quinta-feira, 30 de maio de 2024

Spitfire: A Very British Love Story


John Nichol (2018). Spitfire: A Very British Love Story. Londres: Simon & Schuster UK. 

Uma aeronave extremamente simbólica, e também das mais bem conseguidas aeronaves militares da II Guerra. Para lá de ser um triunfo de engenharia aeronática, e um dos mais belos aviões de sempre, o Spitfire tornou-se um dos grandes símbos da resiliência britânica nos tempos de guerra. É um dos grandes ícones históricos.

A história da aeronave é contada por um antigo piloto da RAF, que pilotou Tornados na Guerra do Golfo. O livro aborda a evolução do avião, desde o seu desenvolvimento inicial nos anos que antecedem a guerra, ao constante aprimorar de uma plataforma já de si excelente ao longo do conflito, como resposta ao evoluir das ameaças aéreas inimigas. A história não se centra nos áridos pormenores técnicos nem em relatos históricos. Constrói-se a partir dos depoimentos, das memórias, dos seus antigos pilotos. Homens e mulheres que sobreviveram à guerra, vivento situações dramáticas e violentas. Entretecer o livro através destes depoimentos humaniza a história, porque se o foco está na aeronave, o que impressiona o leitor é o sentimento trazido pelas vivências daqueles que a pilotaram.

A obra atravessa os grandes cenários da II guerra, partindo a blitzkrieg e da queda de França, detalhando os momentos dramáticos da batalha da Inglaterra, o blitz, as operações sobre a França ocupada, o Dia D e a derrota alemã. Também olha para outros cenários de operação do Spitfire, entre a Birmânia e o norte de áfrica. É dada uma atenção especial a Malta, um teatro de operações que geralmente se fica por alguns parágrafos nos livros de história mas que, à luz das memórias dos pilotos que viveram os dias desesperados de cerco e bombardeamento imparáveis, com a RAF em extrema inferioridade numérica mas mesmo assim a conseguir evitar a ocupação da ilha, ganha toda uma dimensão de drama.

Este livro serve como elegia a uma icónica aeronave, recordando-nos que a história que conhecemos dos grandes movimentos se faz com os pequenos gestos e dramas individuais daqueles que viveram esses tempos.