nº 04: 1979

Sou um pouco parcial em pensar que a viragem dos anos 70 para os 80 foi o momento de um enorme salto nos comics. Em parte, porque aprendi a gostar lendo-os nessa época. Mas se na altura os apreciava, é porque de facto a viragem para os 80 trouxe aos comics novos criadores, que impuseram estéticas arrojadas e narrativas mais complexas. Foi o início da afirmação de um género que conseguiu ultrapassar o simplismo, afirmar complexidade, e almejar tornar-se leitura para um público mais adulto, algo que viria a conseguir com a génese das graphic novels, bem como com séries dedicadas. Mas sem o lado inovador no desenho e escrita, nada disto seria possível, e o género estaria hoje extinto. A evolução dos tempos não é clemente com culturas pop que não se renovam e se ficam pela fórmula arcaica.

Esta antologia da Panini mostra bem essa viragem qualitativa. O estilo gráfico deixou de ser básico, nota-se a procura pela qualidade estética, e o uso dos recursos gramaticais da BD. As histórias atrevem-se a entrar no mundo interior de personagens que até à época eram bidimensionais. Os heróis passam a ter vida própria, dramas interiores profundos, dilemas pessoas que se sobrepõem ao habitual pessoa musculada que resolve crimes ao murro. Até Hulk, talvez a epítome da acefalia, ganha vida interior nesta época.

domingo, 22 de dezembro de 2024

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70s Sci-Fi Art
: Ciberespaços.

UNCLASSIFIED: AUTOBAHN At 50: O meio século de um dos álbuns mais marcantes da música do século XX.

35 Years Ago Today, Great Britain Put Its Best Man on the Moon: E todos descobrimos que a Lua é, realmente, feita de queijo. Celebrar o legado das deliciosas animações dos estúdios Aardman.

BANG! 36: Numa nota discreta, a edição mais recente da única revista de publicação regular dedicada à FC e fantástico já se encontra nas lojas FNAC, e continua gratuita.

Somnium 125: Normalmente não tenho muito tempo para ler estes fanzines digitais,mas creio que vou abrir uma excepção, dada a minha imensa curiosidade sobre R.F. Luchetti.

Wintry Sci-Fi and Fantasy: Livros onde o gelo e as invernias são elementos fulcrais.

The Best Sci-Fi Book Series, recommended by Ada Palmer: Confesso que não sou daqueles que gosta de mergulhar em séries de múltiplos volumes, prefiro romances concisos que nos levem a bom porto de ideias e conceitos, e não o arrastar de uma história que, demasiadas vezes, se desenrola apenas para vender mais livros.


Marilyn Rea: Espírito de magia.

Meta AI is ready for war: Sem grandes surpresas, intensificam-se os usos militares dos modelos de IA.

As generative AI gets better, what will happen to artists?: Se fazem esta pergunta no sentido de achar que a IA Generativa substitui o trabalho criativo humano, significa que nem percebem de IA, nem percebem de arte ou criatividade. E sublinha-se, no fundo, é isto: "I think those people who have taste and who have skill will be able to do so much more".

Even Microsoft Notepad is getting infused with AI: Ok, tenho de perguntar. Para quê? É o humilde bloco de notas, a aplicação que se quer simples e descomplicada.

Google's Vids AI video maker is rolling out to most Workspace tiers: Discretamente, a Google torna o vídeo generativo acessível dentro do seu ecossistema Workspace.

Retrotechtacular: Computer-Generate Video 1968 Style: É um marco da rapidez de desenvolvimento da tecnologia digital, ver estes artefactos da história da computação que, na sua altura, foram a ponta de lança do que a tecnologia era capaz de realizar.

Photo: Assombrações digitais.

5119) Ser urbanoide: Os amantes de espaços urbanos compreendem o fascínio.

Nobody Look at Mark Zuckerberg: Num panorama eleitoral crispado e polarizado, o papel dos media digitais e redes sociais, especialmente no que toca à disseminação de extremismos e desinformação, é bem conhecido. Nestes dias conturbados, a Meta tem-se esforçado por passar entre os pingos da chuva, mantendo uma forte discrição.

Ridley Scott’s ‘Gladiator II’ Just Got Eviscerated by a Historian: Para surpresa de ninguém, o tipo de filme de ação passado na Roma antiga que o cinema de Hollywood aprecia tem zero validade histórica - e contribui para criar uma imagem falsa do que foi o Império.

Stop Pretending Trump Is Not Who We Are: Se são daqueles que estão surpreendidos com a vitória de Trump nas eleições americanas, e se se perguntam como é que é possível tantos votarem para reeleger para presidente um tipo asqueroso, que já demonstrou ser inepto para o cargo, milionário vigarista condenado por múltiplos crimes, famoso por tratar as mulheres como objetos sexuais, que acicata racismo e ódio, que se aproveita do extremismo religioso para cimentar o seu poder (apesar dos seus valores serem diametralmente opostos aos daqueles religiosos que o apoiam)… talvez a resposta seja uma falha fundamental na alma humana. Talvez tantos tenham votado nele porque se reveem nesta personagem odienta. Percebem que é alguém que diz o indizível, que insulta, espalha o mal estar, rouba o que pode e comporta-se como uma criança mimada mal educada, e safa-se com isso. A quantidade de pessoas com que nos cruzamos no nosso dia a dia, com as quais convivemos, que nos parecem perfeitamente normais mas secretamente se comprazem em misoginia, racismo, ódio, e gostariam mesmo de interferir na vida dos outros, apreciam autoritarismo e gostam de calar vozes que não dizem o que gostam de ouvir, é muito elevada (experimentem isto: entrem num café de bairro, peçam uma cerveja para não destoar, sentem-se, finjam que estão ao telemóvel e prestem atenção às conversas... vão ficar chocados). Até um passado recente, ocultavam este tipo de sentimentos por saberem que expressar estes ideários era socialmente mal visto, rudeza e sinal de baixa educação. Agora, encorajados pelos exemplos dos políticos populistas, baixaram os véus e mostram o que realmente são. Não, não são uma minoria. E quando olhamos para as eleições americanas, mas também para o putinismo, a sedução com o papel social dos bilionários, o crescer dos chamados "euro nacionalismos" fascizantes (e por cá temos um belíssimo exemplo desses montes de estrume nos vigaristas do partido chega), percebemos que isto já não é uma clássica luta entre direita e esquerda. Desenganem-se, em qualquer destes quadrantes. Isto agora é uma luta entre decência e brutidão, entre valores humanistas e imoralidade, entre respeitadores e vigaristas, entre a igualdade e oportunismo. A velha dicotomia esquerda/direita foi ultrapassada, ambos os campos estão sob ataque cerrado destes bárbaros que convencionámos enquadrar como extrema direita. Conheço e trabalho com imensa gente de direita conservadora, pessoas que respeito, bem como aos seus valores, que são legítimos. Numa sociedade democrática, todos convivemos, discutimos, e sabemos trabalhar em conjunto. Eu não vou à missa do galo com eles (a diretora da minha escola, se ler isto, vai sorrir porque é uma private joke nossa), eles não vêm comigo para o festival geek. Mas isso não significa que estejamos em lados opostos de barricadas, apenas, que vivemos as nossas vidas de acordo com os nossos valores, respeitando a noção que os outros não os partilham, e tudo bem com isso. Não é esta a utopia expressa pelos bárbaros que já não estão aos portões das nossas democracias liberais. Querem a repressão, o ódio, o manipular da legalidade para os beneficiar, o desmontar dos direitos civis. Esta turba já está cá dentro, é uma ilusão pensar que os podemos travar nas muralhas exteriores. Já nos penetraram, contaminam parlamentos, instituições e discursos públicos com o seu veneno. 

The Invention That Changed School Forever: E a distinção para a tecnologia que mais fez para mudar a educação vai para... a mochila. Ide ler, vale a pena, e faz-nos pensar como aqueles objetos humildes que mal damos por eles e nem sequer pensamos como tecnologia, são, tantas vezes, dos mais revolucionários. Para os mais ferventes discípulos do digital, pensem lá, onde é que metem o computador, carregador(es), cabos, gadgets e outros dispositivos para irem de aula em aula, formação em formação, evento em evento para deslumbrar com as brilhantes possibilidades do digital. Não é certamente no saco de supermercado.

"Tenemos que ser honestos, no hay mucha demanda": Bentley también frena sus coches eléctricos ante el rechazo de los millonarios: Como já percebemos pela forma como este grupo social usa aviação privada como se fosse um taxi, hoje a marca do luxo e distinção é queimar combustíveis fósseis. As motorizações elétricas e a ecologia que fiquem para a plebe. Se dúvidas havia que a classe dos milionários é profundamente danosa para o planeta, para a nossa sociedade, eis aqui mais um argumento a reforçar o quanto estes parasitas nos prejudicam.

7 Worst Aircraft I’ve Flown: O ponto de vista pessoal de um piloto, sobre as aeronaves que não gostou de pilotar.

Irving Finkel on the oldest map of the world: É sempre um fascínio ver a sabedoria de Finkel a dar vida à longínqua civilização suméria.

SUÉCIA ESCOLHE O C-390: Uma notícia que também é interessante para nós, dado que há contribuição portuguesa neste projeto.

The American Global Order Could End: Já vimos o dano que uma presidência boomer pode fazer à geopolítica global. Agora em segunda dose, ainda mais boomer e sem restrições, podemos esperar o pior. Pessoalmente, sabendo que a pax americana está longe de ser perfeita, prefiro-a a ter de lidar com uma pax sinica ou pax russica. Mais vale uma democracia com falhas e demasiado capitalista, ao ataque constante às liberdades e garantias vindas de ditaduras e autocracias.

The Exhibit That Will Change How You See Impressionism: Recordar o profundo impacto cultural que este movimento teve. Na prática, foi o que nos legou a ideia de arte como vanguarda e recriação de valores estéticos em oposição a academias e tradições. E, como o artigo observa de forma sagaz, mais de cem anos depois é suficientemente desafiante para ser vanguardista, mas também suficientemente realista para ser confortável à maioria, e, por isso, conceptualmente acessível.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

O Breve Passado


Miguel Santos (2023). O Breve Passado e Outras Histórias. Lourinhã: Escorpião Azul.

Se a ficção científica portuguesa já é em si criatura rara, imaginem em Banda Desenhada. Este O Breve Passado é uma excelente surpresa, de um autor que se atreve a trabalhar no género. As histórias cruzam ficção científica clássica com fortes doses de afrofuturismo lusófono, o que as torna mais intrigantes. Recordo que o Rogério Ribeiro nos falou deste livro no Fórum Fantástico de 2024, observado que Miguel Santos equilibra muito bem e de forma transparente as suas influências literárias e estilísticas, e sublinho, essa é uma das características do livro. Não significa que as histórias sejam um pastiche, bem pelo contrário, o estilo, quer narrativo quer gráfico, é muito próprio, é nas temáticas, detalhes e construção narrativa que se percebe a mescla de inspirações. As visões são em simultâneo críticas e utópicas, do cyberpunk ao afrofuturismo, com algumas incursões num fantástico mais surreal.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Em Redes


Audrey Caillat, Xico Santos (2024). Em Redes. Lourinhã: Escorpião Azul.

Uma excelente surpresa editorial da Escorpião Azul. A dupla criativa de Audrey Caillat e Xico Santos traz-nos um livro embebido na cultura algarvia. Passa-se em dois tempos. Nos anos 40, um jovem piloto francês encarregue de treinar aviadores portugueses em hidroaviões apaixona-se pela terra, vive uma história de amor proibido com um jovem pescador, e acaba por ficar na comunidade, casando-se com  uma rapariga da terra. Nos anos 80, assistimos às convulsões sociais trazidas pelas medidas de combate às casas ilegais nos ilhéus de Faro, que ameaçam o modo de viver daqueles que sempre viveram naqueles areais. Agora envelhecidos, o antigo piloto e o seu antigo amante descobrem na adversidade da luta pela manutenção da comunidade que a amizade ultrapassa as barreiras do tempo e das mentalidades. Para além disso, sente-se o poder dos laços comunitários, a importância das redes humanas que tecem uma sociedade.

Se a história é tocante, a ilustração é brilhante, captura as paisagens e vidas dos Algarves do passado recente. O retrato é minucioso e realista, sempre em contrastes entre a arquitura das vilas, os espaços das ilhas e a ominpresença do mar, num equilíbrio entre a fragilidade das gentes e a vastidão do espaço para lá da terra firme. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Almanaque Fantástico Cómico Científico


Manuel Gomes (1977). Almanaque Fantástico Cómico Científico. Lisboa: Arcádia.

Confesso, gosto de alfarrabistas de rua e não perco oportunidade de visitar feiras da ladra, mercados de velharias ou ajuntamentos similares. Há um certo prazer estético, entre o decadente e nostalgia, no meio de tanto objeto que se está a afastar do conceito de antiguidade para o de tralha. Quanto aos livros, adoro os acasos com que me deparo nestas situações. Não sou daqueles que se ajouja de tomos com aspeto antigo, acumula em nome de coleções, ou busca raridades editoriais. Procuro o extraordinário, o anormal, o surpreendente, livros algo excêntricos. De certa forma, um pouco livros raros, não pela escassez física mas pelo inesperado do seu conteúdo.

Este, apanhei-o à beira da estrada em Óbidos, terra que se tornou uma disneylândia luso-medievalista com chocolate aos copos na ginja, frequentada por hordes de turistas que vão tirar fotos às livrarias do Mercado e Santiago. Ambos os espaços já me granjearam boas descobertas literárias, embora a que fica albergada numa antiga igreja não seja santuário dedicado às velharias bibliográficas. A estratégia turistificante obidense dispara em múltiplas frentes, e o seu objetivo de ser uma espécie de Hay-on-Wye do Oeste torna-a um espaço que alberga várias livrarias, contrastando com a penúria cultural das Caldas, cidade logo ali ao lado. Penúria é termo injurioso, claro. A cultura caldense é vibrante e faz-se da herança ceramista, das experiências artísticas e da música independente. E conta com duas livrarias, a contrastar com a mais de meia dúzia da vila ao lado.

Tanta conversa para chegar a este destino: um livro apanhado à beira da estrada, vendido por um interessante e bom conhecedor de livros alfarrabista da zona oeste. Quando me cruzo com ele, sei que tem uma banca com edições interessantes, bastante caras (é normal ter primeiras edições em excelente estado de preservação de livros e autores muito importantes). Infelizmente para a conta bancária dele, mas felizmente para a minha, a bibliofilia que me acomete não se alimenta de primeiras edições ou livros de prestígio. Já se a obra for inesperada, bizarra ou fora da caixa, abrir os cordões à bolsa é ato mais do que certo.

Seduziu-me esta curiosa antologia literária, que repesca o formato de almanaque de uma forma erudita. Editada em 1977, celebra esse ano com um misto de efemérides, curiosidades, sabedoria popular, bizarrias noticiosas e textos inesperados. Celebra, acima de tudo, a antiga tradição do almanque enquanto meio de comunicação informativo e recolha de saberes.

Por entre os provérbios populares, a indicação dos santos do dia (sujeita a criteriosa escolha, certamente, dado que a multidão do panteão católico excede largamente os parcos trezentos e sessenta e cinco dias do ano), efemérides que num livro por cá editado em 1977 celebram particularmente as personalidades vermelhas sem esquecer o bafiento estado novo, encontramos uma seleção erudita de textos inesperados.

O Fantástico, com recortes de comédia e uma assumida aspiração pseudo-científica (faz sentido, no domínio ficcional), é o tema da recolha. O sabor antológico é francófono, com Poe e Jerome K Jerome (por irona, com um conto sobre robots, de ficção cientifica cómica) a descompor um ramalhete que inclui Brillat-Savarin, Brantôme, de Nerval ou Jarry. Há aparições pontuais de Camilo Castelo Branco e Teófilo Braga. O livro também serve de mostruário da editora, os contos e excertos que recolhe foram publicados em português nas coleções da Arcádia.

Este não é um livro para se ler com seriedade. Aconselha-se a leitura pontual, saboreando a mescla de ideias, aproveitando o deleite literário que nos leva da sabedoria popular aos autores franceses malditos. Vénia ao passado literário, boa surpresa, e bem vinda adição à minha biblioteca.

domingo, 15 de dezembro de 2024

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Don Dyen, 1982: Bruxarias digitais.

Leituras da Semana [#38 / 28 Out 2024): Gosto do teste ao formato, João, especialmente por ajuda a discutir. Sobre Moore e a toxicidade da cultura de fãs, acrescento que nas minhas leituras ando às voltas com o Astounding do Nevala-Lee, um retrato do lendário editor Joseph Campbell, e que acaba também por ser uma visão sobre a Golden age e os seus principais autores (se o leres, vais ver o quão Nevala-Lee despreza Hubbard). Um dos pormenores do livro é a génese do Fandom, com as primeiras sociedades de fãs, e algo que fica claro é que logo desde início as questiúnculas, os egos e o espírito destrutivo que hoje apelidamos de tóxico esteve desde logo presente. Também não consigo deixar passar o provincianismo extremo do Tribeca Film Festival Lisboa, só me fazia lembrar aquelas festas da aldeia onde uma celebridade menor é celebrada como um supra-sumo. Ainda podemos juntar o ridículo do hipster chic gentrificado de se ter passado no hub do Beato, uma fábrica abandonada semi-recuperada como espaço de cowork e eventos, mantendo o aspeto agora chique de ruína industrial. 

As Escolhas do Ano – Uma sessão no Fórum Fantástico 2024 (parte 3): Mais notas das seleções da Cristina Alves para o clássico painel do Fórum.

Más allá de Stephen King: unas cuantas lecturas de terror para Halloween que no se quedan en los superventas: Sugestões arrepiantes de leitura.

Metal Hurlant Is Back With Brian Bendis, Matt Fraction; Peach Momoko: Bem, a lendária revista francesa já está de regresso há mais de um ano. Agora, o mundo anglo-americano vai receber o regresso da revista à única língua que conhecem. Espero que corra melhor do que a clássica Heavy Metal, que degenerou numa espécie de sci-fi inconsequente a roçar o porno.

Derleth and the Necronomicon Hoaxes: Os vislumbres na obra lovecraftiana (e restantes praticantes dos Mythos) deste livro que nunca existiu despertaram a concupiscência de editores.

The Best Steampunk Books, recommended by Mike Perschon: O steam é um daqueles géneros que encontrou o seu nicho. Após um surgimento gritante no espaço público, manteve-se numa discreta evolução.

8 Sci-Fi, Fantasy, and Horror Books to Read Ahead of Their Adaptations: É, é sem dúvida conveniente ficar a conhecer os textos originais. As adaptações têm uma certa tendência a ser divergentes da sua base. Necessariamente, as linguagens e ritmos narrativos do audiovisual não são os mesmos da literatura. Demasiadas vezes, a clivagem entre texto e série é um fosso.

Nem Todos os Cactos Têm Picos: Confesso que tenho olhado pouco para o trabalho de Joana Mosi. O João Campos recorda-nos que é uma criadora de BD portuguesa que merece muito ser lida.

Lord of the Rings Books in Order: Ordem de edição. Não é daqueles artigos que nos quer convencer que se queremos mesmo conhecer o mundo de Tolkien, temos de iniciar com o quase ilegível Silmarillion (eu sei, tolkienistas, disse uma heresia, suspeito que terei de passar a ter cuidado ao passar em vielas escuras).

Until the End of the World: The End of the Road: Este filme de Wenders é um dos exemplos mais curiosos de um filme que toca na FC, embora seja de estética erudita. E, aquelas imagens de pessoas hipnotizadas pelos ecrãs dos seus dispositivos (no filme, permitiam reviver memórias), são tão reminiscentes dos dias de hoje.


Camelot 3000 #04 (1983): Confesso, li este comic quando era jovem e foi um dos que me levou à paixão pela BD. Só mais tarde percebi quem era Brian Bolland.

Navigating The Internet In 2024:"Dark Forests", ou os espaços online onde podemos ser livres dos redis das grandes empresas, onde o espírito libertário e de partilha,  que foi profundamente deturpado pelo reinado dos algoritmos que deram voz aos trolls e boomers para maximizar lucros, ainda pode ser sentido na sua forma original. Pessoalmente, já não passo sem o Fediverso. O a sério, não as tentativas empresariais de colocar lá as suas lanças, como o Threads ou o Bluesky.

A las Raspberry Pi solo les faltaba una cosa para poder usarlas como un PC. Y es justo lo que acaba de llegar: A flexibilidade e acessibilidade dos Raspis, agora com SSDs mais capazes.

Generative AI could cause 10 billion iPhones’ worth of e-waste per year by 2030: O que fazer aos servidores, processadores e placas que se tornam depressa obsoletos num campo de evolução vertiginosa?

Using LEDs to Make Sculptures: As possibilidades criativas do humilde led.

E se a IA for um problema e não uma solução para a crise climática?: O acréscimo de consumo energético e a pegada carbónica dos serviços cloud-based de IA não pode ser menorizado.

AI search could break the web: Pessoalmente, vejo mais esta questão sob o prisma da fiabilidade da informação. Se já é um problema na pesquisa clássica, depressa se percebe o quanto se pode agravar se mediada por algoritmos que aparentam um discernimento que não têm, e têm tendência a alucinar. Mas o ponto de vista do artigo é outro, preocupa-se com o impacto financeiro nos grupos de media.

Creator of Linux Trashes AI Hype: "90 percent marketing and ten percent reality." Tão, mas tão isto.

Pluralistic: AI's "human in the loop" isn't (30 Oct 2024): Algo para dar que pensar aos defensores acérrimos da IA como ferramenta de apoio às decisões. Os estudos mostram que quem usa a IA nestes contextos se torna complacente, deferindo para o algoritmo as decisões, deixando de executar análises aos resultados.

Why Artists Holly Herndon and Mat Dryhurst Want Us to Stop Minimizing—And Fearing—A.I.: Podemos achar que meter uma prompt num gerador de imagens nos transforma em artistas. Não, não transforma. Para usar a IA como ferramenta criadora, é preciso ir mais longe, e o trabalho de Herndon tem sido sempre de vanguarda nisso.

The Verge’s favorite social networks: Vivemos uma época interessante no que toca às redes sociais, a implosão do Twitter fez despertar o interesse em alternativas. Também se nota o cansaço de uma otimização algorítmica que só beneficia as empresas, e a procura por redes mais simples, que se sentem como mais reais.

Brisk Teaching Is An Amazing AI Tool for Teachers: Ferramentas que automatizam o trabalho docente.

Thousands Tricked By AI Ad to Show Up For Fake Halloween Parade: E isto, meus caros, foi uma lição perfeita sobre desinformação, inteligência artificial e a baixa inteligência das multidões. Uma lição que, temo, não tenha sido aprendida.

MIT debuts a large language model-inspired method for teaching robots new skills: Um modelo multimodal para aprendizagem robótica mais natural.

Scientists Use AI to Turn 134-Year-Old Photo Into 3D Model of Lost Temple Relief: IA aplicada à reconstituição arqueológica.

Qué diferencias reales hay a día de hoy, en pleno 2024, entre iOS y Android: Uma listagem das principais diferenças entre os dois sistemas operativos dominantes no panorama móvel.

How Netscape lives on: 30 years of shaping the web, open source, and business: O legado do primeiro dos navegadores populares, ainda incorporado em software e tecnologias da internet de hoje.

It's Full of Stars: Realidades virtuais.

Os melhores churros do Mundo chegaram a Lisboa: Destaco isto como um aviso, a menos que gostem mesmo de deglutir estratégias de marketing. A piada dos churros de San Ginés não é o seu sabor (não é grande coisa), é fazer uma pausa para churros num café central e vetusto de Madrid, pese embora o ter-se tornado mera atração turística (no meu caso, saborear uns churros enquanto lia Valle-Inclán, um dos seus mais famosos clientes). Cá por mim, mantenho que os melhores churros com chocolate que comi em Espanha foram não em Madrid, mas sim em Santiago de Compostela, num café bastante vetusto numa manhã gelada e chuvosa de dezembro. Estas memórias não se fazem com lojas abertas ao sabor do marketing.

Sexually Graphic Frescoes Discovered in Pompeii, Again: Perdoem o destaque pela marotice, mas estes frescos são extraordinários.

Hace un año descubrimos todo un ecosistema debajo del lecho marino. Ahora conocemos nuevos detalles sobre este: Como se costuma dizer, a vida inventa uma forma. O surpreendente mundo dos extremófilos.

20 Years Ago Today: The Final Operational Flight of the Iconic F-104 Starfighter: Recordar a discreta saída de palco de uma das mais icónicas aeronaves do século XX.

E porque paraste há já quase dois anos?: Bem, não imaginava que o Candeias, daquelas inspirações culturais entre a literatura de FC e a blogoesfera, estava a passar por uma fase destas. Já passei por fases de bloqueio e Burnout, mas nunca a este ponto. E confesso, para mim, manter o blog é uma das estratégias que uso para não entrar em espiral depressiva face às pressões da vida, especialmente de um lado profissional que adquiriu mais desgaste mental do que era suposto por via das responsabilidades acrescidas. Candeias, vai escrevendo, que nós deste lado vamos lendo. Não consigo pensar em melhor apoio para te dar.

This Is What $44 Billion Buys You: Quando Musk comprou aquela rede social com uma relevância cultural superior ao seu real peso e a arrastou para o esgoto, muitos se perguntaram o porquê de tantas aparentemente más decisões. Nestas últimas semanas das eleições americanas começa-se a perceber o porquê: foi um investimento deliberado numa máquina de desinformação e acicate extremista, que visa sujar as águas a favor do asqueroso Trump. Um investimento que Musk recuperará indiretamente, caso o boomer seja eleito, com mais contratos bilionários com o governo americano. 

Pentagon Uneasy About Elon Musk’s New Spy Satellites: Se leram o artigo anterior, ficam a perceber ainda melhor a estratégia do space karen. Pese embora o reconhecimento da capacidade tecnológica da Space X (e da absurda incapacidade de outras empresas, como a Boeing, em simplesmente fazer o que supostamente fazem bem), nunca é saudável quando um elemento se torna dominante.

New documentary reveals that 21,000 laborers have died working on Saudi Vision 2030, which includes NEOM, since construction began: Para surpresa de ninguém. Cruzem a arrogância saudita sustentada pelos petrodólares, a inexistência de escrúpulos dos consultores e construtores ocidentais que querem uma fatia deste bolo financeiro, e a pobreza extrema dos migrantes, e dá nisto.

How the U.S. military lost a $250 million war game in minutes: Dos idos de 2002, uma simulação de guerra assimétrica, em que se mostrou que o uso de meios letais de baixo custo seria mortífero face a forças convencionais pesadas.

Homage to Kharkiv: As crónicas de Timothy Garton Ash sobre a Ucrânia são de leitura obrigatória para se compreender o conflito. Ao contrário dos media, não traça um panorama cor de rosa da guerra, mostrando as intensas e crescentes dificuldades que o país passa para resistir à agressão russa.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

The Worst of Àlvaro


Álvaro (2018). The Worst of Àlvaro. Escorpião Azul

Os leitores de BD portuguesa conhecem bem o trabalho deste autor, um dos nossos mais mordazes e ácidos humoristas gráficos. Este Worst Of... traz-nos trabalhos mais antigos, que mostram a evolução do seu traço e mordacidade. Há um padrão nestas histórias, uma profunda iconoclastia e recusa em cingir-se ao expecátel, em manter-se nos limites estabelecidos. Incómodo, mordaz, de humor negro inabalável, não sendo o livro mais recomendável para se ficar a conhecer o seu trabalho (mas isso, faz parte da piada).

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

We Had to Remove This Post


Hanna Bervoets (2021). We Had to Remove This Post. Nova Iorque: Houghton Mifflin Harcourt.

Esta curta e dura novela atinge-nos com um murro final no estômago. Olha para os efeitos psicológicos e emocionais de um dos trabalhos mais duros da economia digital, a moderação de conteúdos, através da história ficcional de uma jovem que trabalha nessa área, pensando que o que tem de lidar todos os dias não a afeta, até ao momento em que percebe até que ponto está irremediavelmente traumatizada.

É esse o enorme murro deste livro. Sabemos da dureza deste trabalho, da exposição contínua ao pior do ser humano, das métricas inflexíveis que obrigam a decisões rápidas e corretas. Dos baixos salários, longas horas e falta de qualquer apoio psicológico real aos que diariamente são expostos a conteúdos que podem ir dos mais patetas insultos à visão ao vivo de atos de violência extrema, sexualização e até morte. Tudo isso deixa marcas, e os traumas de quem tem de viver desta indústria são bem conhecidos. Fala-se pouco disso, como se o arrasar da psique de uma classe de trabalhadores fosse um preço aceitável a pagar pela manutenção dos espaços das redes sociais como algo relativamente limpo. Nós não queremos encarar o lixo que grassa por aí, e muito menos quem tem de o limpar.

A história é ficcional, mas constrói-se a partir de pesquisas e depoimentos de pessoas reais. E o que mais surpreende é o seu final. Passamos todo o livro a ser levados em crer que a história da espiral depressiva e traumática, contada pela personagem principal, se aplica à sua ex-companheira, também empregada numa empresa de moderação de conteúdos. Pensa-se estar a ler um testemunho de alguém que viu a saúde mental de um ente querido degradar-se pela exposição às teorias da conspiração e conteúdos violentos. Mas o final do livro leva-nos a perceber que foi a própria personagem a bater no fundo, a decair de jovem tranquila que só quer ter um meio de pagar contas a uma pessoa violenta, que não se apercebe da forma como age perante os outros. Alguém cuja visão do mundo foi corrompida pela exposição incessante e sem apoios ao pior da humanidade e que, no processo, perde a sua humanidade.

domingo, 8 de dezembro de 2024

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Moebius concept art for The Abyss
: Desconhecia que Moebius tinha colaborado com este filme.

Amadora BD - Os vencedores dos PBDA: Os livros vencedores dos prémios do FIBDA de 2024.

10 recomendações de leitura para pensares fora do algoritmo: Leituras provocadoras, vindas de várias áreas.

The Ultimate Fan Find: A Long-Form Pre-Dracula Story By Bram Stoker: Malta, sou só eu que estou cheio de curiosidade por ler este texto perdido de Stoker?

The Siege of Burning Grass: A complexidade intuída neste mundo fantástico desperta a curiosidade.

Is This The Reason Some Of The Books We Buy Now Are Of Terrible Quality?: Cortar custos, aumentar margens de lucro. As editoras começam a recorrer ao print on demand para livros que normalmente teriam tiragens em gráficas.

5115) Leonora Carrington, a Mulher Surrealista: Recordar uma escritora e pintora muito singular.

Lançamento: Yon e Mu - O diário felino de Junji Itô: Uma excelente proposta da Sendai, mesmo a tempo das compras de natal.

The Birth of the Robot: Uma animação deliciosamente weird.

Terror Incognita: The Paradoxical History of Cosmic Horror, from Lovecraft to Ligotti:Um mergulho no prazer elegante do horror cósmico, que se especializa em pulverizar quaisquer sentimentos de superioridade humana perante o caos da natureza.

Shudder Pulp Decade: The Emotional Effect Produced by Extreme Fear: Um olhar para as revista pulp especializadas em exploitation, e os pânicos morais que despertaram.


It's Full of Stars: Futuras ferrovias.

AI Starter Kit for Teachers: Um conjunto de recursos interessantes para professores e educadores interessados em abordagens à IA.

How MIT’s Rad Lab rescued D-Day: O desenvolvimento do radar aerotransportado como uma das armas discretas mas decisivas para a vitória aliada.

The secret to successful digital initiatives is pretty simple, according to Gartner: E a receita não é complicada - prestar atenção às necessidades e integrar tecnologia de acordo com o que se precisa, e não de visões de venda de gadgets.

An AI Revolution: Disrupting Notions Of Art: Nem tanto, nem tanto. Apesar da IA ter potencial como ferramenta artística, a IA generativa por si só não é grande coisa nesta vertente. E na eterna discussão de se a IA é criativa, aqui o artigo bate certo - a resposta é não, por uma razão muito fundamental: falta de intencionalidade.

Technologist Bruce Schneier on security, society and why we need 'public AI' models: Transparência e responsabilização.

Minecraft is ending all virtual reality support next spring: Lembram-se de há muito pouco tempo, só se discutia que a Realidade Virtual era o futuro e já tinha chegado? A onda durou pouco. E quem estuda esta tecnologia sabe porquê, tal como sabe que este tipo de ondas de hype cíclico são-lhe recorrentes.

The algorithms around us: Compreender que os algoritmos não são código consciente desincorporado, mas sim o resultado de escolhas e decisões tomadas por humanos.

ChatGPT Doesn’t Have to Ruin College: Se lerem o artigo, percebem uma visão arrepiante. O assumir que há dois tipos de aprendizagem - a rotineira, que serve para ter o canudo; e a profunda, que serve para moldar as elites pensantes. E para esta, a IA generativa é  inútil, porque o seu objetivo essencial é moldar a mente, e não lidar com factos memorizáveis espelhados em trabalhos rotineiros que são úteis para passar a cadeira.

When you give a Claude a mouse: Uma demonstração do potencial da IA como agente colaborativo.

Kids are learning how to make their own little language models: O caminho certo para usar IA na educação. Não o fazer prompts com total desconhecimento dos mecanismos que permitem os outputs generativos, mas sim compreender como funciona esta tecnologia.

How to Choose the Right Board for the Classroom: A dica principal é saber o que se quer fazer, equilibrando os conhecimentos dos docentes, o seu à vontade com tecnologia, e a facilidade de uso da mesma. Tudo aspetos que claramente não foram tidos em conta no recente projeto dos Laboratórios de Educação Digital do Ministério da Educação. Recebi caixotes de Arduino e Micro:bit que são essencialmente tralha, material de baixo custo e má qualidade, organizado para tipos de projetos que não se adequam ao que se faz em formação de docentes, e cujo uso tem imensos atritos. Material que terá como destino o ficar arrumado em arrecadações, apenas alguns professores com competências mais avançadas terão forma de lhe dar uso. 

Me he comprado una cámara de 2024 y la reflexión ha sido clara: los móviles están dando pasos en la dirección equivocada: Um interessante ponto de vista. Quem usa telemóveis para fotografar já se apercebeu disto, as imagens resultantes estão cada vez mais afastadas da realidade que capturam. Paradoxalmente, isso acontece porque os fabricantes investem muito no desenvolvimento de algoritmos que puxam o máximo de realismo e fidelidade.

40 years later, The Terminator still shapes our view of AI: E isto, é um problema. Enquanto nos distraímos a especular sobre IAs assassinas capazes de dominar a humanidade, não prestamos atenção aos problemas que esta tecnologia já está a criar.


Brad W. Foster, 1983: Robótica kitsch.

Michel Houellebecq Has Some Fresh Predictions. Be Afraid: Não é necessariamente um escritor preditivo. Antes, um fino e implacável observador das realidades francesas.

How Comic Sans Became The Most-Hated Font: Provavelmente por causa do mau gosto daqyeles que a usam. Neste artigo, ficam a saber mais do que esperariam sobre este tipo de letra, a começar pela sua origem - é um clone fajuto do lettering dos comics, criado pela Microsoft como tipo de letra para evitar pagar direitos de autor às empresas que detinham a propriedade intelectual da letra original.

Tiny house frescoed like mansion in Pompeii: Um mimo para quem, como eu, adora pintura romana. Estes frescos são esplendorosos.

Jeff Bezos reportedly killed the Washington Post’s Kamala Harris endorsement: Confesso que foi exatamente o que pensei quando ouvi a notícia que este jornal não iria manifestar apoios nas eleições americanas. Isto é o que acontece quando bilionários "salvam" a imprensa, comprando-a. Se o jornalismo não for do agrado do dono, este mostra quem é que paga as contas.

Museo del Aire y del Espacio [M2563 - 87/2024]: Está marcado no meu itinerário. Da próxima vez que tiver a oportunidade de ir a Madrid, visitar o museu do ar madrileno.

A manipulação de Graham Hancock (Netflix): Bem, podemos argumentar que o Canal História é ainda pior, dado o grande peso das patetices sobre conspirações e alienígenas na sua programação. Mas percebo este ponto de vista, a Netflix tem um peso cultural superior (a estratégia do História é tão ridícula que se tornou um meme), e este tipo de documentários envolve-se numa aura de ciência injustiçada, que não corresponde de todo à realidade.

sábado, 7 de dezembro de 2024

Lost+Found

 











Os acasos levaram-me à descoberta das antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho em Torres Vedras, um vestígio de arquitetura agro-industrial com toques art deco.