terça-feira, 30 de julho de 2019
Captain America: Sentinel of Liberty
Mark Waid, et al (2011). Captain America: Sentinel of Liberty. Nova Iorque: Marvel Comics.
Confesso um certo fraquinho por este, que é o mais icónico dos personagens da Marvel, apesar dos seus óbvios contornos a puxar a nacionalismos e patriotismos. Se bem que a personagem tem uma gestão inteligente, mais a puxar aos ideais de liberdade e democracia do que simples acenar de bandeira. Nesta série de histórias assinadas por Mark Waid e outros, olha-se com um olhar moderno para as aventuras do passado do Capitão América. É um revisitar algo nostálgico, mas sem cair na emulação, das histórias clássicas dos anos 40, 60 e 70. Isso torna esta leitura divertida, ler o tipo de história simplista daqueles tempos contado com as técnicas narrativas atuais. Mas não vai muito para além disto, e depressa a série se perde em enfado.
domingo, 28 de julho de 2019
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Apollo Training: When Arizona Stood In for the Moon: Parece a superfície lunar... mas não é, são crateras artificialmente criadas (ah, cientistas a divertirem-se com explosivos) para treino dos astronautas das missões Apollo.
THEY WELCOMED A ROBOT INTO THEIR FAMILY, NOW THEY’RE MOURNING ITS DEATH: O intrigante nestas histórias é a forma como atribuímos uma sensação de vida a objetos inanimados. Relacionamo-nos com os nossos robots tal como o fazemos com os animais de estimação. Mesmo sabendo que as máquinas executam ações programadas, atribuímo-lhes sentimentos, e criamos relações de empatia. Algo que tem sido estudado, e está por detrás do Jibo, um robot criado pela equipa de Cinthia Brezeal no MIT, e que se tornou tristemente famoso por, após a empresa que o comercializava ter sido adquirida por outra empresa, ter um desligamento programado que corresponde a uma espécie de morte anunciada.
This TRS-80: Este foi o primeiro sucesso no domínio da computação portátil. Essencialmente uma máquina de escrever com memória e capacidade de executar programas, permitia a jornalistas escrever as suas notícias e enviar para a redação por linha telefónica. A história sabe melhor quando contada por um jornalista que ainda hoje gosta de usa o seu TRS-80.
Machine learning is about to revolutionize the study of ancient games: Intrigante, para quem se interessa por estas coisas. Usar aprendizagem automatizada para redescobrir as regras de jogo esquecidas dos jogos do passado.
tokyo in the 1970s, a pre-blade runner city, amazing unseen photos by greg girard: Japão, anos 70, no limiar da estética cyberpunk. As fotos são assombrosas, e curiosamente, mesmo sabendo que retratam um tempo que já passou, transmitem uma sensação de futurismo.
The Sunsetting Of DC Vertigo: Para quem lê comics, este fim anunciado da Vertigo não é nenhuma novidade, já se percebia há alguns anos que a DC Comics tinha decidido desinvestir naquela que, no seu auge, foi a chancela mais influente do mundo da banda desenhada. Diria até que se hoje os comics são respeitados e levados a sério, isso deveu-se ao trabalho dos argumentistas e ilustradores que desenvolveram livros e séries para a Vertigo. Inovaram em termos estilísticos, arriscaram comics mais adultos, atiraram-se a temáticas impensáveis nos comics tradicionais. Vieram de lá títulos como The Sandman, John Constantine Hellblazer, Transmetropolitan, V for Vendetta, Army@Love, iZombie, The Unwritten, The Invisibles, Daytripper, e tantos outros que afirmaram os comics como um género de abordagens profundas.
The Other Windows: Uma história do GeoWorx, um sistema operativo gráfico que poderia ter sido concorrência série ao Windows... mas não o foi, porque não havia aplicações para usar. Nestas coisas da computação, não é a excelência do SO que conta, mas sim a base de programas que se podem usar.
So, Gutenberg Didn’t Actually Invent the Printing Press: Não é novidade nenhuma que na China e Coreia já se conhecia a tecnologia da prensa e dos carateres móveis séculos antes da revolução de Gutenberg. Se lhe podemos retirar o título de criador da imprensa, no entanto há algo muito mais importante a observar: a verdadeira revolução cultural que o livro impresso veio trazer ao mundo europeu. Que eu saiba, os verdadeiros inventores da imprensa não passaram por nada comparável.
Space artist Chesley Bonestell: É sempre bom rever a obra de Chesley Bonestell, talvez um dos ilustradores que mais marcaram as iconografias do futuro no espaço.
The Fall and Rise of VR: The Struggle to Make Virtual Reality Get Real: O eterno paradoxo da realidade virtual. Aquela tecnologia que, desde os anos 60, explode regularmente como o grande futuro da computação, mas nunca se consegue afirmar como tecnologia de massas. Talvez porque aquilo que a torna interessante, o possibilitar imersão completa em mundos virtuais, seja também o que a prejudique. Imersos em RV, perdemos o contacto com o mundo real, e isso desmotiva. Não é uma profunda reflexão filosófica, apenas uma observação que talvez não nos queiramos isolar assim tanto do mundo real.
Hacker Used Raspberry Pi to Steal Sensitive NASA Docs: O que é que é preciso para hackear a NASA? Talvez um supercomputador? Ou basta um humilde Raspberry Pi? Cai-me o queixo ao descobrir que o microcomputador de baixo custo e baixa potência consiga ser usado para ataques informáticos à NASA.
The Resurgence of 3D Printers in Modern Learning Environments: O importante, aqui, é perceber que chegou ao fim o efeito novidade. O que interessa é integrar, colocar a impressão 3D como ferramenta educativa.
Plants talk to each other using an internet of fungus: Bem vindos à rede micelial. Uma superestrutura biológica composta por fungos, que se unem às raízes das plantas e árvores, permitindo que comuniquem entre si e troquem recursos. Uma verdadeira internet natural, que sublinha a visão da natureza como um superorganismo colaborativo e simbiótico. Numa nota geek: fiquei muito surpreendido quando descobri que um dos cientistas que estuda estas redes se chama Paul Stamets. Tive de ir verificar a coincidência: este também é o nome de um personagens-charneira da série Star Trek Discovery. É o cientista responsável pelo desenvolvimento e uso do motor experimental da nave, que é capaz de se mover... através de uma rede micelial à escala galáctica. Uma curiosa homenagem da série à verdadeira ciência.
Identifying a fake picture online is harder than you might think: E eu, que até nem sou muito inocente, caí que nem um patinho nestas imagens falsas. Notem, não foram criadas recorrendo aos mais recentes ou potentes algoritmos de deepfake. São simples manipulações básicas, algumas quase saltam à vista. O que estes estudos confirmam é que o problema das fake news não está só na falta de sentido crítico. Tempos muito curtos de leitura em fluxos de informação rápidos, ou confirmação de viés cognitivo, ideológico ou de conhecimento, são dos fatores mais importantes para o sucesso das notícias falsas. Como sempre o foram, aliás. Chamavam-se era boato e propaganda.
“Franz Kafka” the Brand, Alive and Well in Prague: Sim, mas terão os magotes de turistas que vão tirar selfies frente às estátuas a Kafka ou dormem nos hostels e airbnbs de mais apartamentos do que aqueles em que o autor viveu, alguma vez lido a sua obra? Há algo de absurdo, de certa forma, kafkaesco, nesta exploração da imagem de autores para fins turísticos.
Algunos colegios de EEUU están instalando micrófonos de 1000 dólares con inteligencia artificial para "detectar voces agresivas": Querem habituar as pessoas a regimes totalitários? Usem o argumento da segurança. Noutras circunstâncias, este tipo de aplicações tecnológicas despertaria a ira dos cidadãos. Mas com a desculpa da segurança, aceitamos sem pestanejar medidas invasivas e condicionantes do comportamento humano.
Racing Toward Yottabyte Information: Se acham que gigabytes é muito, e petabytes excessivos, notem que já começamos a medir a informação global à escala dos exabytes. Falta pouco para chegar ao Yotta. Porquê? Quanto maior a qualidade dos nossos artefatos digitais (com o vídeo à cabeça), maior a quantidade de bits que requerem.
Tinta nos Nervos: Um novo espaço literário em Lisboa, misto de livraria com galeria e café. O que é que o distingue? A atenção especial à banda desenhada de qualidade. Suspeito que valerá a pena visitar.
The history of video: Como é que passámos do filme ao vídeo, analógico e digital? O Veritasium explica. A enorme complexidade do vídeo digital nunca cessa de surpreender.
Looker and the Imagined Omnipotence of the 1980s Computer – Part 1: Wanderings 26/52: Formas do imaginário da cultura pop antever a computação nos idos dos anos 80, onde estes dispositivos ainda eram raros e primitivos, pelos nossos padrões.
The Beauty in Numbers, and the Numbers in Beauty: Esta questão dos padrões matemáticos da beleza, entre números de fibonacci e regras douradas, não é nova. E revela mais sobre a nossa necessidade de ver padrões em tudo o que nos rodeia, do que realmente propriedades estéticas intrísecas à matemática.
Europe says SpaceX “dominating” launch, vows to develop Falcon 9-like rocket: Foguetões reutilizáveis já não são nenhuma novidade, embora ainda não sejam 100% fiáveis. É bom ver a Europa a reagir à SpaceX e Blue Origin, embora algo tardiamente. É o problema da solidez industrial europeia neste domínio, alguma falta de flexibilidade perante outras inovações.
sábado, 27 de julho de 2019
quarta-feira, 24 de julho de 2019
Rick and Morty Presents, Vol. 1
Magdalene Visagio, et al (2019). Rick and Morty Presents, Vol. 1. Oni Press.
Sim, confesso, sou fã de Rick and Morty. A elegância de insanidade à solta com que esta série brinca com a FC seduziu-me. Mas não ao ponto de mergulhar nos seus spin offs. Este comic deu-me razão. Rick and Morty vive do dinamismo acelerado das cenas, do seu ritmo rápido, e das vocalizações dos atores. Os comics apenas conseguem replicar a lógica cómica dos guiões, as restantes dimensões ficam para trás. Não são tão interessantes quanto a série original. Isto é especialmente notório numa das histórias deste livro, que tenta ir pelas nuances temporais sobrepostas, mas falha por completo no ritmo das pranchas.
Como spin off da série, este comic reconta alguns detalhes das histórias dos episódios. Os argumentistas tentam ser divertidos, os ilustradores seguem o estilo gráfico da série, mas os resultados não são convincentes. Por vezes, a transposição entre media funciona. Estou a pensar no caso Star Wars, onde a banda desenhada não só complementa como levou mais longe o universo cinematográfico. Noutras vezes, não, e Rick and Morty é um exemplo disso. Por muito divertido e over the top que seja Pickle Rick.
domingo, 21 de julho de 2019
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CENTENÁRIO DE UM GIGANTE: ETCOELHO (6): O BDBD recorda-nos que na sede do Clube Português de Banda Desenhada está patente uma série de exposições temáticas que se foca nalgumas vertentes da obra de Eduardo Coelho, um dos grandes nomes da banda desenhada portuguesa.
Enabling Revolutionary Nondestructive Inspection Capability. Querem aproveitar para fazer parte do próximo desafio da DARPA? A agência de desenvolvimento de tecnologias avançadas está a lançar um novo programa, para o desenvolvimento de tecnologias de imagiologia não invasiva avançada que não danifiquem os objetos observados. O objetivo é levar mais longe as capacidades dos sensores, e diminuir os efeitos nefastos do tipo de radiação usado no tipo de tecnologias de que já dispomos. Vindo da DARPA, as aplicações primordiais estão na área da segurança - pensem em análise de carga em portos, ou scanners corporais em aeroportos. Mas a medicina também poderá beneficiar, este tipo de tecnologias poderá diminuir os riscos de usar o raio X como meio de diagnóstico. O lançamento está feito, e estes desafios da DARPA geralmente trazem resultados. Só não lhe chamam de tricoder.
Desmistificando a teleologia neo-milenarista de Steven Pinker em duas partes: Aviso ao leitor - David Soares, um dos melhores escritores de horror fantástico português, tem uma prosa gongórica e nem sempre acessível. Mas os seus textos são desafiantes, e o seu background em história é perfeito para desmontar os pressupostos falsos em que assenta o ideário de alguns dos gurus da intelectualidade pop da atualidade.
What Can AI Tell Us About Fine Art?: Não surpreende se a resposta for bastante, se a pergunta for feita da maneira certa. Neste projeto, a premissa foi a de usar aquilo que a IA tem de melhor, a sua capacidade de análise estatística e deteção de padrões, para analisar obras de arte e detetar que características as tornam memoráveis ao olhar humano. Note-se, por memorável a investigadora não quis dizer brilhante, de vanguarda ou impressionante, simplesmente soltou o algoritmo em busca das características que nos fazem perdurar uma imagem na memória durante mais tempo. Os resultados são interessantes, e alguns casos contra-intuitivos às nossas conceções estética. O que nos ajuda a perdurar uma imagem artística na memória? Imagens fortes; o tema das imagens, ao invés de combinações de cores; nu artístico (esta, não surpreende ninguém) e imagens abstratas, onde a ausência de conteúdo objetivo é o fator de memoriabilidade. Na imagem, algumas das obras de arte que o algoritmo determinou serem as mais memoráveis. Algumas são grandes obras de arte - se olharem com atenção, estão por lá obras de Whitler e Rubens. Outras, não. Este tipo de estudos mostra a Inteligência Artificial no seu melhor, aplicada para nos ajudar a compreender melhor o que nos torna humanos. E se há algo que parece ser intrinsecamente humano é a capacidade estética e necessidade de expressão e criação artística.
Computers and Video Surveillance: Isto é um pouco observar o óbvio. A capacidade das correntes ferramentas de videovigilância se tornarem fortemente intrusivas e limitarem as nossas liberdades é enorme. Porque videovigilância hoje não é uma câmara isolada a vigiar um local específico. São redes de câmaras, cujas imagens de alta resolução são constantemente analisadas por algoritmos de deteção de padrões de movimento e reconhecimento facial. Sabemos, pelo exemplo chinês, a extensão com que esta tecnologia pode ser usada para repressão da população. É arrepiante pensar que no mundo ocidental as mesmas tecnologias já estão implementadas, e não há quadros legislativos que se debrucem especificamente sobre o seu impacto nos direitos, liberdades e garantias que constituem a base do nosso contrato social.
The World Is a Mess. We Need Fully Automated Luxury Communism: Um apelo em direção a uma sociedade pós-escassez, que graças à combinação de tecnologia e exploração espacial parece começar a tornar-se possível sem custos ecológicos incomportáveis. O obstáculo? Uma ideologia económica que dita que os recursos e os resultados da sua exploração ficam centrados nas mãos de uma minoria. Levar mais longe o progresso social, económico, tecnológico e ambiental implica que comecemos a encontrar formas de evoluir além do capitalismo.
Take A Look At The Special-Colored F-16 That Celebrates the 800th Anniversary Of Denmark’s Flag: Se Portugal se orgulha de ser o país mais antigo da Europa, a Dinamarca tem a bandeira mais antiga. Comemorou recentemente os seus 800 anos, e a força aérea dinamarquesa aplicou um esquema de cores num dos seus F-16 para comemorar o evento. Diga-se que a aeronave ficou muito bem.
Un método para detectar rostros «retocados con Photoshop» y alertar sobre manipulaciones y fakes: É o jogo do gato e do rato. Na era da imagem digital, detetar se as fotos são reais ou manipuladas é cada vez mais difícil. Esta ferramenta ajuda, mas só se centra na manipulação por edição de imagem e não responde às problemáticas levantadas pela manipulação usando ferramentas de inteligência artificial
Estonia: From AI judges to robot bartenders, is the post-Soviet state the dark horse of digital tech?: Tive há pouco tempo a oportunidade de ouvir Andres Ääremma, chefe do Departamento de E-Serviços do Ministério da Educação da Estónia, falar da experiência de um país que levou a digitalização a sério. A interação com os serviços públicos é feita de forma totalmente digital, exceto em dois casos: escritura de imóveis ou casamentos, onde ainda se requer a presença dos requerentes numa repartição física. Os seus programas de tecnologia na educação são de topo. Um exemplo de um país que se reinventou, e nos aponta como poderíamos fazer no que toca à virtualização de serviços.
Beyond the Curtain – Sintra: Os autores de um dos mais interessantes livros de banda desenhada editados em Portugal no ano passado detalham um pouco do seu processo criativo, para o portal português de cultura fantástica que divulga o que por cá se faz para o público internacional.
Dogs’ Eyes Have Changed Since Humans Befriended Them: Curiosidades da adaptação via simbiose. Uma das diferenças que distingue os cães dos lobos a partir dos quais evoluíram é o olhar. Os músculos dos olhos dos cães modificaram-se ao longo do tempo para conseguirem fazer aqueles olhares que nos derretem. A musculatura permite expressões faciais complexas. E o processo é simbiótico. A troca de olhares com os cães liberta ocitocina no cérebro de cães e humanos. Empatia, tem bases biológicas profundas.
APOLLO 11 IN REAL TIME: Uma excelente forma de comemorar o aniversário da primeira ida à lua, é seguir a missão como se fosse em tempo real a partir deste site.
Massive 3D Dataset Helps Robots Understand What Things Are: Recordem-se. Inteligência Artificial não é magia nem máquinas que adquirem inteligência. É leitura e identificação de padrões, e isso requer bases de dados massivas. criadas e anotadas por humanos.
Anti-Plastic Bag Activists Have a New Weapon: Shame: A ideia parece boa. Criar sacos de plástico com mensagens que deixam quem os usa supostamente envergonhados. Mas suspeito que o efeito seja o oposto. Pessoalmente, adoraria andar na rua com um destes sacos do VHS video emporium...
Liu Cixin’s War of the Worlds: Um mergulho profundo na obra e personalidade daquele que é o escritor chinês de ficção científica com maior projeção global. Uma projeção merecida, a sua triologia Three Body Problem é excecional. A FC chinesa está em alta, e a chegar cada vez mais aos leitores europeus e americanos. Não está traduzido por cá, claro.
If machines want to make art, will humans understand it?: Um ponto de vista intrigante. A compreensão da arte está interligada com a empatia que sentimos perante o outro ser humano. Com as máquinas, isso não nos é possível. Não nos é possível conceber como é ser uma máquina, tal como apenas conseguimos imaginar como seria ser algo não humano, e não compreender isso verdadeiramente.
The Rise of AI Art—and What It Means for Human Creativity: Por vezes, este tipo de artigos esquece que o melhor que a arte gerada por IA tem a oferecer está na combinação da intuição humana e as estéticas das capacidades de processamento permitidas pela tecnologia. Alguns dos projetos destacados neste artigo são claramente gimmick destinado a atrair a atenção e sem qualquer conteúdo artístico. Outros, experiências válidas e interessantes, que expandem os limites das estéticas.
Why a Computer History Museum Owns a Legendary Teapot: O problema desta imagem é saber se é real, ou um rendering 3D. Adoro esta história da historia da computação gráfica. Nos anos 70, se não me falha a memória para datas, o investigador Mike Newell, então aluno do mítico laboratório de computação gráfica no Utah que criou a primeira digitalização 3D de um carro (essa história fica para outro dia), desenvolveu uma técnica matemática para representar superfícies curvas em modelação tridimensional. Sem inspiração sobre que objeto recriar para testar a metodologia, a esposa sugeriu-lhe o bule do serviço de chá do casal. E assim se fez história da computação. Este ficou conhecido como o bule de chá do Utah e é uma das imagens mais reconhecidas pelos conhecedores do 3D. O modelo perdura como easter egg em filmes, modelo de testes de modelação e animação. O original, de porcelana e não de pixels, foi doado a um museu dedicado à computação.
New hypersonic missiles will have 3-D printed engines: Mais um sinal da manufatura aditiva nas tecnologias de ponta. O projeto de novos mísseis hipersónicos da Raytheon e Northrop Grumman aposta nos motores impressos em 3D para melhorar a eficiência técnica destas armas.
AI deepfakes are now as simple as typing whatever you want your subject to say: Ok, não é assim tão simples, até porque estes algoritmos estão em testes e desenvolvimentos em laboratório. Mas a técnica é intrigante: fazer com que o algoritmo de IA, treinado em expressões faciais e labiais, modifique as palavras de uma imagem vídeo com input em tempo real.
Die. Freeze Body. Store. Revive.: A criogenia é ao mesmo tempo um reflexo daquela atitude perante a mortalidade que nos caracteriza como humanos e do desejo de imortalidade. No passado, enterrámos os nossos mortos em mausoléus elaborados, pirâmides ou sepulturas cheias de objetos. Hoje, apostamos na extensão da vida através da ciência, e congelamo-nos na vaga esperança de, no futuro distante, ressuscitarmos.
sábado, 20 de julho de 2019
quarta-feira, 17 de julho de 2019
The Calculating Stars
Mary Robinette Kowal (2018). The Calculating Stars. Nova Iorque: TOR.
Confesso, a curiosidade ficou desperta ao saber que este livro tinha ganho o prémio Nebula deste ano. Isso, e a premissa, que me pareceu imperdível: no rescaldo de um meteorito que arrasou a costa leste americana nos anos 50, a humanidade percebe que não tem outra alternativa, a sua sobrevivência está na colonização do sistema solar.
Esta premissa tem o seu quê de história alternativa, recriando as corridas espaciais da história real sob um prisma pré-apocalíptico, de esforço global (tirando, claro, as rivalidades ideológicas da guerra fria). O impacto fez mais do que arrasar a costa leste americana. Provocou um desequilíbrio nos padrões climáticos que trará a curto prazo um irreversível aquecimento global. Apesar de isso não ser compreensível pela maioria da população, que não se sente ameaçada pela subida da temperatura média nalguns graus (pois, se toparam a crítica à nossa contemporânea passividade face ao aquecimento global,é porque é bem visível), o futuro da humanidade passa por sair do planeta. E, para isso, os desenvolvimentos das tecnologias de exploração espacial têm de ser acelerados.
Por fascinante que seja este cenário, não passa disso mesmo, de um pano de fundo. A verdadeira história deste romance não é a marcha da humanidade rumo à órbita. São as lutas de uma mulher brilhante, em busca da igualdade. Tudo o que ela quer é ser astronauta. Reúne todas as condições. Ex-piloto das forças auxiliares que levavam aeronaves à frente de combate na II guerra, é uma matemática brilhante. Trabalha como computador, um aceno realista de Kowal quer à história da computação, quer à da exploração espacial. Computadores são aqueles que eram empregues nos complexos cálculos necessários para avançar a tecnologia espacial, nos tempos em que as máquinas a que hoje chamamos de computadores estavam a dar os primeiros passos. Um trabalho rigoroso e meticuloso, que era sempre entregue a mulheres.
Mesmo após uma catástrofe quase terminal, num contexto de sobrevivência através da cooperação global, esta América dos anos 50 é tão hostil a todos os que não sejam homens brancos como a real o era. É essa a verdadeira história do romance, um olhar sobre a luta emancipatória de minorias, sempre a lutar pela igualdade perante uma sociedade controlada por homens que as tentam travar em todos os passos.
Há um certo lado de romance cor de rosa neste livro. A mulher astronauta acabará por triunfar, vencendo as adversidades, mantendo o seu lado feminino, acompanhada por um marido que encarna o homem ideal dos romances cor de rosa. Este toque ingénuo estrutura todo o livro.
Percebe se porque é que venceu os Nebula. É um romance light de FC social, em si uma vertente importante do género. Pensemos, por exemplo, no trabalho de LeGuin. Mas Kowal não é nenhuma LeGuin. A sua FC social é fortemente linear e ingénua. Agrada aos #metoos, ou aos progressistas mais superficiais. Para os fãs de FC hard, fica o cenário de fundo, de história alternativa com muitos acenos à história da era especial (um pormenor que apreciei: a primeira estação espacial chama-se Lunetta, um aceno aos projetos marcianos de VonBraun). Não sendo um livro espantoso, dei por mim a não ser capaz de parar de o ler. Por vezes, também precisamos de histórias ingénuas, que nos recordem o quanto ainda temos de progredir.
segunda-feira, 15 de julho de 2019
Superman: Dark Knight over Metropolis
Algumas histórias em que Batman e Superman se cruzaram em Metropolis, a maior parte delas num longo arco detalhando um combate contra uma máfia criminosa que ameaça a cidade. A história mais interessante é Skeeter, com argumento de John Byrne e ilustração de Art Adams. Numa cidadezinha do interior profundo do sul dos Estados Unidos, os dois personagens icónicos da DC envolvem-se num misterioso surto de vampirismo, aparentemente ligado a uma jovem adolescente. Que, na verdade, é uma vampira centenária, imortalizada como adolescente. Uma aventura em que, por pouco, o grande Super-homem quase se transforma em vampiro. Há também, criada por John Byrne, uma curiosa história que parece replicar a origem do Quarteto Fantástico da Marvel no universo DC, mas com tudo a correr mal aos personagens.
domingo, 14 de julho de 2019
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Heavy Metal magazine's 1979 H.P. Lovecraft special: Moebius a ilustrar Lovecraft? Esta, e outros docinhos para os fãs dos mythos, neste post do 70s Sci-Fi Art.
Africa’s Lost Kingdoms: O contraste entre a visão tradicional europeia de África com um continente de selvagens, e a realidade dos diversos reinos, civilizações e unidades políticas que existiram até ao colonialismo.
Ai-Da the robot artist's first exhibition has us asking: What even is art?: Um robot de aspeto humanóide que pinta telas? Apesar do meu gosto, e respeito, pelas experiências de criação de arte usando Inteligência Artificial, robots e algoritmos, pela maneira como isto está montado suspeito de gimmick fácil para atrair atenção, com uma base tecnológica elementar. Um bocadinho como o Sophia, que é essencialmente um boneco animatrónico, e os jornalistas clueless que escrevem artigos sobre ela ser um robot inteligente.
How the world fell in love with manga: O autor do artigo revela surpresa pela forma como o mangá se afirmou como media de relevância cultural. Suspeito que não tenha estado atento aos gostos que os mais jovens evidenciam. Há tempos, em conversa com um dos líderes do Rubberchicken, ele observou que o que via nos alunos dele era o predomínio da cultura japonesa alimentada pelos mangá seinen e shonen. E, nos meus, que são bem mais novos, aparece o mesmo padrão. As novas gerações mostram-se influenciadas pelo Japão, em contraste com os fãs mais maduros do continuum pop Marvel/DC dos comics. São movimentos naturais. Recordo-me quando era adolescente, me sentia frustrado por os comics serem menorizados, enquanto o gosto cultural se focalizava na bande dessiné franco-belga, agora praticamente esquecida por cá. Quanto ao mangá, quer sejam fãs irredutíveis de BD ou comics, deixem-se de paroquialismos e partam à descoberta desta forma nipónica de contar histórias, que tem autores e obras absolutamente geniais.
AMBER LUMP HOLDS SURPRISING 100M-YEAR-OLD CREATURE: Do fascínio do passado profundo, preservado no âmbar.
Twenty-one years of using insect resistant (GM) maize in Spain and Portugal: farm-level economic and environmental contributions: Interessante. O uso de plantações genéticamente modificadas na península ibérica teve dois grandes impactos: melhoria dos rendimentos dos agricultores, devido ao aumento da produção, e diminuição do impacto ambiental, porque estas culturas requerem menos pesticidas dos que as tradicionais. Um bom argumento para usar nas eternas discussões com os naturalistas orgânicos, que não se apercebem que a razão pela qual a humanidade se escapou aos ciclos de fome e escassez de alimentos se deve precisamente àquilo que mais atacam, a agricultura industrial e científica. É essa abundância que lhes permite os recursos para poderem alimentar-se de leite de amêndoas e saladas de bulgur temperadas com especiarias orgânicas. Mais intrigante é o desmontar do impacto ambiental negativo das culturas geneticamente modificadas. Faz sentido. Afinal, estas plantas foram modificadas precisamente para serem mais resistentes a pragas e insetos.
Somebody’s Watching You: The Surveillance of Self-Driving Cars: Não é nenhuma novidade. Os meios digitais trouxeram-nos uma sociedade panopticon embebida nas próprias bases técnicas da tecnologia. Os sensores que comunicam entre si e nos permitem a inteligação digital são perfeitos dispositivos de hipervigilância minuciosa. E no futuro dos veículos autónomos e internet das coisas, esta tendência só irá aumentar.
10 Tourist Sights Around The World On Instagram Versus Reality: Um aviso aos turistas incautos que se guiam nas suas visitas pelas glórias visuais das redes sociais. Aquelas imagens de sonho que perseguem? Dificilmente as vão conseguir. Em vez do silêncio idílico da paisagem de sonho, levam com os empurrões dos magotes de turistas que também vieram em busca daquele momento perfeito que viram nas redes sociais. Aqui, falando como alguém que gosta de fotografia, só posso recomendar que não vão atrás da imagem icónica, e se tiverem paciência, muita paciência, conseguem fazer fotos interessantes mesmo nos locais mais entupidos. Há sempre ângulos que evitam as multidões, ou raros momentos em que os espaços se esvaziam.
Why We Write About This Thing Called the Future: Um ponto de vista intrigante. De onde partiu a nossa saudável obsessão com o futuro? Para este articulista, o Iluminismo, com as suas ideias de progresso social e científico, foi o responsável por nos mudar o ponto de vista, nos levar a imaginar e antecipar futuros possíveis.
Chaohuan: Intrigante. Novas palavras para um novo tempo.
One Day, All of This Will Be Embarrassing: É normal. Depois do entusiasmo com as partilhas em redes sociais e oversharing associado, as normas sociais evoluem. As partilhas não restritas começam a ser mal vistas, e isso nota-se logo na atitude dos mais novos face ao que partilham nas redes.
Embraer’s new EmbraerX eVTOL concept is accessible, autonomous and courteous: Mais um conceito que se junta ao de aeronaves pessoais autónomas. Mas, ao contrário da Airbus, Boeing, Lillium e outras, este projeto da Embraer parece mesmo ser um conceito, e ainda nenhuma aeronave tangível.
Turn-of-the-Century Thinkers Weren’t Sure If Women Could Vote and Be Mothers at the Same Time: São-nos absurdos, hoje, artigos como este que, em 1900, defendia que as mulheres não deviam ter direito ao voto porque já estavam demasiado ocupadas com tarefas domésticas e maternidade, e terem se de preocupar com leis e política seria uma sobrecarga para elas. Pessoalmente, não leio estes artigos com um olhar do tipo olhem só o quanto progredimos. Vejo-o por um outro prisma: dentro de cem anos, quais das nossas normas sociais aceites, pressupostos sobre os quais construímos a nossa visão do mundo, se terão tornado absurdos e obsoletos?
Space Robot Roll Call: Por onde é que andamos no sistema solar? Este gráfico mostra as correntes missões de sondas em missões científicas, quer em órbita ou na superfície de planetas, quer a caminho.
Caption Spotlight (12 Jun 2019): Dune Footprints in Hellas: Para arquivo nas categorias o universo é estranho e isto anda tudo ligado. Esta imagem de uma duna marciana captada pelo Mars Reconnaissance Orbiter faz-me lembrar qualquer coisa. Talvez... to boldly go where no martian has ever gone before?
Tehran’s Desert Ghost Towers look like a Zombie Movie Waiting to Happen: Sintomas de futuros em descarralimento. A confluência da pressão demográfica, especulação financeira e urbanística, e condições reais em terrenos isolados em zonas desérticas dá nisto. Cidades enormes, construídas e equipadas para o futuro, mas sem habitantes. Como templos desertos às ilusões da arquitetura.
The Cold War Bunkers of Albania: Já que falamos em ilusões da arquitetura... sob a ditadura de Enver Hoxha, a Albânia tornou-se um estado isolado e paranóico. Obcecado com o risco de invasões dos antigos aliados soviéticos, ou ocidentais, que nunca aconteceram, o ditador transformou a paisagem do país mandando construir milhares de bunkers, linhas de defesa contra invasores que nunca se deram ao trabalho de aparecer. Estes monumentos à inutilidade são hoje ruínas de cimento em desagregação.
The information arms race can’t be won, but we have to keep fighting: Já tínhamos notado. A informação, ou melhor, a desinformação, é a grande arma deste princípio de século XXI. Fake news, apelo a enviesamentos, trolls digitais, bots, tudo vale para otimizar a desinformação usando os canais digitais.
The Surprising Ways Art Has Advanced Astronomy: As relações surpreendentes entre arte e astronomia. Dois campos que nos legam imagens de tirar o fôlego.
sábado, 13 de julho de 2019
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Midnight Radio
Iolanda Zanfardino (2o19). Midnight Radio. Lion Forge.
Definitivamente, um livro millenial. Um termo que geralmente é usado de forma pejorativa por parte de uma geração para a qual é inconcebível que os seus sucessores pensem, ajam e tenham valores diferentes das gerações predecessoras. No entanto, aqui o termo cai que nem uma luva. As histórias não interconectadas deste Midnight Radio exprimem a afirmação de valores, e a busca por uma definição de vida, de toda uma nova geração. São histórias simples, mas de tensão, entre famílias, entre valores tradicionais de autoridade e emprego, entre fazer o que é socialmente imposto e o que o indivíduo sente como o correto. Um pormenor curioso e interessante: as histórias têm todas uma paleta monocromática, variando a cor de acordo com cada personagem. Midnight Radio é um livro que representa as novas histórias que têm significado para uma nova geração.
quarta-feira, 10 de julho de 2019
Dylan Dog: Inferni; Dal Profondo
Tiziano Sclavi, Carlo Ambrosini (1990). Dylan Dog #46: Inferni. Milão: Sergio Bonelli Editore.
O inferno é um lugar de trevas e ranger de dentes... ou esse pode ser um dos muitos infernos possíveis. Tantos quanto a diversidade da alma humana, e o que leva uma alma a ir para um ou outro inferno é, talvez, um processo aleatório. Alguns infernos poderão mesmo ser paraísos. Mas aquele com que Dylan Dog se cruza nesta aventura, definitivamente não o é. Este inferno é, passe a expressão, um inferno de burocracia, uma eternidade de preenchimento e carimbar de formulários. E se um desses documentos tiver um erro, a vida real pode levar voltas estranhas. Nesta aventura, a credibilidade de Dylan é posta em causa quando, ao tentar ajudar uma amiga em luto pela morte do marido, uma troca burocrática nos infernos o faz pensar que esta terá tido culpas na morte do esposo. É uma excelente história de Tiziano Sclavi, com o seu surrealismo negro em estado de fino humor puro.
Tiziano Sclavi, Corrado Roi (1988). Dylan Dog #20: Dal Profondo. Milão: Sergio Bonelli Editore.
Uma divertida colisão entre inspirações em Psycho e Swamp Thing, com toques de drama de terror vitoriano. Um hotel inglês, tutelado por um certo e fiel à sua mamã Norman Bates, é palco de bizarros assassinatos. Tentáculos de matéria saem dos canos e desmembram vítimas incautas na casa de banho. Ao investigar a verdade, Dylan deparar-se-á com uma história de abandono infantil nos esgotos, criaturas misteriosas, herdeiros decadentes e psicóticos de velhas famílias, e até um monstro ingénuo que está apaixonado por uma serial killer. O tom de exagero nesta aventura do Old Boy é mantido em tom elevado com toques agudos de sangue.
domingo, 7 de julho de 2019
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Willem de Kooning: Acrobat with a Paint Brush: Recordar um dos nomes maiores do abstracionismo e expressionismo abstrato, cuja obra ainda hoje nos causa um impacto sensorial fortíssimo.
Doctor Manhattan Just Redefined Superman in Doomsday Clock: Ainda não consegui perceber se Doomsday Clock, o arco narrativo que está a interligar o mundo ficcional de Watchmen com a continuidade regular do universo DC, é interessante. Em parte, isso deve-se ao pedantismo de Geoff Johns em mimetizar o trabalho de Alan Moore, imitando-lhe as técnicas narrativas. Chega ao ponto de usar um ilustrador cujo estilo é muito similar ao de Dave Gibbons. Já o twist parece ser uma piscadela de olhos à própria DC: tudo gira à volta do Super-Homem.
‘Robots’ Are Not 'Coming for Your Job'—Management Is: Certeiro. O grande impulso da automação vem da gestão, como forma de aumentar lucros e racionalizar processos produtivos. Não são os robots que vão substituir os humanos, são os gestores que estão mortinhos por reduzir os custos com força laboral. E este é um dos grande problemas que a automação está a colocar à sociedade. Neste cruzamento entre tecnologia e neoliberalismo, a lógica da automação é descartar o ser humano dos processos económicos.
The guy who made a tool to track women in porn videos is sorry: Isto é muito, muito creepy. E sintomático de comportamentos obsessivos de sanidade mental altamente discutível. É elevar a fasquia do stalking a um nível inesperado.
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Lego is celebrating the 50th anniversary of Apollo 11 with a new lunar lander set: Acho que falo por todos os potenciais leitores destas Capturas na Rede: shut up and take our money?
“Strato-Goose”? Stratolaunch to Discontinue Operations After Single Flight.: Bem, pelo menos conseguiram meter o Stratolaunch a voar. No fundo, esta notícia sublinha os riscos de se ter o desenvolvimento de tecnologias e exploração espacial muito dependentes do carisma de um punhado de milionários. Após a morte de Paul Allen, seu fundador e um dos donos da Microsoft, a empresa não demorou muito a extinguir-se. Agora pensem. O que aconteceria aos fantásticos esforços da Space X se Elon Musk morrer repentinamente? Ou aos da mais discreta Blue Origin se Bezos se esfumasse?
Let Your Robot Take the Final: E se usássemos algoritmos de aprendizagem individualizada (não é uma ideia nova, já desde os anos 60 que se fala disso), que refletem percursos formativos, e fizessem exames por nós? A ideia é gira, mas dispara ao lado. A grande questão é se, na era da Inteligência Artificial e quando sabemos que o conhecimento só gera valor quando aplicado, em que as capacidades criativas e de socialização são as que nos distinguem dos algoritmos, vale mesmo a pena continuar a insistir neste sistema de avaliação por exames, que avalia apenas a prestação por memorização num dado momento.
Nothing Prepares You for Visiting Omaha Beach: Uma visão mais crítica sobre a II Guerra aponta que o que realmente levou à derrota da Alemanha nazi foi a brutal frente leste e o rolo compressor em que se tornou o Exército Vermelho. Também podemos apontar que as primeiras invasões anfíbias dos Aliados ocorreram mais a sul, na Itália. Mas, de facto, a simbologia do dia D é enorme, e apontar para visões alternativas não diminui em nada o seu simbolismo. Estamos próximos do 6 de junho, quando se irão comemorar os 75 anos sobre este ponto fulcral da II Guerra, e cabe a Trump a homenagem aos caídos, e aos sobreviventes. Não consigo pensar em pessoa menos apropriada para o fazer.
Space Ship Designer - 1: Robert McCall é mais conhecido pelas ilustrações que fez para a NASA, mas no tempo livre também gostava de desenhar naves de pura sci-fi.
Rare footage of the "uncontacted" tribe that killed the missionary who illegally went to their island to preach: Conseguem imaginar uma vida sem espaços urbanos, cuidados de saúde, tecnologia avançadas e todas as amenidades que passámos a considerar como elementares? Para algumas raras, muito raras, tribos no Amazonas e Papua, o contacto com o mundo moderno é muito ténue. E, nas áreas ameaçadas pela agricultura intensiva, exploração mineira ou madeireira, não é um contacto positivo. Ainda temos este caso muito especial das ilhas Andaman, um arquipélago indiano no oceano índico. Uma das suas ilhas é lar de uma tribo isolada e especialmente aguerrida, que recusa de forma agressiva qualquer contacto com o exterior. O governo indiano optou por uma postura de não intervenção e criou o equivalente à prime directive de Star Trek. A área está interdita, e as tentativas de contacto com esta tribo são punidas. Isto, claro, se sobreviverem à tentativa. De vez em quando, sai mais uma notícia de pescadores perdidos ou missionários em missão evangelizadora mortos por se terem aproximado demais da ilha. Esta tribo não desconhece o mundo exterior. Apenas recusa-se a interagir com ele, algo que os antropólogos que a estudam, à distância, atribuem à memória de contactos violentos com outras tribos, no passado.
It’s 2059, and the Rich Kids Are Still Winning: Entre o conto de FC e o relatório frio. Ted Chiang assina para o New York Times este texto futurista, numa secção do jornal dedicada à antecipação. E fá-lo no seu habitual estilo meticuloso e seco. Neste conto, Chiang leva-nos a meditar sobre as promessas, e os perigos de aprofundamento do fosso de desigualdades, das terapias de melhoramento humano através da manipulação genética.
La patente del PageRank de Google ha expirado hoy: Se estão com vontade de criar a vossa própria google, vão gostar de saber que a patente do algoritmo PageRank original expirou. Claro que a google hoje usa versões bem mais sofisticadas deste algoritmo, mas pelo menos, sempre dá para olhar para aquele momento em que a forma como a internet era usada se alterou defintivamente.
DEEP-SEA DIVERS AND INDUSTRIAL ESPIONAGE: ON THE FRONT LINES OF THE NEXT COLD WAR: Não vivemos num mundo inocente. E, por vezes, o incrível acontece. Como nesta história em que uma empresa de hardware viu os seus dispositivos mais recentes copiados por uma concorrente chinesa. As suspeitas de fuga de informação não deram em nada, naturalmente... porque o que os chineses fizeram foi contratar mergulhadores para roubar um dos dispsitivos. Esta, e outras, mostram que a questão da Huawei não é preto e branco.
Revista H-alt #08: Este é um dos projetos mais interessantes na banda desenhada portuguesa. A H-alt é uma revista especializada em dar espaço aos novos autores, e cada número conta sempre com boas surpresas. Pode ser lida online gratuitamente, a versão em papel custa dez euros e costuma estar à venda em eventos ou livrarias independentes.
Amazon says it has deployed more than 200,000 robotic drives globally: É impossível não notar que esta empresa está na vanguarda da automação, pelas melhores e piores razões. No lado negativo destacam-se as suas práticas laborais, conhecidas pela forma opressiva como gerem os seus funcionários. No positivo, a substituição da mão de obra em trabalhos repetitivos e mecanizados.
On YouTube’s Digital Playground, an Open Gate for Pedophiles: A ironia disto é que os algoritmos de recomendação estão apenas a fazer aquilo para que estão programados: otimizar o tempo de estadia no site, oferecendo sugestões que mantenham desperta a atenção dos utilizadores. Se os começa a levar para campos eticamente discutíveis, é apenas a conclusão lógica da otimização. Isto só me faz lembrar a clássica parábola da Inteligência Artificial criada para produzir clipes da forma mais eficiente possível, que acaba a exterminar a humanidade para otimizar ao máximo a sua produção.
First Buck Rogers Film: Para aqueles que acham que a Ficção Científica tem de ser sempre futurista e preditiva, artefactos como este parecem provar que o género envelhece mal. No entanto, este tipo de estéticas mostra outra coisa. Recordam-nos como do passado viam os futuros possíveis, prováveis ou improváveis. E mostra-nos, também, que as nossas visões contemporâneas, que consideramos tão à frente e interessantes, também se irão tornar, no futuro, algo que oscila entre o kitsch e o deliciosamente retro.
Not iPod, iPAQ: Nos anos 90, quando os PCs desktop dominavam e falar-se de computação móvel parecia um sonho futurista, já existiam dispositivos que permitiam ter o computador na palma da mão. Variavam de capacidades entre os simples PDAs com sistema operativo básico, aos mais avançados da Palm. O Tedium recorda-nos um destes precursores dos tablets e smartphones: o iPAQ, um pequeno computador de bolso capaz de competir com os dispositivos Palm OS, que à altura dominavam o mercado. Tudo mudou no início do século XXI, com a óbvia convergência entre telemóveis e computadores de bolso, e especialmente a partir do momento em que Apple lançou o iPhone.
ARPANET, Part 2: The Packet: Um mergulho na história da Internet, que nos fala das decisões que levaram à adoção do encaminhamento por pacotes, que é a base das comunicações online.
THE CATCH-22 THAT BROKE THE INTERNET: Esta semana, o meu lado de administrador de sistemas foi surpreendido com mensagens da Google a reportar falhas de serviço generalizadas. Não são incomuns, mas costumam ser rapidamente resolvidas. Mas não esta. Passou quase um dia até a situação estar estabilizada. Este artigo da Wired detalha o que aconteceu: uma manutenção de rotina que entre erros, bugs e políticas automatizadas de salvaguarda de tráfego em redes (ironicamente, que serviam para evitar este tipo de situações), quase paralisou a maior parte dos serviços Google. E, com isso, parte da internet. É bom que estas coisas aconteçam, para nos recordar a complexidade da infraestrutura técnica que sustenta os serviços digitais de que dependemos.
Esta inquietante imagen es lo que experimenta una red neuronal mientras 'agoniza' y va olvidando cómo es un rostro humano: Uma experiência intrigante. Depois de treinar uma rede neuronal para gerar imagens realistas de um rosto humano, a investigadora começou a desligar os nós da rede um por um, e documentou o resultado. Que é este, uma sucessão de imagens bizarras e para nós perturbadoras de um rosto progressivamente desconstruído à medida que a rede neuronal perde capacidades. No vídeo que acompanha a notícia, a banda sonora poderia ser a canção Daisy Bell... Não perceberam esta? Revejam 2001 de Stanley Kubrick. Na cena em que o astronauta Dave Bowman desliga o computador HAL-9000, este canta essa canção numa forma progressivamente rudimentar à medida em que lhe são desligadas as funções. Uma cena curiosamente tocante, e provavelmente, uma homenagem de Kubrick à história da computação. Em 1961, uma equipa de engenheiros da IBM programou um computador da série 7094 para cantar, tornando-se a primeira máquina da história a reproduzir som desta forma. A música? Daisy Bell.
NASA opening International Space Station to tourists: E já não era sem tempo.
MAKER MEDIA CEASES OPERATIONS: Preocupante. Para além da óbvia má notícia sobre a empresa, esta pode ter repercussões globais. O futuro das Maker Faire fica em risco. Apesar de serem eventos tendencialmente gratuitos, organizados por voluntários, abertos a todos, as Maker Faire dependem da marca, que é detida por esta empresa editorial. Várias coisas podem acontecer. O fim das Faire como imagem global unificada; o uso não licenciado da marca e respetivo logótipo (aquele adorável robot vermelho); a transformação da Make numa entidade sem fins lucrativos; ou a continuidade destes eventos, perdendo a identidade Maker Faire. Quanto aos movimentos maker, à comunidade, esses vieram para ficar, mas sem Faire, a visibilidade pública dos projetos e o desafio educacional STEM, os grandes motivadores destes eventos, perdem muito.
sábado, 6 de julho de 2019
sexta-feira, 5 de julho de 2019
The Authority by Ed Brubaker & Dustin Nguyen
Ed Brubaker, Dustin Nguyen (2019). The Authority by Ed Brubaker & Dustin Nguyen. Nova Iorque: DC Comics.
Se se tem o poder absoluto, a tentação de dominar pode sobrepor-se a tudo o resto. Se estamos a falar de seres com poderes, porque não utilizá-los para implantar uma utopia planetária, sob ameaça da força? Poderemos distinguir o autoritarismo benévolo do malévolo? Fundamentalmente, é tudo autoritário. Nesta série de doze edições que Ed Brubaker escreveu para The Authority, a super-equipa de personagens da Wildstorm que agora fazem parte da continuidade da DC, é essa a questão que a inicia. Mas depressa se desvanece numa trama bastante banal, onde velhos inimigos e conspirações bizantinas separam os personagens, para depois de peripécias que envolvem as nada inesperadas super-lutas entre si, se reunirem e derrotarem o vilão. Está bem escrito, e a Wildstorm sempre permitia algumas liberdades mais violentas, ou de humor mais negro, que nos comics mais mainstream ficam ausentes. Mas o que começa por ser uma intrigante abordagem ao corpus dos super-heróis, um e se assente na premissa porque é que os seres superpoderosos não usam as suas capacidades para dominar o planeta, em vez de se sujeitarem aos ditames de humanos que, perante eles, são meras formigas, resvala para o habitual neste género de banda desenhada.
quarta-feira, 3 de julho de 2019
Anna Mercury
Warren Ellis, Facundo Percio (2005). Anna Mercury. Rantoul: Avatar Press.
Este livro recorda-me porque é que gosto tanto de Warren Ellis. É o seu futurismo deliciosamente weird e visceral, disfarçado sob a capa da ação pura. Anna Mercury é um delírio, um mundo ficcional onde por acidente, um cruzador se manifesta num mundo paralelo e influencia-os para o militarismo extremo. Os agentes da "nossa" terra sentem responsabilidade para com os habitantes da terra paralela, e tentam mitigar os efeitos desta mescla de culto de carga com nazismo. Com algumas condicionantes, especificamente porque a ponte entre universos se aguenta durante pouco tempo, com consequências fatalmente explosivas quando a ponte se fecha. Só agentes especialmente mentalmente instáveis conseguem operar nestes mundos paralelos, e nenhum o faz com mais elegância do que Anna Mercury. FC deliciosamente weird, e aventura pura, são as marcas de sempre deste argumentista.
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