quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Dylan Dog: Io ti proteggerò; Cavalcando il fulmine; L'alba dei morti viventi.


Giulio Antonio Gualtieri, Luca Raimondo (2022). Dylan Dog n. 432: Io ti proteggerò. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Uma aventura do Old Boy em modo puro giallo. Quando uma médica bem intencionada vai fazer um domicílio a casa de uma paciente presa a uma cadeira de rodas, depara-se com uma família fortemente disfuncional. Dominada pela mãe, viúva alucinada de um assassino, com uma filha entrevada e um filho incapaz de perceber a patologia da mãe, esta família procura o mais profundo isolamento na sua casa, encarando o mundo exterior como uma ameaça.

A chegada da médica a uma casa suja vai precipitar as patologias da família. Profundamente perturbados, acabam por raptá-la para garantir acompanhamento médico para a jovem doente. Mas esta médica é o mais recente amor de Dylan Dog, que tudo fará para a libertar. Uma história de raptos violentos e patologias mentais, com um final infeliz.


Diego Cajelli, Corrado Roi (2022). Dylan Dog n. 433: Cavalcando il fulmine. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Uma história interessante e bem construída, entre o horror e o giallo, soberbamente ilustrada por Corrado Roi (menos não se esperaria deste ilustrador). Quando uma modelo contacta o investigador por suspeitar que vive numa casa assombrada, começa a desvendar-se uma história que se iniciou muito antes, com a execução de um prisioneiro inocente numa cadeira elétrica. Após morrer, este homem, índio, descobre-se na Londres de hoje. Tem uma missão, travar o mau espírito que habita a cadeira elétrica, devoradora de homens que agora está em exposição num museu dedicado ao crime violento. Museu esse cujo dono cai sob a influência do espírito que habita a cadeira, matando em seu nome e deixando-se eletrocutar, o que permite ao espírito adquirir um corpo, mas acabando por ser derrotado por Dylan. A história diverte, apesar da sucessão de lugares comuns. Não sendo um excelente episódio das aventuras de Dylan Dog, vale pela ilustração, o traço expressivo e soturno de Roi dá à história uma ambiência mais tenebrosa do que intuída pelas palavras.


Tiziano Sclavi, Angelo Stano (1996). Dylan Dog n. 1: L'alba dei morti viventi. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Regressar ao início, ao ponto inicial da longa história de Dylan Dog. L'alba dei morti viventi foi a primeira aventura do investigador dos pesadelos, vinda do longínquo 1986, e uma que marca à partida o que se viria a tornar  tom da série. Jogos erudidos com a estética do horror, um personagem principal pouco convencional mas dado aos casos amorosos, o idiossincrático sidekick que é Groucho, aparentemente inútil mas na verdade muito útil. É também o primeiro cruzamento de Dylan com Xabaras, o mais complexo e recorrente dos seus adversários. A história em si é um clássico filme de zombies transposto para a banda desenhada, com recortes de cientista louco. Ler esta primeira aventura é descobrir um Dylan Dog ainda muito verde, incipiente, mas já bem traçado, as suas marcas evolutivas já se encontravam logo nas primeiras páginas deste livro incontornável para os fãs do personagem.