Machado de Assis (2014). O Alienista. Porto: Porto Editora.
Quando o médico de uma pequena cidade do interior brasileiro consegue convencer a câmara local a estabelecer um asilo para lunáticos, os pobres habitantes da terra mal sabem os que os espera. No seu afã científico de catalogar e curar os males de mente dos seus vizinhos, o médico lança-se numa onda de internamentos desenfreados que até leva a uma revolta. Nada se resolve, porque tudo pode ser mal da cabeça. mas os ânimos serenam quando o médico altera a sua estratégia, soltando os que considerava loucos do asilo, mas passando a encerrar as pessoas sérias e honestas, porque de facto, neste mundo, quem é sério e honesto não pode estar bom da cabeça, correto?
O corolário é o alienista acabar a pensar que ele próprio sofre de transtornos, e internar-se para se estudar e tentar curar a si próprio. Entretanto, os turbilhões sociais que as suas ações provocam numa cidade de província que quer ser vista como progressita, e cujos habitantes cedem às clássicas tentações do poder e importância, vão acalmando.
Crítica social mordaz, este pequeno livro é um delicioso estudo da vaidade humana, entre um proto-psicólogo convencido que é capaz de tratar os males do mundo e uma cidade cujos habitantes, em busca de poder, prestígio, ou para não perder a face, acabam por mergulhar numa forma muito própria de loucura.