Illustrations from Mary Shelley's Frankenstein by Bernie Wrightson (1983): Da absoluta mestria gráfica.
O cânone: Uma velha discussão, que volta e meia regressa à tona. Pessoalmente, não vejo os cânones literários como essencialmente úteis para estudantes de literatura. São também guias para leitores mergulharem a fundo na linha histórica do género literário. Ler autores de referência e não gostar das suas obras faz parte, do meu ponto de vista, do processo de compreender a ficção científica enquanto género literário, os caminhos que percorreu, e não é preciso ser-se crítico ou académico para sentir essa necessidade. Por outro lado, cânones rígidos não nos servem. Há autores que envelhecem mal, outros injustamente esquecidos, e um cânone que não evolua e integre novas obras, novas vozes, não serve de muito. Essa discussão vivaz alimenta o gosto pela ficção científica. Claro que se olharmos para os cânones como guias rígidos e fundamentais, como o João Campos observa, estamos a perder o melhor de ler FC: ler o que nos apetece, entretém, intriga e apaixona. O cânone tem muito esse estigma, de leitura obrigatória que se faz por imposição, culpa das gerações de académicos desinspirados (e legiões de professores, razão pela qual desconfio muito da real eficácia de medidas de promoção de leitura ou o culto aos grandes escritores nos currículos escolares) que confundem o processo - a leitura da obra, com o objetivo, o fruir da leitura, acabando como encarar os livros como um obstáculo a ultrapassar ou degrau a subir em vez de, bem, algo que estimula o leitor a refletir e imaginar.
Are These the 100 Best Science Fiction Novels of All Time?: Sim para uns, não para outros, e está aqui o interesse das listas e dos cânones. São indicadores, e devem ser vistos como tal, como meios para ajudar a desbravar a longa história editorial da FC. O erro está quando os consideramos com fins em si, imutáveis e imponentes.
Tales from Nevermore: Um livro que está no meu radar de leituras (mas vou aguardar pelo Fórum Fantástico para o comprar). Não só por mexer com Poe, mas porque o estilo gráfico é assombroso.
Captain Kingdom And Captain France Join Marvel Comics' Captain América: Tenho estado a seguir este Capitão América militarizado. Não é uma variação de Steve Rogers, a Marvel está claramente a querer testar o mercado e a perceber se consegue recriar o personagem para as novas gerações, com um novo Capitão dos tempos atuais, enquanto desloca o clássico para personagem secundária.
Large Eyes, Pointy Chins, Pointy Noses: How Manga Became Manga: As origens dos traços iconográficos de representação humana que são a principal característica do manga.
A Tale of Sex and Intrigue in Imperial Kyoto: A milenária obra de literatura japonesa clássica, e uma jornalista obcecada com o japonismo da sua estética.
The Best Solarpunk Books, recommended by Sarena Ulibarri: Livros do movimento estético da FC que procura ir em direção ao otimismo tecnológico e ambiental. Um espaço de ideias necessário para contrariar os pontos de vista catastrofistas.
One of my favorite space operas is coming back to print: Uma boa notícia. Li algumas das histórias nos tempos em que a Asimov chegava cá, e eram divertidas e interessantes. Noto também a ironia negra de uma série cuja premissa-base é a fuga de rebeldes e inadaptados a um governo fascista americano. Isto foi escrito há vinte anos, não nos dias que correm.
Denmark Ends Its 25% Sales Tax On Books: Duas notas que me ficaram em mente. Não esperava que a Dinamarca, que no nosso cantinho à beira mar consideramos dos países avançados na europa, tivesse baixas taxas de leitura entre os mais jovens; e a medida em si, que indica custos muito elevados nos livros. Recordo há uns anos, durante um encontro eTwinning, ter trocado ideias com uma colega dinamarquesa, apaixonada por FC, que me disse que o negócio editorial por lá sofria de um grave problema. A literacia dos dinamarqueses em inglês é muito elevada, e preferem ler os livros mais baratos em inglês. Isto significa, disse-me, que é raro haver traduções, e os livros em dinamarquês nas livrarias são de autores dinamarqueses. Por cá temos um problema semelhante no que toca à ficção científica (no caso da fantasia, nem tanto): quando um editor publica uma tradução de obra de FC, a maioria do seu público já a leu em inglês.
Superman sample cover (1928): Mais rápido do que uma bala.
Un hombre vendió su imagen por 750 dólares para convertirla en IA: ahora ha descubierto con horror que vende horóscopos en TikTok: Traços de modernidade - quando cedemos os direitos da nossa imagem na era da IA, ela pode ser manipulada para qualquer contexto.
Wireborn Vs Clanker: Na sua newsletter, Warren Ellis traça as novas expressões vernaculares que empregamos para designar as tecnologias que utilizamos, ou somos forçados a utilizar. Com a curiosa característica de muitos dos termos terem conotações insultuosas.
Un generador de «marcianitos» de Space Invaders: Nada como um software divertido para passar o tempo.
How churches use data and AI as engines of surveillance: Claro que a uma igreja, cujo modelo de negócio predatório explora os mais frágeis em termos sociais, emocionais ou mentais, dá imenso jeito o uso de ferramentas de IA que tornam mais eficaz o trabalho de encontrar alvos fáceis.
El no tan remoto futuro de los colegios: los alumnos harán trabajos con IA que los profesores corregirán con IA: Uma parte não aprende, a outra não ensina.
10 open-source apps I recommend every Windows user download - for free: Confesso que fico a coçar a cabeça sempre que me deparo com alguém que me diz não conseguir trabalhar sem o Microsoft office. Há anos que me livrei dele.
::vtol:: Kinetic Sculptures, Robotics and Code-Driven Installations: Essencialmente, é isto, a tecnologia é uma linguagem que nos permite explorar horizontes estéticos - "In fact, when you master one technical language as your tool – like electronics or programming – other ‘mediums’ become clearer and easier to learn quickly. The main thing is to understand the logic of data and signals and how they can interact with each other if needed. This rapidly and easily expands your expressive range".
Scientists Created an Entire Social Network Where Every User Is a Bot, and Something Wild Happened: Até as IAs percebem que o que sustenta as redes sociais é o enviesamento e o extremismo. O que gera choque desperta a atenção, e transformar isso num negócio extrativo tem sido o modelo das empresas que gerem redes sociais. Afirmam querer ser ágoras digitais que interligam as pessoas de forma benéfica, mas na verdade, quanto mais tóxico o ambiente, mais lucram. Os efeitos sociais e culturais disso, estamos a vivê-los, com o crescimento dos extremismos e discursos de ódio alimentados pela amplificação algorítmica.
In a first, Google has released data on how much energy an AI prompt uses: Parece pouco, mas reparem que um prompt não chega, uma interação com um chatbot requer sempre vários prompts. Acumulem o efeito ao longo dos milhões de interações dos utilizadores, e temos um problema energético e ambiental. Se bem que aqui, creio que a solução passa pela consciencialização e pela adoção de energias verdes, e não por uma falsa rejeição da tecnologia.
SpaceX has built the machine to build the machine. But what about the machine?: Um olhar para as gargantuescas instalações onde a SpaceX planeia levar a cabo o ambicioso plano de manufaturar Starships.
Ucrania ha entrado en una fase tan desquiciada con los drones que sus drones se están derribando a sí mismos: Toda uma nova noção de confusão no campo de batalha, com as comunicações eletrônicas tão saturadas que os operadores de drones se vêem, por vezes, a controlar os drones inimigos.
Alemanha pode proibir adblockers: A desculpa, levantada pelos grupos de media, é que a tecnologia dos adblockers interfere com a propriedade intelectual dos detentores das páginas. Navegar na net sem adblockers é um pesadelo, e se os tribunais alemães decidirem a favor dos grupos de media, a coisa pode ainda ficar pior.
Free Open-Source Tools for Students: Ferramentas livres e abertas de apoio ao estudo e investigação.
AI browsers may be the best thing that ever happened to scammers: Para surpresa de ninguém, é fácil enganar os assistentes de IA.
This isn’t About Cheating, but a Loss of Dominance: Compreendo bem esta posição de Gary Stager. As ferramentas de IA, e a forma como estão a ser introduzidas na educação, são preocupantes. Desde os alunos que passam a gerar trabalhos sem realmente os fazer aos professores que se enamoram por ferramentas, sem esquecer o risco de AI slop na automatização de conteúdos. Tudo aponta para que a IA seja empobrecedora e dê aos seus utilizadores um falso sentido de capacitação, onde a confiança na resposta do chatbot se sobrepõe à aquisição de conhecimento. E, no entanto, as ferramentas existem, abrem possibilidades muito interessantes. Recusá-las, ou bloqueá-las, é um erro tremendo. Notem que Stager é um construtivista puro, seguidor de Papert, firme crente na aprendizagem por experimentação, projetos, mãos na massa. Se pensarmos de forma linear, encarando a IA como mera respondedora de perguntas e meio de martelar trabalhos escolares, Stager teria tudo para estar contra o seu uso. A sua intuição é que é uma poderosa ferramenta cognitiva para experimentarmos. E se agora estamos a levar com aplicações pouco desejáveis, é usando e experimentado que faremos evoluir as ferramentas de IA para algo de verdadeiramente útil, e, esperemos, democrático.
La historia del teléfono móvil a lo largo de más de 40 años: De uma tecnologia de nicho a objeto indispensável para todos.
The 60-Year Old Algorithm Underlying Today’s Tech: Uma análise histórica da importância do algoritmo de transformação rápida de Fourier.
El auge de los "cero posts": cada vez más personas están dejando de publicar cosas en sus redes sociales: Uma combinação de fadiga com a constatação que as redes sociais enriqueceram à custa dos detalhes das nossas vidas, sem que isso se tenha traduzido em benefícios para nós, e uma mudança para formas de comunicação digital mais instantâneas com grupos de pessoas fisicamente próximas.
"No se puede predecir si habrá interferencias": por qué las aerolíneas nos siguen obligando a poner el modo avión en 2025: Apesar da proteção eletromagnética das aeronaves ser hoje muito maior do que era nos primórdios dos telemóveis, continua a haver boas razões para implementar o modo de voo. Há a diminuição de ruído e interferência nas comunicações dos pilotos, e, também, o absurdo que é ter telemóveis em busca de rede em altitudes onde não há cobertura. Ainda juntaria mais uma razão. Imaginem que os telemóveis funcionariam na perfeição em voo. Querem mesmo ter a sorte de partilhar a fila com uma daquelas pessoas que em viagem, passa todo o tempo ao telemóvel a fazer relatos sobre a sua vida pessoal num tom de voz que permite a quem está do lado de lá, e a todos os que partilham o meio de transporte, ficar a saber todos os pormenores?
Microsoft ha metido Copilot en Excel. Y también ha avisado de que no lo uses si necesitas que los resultados sean correctos: Dada a complexidade do Excel, faz sentido a implementação de assistentes de IA, e esta cautela é um sinal positivo.
Inside Earth: Arquiteturas interiores.
A Place You Probably Don’t Want To Live: Oklahoma To Vet Teachers With America Loyalty Test: Bem, li bem? Infelizmente sim, e como é possível que uma democracia ocidental esteja apaixonada por um tipo de medidas que faz parte dos sonhos húmidos dos autoritaristas, desde os velhos fachos aos tiranetes dos regimes que agora é moda apelidar de "iliberais".
After recent tests, China appears likely to beat the United States back to the Moon: E com um governo americano dominado por idiotas absurdos que fazem da anti-ciência bandeira eleitoral, não me surpreenderá nada esta ultrapassagem.
Como nos podemos perder em tempos de trends, tops e recomendações: Esta observação é certeira - "Atualmente viajamos mais para confirmar do que para descobrir". Efeitos do mercado da viralização, sustentado por milhões de listas, instagrams e tiktoks que nos mostram os recantos perfeitos, o que todos devemos visitar. Esquecemos o gosto no acaso enquanto calcorreamos os locais, saltando de fila em fila, porque é esse o real efeito das redes sociais, os locais bucólicos, paradisíacos ou de bom garfo são na verdade o corolário de longas esperas na multidão.
French Rafale Jet virtually downs US F-35 Fighter in dogfight yet modern warfare is fought beyond visual range: Bem, confesso que é algo inesperado ver um moderníssimo F35 a ser dominado por um Rafale, mas há razões para isso - o Rafale está otimizado para a proximidade. A questão é que ao contrário da mitificação na cultura pop, o combate aéreo raramente se faz em proximidade, mas sim a centenas de quilómetros de distância. Que o digam os pilotos de Rafale indianos abatidos por J-10 paquistaneses.
China ha creado un sistema donde fábricas al otro lado del mundo "montan" sus coches. Y Europa lo está aplicando en Argelia: Quando fabricar se torna uma mera assemblagem de kits pré-manufaturados.
Hay gente quemando sus Labubus en redes. El motivo: una teoría loca que los relaciona con un diablo de Mesopotâmia: Os labubu já são em si uma daquelas modas muito patetas, um daqueles fogachos virais fugazes que fazem o deleite do capitalismo puro. Mas, claro, há sempre burrice mais profunda do que gastar dinheiro em bonecos feios. Pobre Pazuzu, não merecia esta desfeita. Ou toda a mitologia das civilizações suméria e acádica, já que falamos nisso.
La sidra del País Vasco también se mide en kilovatios: así es el nuevo proyecto agrovoltaico en Álava: A instalação de centrais de painéis solares é um assunto polémico, embora seja um aproveitamento muito óbvio numa região como a península ibérica, onde há muito sol, e muitos espaços vazios. O interessante acontece quando estes projetos assumem um uso dual, onde a instalação de painéis não implica a inutilização do campo agrícola.
Un ingeniero de Google se mudó a un camión aparcado en el campus de la empresa. Se ahorraba el alquiler y el 90% de su sueldo: Pináculos do capitalismo, a forma como se normalizou trabalhar (muito), relativamente bem remunerado, mas ter de se viver em condições precárias porque a combinação de sistema financeiro e especulação imobiliária torna incomportável alugar uma casa, e ter uma vida digna. É este o modelo que queremos para a nossa sociedade?
The case against humans in space: Como amante de FC (com especial prazer na Space Opera), sou daqueles que sonha com a vida no espaço. Mas as realidades sociológicas, tecnológicas e fisiológicas mostram que é um sonho quase impossível.