Pierre Clostermann (1958). Le Grand Cirque. Paris: Flammarion.
O relato autobiográfico das experiências deste aviador francês ao serviço da RAF durante a II Guerra Mundial. De 1942 a 1945, Pierre Clostermann combateu, como militar francês exilado, ao serviço dos aliados. Três anos que, no livro, se sentem como uma eternidade. Se esperam deste livro um relato exaltado de magníficas façanhas de combate aéreo, a leitura não mostra esse caminho.
As experiências do autor mostram a dura realidade dos combates. As missões sucedem-se, todas momentos em que os pilotos descolam sem saber se irão regressar. Há demasiados factores de risco, desde a aviação inimiga e às baterias anti-aéreas, aos problemas mecânicos e erros de pilotagem. As missões são uma litania de violência, vista como necessária dado o contexto de guerra, mas não abordada com recortes ideológicos. Não há honra ou valor, apenas o tentar sobreviver abatendo o inimigo.
Os relatos são factuais e desapiedados, numa frieza que traça um distanciamento psicológico do ex-combatente face às emoções que, se afirmadas, o tolheriam, e isso seria morte certa nos céus. Um registo histórico, escrito no tom amargo de um sobrevivente.