domingo, 24 de agosto de 2025

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Artist is Rich Shenfield
: Ecrãs futuristas. 

The Best Short Sci Fi Books, recommended by Karin Tidbeck: Tidbeck tem razão, ao recordar os bons velhos tempos de uma FC mais concisa, cujas histórias e conceitos não se espraiavam ao longo de vários volumes com números de páginas acima dos 500 ou 600. 

Local Grifters Discover Superman Is From Another Planet: Bem, mas a história de Kal El/Clark Kent sempre foi uma metáfora da imigração. Claro que no clima aguerrido e inquinado da discussão pública sobre imigração, contaminada pela propaganda violenta de extrema direita, esta metáfora clássica dos comics vai despertar ruídos. 

First Look At David Colton As The Post 9/11 Captain America (Spoilers): Um novo Capitão América, pensado para um novo milénio… ou apenas uma jogada da editora, que sabe que o clássico Steve Rogers está prestes a cair no domínio público. 

What Designers Can Learn from Magic Realism: As lições da literatura especulativa aplicadas ao design (com uma boa surpresa para os amantes de Saramago). 

Si no sabes qué leer este verano, la redacción de Xataka tiene unas cuantas ideas para pasar un verano entre páginas: Mas desenganem-se, não são leituras leves de praia. 

Dylan Dog & Martin Mystère + Tex Willer e Zagor: Este artigo recorda-me as saudades que tenho de ler Dylan Dog. Será que estas edições brasileiras estarão disponíveis por cá? 

The Hackaday Summer Reading List: No AI Involvement, Guaranteed: E preparem-se, parte desta lista são grandes clássicos da literatura dedicada à tecnologia. 

Classic Fantasy Books, recommended by Matthew Sangster: Não encontram aqui novidades, mas é mesmo por isso que são considerados clássicos - tornaram-se intemporais. 

What’s Brilliant About the New Superman Movie: Ainda não vi, mas irei ver, porque Krypto, ora pois claro! Mas as críticas estão a ser positivas, com um refrescar do universo cinematográfico da DC, que sempre se caracterizou pelo seu pomposo pendor grimdark. 

Gasp! Researchers Say There’s an Inaccuracy in Popular Teen Movies: Sabemos que a cultura pop não reflete a realidade adolescente, mas este estudo mostra o absurdo destas clivagens entre fantasia e realidade. 

The French Half Of Humanoids Has Been Placed Into Liquidation: Dias complicados para uma editora clássica. 


For Control Panel Saturday: Alienígenas surreais. 

La gente odia las reuniones. Así que están enviando a sus secretarios de IA para que tomen notas: Bem, há uma razão social para isto. A maior parte das reuniões que temos não são, realmente, reuniões. São encontros onde nos são fornecidas instruções, momentos que poderiam perfeitamente ter sido um email, e não de troca de experiências. Não admira que perante tanta reunião que se sente como inútil, cada vez mais haja a tendência de enviar um assistente de IA para tirar notas e resumir a reunião. Faz todo o sentido, e digo isto sem ironia. 

How a Canadian's AI hoax duped the media and propelled a 'band' to streaming success: Um intrigante desenvolvimento na história da banda virtual que ganhou fama no Spotify, aparentemente foi uma partida elaborada e não uma espécie de lança em áfrica por parte da indústria musical. Mas não deixa de mostrar as fragilidades da criação musical na era em que se conjugam o estrangulamento das plataformas com a possibilidade de automatizar todo o processo de criação musical com IA. 

Against "Brain Damage": O uso e abuso dos chatbots de IA causa danos ao cérebro? Bem, não é bem assim. O que os estudos que são interpretados pelos media como indicador de danos cerebrais realmente mostram é que quem depende muito destas ferramentas para produzir textos tem uma capacidade menor de se recordar do que produziu, o que faz sentido, dado que descarregou parte do trabalho intelectual no algoritmo. 

I’m not ignoring your message – I’m overwhelmed by the tyranny of being reachable: Compreendo muito bem isto. Há momentos dos meus dias em que uma nova notificação, email ou mensagem já faz exceder a minha carga cognitiva. E admito, abandonei a postura de disponibilidade e resposta imediata a mensagens. O que quer que esteja a fazer não tem de ser interrompido para dar vazão ao sentimento psicológico de ser capaz de respostas rápidas. Respondo quando é possível, quando me dá para isso. E se não responder, é porque no fundo, o assunto não merece desperdício da minha atenção. 

Grok is being antisemitic again and also the sky is blue: Isto é um case study sobre o pior que a IA generativa nos trás, sublinhando que o lixo que produz resulta das escolhas conscientes de quem controla este sistema. 

Architectural Dressage: Requalificação urbana auxiliada por enxames de robots, ou, como mover um bairro inteiro sem o demolir. 

3000-Year-Old Babylon Hymn Deciphered By AI: Confesso que perscrutar estes textos há muito esquecidos é para mim um dos usos mais fabulosos da IA. A tecnologia do futuro a redescobrir o nosso passado longínquo. 

Emerson, AI, and The Force: Este texto sobre IA  e educação foi das primeiras coisas que li, esta manhã, e esbarrei logo com esta visão - "I was influenced by a strain of techno-utopian thinking that was widespread in the mid-1990s, when the Internet was first becoming available to a mass audience. In those days, a lot of people, myself included, assumed that making all the world’s knowledge available to everyone would unlock vast stores of pent-up human potential. That promise actually did come true to some degree. It’s unquestionably the case that anyone with an Internet connection can now learn things that they could not have had access to before. But as we now know, many people would rather watch TikTok videos eight hours a day. And many who do use the Internet to “do research” and “educate” themselves are “learning” how Ivermectin cures COVID, the sky is full of chemtrails spewed out by specially equipped planes, and vaccinations plant microchips in your body". É uma visão de que partilho, como também veterano de um tempo em que se achava que a capacidade da internet em dar voz a todos, quer na web 2.0 (ainda se lembram desse conceito?) quer nos primórdios das redes sociais, iriam gerar o desabrochar cultural, ético e político. Agora percebemos o erro, a elite tecno-cognoscente que éramos assentava numa cultura positivista que não é de todo partilhada pelo resto da humanidade. É algo que sinto intensamente hoje, ao atravessar os pantanais online pejados de desinformação, discurso do ódio, acintosidade e banalidade elevada a ruído permanente. Os trolls, afinal, não eram uma minoria que rosnava debaixo das pontes. Bem pelo contrário. No que toca aos correntes deslumbramentos sobre IA (generativa) e educação, outra área tecnológica onde o excessivo otimismo se cruza com a preguiça mental da generalidade das pessoas e o desastre cultural daí advindo começa a tornar-se demasiado evidente, isto é das coisas mais sãs que li e me fizeram refletir, recentemente: "if AI-driven education does nothing more than make students even more reliant on AI, then it’s not education at all. It’s just a vocational education program teaching them how to be of service to AIs. The euphemism for this role is “prompt engineer” which seems to be a way of suggesting that people who feed inputs to AIs are achieving something that should be valorized to the same degree as designing airplanes and building bridges." Note-se que Stephenson não é educador ou expert em IA, é um escritor (excelente, apesar de achar que aos seus últimos livros lhes fazia bem um emagrecimento) de Ficção Científica, muito cerebral e analítico no que toca aos sistemas que regem o mundo. Sistemas de ideias, de economia, de ciência e tecnologia. Só vos posso recomentar ler Cryptonomicon, que consegue transformar em aventuras a colisão de temas como criptografia, II guerra mundial e a noção de finanças descentralizadas (bem antes de se falar de bitcoins ou outras moedas virtuais). Ou, para os mais mainstream entre vós, o lendário Snowcrash, o romance clássico sobre realidade virtual que nos legou o conceito de metaverso. Vale a pena ler Neal Stephenson a falar de educação e IA? Um pormenor cativante deste texto, que sintetiza uma palestra, é que não está cheio de certezas, prognósticos e receitas. Só por isso, merece a leitura. Note-se, também, que não sou negacionista da IA. Não tenho problemas em usar as ferramentas sempre que tal se justifique. 

Scientists Are Sneaking Passages Into Research Papers Designed to Trick AI Reviewers: E estamos nisto. Os investigadores automatizam a produção de artigos a metro para revistas científicas (porque as métricas da sua carreira dependem muito da cadência com que produzem artigos), os meios de publicação automatizam a revisão dos artigos. É um erro pensar que este é um problema da IA. Na verdade, este problema da ciência a metro e martelo para encher revistas e amplificar currículos (o chamado publish or perish) já é antigo, advém das inconsistências da academia enquanto sistema económico, gera má ciência, e estas patetices com IA apenas vêm mostrar o quão nu já ia o rei. 

Andy Cohen on How He Uses AI: ‘It’s an Incredible Tool. But It’s Going to Make Idiots’: Já com alguns anos de IA Generativa a invadir a nossa sociedade, já se percebeu isto, são ferramentas fantásticas mas a maioria dos seus utilizadores está apenas a querer desenrascar-se de tarefas com um mínimo de esforço possível. A ironia desta entrevista é que quem manifesta este ponto de vista, da IA como meio de acentuar estupidificação de massas, ganha a vida a produzir reality shows para televisão. Ou seja, alguém que enriquece explorando o mercado da estupidificação das massas. 

AI Will Never Be Your Kid’s ‘Friend’: Ou, as consequências emocionais de não aprender a lidar com os outros, porque se está habituado à invariabilidade positiva de interações com chatbots especialmente concebidos para nos cativar. Podemos olhar para as consequências destas implementações da IA da forma como o António Rodrigues (CCEMS) aponta como amplificadoras de características do carácter humano, como a tendência para evitar esforços (especialmente intelectuais, neste caso, emocionais). Há aqui outra dimensão, a da rapacidade capitalista que visa maximizar o lucro individual, socializando o lidar com as consequências desastrosas de aplicações de tecnologia. Uns beneficiam, a sociedade paga os custos de resolver os problemas causados pelos que lucraram. 

Long Live RSS!: Não é uma tecnologia amada pelos media, porque quem lê em rss, não visita o site, e não gera métricas para publicidade. Mas para quem quer gerir múltiplas fontes de informação, é a melhor tecnologia que existe. Já o disse, e volto a dizer, usar agregador de rss é a melhor ferramenta de que disponho para me manter informado, atualizado e a refletir. 

Reports indicate a massive uptick in AI-generated CSAM throughout the internet: Há aqui dois elementos preocupantes. Gerar pornografia infantil não é inócuo, o argumento por vezes utilizado que pode ajudar pedófilos a lidar com a sua doença é falso, porque a exposição ao tipo de material que os estimula vai agravar a sua condição. E, também, a questão da origem dos dados que treinam os modelos geradores. Se um dado modelo gera pornografia infantil virtual, significa que no seu treino foram usadas imagens reais. É abuso, em toda a linha. 

The AI Industry Is Radicalizing: É capitalismo elementar, o explorar qualquer nicho que prometa lucro, mesmo que as consequências sociais disso sejam devastadoras. 

Everything tech giants will hate about the EU’s new AI rules: Claro que este regulamento europeu é considerado um empecilho, ao procurar implementar proteção dos cidadãos, e proteção da propriedade intelectual. Tudo coisas que não interessam às plataformas de IA.

How Journalism Is Using AI: A visão dos jornalistas sobre usos da IA, de forma clara, crítica, sem deslumbres nem receios infundados.

Attention is All You Need: Há aqui muito que refletir nesta nota. Primeiro, o papel da literacia, do ler e escrever, como pilar essencial da nossa sociedade democrática liberal. Saber ler e escrever, implica também saber estruturar argumentos e procurar meios de reflexão. Algo que está em contradição com a corrente popularidade da cultura online baseada em vídeo, um regresso à oralidade, ao imediatismo e às reações emocionais irrefletidas. Ajuda, e muito, a perceber porque é que sentimos que a realidade e o tecido social se tornaram tão acintosos, com tanta prevalência de desinformação, discurso do ódio e banalidade, um discurso acentuado por uma cultura que se transmite em vídeos curtos nas redes. E agora, o segundo elemento, a adoção dos chatbots, tantas vezes visto como um atalho para criar a ilusão de profundidade, esvaziando a cultura de literacia confundindo o produto com o processo e conteúdos.


Peter Mullen: Mistérios do antigo Egipto. 

The Nuclear Club Might Soon Double: Entre os resquícios da guerra fria e a nova desordem mundial em que parecemos estar a cair. Este segundo quartil do século XXI parece ser a era das regressões, da perda de direitos, dos retrocessos nos progressos sociais. E o espectro da proliferação nuclear num mundo em desordem, onde o que vale é a ameaça do pau mais rijo e comprido, está de volta. Os riscos disto são bem conhecidos, as consequências de deslizes, apocalípticas. 

Mais barcos no rio Tejo, menos camiões nas estradas: está a nascer o Terminal Fluvial da Castanheira do Ribatejo: Uma proposta intrigante, que volta a tirar partido do Tejo enquanto via de transporte fluvial. 

La "portugalización" de Ciudad de México ha encendido las calles: los nómadas digitales ya no son bienvenidos: Portugalização? Sim, leram bem. Lisboa tornou-se um exemplo global do que não fazer para assegurar uma economia urbana sustentável. A política neoliberal de atrair expats com vistos gold, incentivar a airbnbização e turistificação, ou dar benefícios fiscais à especulação imobiliária tem as consequências à vista: uma crise impensável na habitação, com a impossibilidade dos lisboetas viverem na sua cidade. Lá fora, apontam o nosso desastre como exemplo do que está errado em políticas urbanas. 

In historic feat, Ukraine's 3rd Brigade captures Russian troops using only drones and robots, military says - "For the first time in history: Russian soldiers surrendered to the 3rd Assault Brigade's ground drones," the statement read.: Sinais de modernidade na guerra. 

Damn You All to Hell!: Como criança dos anos 80, percebo este ponto de vista. Vemos a displicência com que a proliferação nuclear começa a alastrar, e ficamos incrédulos, como é possível abordar tão levianamente uma tecnologia militar cujo uso pode levar à nossa extinção. Em parte, o alheamento contemporâneo deve-se à falta de cultura mediática, com a iconografia pop que explorou as consequências das bombas atómicas a ter saído de cena. 

What a Nuclear Explosion Looks Like: A terrível beleza dos cogumelos atómicos. 

A Teoria dos Jogos e o jogo da guerra no quotidiano: Um olhar para a teoria dos jogos, e a forma como define as decisões geopolíticas.

sábado, 23 de agosto de 2025

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Palavras para quê? 2


Sergio Aragonés (2003). Palavras para quê? 2. Vitamina BD. 

Os conhecedores da BD clássica recordam Aragonés pela sua brilhante sátira ao género sword and sorcery que é Groo the Wanderer, uma caricatura divertidissima de Conan e toda a iconografia do barbarismo heróico. A carreira deste ilustrador não se resume a isso, e também ganhou fama pelo seu trabalho na lendária Mad Magazine. O seu estilo gráfico de caricatura é em simultâneo direto e barrco, elaborado visualmente, muitas vezes subtil nas piadas gráficas, e sempre hilariante.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

A Mesopotâmia Antiga e o Nascimento da História


Moudhy Al-Rashid (2025). A Mesopotâmia Antiga e o Nascimento da História. Lisboa: Bertrand Editora.

Confesso um fascínio crescente com esta antiga civilização, vinda dos primórdios da história. Talvez pelo seu elevado nível de alfabetismo. O legado da antiga Suméria faz-se de muito mais do que vestígios arqueológicos e antigos monumentos, restam-nos quantidades vastas das tabuinhas de argila inscritas com os seus antigos caracteres em forma de cunhas. Essas tabuinhas são fascinantes, preservam não as memórias institucionais e religiosas, a forma como os poderosos gostam de se preservar para a posteridade, mas a vida comum, a textura de uma sociedade e da vida das pessoas.

Parte destas tabuinhas preserva a literatura, de índole religiosa, e através da sua decifração percebemos o quanto a antiga Suméria faz parte do nosso adn cultural. As suas lendas e histórias, mesmo após o esquecimento da civilização, foram incorporadas no corpus mítico que molda textos mitológicos como a bíblia. Ler o Épico de Gilgamesh é redescobrir textos esquecidos que ficaram preservados na memória, entre a busca pela imortalidade ou o mito do dilúvio. Também devemos aos sumérios as bases da matemática e astronomia.

São ideias que perduram na mente após a leitura deste muito interessante livro. A autora abandona o estilo necessariamente seco da escrita académica e faz despertar no leitor imagens vívidas das antigas Suméria e Assíria. A história constrói-se através da análise de um achado de artefactos, e só esse preâmbulo já impressiona. Fala-nos dos vestígios do palácio da última sacerdotisa da deusa tutelar da Babilónia (sabemo-lo porque o seu pai foi o último rei da cidade, antes desta ser absorvida pelos Persas), onde foi encontrado algo que foi interpretado como um antigo museu, preservando artefactos e a memória de povos que já eram milenares nesses tempos antigos.

Parte de artefactos, mas esta não é uma história de objetos, reis e sacerdotes. É uma história de profundo humanismo, que se foca no tentar recriar do que era viver naqueles tempos. É a vida, não só a das classes superiores, mas também a vida das pessoas comuns. Nisso, o legado literário sumério é um instrumento fundamental. Faz-se de ima miríade de documentos perfeitamente banais. Cartas pessoais, recibos, reclamações, registos. Através do tédio da burocracia emerge o retrato pulsante de um povo.

Como professor, fiquei particularmente intrigado pelo corpus de registos eduba - textos sobre a escola suméria e assíria, onde os futuros escribas entravam em criança para aprender as regras da escrita suméria (um pormenor, que mostra a importância história da antiga civilização, tem a ver com o perdurar da língua suméria após a absorção desta civilização pela Assíria, como língua erudita e de registo). São textos que nos mostram que há coisas que nunca mudam, os excertos partilhados pela autora mostram que as ânsias e ansiedades dos professores e estudantes eram, há mais de três mil anos, os mesmos de hoje. Algo que é tocante.

Mais do que uma história, esta é uma obra humanista que nos recorda o quer a humanidade naquela época. Recorda-nos, também, o quanto perdura a memória destas civilizações que, até ao século XIX, estavam esquecidas sobre as areias do médio oriente.

domingo, 17 de agosto de 2025

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Analog Science Fiction Science Fact magazine cover art
: Clássicos pulp. 

Just How Big Is Romantasy, As A Genre?: Quem já segue as tendências literárias do fantástico pop sabe bem como é que estas coisas funcionam. Um sub-género torna-se de repente imensamente popular, vende livros como pão quente e faz brotar autores como cogumelos após as chuvas, e pouco tempo depois é esquecido. É natural, faz parte dos ciclos da cultura pop.

Entrevista com a equipa de «Cadáver Requintado»: Suspeito que os leitores portugueses que pegarem neste livro não sabem bem no que se estão a meter. O livro é sublime, e revoltante, é preciso ter um estômago muito forte e um sentido bem formado do valor da ficção para apreciar esta bomba literária. 

The Best 20th Century Chinese Fiction Books, recommended by Lijia Zhang: Ficções para nos ajudar a compreender o zeitgeist chinês. 

The Mainstreaming of Literary Kink: De leituras envergonhadas a mais um lucrativo nicho de negócio literário. 

Crítica a «A Dama Pé-de-Cabra», de Alexandre Herculano: Ao contrário do que está explícito nesta crítica a um dos grande clássicos da literarura negra portuguesa, na verdade até há uma boa tradição de ficção fantástica e sobrenatural no corpus das lendas orais portuguesas, mas é pouco conhecida, e não muito usada pelos escritores do género. 


Ralph McQuarrie concept art for Battlestar Galactica (1978): By your command. 

The Backlash Against Generated AI Is Gaining Steam: Estamos a começar a ficar cansados da forma como nos estão a impor uma ferramenta imperfeita, vendida como incrível e alteradora de paradigmas, mas cujo uso nos ambientes reais se parece resumir à desresponsabilização e indolência humana. 

Google embraces AI in the classroom with new Gemini tools for educators, chatbots for students, and more: Há aqui uma boa notícia, a disponibilidade do Notebook LM para os alunos de escolas que usem o workspace. De todas as ferramentas de IA generativa a uso, esta é a única que realmente serve para ajudar a aprender, pela forma como está estruturada. 

Hollywood’s pivot to AI video has a prompting problem: Ou melhor, aqueles que acham que basta uns prompts para fazer um filme (já nem digo um bom filme) não só não percebem nada de cinema, como a sua noção de bom filme deve oscilar entre os pastelões de ação e os filmes românticos da Hallmark (sim, é todo um género). 

Free Lunch Is Over for the AI That Broke the Web: Isto faz lembrar um pouco a história do Al Capone - acabou preso não pelos crimes violentos que cometeu, mas por fraude fiscal. Agora são as empresas de IA, esse gangsters do século XXI, exímias em abusar do trabalho dos outros sem pagar um cêntimo, a ser apanhadas por quem suporta a infraestrutura da internet. 

Racist videos made with AI are going viral on TikTok: Já me deparei com eles. Antes que comecem os discursos moralistas, só pergunto: mas do que é que estavam à espera? A história da internet, com os trolls sempre a espreitar e vociferar debaixo das pontes, não vos ensinou nada? 

Pluralistic: How much (little) are the AI companies making? (30 Jun 2025): Está a ficar claro que o negócio da IA é uma bolha financeira insustentável. Consome rios de dinheiro sem oferecer verdadeiros produtos em retorno; apregoa sempre ser disruptiva e revolucionária, mas no mundo real não parece servir para mais do que idiotas convencidos que percebem de arte gerarem imagens foleiras, alunos cabularem e legiões de trabalhadores de escritório demasiado preguiçosos ou incompetentes para pensar fingirem capacidades cognitivas que na verdade não só não têm, como as poucas que têm começam a atrofiar. 

People are using AI to ‘sit’ with them while they trip on psychedelics: Coisas que enquanto são lidas, temos uma voz na cabeça a gritar "mas que raio estão a pensar, isto tem tudo para correr mal". 

Inside India’s scramble for AI Independence: A soberania digital requer fortes investimentos, mas é o caminho que tem de ser seguido, a menos que queiramos um futuro em  dependência de um punhado de empresas controladas por oligarcas globais. 

Nobody Cares If Music Is Real Anymore: Bem, isto sempre foi verdade, a indústria musical sempre viveu disto, da música a metro, dos clones pop desenhados por comité interno, da promoção do fácil e do mau como sucesso. O que a IA Generativa traz a esta equação é que finalmente, os produtores de música já não têm de pagar a músicos. 

Neither AI nor E Ink can make touchscreen trackpads a good idea: Confesso, quando vi esta inovação cocei intensamente a cabeça, matutando para quê. É que são três coisas que fazem zero sentido num trackpad - meter-lhe IA (porque diabos?), usar um ecrã (mas eu quero olhar para o ecrã que o computador já tem), e usar esse ecrã para mostrar texto (que informação pertinente seria essa que um simples aviso no computador não é suficiente para mostrar). 

iOS 26 can freeze your FaceTime video if it detects nudity: Num tempo em que os níveis da mais elementar boa educação interpessoal parecem em queda, esta é uma opção que faz sentido. Note-se que é mesmo opção, é preciso ligá-la, e parece estar pensada para que os pais fiquem um pouco mais descansados com as comunicações das crianças. 


Trimmed With Scarlet: Um tipo de imagem que no passado, faria corar. 

A Primer on Russian Cognitive Warfare: Uma análise profunda das estratégias de desinformação e propaganda russa. 

The fight for Europe's future: Não parece, pela forma leviana como não olhamos para estas questões, mas estamos a viver um momento muito complexo. Proclamamos a Europa enquanto bastião da democracia e humanismo, enquanto sentimos a profunda erosão que a extrema direita está a trazer. 

Scientists Investigate What Happens If You Snort Moon Dust: Ah, estes títulos do Futurism… não é bem o que estão a pensar, e sim, faz todo o sentido, se queremos desenvolver uma presença lunar temos que conhecer os efeitos que a poeira terá no corpo humano. 

No son cazas, son aviones del Gobierno de Eslovaquia: el día que un Airbus A319 y un Fokker 100 se robaron el show: Confesso, suspeito que as leis da física se queixaram de violação e desrespeito perante a forma como estes aviões foram pilotados. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

A Short Stay in Hell


Steven Peck (2011). A Short Stay in Hell. Washington: Strange Violin Editions

A sombra de Borges pesa sobre este curto mas muito intrigante livrinho. Uma sombra assumida. O autor pega na ideia do conto A Biblioteca de Babel e estende os seus limites de formas inesperadas. Neste livro, o inferno é uma biblioteca infinita. Um inferno para bibliófilos, note-se, porque haverá outros infernos para outros tipos de pessoas. E se isso vos parece um paraíso, passar uma eternidade rodeado de livros, recordem-se da premissa do conto de Borges: a biblioteca infinita contém todas as possibilidades de livros, sendo a maioria textos sem qualquer sentido.

Imaginem um homem profundamente religioso, cumpridor dos seus deveres, que ao falecer espera chegar ao paraíso e se descobre face a face com um demónio, que lhe comunica que está condenado aos infernos. Não por ter sido malévelo ou pecador, mas por ter acertado ao lado na sua crença. Afinal, existe um deus único e omnipotente, mas é um deus obscuro com poucos seguidores. O que significa que automaticamente a maioria dos que passam o limiar da morte estão condenados aos infernos. Imaginem a chatice dos pobres seres ao serviço desse deus, que têm a trabalheira de enviar multidões para os suplícios. Por curiosidade, ficam a saber que o deus único é a divindidade dos zoroastras. 

Mas há esperança. A condenação ao inferno não é uma eternidade, e o inferno não é um lago de fogo e ranger de dentes. O inferno, para este homem, será uma biblioteca. E o desafio que o libertará para o elevar ao paraíso é simples - basta encontrar um livro que conte a história da sua vida. Uma tarefa que se revelará impossível, numa biblioteca quasi-infinita.

O inferno é um lugar aprazível. Livros, essencialmente cheios de caracteres cacofónicos. Espaços de conforto para viver, comida e bebida à discrição, a companhia de outras almas sentenciadas ao mesmo suplício. Essa é uma das ironias do livro, a monotonia da normalidade tornar-se o insuportável. Nunca saberemos se o personagem encontrará a redenção, apenas que em milénios enfiado na biblioteca quasi-infinita, nada muda.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Cows


Matthew Stokoe (2011). Cows. Nova Iorque: Akashic Books.

Este é um daqueles livros que se esforça tanto por ser transgressivo, que acaba por ser meramente entediante. Ignora a lição essencial da boa literatura de horror: um grito, assusta; um constante gritar, provoca dormência. Não há dúvidas que o autor se esforçou imenso por chocar os leitores. Cada capítulo é um mergulho tenebroso na violência, loucura, podridão e escatologia, sempre em tom de revulsão pura. E é mesmo esse o problema, tocando sempre no mesmo tom, o livro torna-se monótono.

A história é bizarra e surreal, envolvento um jovem inadaptado que vive com a mãe que odeia, um cão semi-paralítico e almeja a vida ideal que vê na televisão. A sua emancipação inica-se ao trabalhar num matadouro, onde um colega de trabalho o inicia nos mistérios e prazeres de provocar a morte. Irá ganhar coragem para se livrar da mãe (de uma forma deveras... escatológica), namorar a vizinha de cima, uma jovem obcecada com dissecações, e adquirir um gosto pelo assassínio. Para completar o ramalhete, temos um bando de vacas falantes que vive no subsolo e, ao instrumentalizar o jovem para se vingar dos homens que matam as suas congéneres no matadouro, acabam por ser liderados por este.

Bem vos disse que era uma história bizarra e surreal. E, também, chocante, o autor não se poupa a artifícios para provocar revulsão no leitor. Poderia ser um excelente livro de literatura negra transgressiva, mas como já referi, o manter sempre o mesmo registo torna-o monótono. Chocará, talvez, leitores novatos pouco conhecedores da qualidade literária do bom horror. Sublinho, o problema do livro não é o seu conteúdo, nesse aspeto dá o que promete. É a falta de ritmo do estilo literário.

Comics: Doctor Rigby; Cosmic X-Men; A Better World


John Kissee (2025). Doctor Rigby: Tales from the Deep. Markosia.

Uma boa surpresa em novela gráfica. O estilo retro é rebuscado, equilibrado e bem cuidado, com uma ilustração comedida mas cheia de pequenas surpresas para os conhecedores do terror clássico. As histórias seguem o mesmo molde, evocando visões evocativas do terror pop dos anos 50 do século XX. Um livro divertido, bem estuturado e visualmente interessante.

Chris Claremont, et al (2025). Cosmic X-Men Omnibus. Marvel Comics.

É difícil de ultrapassar a influência do trabalho de Chris Claremont como argumentista dos X-Men. Nos anos 90, pegou num título bastante menor da Marvel e transformou-o num mini-império dos comics, com vários títulos complementares e uma galeria crescente de personagens que que tornaram icónicos. A sua receita foi relativamente simples. Mudou a metáfora dos mutantes, sempre a braços com os seus poderes, da lógica de identificação com a adolescência e as transformações do corpo, com prego a fundo em direção às questões raciais. Sempre em luta contra o racismo e a incompreensão, antagonizados por uma sociedade que os rejeita. O outro lado da equação inspirou-se diretamente nas telenovelas. Claremont deu mais corpo aos personagens, dotando-os de vidas complexas (entendam este complexo ao nível dos comics, claro), bem como teias de interrelações sociais e amorosas. Integrou isso no meio das aventuras típicas do género, criando linhas narrativas convolutas que ainda hoje são exploradas. Foi uma fórmula de sucesso, que catapultou o argumentista para o estrelato, mantida ao longo de décadas e que talvez só Jonatham Hickman, com a linha narrativa House of X, conseguiu quebrar um pouco.

Outro pormenor que Claremont soube explorar envolve alguns elementos distantes do mythos central dos X-Men - a sua ligação com o longínquio império estelar Shi'ar. É a oportunidade perfeita para doses valentes de space opera ao estilo dos comics de super-heróis, e Claremont legou-nos algumas sagas interestelares em que os heróis se vêem envolvidos em complexas conspirações e jogos de poder entre planetas e civilizações alienígenas. O tom de aventura dinâmico é contínuo, sempre divertido de ler. Este omnibus colige aventuras similares já criadas pelos argumentistas que sucederam a Claremont, num tom mais grimdark que espelha a evolução posterior dos personagens.


Rob Williams, Arthur Wyatt (2025). Judge Dredd: A Better World. Londres: 2000 AD.

De vez em quando, a cultura pop surpreende com a visceralidade com que aborda temas delicados. Sabemos que Judge Dredd é uma das mais mal interpretadas metáforas sobre o fascismo autoritário. O futuro das megacities não é uma visão a aspirar, nem a justiça de Dredd sequer justa. A metáfora dilui-se imenso no uso que é dado ao personagem, muitas vezes em tom de policial e heroísmo futurista. Há séries que escapam, e esta foi uma delas. Foca-se numa Juiz que é essencialmente uma administradora, responsável pela contabilidade do departamento de justiça que governa Mega City 1. E que, nas suas contas e simulações, percebe que o investimento linear em mais forças, em reforço da segurança repressiva, tem como efeito o aumento do crime e insegurança. Se os recursos são priorizados para estas áreas, outras, como a educação e o bem estar dos cidadãos, deterioram-se e as pessoas reovltam-se. Percebendo isto, a Juiz avança com um projeto experimental que melhora as condições de vida de um dos bairros da cidade. Um projeto mal visto pelos poderes tradicionais, que se aliam aos media sensacionalistas para denegrir e pintar uma falsa imagem do projeto, enquanto conspiram para assassinar a Juiz que trabalha para construir um mundo realmente melhor. E, sendo o mundo de Mega City 1  uma distopia, serão bem sucedidos. A metáfora sobre os dias de hoje é palpável. Rendidos ao canto da sereia do populismo, estamos a deixar que as nossas condições de vida piorem para favorecer oligarquias plutocráticas, enquanto achincalhamos aqueles que nos mostram como é realmente possível melhorar o mundo.

domingo, 10 de agosto de 2025

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Hirō Isono
: Retro-futurismo urbano. 

The Far Future in science fiction: Especulações sobre futuros muito longínquos. 

Here's What Book You Should Read Based On Your Favorite Game: Uma proposta intrigante, que sugere livros com temáticas que se intersectam com as de alguns dos videojogos mais populares. 

Here are 12 more books to check out this June: Novidades literárias no domínio da literatura fantástica. 

What's New About The New History Of The DC Universe? (Spoilers): E o que é um verão sem essa tradição que é um megaevento que vai redefinir todo o universo dos comics? É uma tradição anual, diria. 

The Best Weird Fiction Books, recommended by Michael Cisco: E sem esquecer um clássico do género, a obra do discreto Arthur Machen. 

New History Books: Há aqui livros cujo "novo" é discutível, a menos que se trate de reedições, mas não deixa de ser uma excelente lista sobre história. 

Returning to memory lane: Os retro-futurismos industriais de Simon Stålenhag. 

The Birth, Life, and Death of Steampunk: Não sei se se pode dizer que o steampunk está morto, ainda tem fãs e praticantes. Mas já perdeu muito do seu vapor. Eu sei, piada farsola.

The Paranormal by Stan Gooch with a cover by Sorter favorite Justin Todd: Surrealismos. 

Scientists Just Found Something Unbelievably Grim About Pollution Generated by AI: Não há aqui grande surpresa. Nem verdadeira razão para alarmismo, se formos conscientes destas questões e pressionarmos as empresas e plataformas a migrar para formas limpas de energia. Estou a ser muito otimista, não estou? 

I See Your Smartphone-Addicted Life: Recusar uma vida dependente do telemóvel, será possível? Confesso que li este artigo como uma sátira inteligente, uma espécie de contraponto às visões sobre o uso dos telemóveis, sempre a tocar na tecla condescendente do mau comportamento dos utilizadores e a sua incapacidade em escapar ao vício. O que é um erro - o que torna os telemóveis viciantes são as decisões de design e usabilidade das empresas da economia digital, que se valem de tudo para captar e monetizar a nossa atenção. Mas preferimos castigar o elo mais fraco nesta cadeia, por enfrentar o real problema nos parece impensável. 

Sincerity Wins The War: Quando publica, Zitron lega-nos grandes testamentos, que valem bem a pena ler e nos deixam a pensar. Aqui, a mensagem é clara: o jornalismo, o verdadeiro jornalismo, que questiona, levanta problemas e não se limita a repetir press releases de forma elegíaca, faz imensa falta. E não só no nicho da tecnologia. 

"What a fun way to celebrate the destruction of our shared reality": Brilhante análise da praga da IA generativa, entre os esquemas de chico-espertice, desinformação (intencional ou não), e a correspondente quebra de credibilidade nos meios de comunicação digitais. São as duas reações perante a AI slop - há os néscios que caem que nem patinhos (e sim, também me arrepiam comentários que vejo em vídeos e imagens claramente geradas por IA a mostrar uma crença inabalável na sua veracidade; e aqueles que tendo dois dedos de testa, passam a desconfiar de tudo, recordando a lição de Esopo na fábula do pastor e do lobo. 

Our Technologies Keep Trying To Give Us “Experiences.” They’re Fake: A mediatização do marketing e a tendência do artificial enquanto experiência. 

Judge Rules Training AI on Authors' Books Is Legal But Pirating Them Is Not: Há um certo ar de decisão salomónica neste caso. 

Google's Imagen 4 text-to-image model promises 'significantly improved' boring images: É significativo que sublinhem este "boring images", posiciona a IA generativa naquele escalão de baixo nível que já todos percebemos que é o seu principal domínio de uso. 

The Secret Reason So Many College Students Are Relying on AI Is Incredibly Sad: Confesso que esta é inesperada. Não é o argumento da cabulice, mas sim o de usar uma ferramenta que lhes desperta sentimentos positivos, de não serem avaliados e julgados. 

Key fair use ruling clarifies when books can be used for AI training: Mais detalhes sobre a decisão que coloca o uso de livros como dados para treino de algoritmos no âmbito do uso justo, ressalvando que piratear para este objetivo não deixa de ser crime. 

Anthropic destroyed millions of print books to build its AI models: Destruir livros para treinar IA? O bibliófilo que sou treme de fúria apoplética. 

Meta’s AI copyright win comes with a warning about fair use: Legalês a funcionar - a Meta ganhou em tribunal não porque os juízes tenham considerado que o seu uso não autorizado de obras literárias protegidas por direitos de autor seja aceitável neste domínio, mas porque os queixosos não usaram os argumentos certos para defender a óbvia posição de ilegalidade das ações da Meta. 

Inside ‘AI Addiction’ Support Groups, Where People Try to Stop Talking to Chatbots: Curiosamente não se trata tanto de adição ao ChatGPT e afins, mas sim chatbots concebidos à partida como simuladores emocionais. 

The photographer using AI to reconstruct stories lost to censorship: Um projeto que usa  a GenIA de forma intrigante, para reconstruir visões culturais perdidas em regimes censórios. 

Real Risk to Youth Mental Health Is 'Addictive Use,' Not Screen Time Alone: Sem grande surpresa. Demonizamos o tempo de ecrã, mas o mal estar advém das técnicas de manipulação comportamental implementadas pelas plataformas digitais. E isso, não temos a coragem de combater. 

Facebook is starting to feed its AI with private, unpublished fotos: O que é que se faz quando os dados públicos já não parecem suficientes para treino de modelos? Procuram-se formas insidiosas de aceder a dados privados. De forma discreta, para garantir que muitos não se apercebam desta óbvia invasão de privacidade e contribuam sem saber com as suas imagens privadas e pessoais. 

This city is the latest European government to dump Microsoft for Linux: Um movimento de investimento em infraestrutura digital europeia que está a crescer, em busca da soberania digital. Este é duplamente interessante, porque não só aposta no open source como contrata com empresas locais, entendendo-se como um incentivo económico à comunidade e não um subsídio para multinacional. Cá, por Portugal, duvido que alguma vez tenhamos estas possibilidades, dada a promiscuidade da nossa classe de decisores políticos com o mundo empresarial (ou seja, nunca se atreveriam a alienar a Microsoft e quejandas) combinada com a imensa ignorância que têm do mundo digital. 

AI might undermine one of the better alternatives to the Kindle: Até a discreta Kobo começa a entrar no jogo da IA Generativa.

Proving Ground, la historia olvidada de las programadoras del ENIAC, las primeras programadoras de la historia (con el permiso de Ada Lovelace): É uma história cada vez menos esquecida, porque tem sido feito um esforço para cercear a injustiça que é o apagar do papel decisivo das mulheres na história da computação.

Runway now has its sights on the video game industry with its new generative AI platform: A geração de jogos é a próxima fronteira da IA Generativa.

Virgil Finlay: Clássicos. 

El arma "invisible" del Pentágono no lanza misiles ni dispara nada: su poder está en mantener a otros aviones en el aire: O papel estratégico dos aviões-tanque, que permitem à aviação militar estender o alcance das suas missões. 

The Business of Betting on Catastrophe: Das epítomes do capitalismo - investir em seguros apostando nas probabilidades de catástrofes a curto e médio prazo. Ganha-se se não acontecerem, perde-se se acontecerem. Pensem em investimentos tipo futuros, mas em modo apocalíptico. Há sempre alguém que encontra uma forma de fazer dinheiro com as coisas mais inesperadas. 

Tras años de turistificación, Santiago se ha encontrado con un problema: es más fácil comprar un souvenir que el pan: Como alguém que tem visitado regularmente Santiago nos últimos anos (por causa da Maker Faire, não por questões religiosas), assisti a esta transformação. O comércio nas ruas que vão dar à Catedral, entre a praça da Galiza, Praça Cervantes, Porta do Caminho e Obradoiro  é essencialmente composto por armadilhas para turistas. É o processo conhecido como a maldição do interesse turístico, que por cá afeta profundamente Lisboa e Porto, mas já alastra para cidades aparentemente mais distantes como Évora ou Leiria. Por outro lado, tenho conhecido a cidade que embora viva deste turismo religioso, não se resume a isso, com um comércio perfeitamente normal a poucas ruas do centro. Como, por exemplo, esse santuário que é a livraria Follas Libres, que tenho sempre o azar de encontrar fechada quando passo por Santiago. 

Exclusive Report: First Look All U.S. Military Equipment Used in Operation Midnight Hammer Against Iran: Há alguns pormenores curiosos sobre esta operação. A tática do engano diplomático, bem como as múltiplas manobras de diversão enquanto se reforçaram meios na zona. Agora, quanto mais se sabe sobre esta operação, sou só eu a sentir aqui uns paralelos conceptuais com Pearl Harbour, na forma da estratégia de ataque?

Trump Got This One Right: Por muito que irrite, há que dar razão a este artigo. A intervenção no Irão era há muito uma infeliz necessidade. Convém recordar que a teocracia iraniana se tem distinguido pelo seu papel desestabilizador no médio oriente, e tem feito guerra aberta através de aliados regionais irregulares, como as milícias que financia na região. As suas ambições nucleares são há muito conhecidas, e confesso que sou daqueles que tem algumas reticências face à ideia de teocratas armados com bombas atómicas. Sendo realista, não há grande perda para a humanidade nestes ataques. Agora, a sensação com que se fica é perfeitamente mostrada na frase com que abre o artigo: “Why are the wrong people doing the right thing?”. 

Convento dos Cardaes: História, Espiritualidade e Património: Um edifício discreto, que no seu interior é uma pérola do barroco português. 

The Anthropocene illusion: As visões idílicas da natureza idealizada que caracterizam as estéticas do antropocénico. 

Self Censorship Is Actually Good: O conceito de liberdade de expressão tem sido cooptado pela extrema direita, que se arroga do direito de afirmar a plenos pulmões os ditos mais insultuosos, racistas ou de baixa índole, mas que depressa gane e geme quando se vê alvo da mesma liberdade que tanto advoga. Mas esta liberdade absoluta é uma falácia anti-social; viver em sociedade requer aprender a gerir a expressão das emoções. Não é, por exemplo, nem nunca foi, aceitável para um homem exprimir livremente de viva voz os pensamentos sexuais sobre as mulheres atraentes com que se cruza. o mesmo se aplica a todos os níveis de relações sociais. É a elementar convivência social, que nos faz relacionar com o outro, independentemente dos seus credos, ideologias ou modos de pensamento. É esta cola social que os extremistas de direita querem destruir, e como observa o artigo, quando eles dizem que se sentem amordaçados, sabemos o que é que eles realmente querem dizer. 

Hace años Lisboa se propuso ser una capital turística. Ahora se ha convertido en el mayor infierno turistificado de Europa: Inferno turístico é mesmo a expressão que assenta como uma luva na minha Lisboa, embonecada para gáudio de escapadelas de fim de semana, onde as habitações são air bnbs e os restaurantes servem chacha abrilhantada para quem confunde boa comida com géneros alimentícios agradáveis às redes sociais. 

Humanity Is Playing Nuclear Roulette: Quando temos personalidades narcisistas a tomar conta dos destinos das nações armadas com bombas atómicas, os riscos disparam. 

Rusia ha perfeccionado el arma más mortífera de la guerra en Ucrania: ahora persiguen a los humanos por su cuenta: A combinação de automação com IA traz novos pesadelos aos campos de batalha. 

Chartbook 392 Incoming from outer space: The geo-military radicalism of Iran v. Israel 2025: A lição que podemos tirar do recente conflito israelo-iraniano (com ajuda americana) - a guerra no futuro não será só campo de batalha dominado por drones, mas sim travada nos limites orbitais em duelos de mísseis e antimísseis. 

The Bizarre German Aircraft with an Identity Crisis: The BV 155: Um protótipo de caça naval que nunca o foi, e deu origem a outros protótipos mal sucedidos. 

Simulating Empires with Procedurally Generated History: Uma proposta estimulante, simular a evolução de regras históricas.