quinta-feira, 28 de julho de 2022

Historias Fantásticas


Adolfo Bioy Casares (2015). Historias Fantásticas. Madrid: Alianza. 

Para surpresa minha, demorei a terminar esta leitura. Não encontrei o que esperava. Entre o romance A Invenção de Morel e a sua ligação a Borges, julgava que Bioy Casares era um autor mais mergulhado nos domínios do fantástico do que, pelo que li nesta antologia, o era. O que não é inesperado, mal seria se as figuras literárias se limitassem a uma vertente específica. 

Uma capacidade de abrangência é o que retiro desta leitura. Casares tem algumas interessantes incursões no fantástico e ficção científica, mas o que ressalta da leitura é o seu gosto pelo conto de época, retratando a sociedade da Buenos Aires da primeira metade do século XX. Não toda a sociedade, mas sim uma fatia singela, feita de homens com gostos literários e as suas pequenas aventuras de viagem pela Argentina. 

A leitura deu-me a sensação de Casares como um autor profundamente provinciano, não no sentido depreciativo da palavra, mas como alguém firmemente ligado a um espaço, um tempo, uma geografia, um modo de viver que faz o substrato da sua inspiração. Não é atemporal e global como o seu conterrâneo Borges, ao ler estes contos, vê-se que Casares trabalha essencialmente sobre um pequeno mundo local, que o fascina e que talvez seja aquele em que tenha vivido.