quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

2034


Elliot Ackerman, James Stavridis (2024). 2054. Nova Iorque: Penguin Press.

Se 2034, o livro anterior da dupla Ackerman/Stavridis, foi uma excelente especulação muito bem informada sobre o que seria uma guerra entre os Estados Unidos e a China num futuro próximo, este 2054 não lhe chega perto em interesse. Há laivos de continuação da história de 2034, com personagens que se sucedem de um livro para o outro, mas o livro é uma especulação mal-amanhada que não se decide entre singularidade e caos político, e no final, não chega a lado nenhum.

As desventuras deste livro são despoletadas quando um presidente americano populista que almeja um terceiro mandato, ameaçando derrocar ainda mais uma decadente democracia americana, é assassinado com um ataque inesperado - uma manipulação genética remota que provoca um cancro de morte instantânea. Bela premissa de arranque, e o caminho promete. Por um lado temos a busca ativa pelo desenvolvimento de tecnologias singularitárias, de emergência de superinteligências de fusão biológica e computacional (Ray Kurzweil é um nome recorrentemente citado em 2054), por outro uma democracia em desagregação, dilacerada pelos efeitos de uma guerra que venceu, mas a elevado custo, e tremendas tensões políticas exacerbadas pela desinformação e extremismo político (a caricatura do corrente panorama político do país é nítida e óbvia).

O problema é que o livro opta por explorar estas ideias em modo thriller, com personagens globetrotter a saltitar de cidade em cidade em busca de respostas, ou manipulados por organizações na sombra, desde os serviços secretos chineses que têm interesse em manipular um provável futuro presidente americano ao governo japonês, que tem um plano para travar o emergir da singularidade. Aqui o livro perde-se, fica-se por uma leitura banal. Esperava-se mais, e melhor, da confluência de talentos de um escritor comercial com a experiência de um antigo almirante.