terça-feira, 28 de março de 2023

A Germânia


Tácito (1941). A Germânia. Porto: Livraria Educação Nacional

A visão do mais clássico dos historiadores romanos sobre os povos que habitavam para lá das fronteiras romanas, nas florestas e rios dos territórios que hoje são a Alemanha, Polónia, países bálticos e escandinávia. Povos esses que, séculos mais tarde, viriam a desmembrar e ocupar o outrora poderoso império romano. Para Tácito, estas tribos que não viviam em cidades e não procuravam o dinheiro eram, claramente, bárbaras, longe da mais refinada cultura romana. No entanto, ao longo do texto é perceptível uma admiração pela moral e carácter destes povos bárbaros, quer pela sua coragem militar, quer pelos seus valores morais, que Tácito entende como não corrompidos pelos luxos e vícios da civilização. 

A acreditar em Tácito, a palavra germânico não indetifica um povo, que era composto por múltiplos povos e tribos, mas vinha da palavra vitória, designando-os como vitoriosos e ocupantes das florestas germânicas. Uma referência clássica que ressoa um pouco na história alemã do século XX. As suas descrições são liminares, e vão-se tornando mais difusas à medida que penetra nos espaços mais distantes das fronteiras do império. Até chegar ao ponto onde termina, concluindo que chegou a povos e terras dos quais o que se sabe é lendário. Mas de histórias e lendas não trata este antecessor dos historiadores, foca-se no que sabe e é registado. Do texto, também se retira a ideia de um vasto e desconhecido mundo que ficava para além das fronteiras do império, um mundo mais selvagem e obscuro.

Esta edição do texto clássico foi publicada em 1941.