quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O Esqueleto


Roberta Cirne (2025). O Esqueleto. Lourinhã: Escorpião Azul.

O mês de outubro alonga-se, a chuva dá-se a mostrar, e as noites começam a pedir leituras de arrepiar. Nestes momentos, quem tem gostos clássicos sabe que o melhor é mesmo saborear as estéticas do horror gótico. Reminiscências oitocentistas, decadências, e almas penadas caem sempre bem, embora pro vezes fique de fora o casarão recortado contra a lua. É o caso deste O Esqueleto, adaptação de um conto de terror gótico de um autor brasileiro do final do século XIX. Com jeito, os trópicos tornam-se soturnos. Não temos as vielas escuras da Europa, mas sim o cruzamento entre a floresta e os traços coloniais portugueses na cidade de Olinda. Mas tudo o resto é puro gótico, entre emoções exacerbadas, dramalhão profundo, amores impossíveis e uma decadência moral que faria corar de vergonha o senhor Dorian Gray. Não pode faltar a lenda, a bela assombração feminina, e a queda na loucura de um homem perdido. O traço de Roberta Cirne evoca na perfeição o barroco negro do estilo gótico com um travo sul-americano, numa adaptação eficaz de um conto que adorei ficar a conhecer.