terça-feira, 16 de maio de 2023

The Girl Next Door


Jack Ketchum (2005). The Girl Next Door. Nova Iorque: Leisure Books.

Quando duas irmãs recentemente orfãs vão viver para casa da tia, numa vilória americana, vão catalisar patologias desviantes, que se irão traduzir numa espiral descendente de extrema violência. Acolhidas por uma mulher problemática com filhos incapazes de distinguir o bem do mal, a beleza de uma das raparigas vai despertar a ira da tia envelhecida, que a transmuta num progressivo agravar de agressividade sexualizada, que descamba em tortura, violência e assassínio. 

Mas o mais arrepiante são as reações do grupo de rapazes, amigos de infância, que se reúne à volta dos filhos da mulher. Assumem uma aceitação da violência, cedendo ao fascíno do poder, da capacidade de dominar por completo outro ser humano, de o manipular a seu bel prazer. Tornam-se cúmplices, e mesmo que sintam que  o que fazem é errado, envolvem-se nas sevícias violentas.

O livro é um mergulho na escuridão da violência, inspirado num caso real. Somos levados por um narrador ambivalente, inicialmente fascinado pela embriaguez de poder, mas que acaba por se arrepender e, no processo, tornar-se vítima. A escrita é límpida e bem ritmada, e é esse o problema do livro. Pretende ser um mergulho nas trevas, com um toque grand guignol, um estudo sobre a perversidade humana. Mas desenrola-se de forma previsível, com a clareza simplista de um policial procedimental, com algumas cenas de violência para estímulo da imaginação do leitor.