quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Horta da Literatura de Cordel


Mário Cesariny (2004). Horta da Literatura de Cordel. Lisboa: Assírio e Alvim.

Soltaram o poeta surrelista nos arquivos da Biblioteca Nacional, e este é o resultado: uma recolha de literaturas esquecidas, condenadas a ficarem nas estantes dos arquivos e ocasionalmente lidas por algum académico em trabalho de investigação. O livro recolhe exemplos das antigas literaturas populares, os panfletos que se produziam para entreter, intrigar, chocar ou informar o povo. É o que chamamos de literatura de cordel, palavras onde se confunde o mítico e o lugar comum, onde impera o crime e o castigo, ou o relato de eventos extraordinários.

O livro é uma manta de retalhos necessariamente incoerente, que devolve à luz relatos e poemas, histórias que se contavam, ditos que se diziam. Dá um segundo fôlego à voz esquecida do passado, não a voz do documento histórico e da grande literatura, mas a voz popular do dito e desdito.