terça-feira, 29 de agosto de 2023

Comics: Usher Down; Snikt!; Space Age.


Jason Henderson, Greg Scott, Felipe Sobreiro, Sandy King (2023). John Carpenter's Night Terrors: Usher Down. Storm King Productions.

E se a casa fraturada de Usher no conto de Poe fosse um local  real, oculto sob uma caverna, habitado pelos espíritos de crianças assassinadas e possuído por um coração? Uma casa soterrada, que oculta uma biblioteca viva a funcionar como musa para escritores de terror. Um mistério que será desvendado por um grupo ad-hoc, que inclui investigadores do paranormal, especialistas em espeleologia, aqueles que descobriram a casa por acidente, e professores de literatura. Leitura pouco consequente, mas divertida, a brincar com muita da iconografia de Poe.


Tsutomu Nihei (2003). Wolverine: Snikt!. Nova Iorque: Marvel.

Uma curiosa aventura do violento herói da Marvel, transportado para um futuro onde a humanidade, à beira da extinção, trava uma luta perdida contra bio-constructos artificiais. Essencialmente, é o estilo de Tsutomu Nihei, que se especializou neste género de narrativas. Não desilude, sabemos que podemos esperar espaços de decadência arquitetónica pós-industrial, e monstruosas criaturas bio-cibernéticas imparáveis. Um curioso cruzamento entre mangá e comics, chocando duas estéticas radicalmente diferentes.


Mark Russel, Mike Allred, Laura Allred (2023). Superman: Space Age. Nova Iorque: DC Comics.

Sejamos honestos. É o estilo visal de Mike e Laura Allred que atraem neste livro. A dupla tem um grafismo profundamente retro e pop, o que a torna muito adequada a histórias de tom retro. Superman: Space Age completa-se em três arco narrativos. Num, nos anos 60, assistimos ao surgir do Super-Homem, e outros heróis, no meio da ameaça nuclear da guerra fria. Os anos 70 mostram que os verdadeiros perigos não são as ameaças estelares ou os super-inimigos dos super-heróis, são as forças de bastidores políticos e económicos, que se movem para obter ganhos de poder e lucro à custa das sociedades. Os anos 80 trazem a extinção, como um dos universos aniquilados pelo Anti-Monitor (ou seja, este Space Age passa-se numa Terra paralela, das que será exterminada no clássico arco narrativo Crise nas Infinitas Terras), mas também a salvação, graças à inteligencia kriptoniana do Super-Homem, que encontrará uma forma elegante de preservar a humanidade numa outra Terra. Leitura divertida, com bons momentos narrativos, mas a valer mesmo pelo gosto que é o estilo gráfico dos ilustradores.