sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Leituras
Rosetta: The Ambition To Turn Science Fiction Into Science Fact: E isto é o dinheiro dos nossos impostos a funcionar. Muito bem, diga-se. A ESA investiu numa curta de ficção científica para acompanhar o programa espacial da sonda Rosetta. Algo que oscila entre o uau e o estranho, porque não se espera que agências espaciais se dêem ao trabalho de olhar para a FC. Sendo justo, é de referir que a ESA tem desde há anos atrás um discreto programa de incentivo à inovação das ideias tecnológicas através da FC, mas que eu saiba nunca tinham ido tão longe como produzir um filme. O filme em si sofre um pouco daquela pomposidade de utopia institucional, mas note-se que com eurocratas a olhar atrás dos ombros a coisa não poderia ir de outra forma.
Transrealism: the first major literary movement of the 21st century?: Damien Walter surpreende-nos com este excelente ensaio onde sintetiza, em traços gerais, o que caracteriza a literatura transrealista, aquela fronteira fluída entre literatura no sentido clássico e erudito e as ficções fantásticas e de ficção científica. Brilhante, esta tirada: "Both sci-fi and realism provide a measure of comfort – one by showing us the escape hatch from mundane reality, the other by reassuring us the reality we really upon is fixed, stable and unchanging. Transrealism is meant to be uncomfortable, by telling us that our reality is at best constructed, at worst non-existent, and allowing us no escape from that realisation."
Photographer Reveals The Cheesy Glory Of The Holy Land Experience: Estou indeciso sobre o que é que poderá ser mais absolutamente espantoso, da categoria queixo tão caído que os maxilares saem do lugar, nesta série de fotografias. O Jesus-boxeur, posando com os seus suados músculos no ringue de boxe? Ou talvez o Jesus-motard, bad boy montado na sua Harley com um sorriso de salvador e asas de anjo. O post do Neatorama leva-nos a uma galeria da Juxtapoz com o trabalho de Daniel Cronin, que deve ter passado umas excelente horas a fotografar um parque temático cristão ao qual os adjectivos de farsola ou foleiro não são suficientes para caracterizar o seu glorioso kitsch.
Não resisto a mais uma. Porque o lendário abrir das águas do mar morto não estaria completo sem um tubarão gigante voador. A ironia, por vezes, não precisa de nenhum ponto de vista específico.
The Laborers Who Keep Dick Pics and Beheadings Out of Your Facebook Feed: Há uma razão para as nossas redes sociais serem tão alegres e cativantes: exércitos de editores a pisar a linha fina entre curadoria e censura que eliminam dos fluxos das redes sociais os indícios do pior que a humanidade tem de oferecer. Ou, sob a superfície rosada da rede social há um esgoto profundo e virulento, mantido sob controle por trabalhadores que lidam diariamente com o pior do que a humanidade consegue fazer. Vai muito para além dos pares de maminhas que parecem irritar os censores do facebook. São assassínios por degolação, violência macabra sobre animais, constantes fluxos do pior do que a alma humana é capaz. Não são os perigos da internet, são o reflexo do lado mais negro da humanidade.