domingo, 10 de março de 2019

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Dublin Apocalypse goes online: Um mimo visual, este medievo livro do apocalipse irlandês. E, pergunta que suspeito que uma pesquisa google me responderia, mas agora não tenho tempo para isso: está o nosso Apocalipse de Lorvão digitalizado e disponível online? Lorvão é um local muito interessante. Edit: sim, existe, em JPG ou TIFF na página da Torre do Tombo.

Mediocratopia: 1: Venkatesh Rao nem sempre é uma leitura fácil. Ok, é verdade. Raramente é uma leitura fácil. Mas de vez em quando sai-se com um conceito daqueles que nos faz parar para pensar. Se acharem que a ideia de mediacratopia é tipo uma crítica à mediocridade, leiam e pensem novamente; "Mediocrity is the courage to be ordinary". Rao vê a coisa de outro ponto de vista, a mediocridade como uma vontade de ser, apenas normal, enquanto o sucesso e excelência é algo que é perseguido por sociopatas, capazes de pôr tudo de lado para prosseguirem com os seus objetivos. Ou colocando a questão noutra perspetiva: porque é que no mundo laboral se está a instalar a ideia que para ser ser bom trabalhador, é preciso ir além do esperado, trabalhar mais horas? Qual é o mal de, simplesmente, cumprir o horário desempenhando as suas funções?

The Millennial Era of Climate Politics Has Arrived: E já não era sem tempo. Porque são estas as gerações que terão de viver com a merda que os nossos antecessores, que ainda estão ativos na vida política, fizeram com o constante ignorar das questões ambientais e subordinação ao capitalismo selvagem. A geração que tem hoje 50-60-70 anos e toma decisões políticas irá estar confortavelmente sepultada quando os padrões climáticos se desregularem por completo, a subida do nível das águas do mar alagar as cidades costeiras, as crises financeiras constantes se tornarem o novo normal ou a ideia de ganhar dinheiro a trabalhar para ter uma vida estável for uma distante memória do passado. Não somos nós que seremos capazes de enfrentar estes desafios, por fundamentalmente, as suas piores consequência estão-nos distantes.

Germany just deleted Facebook: Não no sentido de eliminar ou impedir o acesso. Mas de uma forma mais eficaz: à luz do RGPD, o modelo de negócio da rede social implica violações constantes à privacidade e dados pessoais.

Why Is Medicine So Expensive?: O artigo elenca inúmeras razões, mas todas se destilam numa - ganância. Se é legítimo defender a sustentabilidade da indústria, que tem de custear o desenvolvimento e testes de medicamenstos (embora nem aqui a coisa seja linear, há muitos que vêm da investigação desenvolvida nas universidades), por outro lado é imoral abusar da propriedade intelectual para cobrar preços elevados, garantindo que muitos pacientes não terão hipótese de tratamento, ou que os sistemas públicos ficam onerados com dívida excessiva.

Is Facebook unethical by design?: TL;DR: Pois. pois é. Essencialmente, a rede social encoraja-nos a participar para agregar dados que lhes servem para afinar algoritmos de venda de publicidade. Não há almoços gratuitos na economia digital.

What Amazon Infiltrating America's School System Might Look Like: A Amazon decidiu juntar-se aos movimento de programação no ensino básico. E parece estar a fazê-lo com a habitual arrogância deste tipo de empresas, quando se dedica a projetos deste género. Ignorando por completo a experiência dos profissionais no terreno, muitos dos quais já colocaram de pé os seus programas conciliando pedagogia e tecnologia. Criam programas estanques, pensados para aplicação uniforme por professores que têm como função pouco mais do que debitar a cartilha. E aqui ainda se juntam algumas motivações obscuras: o que é que a Amazon quer com isto, e uma vez que estes programas são estruturados à volta de dados, que garantias de privacidade serão dadas às crianças.

Tipos de treta: Há que admirar esta tipologia do Que Treta!. Há as tretas estúpidas, mas inócuas, porque quem acredita nelas não tem poder para as impor à restante sociedade. As parvoíces tipo reiki e astrologia caem neste campo. Depois, as tretas estúpidas, mas perigosas, porque envolvem relações de poder, ou seja, há entre os seus defensores gente que domina, ou legisla, com capacidade de impor restrições à liberdade. Aqui caem as questões de género e as xenofobias, entre outras. Finalmente, as tretas estúpidas, mas institucionais, comportamentos tão arreigados na mentalidade e cultura que mesmo sabendo que são treta, parecem impossíveis de erradicar. Caem aqui tretas como o sopapo pedagógico ou a tourada, e é daquelas coisas que nos deixam boquiabertos, ver a forma como uma sociedade pacífica que proíbe a violência fecha os olhos a estas questões, só porque "são cultura".

Viagem ao país do fumetti: I can relate. Não tenho a fortuna de ser transferido para Roma a trabalho, mas se há boa razão para inventar desculpas para ir a Itália é precisamente a cultura e acessibilidade do fumetti. Eu sei, compras online e tal, mas há aquele encanto de passar numa banca e vê-la recheada de banda desenhada, ou entrar numa loja poeirenta com prateleiras a abarrotar de fumetti. Cá por mim, já ando à caça de nova oportunidade para lá voar.


O SIGNIFICADO DE MONSTRESS – POR NUNO FERREIRA: Pessoalmente, creio que o grande ponto forte de Monstress é o traço admirável de Sana Takeda. No entanto, as nuances do texto remisturam de forma progressista as estruturas da fantasia.

Our age of anxiety: Desculpem lá o eu parecer critpo-comuna ou revolucionário caviar (caviar não, que nem gosto, mais tea, earl grey, hot, se faz favor). Grande parte do nosso mal estar político e social é consequência direta do vendaval neoliberal que tomou conta das instituições. Antes de lamentarem a perda de sentido moral que se diz ser o que alimenta os populismos, lembrem-se: o que é que leva as pessoas a alinhar por esta cartilha? Se o que vemos são as soluções políticas tradicionais a regredirem ativamente o nível de vida, segurança laboral e serviços sociais em nome de um sacrossanto mercado que agudiza as desigualdades na distribuição de riqueza, qual é o espanto quando as massas decidem seguir aqueles que apregoam uma cartilha anti-estas forças?

Romance scams cost more money than any other type of consumer fraud, says the Federal Trade Commission: Uma boa leitura para o dia de s. valentim, que é quando escrevo estas linhas. As vigarices que apelam ao coração (ou, sendo mais rigoroso, a uma parte muito específica da anatomia masculina) (não, não é o cérebro) são aquelas que mais danos financeiros causam. Recorda uma reportagem muito badalada que passou recentemente num canal televisivo, que confesso que tive paciência para ver pouco mais do que um excerto. Porque a reportagem centrou-se nos sentimentos das vítimas, que claramente eram ingénuas e com pouco que fazer na vida, e esqueceu-se do mais importante: o roubo de identidade e suas consequências, que vão muito além de histórias patetas tipo telenovela.


NASA is saying goodbye to its Opportunity rover on Mars after eight months of radio silence: Farewell, little one. Diga-se que para máquina concebida para durar quatro meses na superfície marciana, ter chegado aos quinze anos é ir verdadeiramente above and beyond.


Opportunity Rover: O XKCD fez um dos melhores tributos a este pequeno e fantástico rover.

3Doodler wants you to draw directly onto your iPhone with its new app: Deixa-me ver se percebi. A ideia genial desta empresa é ter uma app para desenhar sobre um ecrã de telemóvel ou tablet com um extrusor a alta temperatura e filamento quente. O que é que poderá correr mal...?

Undefeated, ISIS Is Back in Iraq: Aparentemente, as notícias sobre a derrota do estado islâmico foram prematuras. Porque, como o artigo observa muito bem, a estratégia é de longo prazo, e o ser detentor de território não é o mais importante. O que estes zelotas querem é provocar o caos, e isso consegue-se misturando-se entre as populações, levando os oponentes a cometer erros, e explorando os seus pontos fracos.


Smartphone society: Os nossos dispositivos móveis, e nós próprios. Sem moralismos saudosistas de bons velhos tempos mais analógicos. Duas notas, estas fotos documentam a forma como os utilizamos para externalizar memórias de experiências, e como se tornaram uma extensão dos nossos cérebros.