domingo, 10 de fevereiro de 2019

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Point Reyes Lighthouse: Se forem como eu e considerarem The Fog de John Carpenter como um dos filmes das vossas vidas, o coração dá uns saltinhos com estas imagens do farol que foi um dos cenários do filme. Eu sei, não é uma obra perfeita, mas é daqueles filmes que me toca. Ainda hoje me arrepio com as imagens do nevoeiro a percorrer as ruas de Antonio Bay.

Our dystopian cyberpunk here and now: A zona de Xinjiang como laboratório de uma sociedade panopticon digital. É puro imperialismo, é a região chinesa mais próxima do médio oriente, com uma forte população muçulmana, e o governo faz tudo para assegurar o controle total sobre a população. Algo que, na era dos sensores ubíquos, conectividade, videovigilância e inteligência artificial, se tornou muito fácil.

jordan peterson’s fan club goes after computer science and big data: Quando a ideologia de extrema direita colide com a realidade. Não é um tema novo, o interessante é ver este debate chegar às ciências da computação, porque um daqueles mentecaptos que segue à risca as lições de Peterson ficou muito irritado por ter de ler um livro sobre enviesamento de dados em Inteligência Artificial.

How neoliberalism’s obsession with markets destroyed the heart and soul of key jobs: Quando os médicos deixam de ter pacientes e os professores alunos, porque se passa a considerar tudo como clientes, muita coisa acontece. Despersonalização, descrédito do papel do especialista, visto como um elemento descartável no mecanismo (e isso nota-se muito no mundo dos professores, a  uniformização extrema de métodos de trabalho e aprendizagens medidas por exames torna-nos profissionais intercambiáveis). Foco na satisfação do imediato e não na resolução de problemas a médio prazo. Efeitos de uma ideologia que só nos trouxe efeitos negativos nos direitos sociais, ambiente, desigualdade e progresso.


Why video games are made of tiny triangles: Porque é que se utilizam triângulos para representar superfícies tridimensionais? Sabia que era por serem a superfície plana mais simples, com três vértices, não sabia que no rendering, também facilitavam a atribuição dos valores de cor aos pixels.

How Technology Changes Our Concept of the Self: Com uma ligação direta a Wiener e à cibernética, talvez uma das mais influentes manifestações do conceito de hibridização entre o humano e a tecnologia que primeiro cria, depois o transforma.

A evolução da ficção especulativa em Portugal – uma perspectiva pessoal: Subscrevo esta visão da Cristina Alves. Também não faço parte da geração dos tempos em que havia muita edição de FC acessível, e até questiono se esses tempos eram assim tão bons, dado o que ouço em conversa sobre a pouca qualidade das traduções e edições. Não temos uma cultura sólida e abrangente de FC e Fantástico, mas temos um núcleo de autores e editores muito dedicado, que publica com a regularidade possível, mas não baixa os braços. Temos eventos, uns que se mantém, outros que surgem, no que se assinala como um crescimento sustentado. Temos uma blogoesfera pequena, mas crítica e atenta - o blog da Cristina é talvez o melhor exemplo disto, sem desvalorizar o trabalho do Candeias no seu blog e na Bibliowiki, a base de dados de ficção especulativa em português. São dois exemplos de continuidade, com outros que vão surgindo, novas vozes que querem falar de livros de FC e Fantástico em português. Se formos olhar para essa mítica era de ouro do passado, quantos livros editados eram, realmente, escritos por portugueses? Exceto, talvez, na mítica coleção de capa azul da Caminho, que surgiu no ocaso desses tempos. Hoje temos uma comunidade, de interesses diversos, entre literatura, banda desenhada, videojogos, cinema, jogos, cosplay, que é vibrante, cria e se expressa. Creio que é esse o espírito que temos de cultivar.

The Truth About the Gig Economy: Soa incrível, não é? Perante a radiosa perspetiva de eterna precariedade, sem apoios sociais, contratos de hora zero e instabilidade financeira, parece que as pessoas optam pelo entediante mundo do emprego tradicional. Curiosa, a forma como as pessoas rejeitam a utopia da gig economy, e só recorrem a ela como forma de complementar rendimentos ou em caso de necessidade extrema. Porque é que será? Porquê esta insistência das pessoas em não compreender a glória libertadora do late stage capitalism?

How the Idea of Hell Has Shaped the Way We Think: O inferno são os outros, dizia Sartre (I can relate), mas estes são os infernos tradicionais do fogo e ranger de dentes da mitologia judaico-cristã. Uma imagética que é, de acordo com interpretações modernas dos textos bíblicos, um fogo de vista destinado a assustar os de mente fraca. O verdadeiro inferno das religiões é a ausência do sentimento divino, a solidão de quem sabe que não pratica o bem. Conceitos abstratos, é bem mais fácil invocar chifrudos belzebus, espíritos imundos e fogos ardentes pela eternidade. E divertido, diga-se...


11 Powerfully Resplendent Moments Of Accidental Renaissance: É uma questão de cultura visual, diria, quando imagens aleatórias se assemelham ao rigor compositivo e formal da pintura renascentista. E um pouco como aquele aforismo dos mil macacos que teclam cada um na sua máquina de escrever, estatisticamente há a probabilidade de um produzir um texto de Shakespeare. Entre os milhões de fotos tirados diariamente, nalgumas o acaso produz milagres.

SEYMOUR CRAY, FATHER OF THE SUPERCOMPUTER: Recordar o criador dos mais icónicos super-computadores. Os Cray-1 sempre deslumbraram pela mistura de técnica e estética, são daqueles objetos cujo futurismo não envelheceu.



The single greatest and most fascinating “futurist” architecture movement in the world right now is happening in Bolivia: Ok, isto é definitivamente estranho, como se o estilo arquitetónico pós-modernista dos anos 80 tivesse tomado doses massivas de cogumelos psicadélicos (indecisos sobre o que isto é? Pensem Torres das Amoreiras). A estética tradicional das culturas indígenas bolivianas está a ganhar uma nova expressão na arquitetura. Como todos os barroquismos, a saturação visual tem o seu quê de fascinante e cansativo, em simultâneo.


Our Inkblots, Ourselves: Há que admirar o caos implícito e ar de iminente catástrofe deste teste destinado a diagnosticar afasia. Uma curta história dos testes com imagens, uma ferramenta de diagnóstico psicológico. As manchas abstratas de Rorschach são o mais óbvio, mas há outros instrumentos igualmente na fronteira entre o surreal e o clínico.

One Film/One Shot: Indeciso entre isto ser estranho, bizarro ou maravilhoso. Um projeto em que as cenas icónicas de filmes bem conhecidos são editadas sempre com a mesma banda sonora.

Thieves of Experience: How Google and Facebook Corrupted Capitalism: Leitura longa, uma análise critica e profunda a um livro que analisa o modelo económico das grandes empresas de tecnologia e os seus impactos sociais e culturais. Não é novidade, sabemos que o que sustenta estas empresas não são os produtos que ostensivamente produzem, as aplicações e redes sociais que disponibilizam, mas sim os dados agregados recolhidos através do uso que fazemos dessas ferramentas, e a sua mineração em perfis de publicidade ou tendências de mercado. É esse o verdadeiro modelo económico das stacks, ou tech giants, e tem consequências: um desligamento da ligação entre produção e mão de obra, a transformação do comportamento humano num produto, e a capacidade inaudita de influenciar perceçoes e ações em grande escala. Excelente leitura de Carr, e resta ir ler o livro que recensiona para refletir mais sobre este tema.

The Government’s Secret UFO Program Funded Research on Wormholes and Extra Dimensions: Este curto artigo sobre um projeto secreto americano que investigava fringe science só dá vontade de enfiar um boné de folha de alumínio e sair pelas ruas a resmungar the truth is out there.  Há aqui um pouco de tudo, desde energia exótica à análise de objetos voadores não identificados, passando por buracos de verme e portais espaciais.

HOW SCI-FI HAS CHANGED YOUR LIFE, EVEN IF YOU DON’T REALIZE IT: As interrelações entre Ciência e Ficção Científica, exploradas em curtos vídeos da Vice que entrevistam académicos e autores de FC.